A China Emprestará Amostras Lunares da Missão Chang’e-5 Para Universidades dos EUA
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Crédito: CNSA/CLEP
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| Uma panorâmica enviada pela sonda Chang’e-5, mostrando o braço robótico de coleta e marcas de escavação no regolito lunar. |
No dia de ontem (26/04), o portal SpaceNews noticiou que a China aceitou vários pedidos internacionais para emprestar pequenas porções das amostras lunares coletadas por sua Missão Chang’e-5, incluindo solicitações de duas universidades dos Estados Unidos.
De acordo com a nota do portal, a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) anunciou os resultados da mais recente rodada de pedidos internacionais para empréstimo de amostras em Xangai, no dia 24 de abril, durante uma conferência que marcou o 10º Dia Espacial anual da China. O evento incluiu uma cerimônia de assinatura de acordos de empréstimo das amostras lunares.
Sete universidades de seis países—Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Paquistão—tiveram seus pedidos aprovados, após uma análise da CNSA de acordo com suas regras de gestão e cooperação para as amostras, informou a agência em um comunicado. As instituições norte-americanas são a Brown University e a Stony Brook University, ambas financiadas pela NASA.
O anúncio ocorre em meio às tensões comerciais entre EUA e China, após a imposição de tarifas pela administração Trump, às restrições dos EUA à cooperação bilateral no setor espacial e aos esforços mais amplos da diplomacia espacial chinesa.
A CNSA também anunciou a seleção de uma série de projetos internacionais para participarem de sua planejada missão de pouso no polo sul lunar, a Chang’e-8, em 24 de abril. Os projetos selecionados incluem países envolvidos na Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), uma alternativa liderada pela China ao programa lunar Artemis dos EUA. A agência também declarou, em Xangai, que sua missão de retorno de amostras de Marte, a Tianwen-3, prevista para ser lançada no final de 2028, está aberta a propostas de cargas úteis internacionais.
A missão robótica Chang’e-5 coletou 1.731 gramas de material de uma área geologicamente jovem do Oceanus Procellarum, no lado visível da Lua, utilizando uma pá e uma broca, no final de 2020. O material foi disponibilizado primeiramente para pesquisadores e instituições chinesas, antes da CNSA anunciar, em agosto de 2023, que aceitaria pedidos internacionais de amostras.
A NASA afirmou em novembro daquele ano que seus pesquisadores, excepcionalmente, poderiam solicitar o empréstimo das amostras da Chang’e-5, embora ainda precisem seguir as antigas regras estabelecidas pelo Congresso, que limitam fortemente a cooperação entre a agência e entidades estatais chinesas.
A “Emenda Wolf”, introduzida em 2011, é uma cláusula nas leis anuais de financiamento da NASA que restringe severamente a cooperação bilateral com entidades da República Popular da China. Qualquer indivíduo ou entidade financiada pela NASA que deseje se envolver em atividades bilaterais deve submeter um pedido por escrito e obter aprovação prévia do Congresso, além de uma certificação do FBI de que as atividades não representarão risco à segurança nacional.
As análises das amostras da Chang’e-5 resultaram em descobertas como o novo mineral Changesita-(Y), evidências de um dínamo lunar prolongado, além de possibilitarem comparações com as amostras mais antigas da missão Apollo.
A China deu sequência ao sucesso da Chang’e-5 com uma missão ainda mais complexa de coleta de amostras do lado oculto da Lua, em 2024. A Missão Chang’e-6 coletou 1.935,3 gramas de material da cratera Apollo, localizada dentro da vasta bacia de impacto Polo Sul-Aitken, sendo a primeira coleta de amostras do lado oculto da Lua na história.
Esse material já forneceu insights sobre a dicotomia entre os lados visível e oculto da Lua, além de validar a hipótese do oceano de magma lunar e calibrar a cronologia das crateras lunares, ajudando a refinar estudos comparativos de superfícies planetárias em todo o sistema solar.
As amostras da Chang’e-6 estão, até agora, disponíveis apenas para instituições chinesas. No entanto, assim como as amostras da Chang’e-5, elas serão disponibilizadas para solicitações internacionais posteriormente.
O empréstimo das amostras da Chang’e reflete a estratégia mais ampla da China de usar a cooperação espacial para construir parcerias internacionais, especialmente à medida que se intensifica a competição com os EUA pela exploração lunar.
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