Por Que os Balões Despontam Como Futuros Substitutos dos Satélites
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo postado ontem (14/10)
no site “BBC Brasil” fazendo uma analise do porque os balões estão despontando como futuros substitutos dos satélites.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Por Que os Balões Despontam Como
Futuros Substitutos dos Satélites
David Hambling
BBC Future
14 outubro 2018
Imagem: World
View/ Randy Metcalf
Os balões já oferecem tecnologia para
comunicação e
monitoramento.
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O futuro próximo: turistas animadamente espiam a Terra
por uma pequena janela, encantados com a vista da escuridão estrelada, acima; e
do horizonte azul curvado, abaixo. Eles não estão, no entanto, a bordo de uma
espaçonave, e sim de um "balão de quase-espaço". Ele foi lançado da
Mongólia, e não de Houston, nos Estados Unidos. E os turistas são chineses.
Tais balões são a nova "alta fronteira". Em
1958, a Rússia impressionou o mundo ao lançar o Sputnik, o primeiro satélite a
entrar em órbita. Os americanos rapidamente criaram sua agência espacial, a NASA,
para entrar nessa corrida até se tornarem a maior potência espacial.
Hoje satélites são essenciais para comunicação, monitoramento,
navegação e outras áreas. Mas após 60 anos de seu lançamento, o Sputnik está
sendo desafiado pelo balão de altitude elevada.
Para comunicação e monitoramento, os balões já oferecem
uma boa posição a 30 quilômetros de altura, muito mais perto que os satélites.
Eles custam uma fração do preço e, ao contrário dos satélites, podem facilmente
voltar à Terra para atualizações e reparos.
A NASA foi pioneira no lançamento de balões
estratosféricos, nos anos 1950. Hoje, a agência os utiliza para realizar
pesquisa atmosférica, observar a Terra e explorar raios cósmicos. Os balões são
enormes, alguns têm sete vezes o tamanho da Catedral de Saint Paul, em Londres,
que mede 111 metros. São feitos de um plástico da espessura de um sanduíche e
inflados com gás hélio. Entre seus pontos fracos, só podem flutuar com vento.
Por isso, o grande avanço dos últimos anos tem sido aprender a orientá-los.
"Estamos explorando uma área totalmente nova da
navegação", diz Jeffrey Manber, CEO da Nanoracks, companhia espacial dos
EUA. "Para mim, o que está acontecendo agora remonta ao tempo da navegação
por estrelas e ventos, de volta para o futuro".
A estratosfera tem esse nome porque é uma camada da
atmosfera "estratificada", ou seja, com subdivisões por onde sopram
ventos de várias altitudes e direções. Em princípio - e seguindo a informação
meteorológica -, um balão pode trafegar em qualquer direção, basta colocá-lo na
altitude e nos ventos certos.
Imagem: Getty Images
Antes de aeronaves pioneiras como Sputnik 3, balões
ajudaram a abrir caminho para a corrida espacial.
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O Projeto
Loon, da empresa de tecnologia Alphabet, vinculada ao Google, é um dos
primeiros a desbravar os ventos dos balões de altitude elevada para oferecer
comunicação em áreas remotas ou afetadas por desastres. O plano original era
uma corrente de balões seguindo o vento predominante, mas pesquisadores
descobriram que eles poderiam permanecer no lugar usando ventos
contrabalançados em alturas diferentes. Algoritmos sofisticados de aprendizagem
mecânica mudam a altura do balão para que ele pegue o vento certo.
O Projeto Loon garantiu acesso à internet a 300 mil
pessoas em Porto Rico depois que o furacão Maria destruiu a infraestrutura
local em 2017. O caso provou que o conceito funciona, embora ainda esteja em
fase experimental.
Plataformas de Vigilância
Já o World View, com
base em Tucson, nos Estados Unidos, planeja usar seus balões, conhecidos
como Stratollites, não apenas como dispositivo de comunicação, mas
também como plataformas de vigilância. A BBC Future visitou
suas instalações em 2016 (em
inglês).
"As aplicações são intermináveis, e vão da
fiscalização constante de florestas, passando pelo envio de alertas de
incêndio, vigilância de áreas remotas do oceano para combater a pirataria
marítima até o monitoramento em tempo real de equipes de resgate", lista
Angelica DeLuccia Morrissey, do World View.
Há três anos, o World View parecia apenas um sonho, mas
depois de uma série de testes de voo cada vez mais ambiciosos, a companhia
fechou contratos com o governo americano e clientes comerciais. A comunidade da
área de defesa enxerga os Stratollites como os novos olhos no céu.
Imagem: Getty Images
Balões do Projeto Loon já foram usados em
operações de
resgate em desastres.
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"Achamos que isso tem o potencial de ser um divisor
de águas para nós", afirma Kurt Tidd, comandante do Comando do Sul dos
Estados Unidos, após um teste bem-sucedido com o Stratollite. "Uma grande
plataforma de vigilância de longa duração".
Esse balão poderia contribuir para o monitoramento do
clima em tempo real, a exemplo da aproximação de um furacão pela parte de cima.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA se mostrou interessada
na tecnologia.
Os Stratollites transportam uma carga útil de até 50kg e,
graças a painéis solares, operaram por tempo indeterminado, com energia
suficiente para acionar radares ou dispositivos poderosos de comunicação.
Balões maiores capazes de transportar cargas mais pesadas
estão sendo desenvolvidos. Planos de longo prazo incluem o turismo perto do
espaço e o transporte de produtos. Quando sua missão termina, o Stratollite vai
até um lugar pré-determinado e abre um paraquedas para voltar ao solo. A mesma
técnica poderia ser usada para entregar suprimentos de emergência ou outras
cargas em áreas remotas em qualquer parte do mundo.
Competição Chinesa
Há uma competição crescente, e ela vem da China. A
KuangChi Science (KC), fundada em Shenzhen em 2010, é especializada em
dirigíveis e tecnologia de comunicação. A empresa está desenvolvendo seu balão
Traveller e sua própria versão de navegação por vento na estratosfera.
"O foco principal da China é o sensoriamento remoto
e as telecomunicações, com clientes que incluem prefeituras interessadas em
integrar o Traveller a seus sistemas de Smart City (conceito para a aplicação
da tecnologia ao desenvolvimento urbano)", diz Zhou Fei, diretor da equipe
de P&D da KC Space. Ele estima que o custo ficará entre um décimo e um
centésimo de um sistema comparável de satélite.
O Traveller também abrigará cápsulas para transportar
seis passageiros até a estratosfera. Em outubro, a KuangChi lançou, a uma
altitude de 21 quilômetros, um balão com uma tartaruga, que depois voltou em
segurança para o solo. Estima-se ter voos com passageiros em 2021, ao custo de
cerca de £70 mil (R$ 345 mil) por assento.
Imagem: World View
A World View conduziu uma série de ambiciosos
testes de
voo nos últimos três anos.
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Fei diz que o Traveller também pode ser uma plataforma de
"lançamento secundário". Isso significa transportar um foguete até
uma determinada altitude na atmosfera, de onde ele seria lançado. Assim seria
mais fácil colocá-lo em órbita do que do nível do mar, como ocorre hoje. O
método seria útil, por exemplo, para o crescente mercado de CubeSats - um tipo
de satélite em miniatura usado na pesquisa espacial.
"Todos ao redor do mundo buscam reduzir o custo de
lançamento de um CubeSat", afirma Jeffrey Manber, da Nanoracks, empresa
que trabalha com a KC no projeto Traveller.
Balões também devem soltar veículos em direção ao solo.
Em 2017, uma equipe da Academia Chinesa de Ciências lançou dois pequenos drones
de um balão estratosférico, que funcionou como uma base aérea flutuante. Essa
infraestrutura poderia conduzir buscas e missões de resgate, em que sensores
nos balões identificariam uma localização provável e drones seriam lançados
para se ter uma visão mais próxima da área. Eles acreditam que o balão poderia
carregar centenas de drones.
Imagem: NASA Image Collection / Alamy Stock Photo
Balões poderiam ser uma forma barata de lançar pequenos
CubeSats.
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O Exército chinês também tem demonstrado interesse no
"quase-espaço". Ninguém controla esse domínio - ainda - e balões
estratosféricos oferecem meios baratos para vigilância militar e outras
aplicações. Isso poderia resultar em uma série de contratos militares.
Depois que o Sputnik russo mostrou ao mundo o que os
satélites poderiam fazer, os Estados Unidos os superaram na corrida espacial.
Cada vez mais os balões estratosféricos devem aparecer num futuro próximo para
funções como o turismo (quase) espacial, a comunicação e vigilância. A corrida
do "quase-espaço" está em curso, com os Estados Unidos em primeiro
lugar, e a China perto de alcançá-los.
Fonte: Site do BBC Brasil - http://www.bbc.com/portuguese
Comentário: Pois é leitor, e a tecnologia não deixa de avançar encontrando novas soluções de acesso ao espaço. Enquanto isso no Brasil, continuamos brincando de fazer programa espacial. A esperança de mudança de rumo hoje se resume as promessas feitas pelo candidato Jair Messias Bolsonaro que, pelas pesquisas até agora divulgadas, muito provavelmente será o próximo presidente do Brasil. Aproveito aqui para agradecer publicamente ao nosso leitor Rui Botelho pelo envio deste interessante artigo.
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