Simpósio de Observação da Terra Discute Futuro do Setor Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado na edição de Julho da “Revista
NOTAER” da FAB, tendo como destaque o “Simpósio de Observação da Terra” realizado
em Brasília nos dias 12 e 13/06 e já abordado aqui no Blog (veja aqui).
Duda Falcão
ESPAÇO
Simpósio de Observação da Terra
Discute Futuro do Setor Espacial
Especialistas, instituições civis e militares discutiram
potenciais
e desafios para investimentos em satélites
Por Asp JOR Carlos Balbino
Revista NOTAER
Julho de 2018
Imagine poder ver o que está acontecendo de longe, sem
estar no mesmo lugar, mas como se acompanhasse tudo, praticamente em tempo
real, de um ponto privilegiado do planeta Terra. Há quase cinco anos que Lucíola
Magalhães, analista de geoprocessamento da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) Territorial, conta com isso na rotina de trabalho. Quase
todas as imagens usadas atualmente, segundo ela, são de média resolução.
“A vantagem da cultura de dados abertos é que a gente
adquire as imagens de alguns sistemas de monitoramento e não paga por elas. Mas
estamos sempre dependendo dos países vizinhos”, afirma. Apesar de toda a
evolução constatada desde que ingressou na EMBRAPA, a servidora ressalta a
importância da evolução na resolução das imagens para o monitoramento de atividades
relacionadas à produção e à preservação ambiental. “Para conseguirmos ampliar
esse entendimento das culturas, dos sistemas produtivos e de tecnologias no
campo, precisamos de imagens de maior resolução”, aponta a servidora.
Necessidade de investimentos, viabilidade de implantação
e benefícios do uso de satélites de monitoramento remoto de imagens em alta
definição foram discutidos com representantes de instituições civis e militares
em um simpósio focado na observação da Terra, organizado pela Airbus Space, no
mês de junho em Brasília (DF).
O vice-presidente da Airbus na América Lati na,
Christophe Roux, destaca o potencial do país. “Esse evento é uma demonstração
de que o espaço não é uma área civil ou militar. É um espaço dual, com uma
janela de oportunidades enorme e uma gama de projetos que podem ser
desenvolvidos”, conta. Uma série de funcionalidades associadas ao sistema de
monitoramento remoto ótico foi apresentada aos participantes: vigilância de
fronteiras, prevenção de desastres naturais, gestão de recursos hídricos, entre
outras.
Para especialistas de agências espaciais internacionais,
a troca de experiências contribui para que o Brasil aprenda com nações que já investem
no uso da própria tecnologia. “É um benefício
que nós não sabíamos que seria tão positivo: usar as imagens para muitos
tipos de aplicação, sobretudo, em muitas situações que nem havíamos previsto”,
compartilha o secretário-geral da Agência Espacial Peruana (CONIDA), Gustavo
Henriquez Camacho.
A aposta no domínio do próprio satélite e também da
estação de recebimento das imagens capturadas é uma boa estratégia, de acordo
com a tecnologista da Diretoria de Política Espacial em Investimentos Estratégicos
da Agência Espacial Brasileira (AEB), Fernanda Lima. “Temos que agir
rapidamente. É essencial um alinhamento estratégico intenso para que os
esforços sejam todos concentrados numa mesma direção”, pontua.
Com o lançamento e o controle do primeiro satélite de
sensoriamento remoto, as Forças Armadas pretendem ganhar mais autonomia, além
de obter privacidade e maior segurança na gestão espacial. O representante da
Agência Espacial Francesa (CNES), Henry Roquefeuil, destaca as semelhanças
entre o Brasil e seu país e defende uma constelação própria brasileira. “Quando
vi que o Brasil tem exatamente a mesma situação aqui, com uso civil e militar,
vi que seus usuários precisam de um sistema e de instrumentos que forneçam
informações completas. Um país grande como o Brasil precisa de seu próprio
sistema de satélites.”
Detalhes do novo programa espacial brasileiro devem ser
divulgados até agosto para que a aquisição do satélite ótico pela FAB ocorra no
próximo ano. “Toda a nação vai tirar proveito do que esse satélite vai
proporcionar”, acredita o Presidente da Comissão de Coordenação e Implantação
de Sistemas Espaciais (CCISE), Major-Brigadeiro Luiz Fernando de Aguiar.
O que ainda falta são parcerias para baratear os custos
sem comprometer a eficiência do projeto. O assessor do Estado- Maior da Armada,
Capitão de Fragata Felippe Macieira, também reforçou que o assunto seja tratado
com prioridade. “Estamos um pouco atrasados em relação aos nossos vizinhos e
temos, agora, que tentar buscar soluções para tentar alavancar o nosso programa
espacial”, defende.
O assessor da Subchefia de Comando e Controle do
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Coronel do Exército Anderson Tesch
Hosken Alvarenga, acredita no potencial do país. “O mercado é de alta
tecnologia, mas é dinâmico, está em constante evolução. Aproveitando isso, o
Brasil ainda tem chance de se inserir nele”, avalia.
FOTO: SGT BIANCA VIOL / CECOMSAER
Fonte: Revista NOTAER da FAB - Pág 05 - Julho de 2018
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