Inaugurada a Agência Espacial Africana: Um alerta à reflexão sobre a postura do Brasil na America Latina e Caribe!
Olá, entusiasta!
No último domingo, 20 de abril de 2025, o Egito oficializou a abertura da sede da Agência Espacial Africana (AfSA) no Cairo, conforme divulgado pelo portal Egypt Today (veja aqui). O evento, que contou com a presença de autoridades continentais e representantes de agências espaciais internacionais, marca um passo significativo na consolidação da cooperação pan-africana em ciência e tecnologia espacial. A AfSA surge com a ambição de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do continente por meio de aplicações práticas, como monitoramento agrícola, gestão de recursos hídricos e resposta a desastres, alinhando-se à Agenda 2063 da União Africana.
Egito inaugura sede oficial da Agência Espacial Africana no Cairo (Crédito: Egypt Today) |
A cerimônia de inauguração, liderada pelo chanceler egípcio Badr Abdelatty, destacou não apenas o simbolismo da sede no Cairo, mas também a aspiração africana de ocupar um lugar relevante no cenário espacial global. A AfSA pretende funcionar como um hub de conhecimento, integrando instituições acadêmicas e parceiros internacionais, além de harmonizar posições políticas africanas em fóruns como a ONU. O discurso de Abdelatty enfatizou a "corrida tecnológica" como um vetor de soberania, um tema que ressoa em outros continentes — inclusive na América Latina, onde iniciativas semelhantes têm sido discutidas, mas com menor coesão.
América Latina: Fragmentação e Oportunidades Perdidas
Enquanto a África avança com uma agência continental operacional, a América Latina permanece à sombra de sua própria desunião. Apesar de esforços como a Agência Espacial Latino-Americana e Caribenha (ALCE), criada em 2021 sob liderança mexicana, o projeto carece de adesão robusta. O Brasil, maior potência espacial da região, mantém-se à margem, sob o pretexto de concentrar esforços no Programa Espacial Brasileiro, conduzido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), sob a tutela do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e as intervenções da Força Aérea Brasileira (FAB).
A relutância brasileira em integrar-se à ALCE reflete uma postura histórica: o país prioriza parcerias bilaterais (como as firmadas com China) ou participação em organismos multilaterais, na grande maioria, fora do eixo latino-americano, a exemplo do BRICS. Essa estratégia, embora possa garantir autonomia imediata, levanta questionamentos sobre o custo da fragmentação regional e da falta de posicionamento do Brasil como liderança natural e representativa da região. Enquanto a África unifica recursos e expertise sob a AfSA, a América Latina vê-se diluída em iniciativas paralelas, sem uma visão consolidada.
Brasil: Líder Regional ou Ilha (de Santa Cruz)?
Não há dúvidas de que o Brasil ainda segue sendo a principal referência espacial na região, com décadas de experiência em foguetes e satélites e um centro de lançamento em Alcântara que desperta interesse global. No entanto, a ausência e omissão em fóruns continentais como a ALCE tende a minar sua potencial influência regional.
A inauguração da AfSA e atuação protagonista do Egito é um alerta para a apatia do Brasil. Enquanto os países africanos compreendem que a união é vital para sua inserção e competição em um setor dominado por potências tradicionais e emergentes (EUA, China, Índia), o Brasil insiste em não ocupar esse espaço de liderança e de influência regional para programas espaciais governamentais, mas, sobretudo, para o desenvolvimento e o fornecimento de sistemas e soluções espaciais para os países da região.
O momento exige uma revisão de prioridades: ser "líderaça" isolada ou arquiteto de uma cooperação que poderia elevar toda a região.
Brazilian Space
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