China Implanta Constelação de Três Satélites em Órbita Retrógrada Terra-Lua

Caros leitores e leitoras do BS!
 
Imagem: China Focus
Ilustrativo.

No dia de hoje (22/04), o portal Space Daily informou que a China estabeleceu com sucesso a primeira constelação de três satélites operando na órbita retrógrada distante (DRO) do sistema Terra-Lua — um marco significativo na expansão da infraestrutura espacial profunda do país, conforme anunciado por pesquisadores durante um simpósio recente em Pequim.
 
De acordo com a nota do portal, a constelação é composta por dois satélites, DRO-A e DRO-B, lançados em março do ano passado, e um terceiro satélite previamente posicionado, o DRO-L. Juntos, eles formam uma rede sincronizada após uma jornada de 8,5 milhões de quilômetros, segundo o Centro de Tecnologia e Engenharia para a Utilização do Espaço (CSU). O projeto integra o programa "Exploração DRO", uma iniciativa de destaque da Academia Chinesa de Ciências (CAS).
 
Wang Wenbin, arquiteto-chefe do CSU e pesquisador da CAS, destacou que essa implantação posiciona a China na vanguarda da utilização dessa órbita estratégica. Ele descreveu a DRO como um "porto espacial natural", ideal para operações lunares sustentadas e missões mais profundas no sistema solar, devido ao acesso eficiente em termos energéticos e à estabilidade orbital de longo prazo.
 
“Essa infraestrutura de três satélites constitui a espinha dorsal para operações permanentes na região Terra-Lua”, afirmou Wang. Ele destacou que a plataforma é essencial para futuras iniciativas como a construção de bases lunares, o suporte a espaçonaves interplanetárias e a instalação de telescópios no espaço profundo.
 
Wang comparou o feito à expansão marítima dos séculos passados: “Essa constelação funciona como os primeiros portos e pontos de reabastecimento, viabilizando viagens prolongadas rumo ao desconhecido.”
 
O planejamento da missão enfrentou desafios consideráveis, incluindo uma falha no estágio superior do veículo lançador que desviou DRO-A e DRO-B de sua trajetória. Nos quatro meses seguintes, engenheiros executaram uma estratégia de contingência baseada em transferências orbitais de baixa energia para corrigir a rota, utilizando apenas 20% do combustível normalmente necessário, segundo Zhang Jun, engenheiro-chefe da Academia de Inovação em Microsatélites.
 
Entre os avanços tecnológicos validados pela missão, destacam-se a primeira comunicação intersatélite na banda K em distâncias de até 1,17 milhão de quilômetros, e a implementação de um sistema avançado de determinação orbital entre satélites. De acordo com Wang, essa capacidade de navegação autônoma pode igualar dois dias de rastreamento terrestre com apenas três horas de dados trocados entre os satélites.
 
A constelação atingiu plena capacidade operacional em agosto e, desde então, tem conduzido diversos experimentos que demonstram o potencial da DRO como uma plataforma sustentável para infraestrutura espacial futura. Wang Qiang, vice-diretor do CSU, afirmou que os resultados “redefinem nossa abordagem ao desenvolvimento cislunar, ao reduzir substancialmente as barreiras de entrada para uma presença espacial duradoura”.
 
Iniciado em 2022, o programa DRO liderado pela CAS baseia-se em estudos iniciados em 2017. O CSU é responsável pela integração dos sistemas de bordo e pelo projeto dos sistemas de solo, enquanto o Centro de Controle Aeroespacial de Pequim coordena as operações em voo. O projeto reflete a estratégia metódica da China para consolidar sua liderança em sistemas orbitais de nova geração.
 
O BS agradece publicamente ao Sr. Gilberto Damasceno, CEO da startup espacial brasileira SHAMAL Space, por ter nos informado sobre esta notícia.
 
Brazilian Space
 
Brazilian Space 15 anos
Espaço que inspira, informação que conecta!

Comentários