MNCTI: “Nosso grande desafio é lançar um satélite usando um veículo nacional”, afirma presidente da AEB

Olá, leitor!


Segue abaixo a notícia "MNCTI: 'Nosso grande desafio é lançar um satélite usando um veículo nacional', afirma presidente da AEB", publicada no site da AEB, no dia 05/10/2020.


Apesar do discurso, me permita leitor discordar do Presidente da AEB. O nosso maior desafio é ter um Programa Espacial estruturado, transparente, eficiente, comprometido, continuado e sério.


Sem essa pré-condição, não iremos a lugar nenhum, nem lançaremos nada ao espaço, nem com veículos próprios, nem com veículos de outros países, a partir do solo nacional.


Digo isso por que conheço os nossos  pesquisadores e cientistas e eles tem muita capacidade e competência. Se dependesse só deles, caso tivessem sendo geridos com seriedade, já teríamos um veículo lançador nacional há muito tempo.


O que atrapalhou? A falta de uma visão estratégica para o Espaço, a não transformação do PEB em um PROGRAMA DE ESTADO, a falta de gestores competentes e sérios, a falta de seriedade na seleção de projetos e aplicação dos recursos, .... e por ai vai.


Assim, essa prosopopeia de que o nosso grande desafio é "Lançar satélites com um veículo nacional" não vai acontecer, ou muito dificilmente acontecerá, se essas outras questões não forem equacionadas ou resolvidas.


E vendo a atual conjuntura política, não temos previsibilidade de nada nesse sentido, apesar da criação de uma Frente Parlamentar e da elaboração de uma minuta de projeto de Lei Geral Nacional do Espaço.


Na verdade, a frase de que "o nosso grande desafio é lançar um satélite usando um veículo nacional" não é verdade. Pode ser o nosso maior desejo, mas não é, nem de longe, o nosso maior desafio, além de ser clichê.


Esse desafio é o desejo que não conseguimos alcançar há quase 60 anos! Não tem nada de novo!


Quando se tentou estruturar um caminho para isso, com a formalização da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), logo depois, a falta de uma visão estratégica, de um programa de estado, de uma lei geral do espaço e de uma governança para o setor civil e para o setor militar (independentes e harmônicos), colocaram os atores do PEB em choque de interesses e o resultado é esse que temos hoje, um programa fraco, não estruturado, não previsível, não sustentável e com entregas esparsas e ocasionais (voos de galinha).


E o que me preocupa é esse discurso que desvia o foco do problema de governança e de gestão, colocando a questão técnica sob a égide das teorias de geração espontânea de Lamarck.


Claro que desenvolver o acesso ao espaço é um desafio tecnológico espetacular, se não fosse assim, não teríamos poucos países / empresas dominando isso.


No entanto, esse desafio tem sua ordem de complexidade elevada exponencialmente (ou fatorialmente) sem uma priorização dentro dos objetivos estratégicos nacionais, sem um arcabouço legal e sem uma governança e gestão sérias e eficientes.


O resto é parlatório para bovinos se entregarem nos braços de Morfeu!


Boa leitura!

 

Brazilian Space


MNCTI: “Nosso grande desafio é lançar um satélite usando um veículo nacional”, afirma presidente da AEB

 
5 de Outubro de 2020 às 11h33
 
Fonte; www.gov.br/aeb
 
O Programa Espacial Brasileiro e os desafios enfrentados pelo setor foram temas do bate papo entre o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Astronauta Marcos Pontes e o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do MCTI, Carlos Moura. A conversa realizada neste domingo, (4) faz parte das programações do 1º Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
 
O evento, organizado pelo ministério, programou a participação de cada uma das 27 vinculadas do MCTI com um dia para cada uma realizar palestras, workshops e outras atividades virtuais pelo www.youtube.com/ascommcti.
 
Durante a conversa com o ministro o presidente da AEB revelou que o maior desafio da agência é colocar um satélite em órbita usando um Veículo Lançador Nacional - VLN. Moura explicou que existem alguns projetos em estudo, porém o projeto depende do engajamento e de mais recursos. “Estamos trabalhando no desenvolvimento de um motor mais possante que é o S50, projeto realizado em parceria com a indústria nacional em São José dos Campos (SP). Ele incorpora uma série de avanços tecnológicos. Pretendemos começar os testes do motor em 2021 e fazê-lo voar até 2022”, revela.
 
Moura declarou também que é comum o fato de muitas pessoas questionarem se faz sentido o Brasil, um país que tem problemas básicos como saneamento, investir no setor espacial. Ele explica que essas pessoas acham que o espaço é algo que está muito distante fora de suas realidades: 

“Com a pandemia do coronavírus coisas que citávamos como exemplos da tecnologia espacial viraram exemplos concretos como por exemplo a telemedicina e a tele-educação”. O dirigente da AEB lembrou também de questões de mobilidade urbana que beneficiam muitas pessoas: “Quantas pessoas que usam aplicativos para pedir comida ou um transporte? Todas essas tecnologias só são viáveis pois existem sistema espaciais que dão um amparo, permitem uma infraestrutura para isso”, explicou.
 
Outro exemplo de como as tecnologias espaciais fazem parte do nosso dia a dia, citado pelo presidente da AEB, são os brasileiros que estão passando por necessidade e precisam da ajuda temporária do governo por meio do auxílio emergencial. Moura explica que os dados deles foram incluídos digitalmente e essa aplicação digital só funciona porque o sistema bancário tem o suporte de uma rede de computadores suportada com a tecnologia espacial: “Queiram ou não, tenham dinheiro ou não, de uma camada mais humilde até um empresário que possui um jatinho, todos usam a tecnologia espacial. Gosto muito de citar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) que levou internet banda larga para muitas regiões remotas do Brasil em especial no norte e nordeste”, afirmou.
 
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, destacou que a AEB tem trabalhado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade de pesquisa do MCTI, e reconhece que existem restrições orçamentarias. “É preciso fazer um trabalho coordenado, não adianta apenas reclamar e sentar. Precisamos buscar soluções para resolver os problemas. Tenho sempre conversado com o ministro da Economia Paulo Guedes, mostrando o que estamos precisando, onde os valores serão aplicados e o Congresso também têm nos apoiado muito para resolver esses problemas de orçamento”, declarou o minstro.

Sobre a AEB

A Agência Espacial Brasileira é uma autarquia vinculada ao MCTI, responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira. Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.

Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações

O MNCTI foi instituído pelo decreto nº 10.497/2020, que atribui a coordenação do evento ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Ao longo de outubro, o canal do YouTube do MCTI traz centenas de horas de conteúdo online para mobilizar e levar a ciência, tecnologia e inovações mais perto do dia a dia da população.
 
A cada dia, uma organização vinculada ao MCTI leva ao ar uma série de palestras, oficinas e conteúdos que podem ser acompanhados em www.youtube.com/ascommcti.
 
Confira também a programação completa do Mês em www.snct.mcti.gov.br.

Fonte: MNCTI

Comentários

  1. Nosso maior desafio é ter uma legislação adequada ao desenvolvimento de pesquisa. O que não é o caso da 8666. Sem isso estaremos apenas nos desgastando em burocracia tentando provar que somos honestos ...

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    1. Prezado Heisenberg,

      O PEB é como um acidente de avião. Não tem uma única causa para o desastre e, na maioria dos casos a causa principal não é a técnica, mas de gestão e procedimentos.
      Que a lei de licitações é um dos problemas, eu concordo, mas não é o principal, nem o único problema do PEB.A incompetência, real ou provocada, em operar dentro da lei é também um problema. As pessoas técnicas são desviadas dos projetos para preparar as licitações e não tem conhecimento sobre o tema, ai botam a culpa na lei.
      Se fosse assim, outros projetos tecnológicos de outras áreas não teriam resultados e estaríamos vivendo na idade da preda no Brasil.
      Mais uma vez, a falta de gestão não dá suporte para os pesquisadores com equipes responsáveis pela gestão e pelas licitações.
      Com isso não digo que deva existir uma norma mais adequada para a pesquisa e inovação, isso também é importante.
      Mas isso está no nível operacional. A grande legislação de uma lei do espaço e de uma governança e gestão melhores são o principal problema do PEB.
      Abraços,

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  2. Boa Noite Prof. Rui Botelbo!

    Não querendo ser repetitivo, porem sem deixar de ser na esperança (cada vez menor) de que um dia o PEB deixará de ser a piada que atualmente é, tendo esse orador e conversador a frente dessa outra piada denominada de AEB, endosso em gênero, número e grau a suas observações.

    Abs

    Duda Falcão

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  3. melhor rezar pelo aparecimento de um Musk tupiniquim, que atropele essas autarquias corporativistas.

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    1. Quem sabe ? , vai que apareça mesmo um Musk tupiniquim e desenvolva com eficiência e afinco , garante que se isso acontecer em menos de 10 anos teremos um Lançador Orbital , coisa que o Brasil desde 4 de Outubro 1957 , ainda não teve Condições e Competência para fazer o mesmo !!! , o PEB só sabe fazer Redes , Ocas e Arco e flecha.

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    2. Caros Luiz Chaves e Anônimo,

      Se o Elon Musk fosse brasileiro ele não faria nada do que está fazendo nos EUA.
      Lá ele processou a Força Aérea americana (USAF) por se sentir preterido dos programas de lançamentos da defesa, ganhou e continua operando e fazendo lançamentos civis e militares.
      Aqui no Brasil ele seria ignorado, perseguido e não faria mais nada para o governo.
      As vontadesvevegos dos nossos governamentais e o corporativismo dos entes governamentais enxergam o PEB e outros programas como propriedades pessoais ou de grupos, não um bem nacional que inspira e estimula a participação da sociedade e deTODOS os empresários.
      Abraço

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  4. Rezar e esperar por um milagre. Este é o ponto onde chegamos.

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    1. Prezado Anônimo,

      Sou muito religioso e rezo todo dia para o PEB decolar de vez e para Deus continuar me dando forças para não desistir de tudo e para de fazer a divulgação e, também, as críticas necessárias para a evolução do nosso “patinho feio”, como diria o Duda Falcão.
      Abraço

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  5. Quando o cara diz ..que em 2022......vai!
    Cara de pau...todos dizem isso..postergam para o proximo exercício.
    Uma tristeza.

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  6. Previsão para o Futuro: lançador nacional atrasa, em 10 anos o Musk termina o Starship e começa a vender o veículo reutilizável a FAB cria um "Esquadrão de Caça Espacial" compra uma Starship e exige que a empena traseira seja fabricada na Akaer, para desenvolver a indústria nacional....

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    1. KKKKKK! Olá, Anônimo! KKKKKK

      Bom humor é prova de inteligência! Ainda que a critica seja exagerada e o cenário descrito pareça uma narrativa do realismo fantástico, vale o toque de humor!

      Aproveitando, só essa empena, vai gerar milhões de insistentes publicações da AEB sobre a "transferência tecnológica".

      Abraço!

      kkkkkkkk

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  7. Vamos orar pra que isso seja um início de mudança: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2020/10/mcti-lanca-consulta-publica-sobre-a-politica-nacional-do-espaco-pne

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