Novo Estudo do INPE Mostra Que Biodiversidade Não Depende Apenas da Proteção do Carbono Florestal
Caro leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (18/07) no site
oficial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que Novo
Estudo mostra que biodiversidade não depende apenas da proteção do Carbono Florestal.
Duda Falcão
NOTÍCIA
Novo Estudo Mostra Que Biodiversidade
Não Depende Apenas
da Proteção
do Carbono Florestal
Por INPE
Publicado: Jul 18, 2018
São José dos Campos-SP, 18 de julho de 2018
Os investimentos para evitar perdas de carbono em florestas tropicais são
provavelmente menos eficazes na conservação da biodiversidade nas florestas de
maior valor ecológico. É o que sugere um estudo publicado nesta segunda-feira
(16/07) na revista Nature Climate Change, elaborado
por cientistas do Brasil, Europa e Austrália, com a participação do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Para a surpresa do time de pesquisadores, nestas
florestas (que são as mais preservadas), até 77% das espécies que teriam sido
protegidas por meio de ações voltadas à conservação da biodiversidade, não
seriam protegidas no caso de medidas centradas exclusivamente na proteção dos
estoques de carbono.
Fenômenos causados por ação humana, como o desmatamento e
a degradação (extração de madeira, caça, incêndios e fragmentação florestal),
podem provocar a liberação do carbono e aumentar os efeitos das mudanças climáticas
globais.
"Mais carbono significa mais biodiversidade em
florestas com alto grau de degradação, no entanto, em florestas com menor
interferência humana, quantidades crescentes de carbono podem não ser
acompanhadas por mais espécies", explica Luiz Aragão, pesquisador do Laboratório
de Ecossistemas Tropicais e Ciências Ambientais (TREES) da Divisão de
Sensoriamento Remoto do INPE.
O estudo comprova os esforços dos pesquisadores
brasileiros em melhor entender os padrões e processos nas florestas tropicais
para poder subsidiar políticas públicas para conservação ambiental e promoção
do desenvolvimento sustentável, como a Estratégia Nacional para REDD+. Os
atuais resultados fazem parte de uma longa colaboração deste grupo de
pesquisadores, que já demonstraram os efeitos da
degradação florestal na biodiversidade e nas emissões de carbono florestal.
"Agora conseguimos conectar estes dois elementos,
fundamentais para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, o carbono e a
biodiversidade, em uma análise que fornece subsídios para o planejamento
estratégico de ações para conservação de nossas florestas", diz o
pesquisador do INPE.
Ferramentas de sensoriamento remoto têm contribuído para
o avanço significativo do conhecimento sobre a quantificação do carbono
florestal. "Contudo, para promover a proteção da biodiversidade
ainda existe um longo caminho no desenvolvimento de técnicas de sensoriamento
remoto, que também depende de um extensivo monitoramento em campo", afirma
Aragão.
Os pesquisadores alertam que a proteção dos estoques de
carbono das florestas tropicais deve permanecer como objetivo central em
políticas internacionais de conservação. "Esse tipo de medida não apenas
pode desacelerar as alterações climáticas, como também tem o potencial de
proteger a vida selvagem única e insubstituível das florestas tropicais como a
Amazônia. No entanto, para garantir que tais espécies sobrevivam, a
biodiversidade precisa ser tratada como foco central dos esforços de
conservação - tanto quanto o carbono", afirma Joice Ferreira, pesquisadora
da Embrapa Amazônia Oriental e principal autora do artigo.
As florestas tropicais armazenam mais de um terço de todo
o carbono terrestre do mundo e o novo estudo é crítico para o alinhamento dos
esforços de conservação de carbono e biodiversidade. Gareth Lennox, pesquisador
da Universidade de Lancaster, explica que "as florestas com o maior teor
de carbono não abrigam necessariamente mais espécies, o que significa que a
conservação focada exclusivamente no carbono pode deixar de lado áreas bastante
biodiversas das florestas tropicais".
Contudo, o pesquisador do Instituto Ambiental de
Estocolmo (SEI, na sigla em inglês), na Suécia, Toby Gardner, um dos coautores
do trabalho científico, afirma que "ao considerar carbono e biodiversidade
juntos, descobrimos, por exemplo, que o número de espécies de árvores grandes
que podem ser protegidas aumenta em até 15% em relação à abordagem com foco
exclusivo no carbono. Em contrapartida, nessa mesma situação, há redução de
apenas 1% de carbono."
A redução dos efeitos das mudanças climáticas exige a
salvaguarda da biodiversidade. O professor Jos Barlow, da Universidade de
Lancaster, explica: "A biodiversidade e as alterações climáticas estão
intrinsecamente ligadas quando focamos em florestas tropicais. Um clima mais
quente e mudanças nos padrões de chuvas levarão à extinção de muitas espécies
tropicais e é importante lembrar que o carbono florestal reside na
biodiversidade das florestas tropicais. A pobreza de espécies resultará
inevitavelmente em pobreza de carbono. O enfrentamento da crise climática
requer a proteção de ambos simultaneamente".
O artigo científico, Ferreira et al. (2018), A
conservação focada exclusivamente no carbono pode deixar de proteger as
florestas tropicais mais biodiversas (Carbon-focused conservation may fail to
protect the most biodiverse tropical forests), está disponível online
no periódico Nature Climate Change.
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
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