Rosaly Lopes: A Astrônoma Brasileira Que Chegou à NASA e ao Guinness Estudando Luas e Vulcões
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado ontem (23/10) no site “UOL
Notícias”, tendo como destaque a astrônoma brasileira do Laboratório de Propulsão
a Jato/ Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, Rosaly Lopes.
Duda Falcão
UOL NOTÍCIAS - Ciência e Saúde
Rosaly Lopes: A Astrônoma Brasileira
Que Chegou à NASA e
ao Guinness
Estudando Luas e Vulcões
Por Evanildo da Silveira
De São Paulo para a BBC News Brasil
23/10/2018 - 10h39
Foto: Arquivo Pessoal
Rosaly no vulcão Marum, em Vanuatu, país insular
na
Oceania; carioca tem carreira internacional
como astrônoma e vulcanóloga.
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Da ensolarada e quente praia de Ipanema, no Rio de
Janeiro, onde os termômetros podem alcançar 40ºC, a um dos pontos mais frios do
sistema solar, a lua Titã, de Saturno, onde a temperatura gira em torno de
200ºC negativos. Essa são, por enquanto, as duas pontas - com muito trabalho no
meio - da carreira da astrônoma, geóloga planetária e vulcanóloga brasileira
Rosaly Lopes, que desde 1991 trabalha como pesquisadora do Jet Propulsion
Laboratory (JPL), da NASA, em Pasadena, na Califórnia.
A carioca nasceu no dia 8 de janeiro de 1957 e vem de uma
família de classe média, com pai dono de empresas de engenharia e mãe formada
em música, mas que trabalhou como corretora.
Rosaly realiza pesquisas sobre a Titã - a maior lua de
Saturno e a segunda do sistema solar, atrás de Ganimedes, satélite natural de
Júpiter - a partir dos dados recebidos da nave Cassini-Huygens. Lançada em 15
de outubro de 1997, ela entrou em órbita em 1º de julho de 2004 e terminou sua
missão em 15 de setembro de 2017.
Até chegar nesse ponto da carreira, foi uma longa
caminhada, na qual contou com o apoio decisivo da família. Rosaly conta que,
embora nunca tenha tido parentes cientistas, ela teve entre os familiares
mulheres pioneiras nos estudos.
"Minha avó materna, nascida em 1900, era professora,
e a mãe dela foi a primeira mulher brasileira a completar o ensino
secundário", orgulha-se. "Uma irmã de minha avó foi uma das primeiras
enfermeiras do Brasil, treinada nos Estados Unidos. Então, havia uma tradição
de membros femininos da família estudarem, mesmo sendo difícil na época."
Seu gosto pelo espaço e pela astronomia surgiu, no
entanto, antes dos estudos. Ela tem lembranças dessa atração desde os quatro
anos, quando, em 1961, o cosmonauta russo Yuri Gagarin se tornou o primeiro ser
humano a entrar em órbita da Terra, no dia 12 de abril.
"Eu me lembro dos meu pais falando que esse russo
tinha ido ao espaço e achei aquilo uma maravilha", conta. "Eu não
sabia nem o que era um russo, ainda mais como ele tinha subido lá em
cima."
'Mulher, Brasileira
e Míope'
Decidiu então que seria astronauta. Logo percebeu, no
entanto, que era quase impossível realizar este sonho.
"Ainda era pequena quando fui descobrindo que eu era
mulher, brasileira e super míope", diz.
"Então não dava para ser astronauta. Por isso, ainda
menina resolvi me tornar cientista e trabalhar para a NASA no programa
espacial".
O Programa Apollo, um conjunto de missões espaciais
coordenadas pela agência espacial americana entre 1961 e 1972 com o objetivo de
colocar o homem na Lua, também teve influência decisiva na escolha de Rosaly
pela carreira científica, ligada a pesquisas espaciais.
"Eu cresci lendo sobre esse programa e a corrida
para a Lua", explica. "Além disso, me inspirou uma especialista que
vi num jornal, Frances Northcutt, que trabalhou no Johnson Space Center,
calculando órbitas para as naves Apollo. Ver uma mulher trabalhando lá foi uma
inspiração."
Com o apelido de Poppy, Frances Northcutt era engenheira
da equipe técnica do Programa Apollo e teve papel importante na missão da
Apollo 13, a sétima do projeto e a terceira com intenção de pousar na Lua.
Lançada no dia 11 de abril de 1970, ela não cumpriu seu
objetivo, devido a um acidente durante a viagem de ida, causado por uma
explosão no módulo de serviço, que impediu a descida no satélite.
Após seis dias no espaço, a nave e seus tripulantes
conseguiram retornar à Terra, em segurança, graças em parte ao trabalho de
Poppy, que ajudou nos cálculos da rota de retorno da Apollo 13.
"As reportagens dos dois jornais que eu li no Rio de
Janeiro falavam dela", lembra Rosaly. "Só de mostrarem uma mulher, no
centro de controle de Houston, foi uma inspiração muito grande para mim.
Engraçado, eu nunca a conheci pessoalmente. Ela deixou a NASA logo depois, foi
estudar Direito e se tornou advogada. É importante mulheres cientistas fazerem
divulgação para inspirar as próximas meninas."
Carreira no Exterior
Com esses antecedentes, Rosaly chegou à faculdade
decidida a ser astrônoma. No começo, estudou na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), logo depois foi selecionada para fazer a graduação na
Inglaterra.
Assim, em 1972, três anos depois do encerramento do
Programa Apollo, aos 18 anos, ela ingressou no University College London.
"Fiz Astronomia e doutorado em Geologia dos planetas naquela
instituição", revela.
A ida para a agência espacial americana ocorreu logo
depois, quando ela estava completando o doutorado. "Um colega aqui do JPL
(Jet Propulsion Laboratory) me falou sobre o programa 'NASA Postdoctoral Program'
aberto a estrangeiros”,diz.
"Eu tinha um emprego fixo na Inglaterra, no
Observatório de Greenwich, mas resolvi correr o risco de deixá-lo e vir para o
JPL para um pós-doutorado de dois anos. Mas eles gostaram de mim e me
ofereceram um trabalho aqui, na missão Galileo (que lançou uma nave não-tripulada
para Júpiter)."
Nesse projeto, que se estendeu por 14 anos, de 18 de
outubro de 1989, quando a nave foi lançada, até 21 de setembro de 2003, dia em
que ela foi arremessada deliberadamente na atmosfera do Júpiter para ser
destruída, Rosaly atuou como especialista na lua vulcânica de Io, na equipe do
instrumento Near Infrared Mapping Spectrometer - um espectrômetro de
infravermelho, que servia para determinar composições das superfícies e
temperaturas das lavas do satélite natural.
Nessa missão, a pesquisadora brasileira descobriu 71
novos vulcões ativos em Io, o que a colocou no Guinness Book of World Records
2006 (edição em inglês) como a pessoa que encontrou o maior número deles do
universo.
Mas não é só em outros mundos que Rosaly estuda essas
estruturas geológicas. Ela também se dedica às da Terra. Tanto que um de seus
quatro livros, Turismo de Aventura em Vulcões, é sobre elas. Na obra, a autora
mostra roteiros para expedições a algumas das mais conhecidas.
Depois da Galileo, a pesquisadora foi para a missão
Cassini, trabalhando com o radar, principalmente sobre a geologia de Titã. A
missão acabou, mas Rosaly recebeu verba de diversas fontes para continuar
fazendo pesquisas sobre aquela lua - a mais recente vem do NASA Astrobiology
Institute.
"A minha foi uma de três propostas escolhidas (para
receberem financiamento) e, entre 2018 e 2023, vou comandar um time de 29
pesquisadores, além de vários estudantes de pós-doutorado, de diversas instituições
e países, para pesquisar possibilidade de a vida ter se desenvolvido naquele
mundo", destaca.
Além disso, recentemente Rosaly se tornou a primeira
mulher - e a primeira pessoa não americana - a assumir o cargo de editora-chefe
da conceituada revista cientifica Icarus, fundada por Carl Sagan, para publicar
pesquisas em ciências planetárias.
"Todos os editores-chefes anteriores eram da Cornell
University, porque na época os manuscritos sobre ciência planetária eram todos
enviados para lá", explica.
"O cargo passou de um para outro. Foram poucos, acho
que três ou quatro. O último, que ficou mais de 10 anos, e a Sociedade
Astronômica Americana, que tem uma divisão de Ciências Planetárias, estavam
procurando quem queria se candidatar. Eu me interessei e eles me escolheram
para a função."
Fonte: Site UOL Notícias – https://noticias.uol.com.br
Comentário: Pois é leitor, a Dra. Rosaly Lopes é
realmente um exemplo de sucesso, além de ser uma pessoa muito atenciosa. Tive a
oportunidade de conhecê-la pessoalmente em 2011 quando de sua passagem por
Bezerros-PE, onde pude atestar pessoalmente o grande ser humano que é a sua
pessoa. Aproveito para agradecer a nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo
envio desta matéria.
Ela aparece em diversos documentários sobre vulcanologia e sobre geologia planetária.
ResponderExcluirOlá Prof. Foltran!
ExcluirVerdade verdadeira caro amigo. A Dra. Rosaly Lopes é uma grande profissional.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)