'Trabalhamos no Tempo Marciano', Diz Brasileiro de Missão da NASA em Marte

Olá leitor!
 
Segue abaixo uma matéria postada ontem (27/02) no site da “CNN Brasil” destacando que segundo o físico brasileiro ‘Ivair Gontijo’, um dos responsáveis pela Missão Espacial Perseverance da NASA, sua equipe 'Trabalha no tempo marciano'.
 
Brazilian Space
 
TECNOLOGIA
 
'Trabalhamos no Tempo Marciano', Diz Brasileiro de Missão da NASA em Marte
 
Físico Ivair Gontijo é um dos responsáveis pela missão espacial Perseverance, que busca vestígios de vida no planeta vermelho
 
Anna Gabriela Costa, da CNN, em São Paulo
27 de fevereiro de 2021 às 14:28
Atualizado 27 de fevereiro de 2021 às 14:49
 
Foto: Arquivo Pessoal

Ivair Gontijo e o rover espacial Curiosity, que inspirou controladores de pouso do Perseverance.


Na última semana, o mundo parou para assistir mais um feito da NASA, o pouso do rover Perseverance em Marte. A missão espacial foi detalhadamente planejada por anos e um dos líderes desse projeto é o brasileiro Ivair Gontijo, que além de criar aparatos essenciais para a missão, monitora, diariamente, “em tempo marciano”, tudo o que é captado no planeta vermelho.
 
Natural de Moema, cidade de 7 mil habitantes no interior de Minas Gerais, o engenheiro de sistemas da NASA, Ivair Gontijo, relata como têm sido os dias intensos na base de Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, onde ele trabalha em Los Angeles, nos Estados Unidos.
 
“Estamos trabalhando em tempo marciano, operando o veículo no planeta Marte. A gente manda comandos para o veículo e recebe dados. Como o dia marciano é 40 minutos mais longo que o dia terrestre, o veículo tem que começar na manhã marciana a fazer suas atividades. À tarde ele aponta as antenas na direção do céu e manda os dados para o céu marciano. Nessa hora vai estar passando um dos três satélites que temos em órbita lá e que recebe dados dele. Eles funcionam como roteadores e mandam esses dados para a Terra”, explica à CNN.
 
Ivair conta que há equipes trabalhando 24 horas por dia para receber dados quando os satélites passam sobre o veículo. “Aqui na Terra pode ser meia-noite, 3h da manhã, 10h da manhã, depende de como está o dia marciano”.
 
Participação no Perseverance 
 
O físico relata que seu engajamento no Perseverance começou em 2015. Ele foi o engenheiro responsável por todas as interfaces entre o instrumento SuperCam e o veículo.
 
“Esse instrumento foi construído por uma colaboração internacional que aconteceu entre sete instituições da França, uma universidade na Espanha e um laboratório americano. Eu representava esses três grupos quando conversava com meus colegas da Nasa que estavam projetando e construindo o veículo”, diz.
 
Nesse processo, o brasileiro garantia que ia ter espaço e volume suficiente para o instrumento ser montado, que todos os parafusos e os encaixes iriam funcionar corretamente, que a massa do instrumento não seria maior do que o que foi alocado para ele, que o veículo teria energia elétrica suficiente para alimentar esse instrumento e funcionar em Marte.
 
Ele também tinha a responsabilidade de garantir que o software no instrumento funcionasse em sincronia com o software no veículo para receber comandos e poder transferir dados. “E mais um milhão de detalhes técnicos”.
 
“Esse instrumento é espetacular, ele tem um laser de alta potência. Com ele, a gente estuda as rochas marcianas, a gente pode descobrir quais são os elementos químicos que compõem as rochas e quais os minerais também, por isso levamos para Marte 30 peças de minerais diferentes da Terra para recalibrar o instrumento de vez em quando lá em Marte”, conta o físico.
 
Foto: Arquivo Pessoal 

Ivair Gontijo faz parte da equipe que monitora o rover Perseverance.


Preparação Para o Lançamento 
 
Organizar todos esses detalhes foi um trabalho enorme, descreve o brasileiro. A equipe estava preocupada com o tempo, uma vez que todos tinham que estar prontos para entregar um instrumento a ser integrado no veículo, que seria agregado ao foguete na Flórida, para ser lançado entre julho e agosto de 2020.
 
“A gente brinca que a mecânica celeste não espera por ninguém. Se a gente não fizesse isso nessa data, só em 26 meses poderáimos lançar de novo, porque os planetas têm as suas órbitas e a gente tem que lançar numa época que só acontece uma vez a cada 26 meses”.
 
No dia 18 de fevereiro o rover Perseverance pousou em Marte, e desde então, já fascinou os apaixonados por astronomia com a captação de sons e imagens inéditas do planeta vermelho.
 
Emoção 
 
“Foi super emocionante fazer parte desse projeto, quando nós víamos as primeiras fotos chegando de Marte, do pouso, ficamos abismados com a qualidade das fotos e com o que tinha acontecido em Marte, que tudo que tínhamos projetado funcionou exatamente como a gente previa, foi espetacular e emocionante demais”, relata Gontijo.
 
O brasileiro conta à CNN que a próxima missão para Marte está ligada a esta do Perseverance. “O Perseverance vai procurar material orgânico genuinamente marciano, carbono, porque tudo que é vivo na Terra é feito de carbono, então nós somos carbono vivente. A gente quer procurar por sinais de vida microbiana que possa ter existido no passado ou, quem sabe, até no presente", disse.
 
Ao encontrar o material, a NASA, por meio dos aparatos espaciais, vai coletá-los e colocar em tubinhos de metal que ficarão na superfície de Marte.
 
“Então, uma missão futura, se tudo der certo, deve ser ir para Marte com um pequeno foguete para coletar essas amostras, mandar para a órbita de Marte e trazer de volta para a Terra. Esses dois passos já estão sendo desenvolvidos em uma colaboração entre a NASA e a ESA – European Space Agency, essas missões chama-se MSR – Mars Sample Return, o retorno de amostras marcianas”, afirmou à CNN.
 
De Minas Gerais à NASA 
 
Ivair Gontijo formou-se inicialmente como técnico Agrícola e trabalhou em fazendas em Minas Gerais. Sua trajetória mudou quando cursou Física na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez mestrado em Ótica, também pela UFMG, e doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade de Glasgow, na Escócia. “Minha formação é nessa área tecnológica de exploração espacial, Física e Engenharia”.
 
“Depois que eu trabalhei no projeto Curiosity, liderando a construção dos transmissores e receptores do radar que controlou o pouso do Curiosity em 2012, eu dei muitas palestras no Brasil, e as pessoas sempre me perguntavam: como esse mineirinho foi parar na Nasa? Como é uma história longa e cheia de obstáculos, então eu resolvi escrever um livro”, conta.
 
O livro A Caminho de Marte, publicado pela editora Sextante, ganhou o Prêmio Jabuti de livro de Ciência no Brasil. “O livro é super fácil de ler, primeiro eu conto a minha história, como saí do interior de Minas e fui trabalhar nessas missões mais avançadas da NASA, que a gente manda para Marte".
 
O brasileiro dá uma injeção de ânimo aos que sonham alto. “É bom dar esse exemplo, para as pessoas verem que, se até eu consegui um emprego na NASA, acho que isso está ao alcance da maioria das pessoas”.
 
E acrescenta. “Quando somos jovens, quase tudo é possível. Claro que vai depender de muito esforço, muita insistência, foco e planos de longo prazo. Temos que ter sonhos grandes. A gente deve procurar objetivos ambiciosos e continuar insistindo porque essas coisas não acontecem rapidamente, tem que ter paciência e continuar insistindo. Coisas boas acontecem!"
 
 
Fonte: Site da CNN Brasil - https://www.cnnbrasil.com.br 
 
Comentário: Pois é, esse é um dos brasileiros da NASA que poderiam estar contribuindo e muito com as nossas atividades espaciais, mas no entanto escolheu seguir carreira na NASA, coisa que eu não faria se estivesse em seu lugar devida a minha forte consciência cidadã, mas de forma alguma posso recrimina-lo por fazê-lo, afinal amigo leitor, mesmo tendo um bom começo lá no inicio dos anos 60, não há como negar que hoje o nosso 'Patinho Feio' se perdeu pelo o caminho e não passa de uma tremenda piada.

Comentários

  1. Eu vou além. A mim incomoda, e muito, o fato de que todo seu estudo "pré-partida" foi pago com dinheiro público, em sua imensa maioria pago por pessoas que sabem que nunca terão a oportunidade de estudar em universidades como as públicas, mas que se conformam em pagar os estudos de outras pessoas na esperança de que, um dia, oferecerão melhores condições de vida para seus filhos. No mínimo deveriam permanecer no Brasil tempo igual ao tempo em que obteve estudos gratuitos. Ou ressarcir o erário por essa leve traição. Em tempo, duvido quem já tenha ouvido falar em Carlos Guestrin. Esse é mais um que nos usou de trampolim e foi ficar multi-milionário lá fora. E ninguém nunca mais ouviu falar dele...

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