J-PLUS, Uma Grande Meta Para um Pequeno Telescópio
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada dia (16/07) no site do
“Observatório Nacional (ON)” destacando que o J-PLUS (projeto hispano-Brasileiro) será uma grande meta para um Pequeno Telescópio.
Duda Falcão
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J-PLUS, Uma Grande Meta
Para um Pequeno Telescópio
Publicado: Segunda, 16 de Julho de 2018, 18h55
Última atualização em Segunda, 16 de Julho de 2018, 18h55
O telescópio auxiliar T80.
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O J-PLUS – The Javalambre-Photometric Local Universe
Survey – utiliza um telescópio pequeno para os padrões atuais da pesquisa
em Astrofísica (o T-80 com 83 cm de diâmetro) mas com enorme campo de visão [1] e com um sistema particular de
filtros, o que o torna de grande importância no futuro dos estudos científicos
em Astrofísica. As características desse instrumento, inicialmente projetado
para ajudar na calibração fotométrica do irmão maior, o T-250 da colaboração
híspano-brasileira J-PAS [2], permitiram que o J-PLUS se tornasse um
projeto próprio, coletando dados importantes sobre os grupos de galáxias mais
próximos, estrelas na nossa Galáxia e objetos no Sistema Solar.
O projeto envolve diretamente várias instituições
nacionais e espanholas, mais destacadamente o Centro de Estudos de Física do
Cosmos de Aragon (CEFCA). O Observatório Nacional (ON) é uma das instituições
fundadoras desse consórcio, cujas observações são realizadas no Observatório de
Javalambre (OAJ), localizado Pico del Buitre, na Sierra de Javalambre (próximo
à cidade de Teruel, Espanha). O projeto conta atualmente com mais de 120
pesquisadores.
Esta pequena jóia tecnológica é equipada com uma câmera
panorâmica e um sensor eletrônico (CCD) comparável àquele montado no J-PAS, com
uma relação de 9200x9200 pixels e 1 Gpix por observação com todos os filtros.
Graças às suas características, o J-PLUS irá observar 8500 graus quadrados do
céu visível, o que corresponde a mais de um quinto de toda a esfera celeste.
Como o J-PAS, o J-PLUS também possui filtros especiais, especificamente 12
filtros que permitem selecionar pequenas faixas de comprimentos de onda na
região visível, de 3500 a 10000 Angstroms.
Tudo isso transformou o J-PLUS em um dos fotógrafos mais
promissores do nosso céu, mapeando mais de 20 milhões de galáxias e um número
ainda maior de estrelas que povoam a periferia da Via Láctea.
O estudo da Via Láctea é um dos principais objetivos do
J-PLUS. De fato, utilizando os filtros apropriados e excluindo as estrelas já
conhecidas, o pequeno telescópio poderá observar em detalhes o halo da Via
Láctea e a periferia da nossa galáxia. Com isso, será possível observar e
catalogar os corpos celestes mais distantes e escuros que habitam esta região
do céu.
Algumas classes de estrelas serão privilegiadas nas
observações do J-PLUS. As estrelas de RR Lyrae serão as primeiras a serem
estudadas por causa de suas cores e, graças a sua variabilidade, será possível
deduzir sua distância. Em seguida, será possível construir o gráfico
tridimensional da distribuição das famílias estelares e, além disso, do
material interestelar que povoa as regiões observadas do espaço. As estrelas
CVs (Variáveis Cataclismicas C), também serão estudadas. Este estudo
fornecerá evidências dos fenômenos explosivos subjacentes à evolução química do
universo.
Um segundo objetivo importante está relacionado ao estudo
dos aglomerados de galáxias e sua evolução. Com filtros de banda larga, será
possível selecionar o comprimento de onda das emissões de Hα e O2, além de
recriar o espectro de distribuição de energia das galáxias mais próximas.
Grupos locais de galáxias também estão entre os principais objetivos. Dada a
ausência de galáxias maiores, o estudo desses grupos nos permite entender
melhor como eles evoluíram de forma tão diferente uns dos outros. O J-PLUS também
terá a oportunidade de investigar mais profundamente, examinando as regiões
mais escuras do espaço, aquelas regiões do céu escondidas pelo brilho intenso
do halo das galáxias observadas. Neste contexto, a pesquisa sobre a taxa de
formação estelar ou SFR (Star Formation Rate), será grandemente benecifiada.
Por meio do uso de filtros especiais, por exemplo centrados na linha de Balmer
do Hidrogênio (Hα), J-PLUS será capaz de estimar a SFR e avaliar a distribuição
tanto de um ponto de vista global quanto espacial (modelos 2D).
Os primeiros resultados científicos serão publicados num
volume especial da revista européia Astronomy & Astrophysics no próximo mês
e vários dos trabalhos já podem ser lidos no link:
Além do J-PAS e J-PLUS, a colaboração entre a Espanha e o
Brasil tem outro objetivo: ampliar a região do céu analisada, ativando um gêmeo
do J-PLUS no hemisfério sul (no observatório Cerro Tololo, Chile), chamado
S-PLUS. Os dois poderão cobrir quase toda a esfera celeste observável
expandindo os dados coletados e comparando as duas regiões do céu com
equipamentos com as mesmas especificações.
Com estes dois telescópios trabalhando conjuntamente, o
J-PLUS pode dar respostas a algumas grandes questões astrofísicas do nosso
tempo. A intenção de criar o maior catálogo de grupos de estrelas e grupos de
galáxias, bem como estudar a distribuição desses aglomerados e suas
propriedades físicas serão de grande ajuda para o estudo dos fenômenos
relacionados à expansão do universo e às questões relacionadas à Matéria
Escura.
No dia 17 de Julho de 2018, a colaboração J-PLUS tornará
público o acesso a 1000 graus quadrados de observação. Com isso, muitos grupos
de pesquisa em todo mundo já poderão se beneficiar de dados de altíssima
qualidade obtidos por esse pequeno grande instrumento.
[1] O campo de visão do T-80 é de 2 graus quadrados, o que é equivalente à área angular de quase 10 “luas”.
Fonte: Site do Observatório Nacional (ON)
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