Projeto Pretende Avançar o Conhecimento Sobre Explosões Solares
Olá leitor!
Segue abaixo um novo artigo publicado hoje (17/08) no site da Agência FAPESP, destacando que com
participação brasileira um
consórcio integrado por sete universidades e instituições de pesquisa europeias
pretende avançar o conhecimento sobre Explosões Solares.
Duda Falcão
Notícias
Projeto
Pretende Avançar o
Conhecimento Sobre Explosões Solares
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
17 de agosto de 2015
(Imagem: NASA)
Pós-doutorando na University of Glasgow, da Escócia,
ex-bolsista da
FAPESP é o único representante brasileiro no consórcio de
pesquisa
integrado por sete instituições europeias.
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Um consórcio
integrado por sete universidades e instituições de pesquisa europeias vem se
dedicando, nos últimos dois anos, a estudar a Física das explosões solares –
considerada como os eventos mais intensos de liberação de energia no Sistema
Solar.
Denominado F-CHROMA
– sigla, em inglês, de Flare Chromospheres: observations, models and
archives –, o projeto é financiado pelo Sétimo Programa-Quadro da Comissão
Europeia (FP7) e tem a participação do pesquisador Paulo Simões, pós-doutorando
na Escola de Física e Astronomia, da University of Glasgow, da Escócia.
Único
representante brasileiro no projeto, Simões realizou, com Bolsas da FAPESP, iniciação científica
e pós-doutorado na
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), além de mestrado e doutorado no
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O pesquisador
esteve no início de agosto na UPM, onde participou de um colóquio sobre explosões
solares na cromosfera solar a convite do Centro de Rádio Astronomia e
Astrofísica Mackenzie (CRAAM).
“O objetivo
principal do projeto F-CHROMA é aumentar o conhecimento sobre a Física das
explosões solares, confrontando as teorias e modelos atuais com observações de
altíssima resolução”, disse Simões à Agência FAPESP.
As explosões
solares são erupções repentinas na superfície do Sol caracterizadas pela
liberação de grandes quantidades de radiação e que podem ser causadas por
mudanças locais no campo eletromagnético solar. Esses eventos influenciam o
clima espacial e interferem, por exemplo, na transmissão de dados por
satélites.
Explosões
solares de médio porte podem liberar energia equivalente a 100 milhões de
megatons de TNT em apenas alguns minutos – 10 mil vezes mais forte do que todas
as armas nucleares estocadas no planeta –, que em sua maioria é transformada,
em última análise, em radiação eletromagnética.
Essa radiação
eletromagnética é emitida, principalmente, em uma camada fina da atmosfera do
Sol, chamada cromosfera. Região de transição entre a fotosfera – a camada
externa visível do Sol – e a coroa solar – a atmosfera superior da estrela –, a
cromosfera é apontada como a principal região de dissipação e radiação
eletromagnética.
“Hoje, a teoria
corrente sugere que elétrons são acelerados em alguma região na coroa solar e
que essas partículas viajam ao longo do campo magnético solar e chegam à
cromosfera”, disse Simões.
“Ao chegar, os
elétrons colidem com outras partículas que já estavam na cromosfera, como
prótons e outros elétrons, e depositam energia, alterando as condições da
cromosfera”, detalhou.
A meta dos
pesquisadores é tentar entender como a cromosfera responde à entrada dessa
energia durante as explosões solares, em termos de mudanças de temperatura, de
densidade e da ionização (eletrificação) de elementos presentes nela, como,
principalmente, hidrogênio e hélio.
“Queremos
entender melhor quais são as condições iniciais de uma explosão solar, além de
como o evento evolui e o que ocorre com a cromosfera durante a entrada de
energia e a saída da radiação eletromagnética gerada por uma explosão solar”,
disse Simões.
“Isso pode
contribuir para aumentar o conhecimento sobre como a energia de uma explosão
solar é armazenada, liberada e convertida em outras formas.”
De acordo com
o pesquisador, o material da atmosfera solar, assim como de 99% do universo
visível, é composto por um gás eletrificado – ou plasma – que leva à formação
de um campo magnético.
Ao estudar a
liberação de energia e radiação em explosões solares também é possível conhecer
melhor o funcionamento de plasmas astrofísicos e processos de alta energia
associados a diversos objetos astrofísicos, como quasares, apontou.
“O Sol é um
laboratório de plasma. Ao estudá-lo, é possível entender melhor como o plasma e
um campo magnético se comportam ou como é transferida energia de uma região
para outra, entre diversas outras questões”, disse Simões.
O conhecimento
sobre a atividade do Sol também pode ser aplicado para estudar outros objetos
astronômicos, como as estrelas, e auxiliar na busca de exoplanetas habitáveis
(planetas que orbitam uma estrela, que não o Sol).
Também são
observadas explosões em outras estrelas, com maior intensidade do que as que
acontecem no Sol, mas ainda não se sabe por que isso ocorre, disse Simões.
“A maior parte
dos aspectos relacionados à Física das explosões solares pode ser usada para
estudar outros objetos astronômicos”, disse o pesquisador.
Primeiros Resultados
A fim de
estudar as explosões solares, os pesquisadores participantes do projeto
F-CHROMA estão combinando dados de observações por satélite e terrestres com
modelagem teórica e computacional avançada.
Algumas das
observações solares terrestres estão sendo feitas por meio de telescópios
ópticos, como o Dunn Solar Telescope (DST), instalado no Novo México, nos
Estados Unidos, e o Swedish Solar Telescope (SST), nas Ilhas Canárias, na
Espanha.
Já as
observações no espaço estão sendo feitas por meio de sondas não tripuladas como
a Solar Dynamics Observatory (SDO), lançada no início de 2010, e a Interface
Region Imaging Spectrograph (IRIS), lançada em junho de 2013 – ambas
pertencentes à agência espacial norte-americana, a Nasa.
Por meio de
dados coletados de um instrumento embarcado na SDO, o Atmospheric Imaging
Assembly (AIA) – que fornece observações contínuas da coroa solar e da
cromosfera na região do ultravioleta –, e do satélite Reuven Ramaty High Energy
Solar Spectroscopic Imager (RHESSI), também da Nasa, o pesquisador e outros
colaboradores do projeto observaram que, no início das explosões solares, o
plasma de uma região entre a baixa coroa solar e o topo da cromosfera registra
uma altíssima temperatura, que varia de 6 a 12 milhões de graus.
“Essa hipótese
já havia sido sugerida por outros pesquisadores no início da década de 1990,
mas não havia dados suficientes de observações para comprová-la. E agora
mostramos que, de fato, o plasma dessa região fica muito quente no início das
explosões solares”, disse Simões.
Os resultados
do F-CHROMA deverão ser usados em grandes projetos futuros de observações
solares, como o telescópio solar Daniel K. Inouye, previsto para entrar em
operação em 2019, no Havaí, e da sonda solar Orbiter, da agência espacial
europeia – a ESA –, prevista para ser lançada no espaço em 2018 e que deverá
ser uma das primeiras a chegar mais próximo do Sol.
O artigo Impulsive
heating of solar flare ribbons above 10 MK (doi:
10.1007/s11207-015-0709-9), de Simões e outros, pode ser lido na revista Solar
Physics, em link.springer.com/article/10.1007%2Fs11207-015-0709-9#.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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