A China Selecionou Cargas Úteis Internacionais Para a Futura 'Missão Chang’e-8' no Polo Sul Lunar

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No dia de ontem (25/04), o portal SpaceNews noticiou que a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) havia anunciado 10 projetos internacionais para a Missão Chang’e-8 de 2028–29, incluindo robôs, rovers e instrumentos científicos.
 
Crédito: CNSA
Uma renderização do módulo de pouso Chang'e-8 na superfície da Lua.

De acordo com a nota do portal, a China selecionou cargas úteis de diversos parceiros internacionais para voar na missão Chang’e-8 ao polo sul lunar, ampliando sua diplomacia espacial.
 
A CNSA anunciou oficialmente em 24 de abril a seleção de projetos de cooperação para a missão Chang’e-8, com lançamento previsto para 2028 ou 2029. Foram escolhidos 10 projetos de 11 diferentes países, regiões e uma organização internacional. A seleção segue um anúncio feito em 2023, que ofereceu 200 quilos de capacidade de carga útil para colaborações.
 
As cargas úteis escolhidas incluem robôs multifuncionais, rovers, instrumentos para astronomia e análise de partículas, sensores de imagem e um retro-refletor a laser. A missão contará com um rover chinês, um rover paquistanês e, pela primeira vez em uma missão lunar chinesa, micro-rovers desenvolvidos conjuntamente por uma universidade turca, uma universidade chinesa e uma empresa privada.
 
A seleção inclui diversos países que já aderiram à Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), liderada pela China — uma iniciativa que busca estabelecer uma base robótica na Lua que futuramente receberá astronautas.
 
Entre esses países estão Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia, Paquistão, Bahrein e Egito. Irã e Peru estão envolvidos na iniciativa ILRS por meio de sua participação na Organização de Cooperação Espacial Ásia-Pacífico (APSCO), que apoia os esforços da ILRS e tem sede em Pequim.
 
As cargas úteis selecionadas para a Chang’e-8 são:
 
* Robô multifuncional de operação na superfície lunar e estação de carregamento móvel (Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e Universidade Politécnica de Hong Kong).
 
* Rover lunar do Paquistão (Comissão de Pesquisa Espacial e da Atmosfera Superior do Paquistão - SUPARCO e Sociedade Internacional para Sistemas Terreno-Veículo).
 
* Robô explorador inteligente para ambientes desafiadores (dois micro-rovers) (Universidade Técnica do Oriente Médio da Turquia, em parceria com a Universidade de Zhejiang e a empresa comercial Star.Vision).
 
* Conjunto de rádio astronomia (Observatório de Rádio Astronomia da África do Sul e Comissão Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Aeroespacial do Peru).
 
* Conjunto de retro-refletores a laser (Instituto Nacional de Física Nuclear – Laboratórios Nacionais de Frascati, Itália).
 
* Sensor do ambiente de plasma e poeira lunar e analisador de partículas neutras e íons de alta energia lunares (Agência Espacial Federal Russa e Corporação Estatal Espacial da Rússia).
 
* Analisador de nêutrons lunares (Ministério da Educação Superior, Ciência, Pesquisa e Inovação da Tailândia e Instituto Nacional de Pesquisa Astronômica da Tailândia).
 
* Sistema de imagens visível e infravermelho para a superfície lunar (Agência Nacional de Ciência Espacial do Bahrein e Agência Espacial Egípcia).
 
* Monitor de potencial lunar (Agência Espacial Iraniana).
 
A Chang’e-8 tem como alvo uma área de pouso em um planalto próximo a Mons Mouton, também conhecido como Leibnitz Beta, perto do polo sul lunar. A região contém áreas permanentemente sombreadas (PSRs), que podem ser armadilhas frias para voláteis, incluindo gelo de água.
 
A missão, junto com a prevista missão Chang’e-7 para 2026, também no polo sul, são precursoras da ILRS, cuja construção começará na década de 2030. A Chang’e-8 testará tecnologias de utilização de recursos in situ (ISRU), com destaque para a impressão 3D de tijolos a partir do solo lunar, com o objetivo de verificar a viabilidade de construir habitats com materiais locais.
 
A China já afirmou anteriormente que pretende atrair 50 países para aderirem à ILRS. A agência estatal Xinhua, citando um alto funcionário da CNSA, informou em 24 de abril que um total de 17 países e organizações internacionais, além de mais de 50 instituições de pesquisa internacionais, já aderiram ao projeto ILRS. Não foram divulgadas as entidades específicas que assinaram.
 
Relatos anteriores apontam que Rússia, Venezuela, Belarus, Paquistão, Azerbaijão, África do Sul, Egito, Nicarágua, Tailândia, Sérvia, Cazaquistão e Senegal assinaram acordos e memorandos de entendimento como participantes em nível nacional, sendo entendido que a Turquia também aderiu.
 
Vários entes subnacionais, como empresas, associações e universidades, também se juntaram, incluindo grupos e firmas da Suíça, Emirados Árabes Unidos, Panamá, Indonésia, Quênia, Etiópia, Quirguistão, Croácia, Sri Lanka e Havaí.
 
A ILRS é uma alternativa à iniciativa Artemis, liderada pelos Estados Unidos, e aos Acordos Artemis, com a China posicionando o projeto como uma empreitada científica aberta e colaborativa, em meio a tensões geopolíticas mais amplas.
 
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