Com Seca Prolongada e Fortes Chuvas, Estudo do MCTIC Prevê ‘Clima Caótico’ Até 2100
Olá leitor!
Segue agora uma nota postada ontem (05/07) no site do Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) destacando que com seca prolongada e fortes chuvas, estudo
do MCTIC prevê ‘clima caótico’ até 2100.
Duda Falcão
NOTÍCIAS
Com Seca
Prolongada e Fortes Chuvas,
Estudo do MCTIC Prevê ‘Clima Caótico’ Até 2100
"Os impactos e os riscos são tão grandes que não
existe outra possibilidade
que não seja a mais rápida redução de gases de efeito
estufa", alertou o
pesquisador Carlos Nobre durante 68ª Reunião Anual da
SBPC.
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 05/07/2016 | 18:50
Última modificação: 05/07/2016 | 19:01
Crédito: Ascom/MCTIC
Pesquisador Carlos Nobre apresenta estudo sobre mudanças
climáticas desenvolvido pelo MCTIC.
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Até 2100, o clima tende a "ficar mais caótico",
com menor grau de previsibilidade, longos períodos secos e extremos de chuva
intensa. O alerta foi feito pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) Carlos Nobre durante lançamento do livro Modelagem Climática e Vulnerabilidades Setoriais à
Mudança do Clima no Brasil, nesta segunda-feira (4), na 68ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Porto Seguro (BA).
"Os impactos e os riscos são tão grandes que, na
minha opinião, não existe outra possibilidade que não seja a mais rápida
redução de gases de efeito estufa, como a COP 21 [21ª Conferência do Clima]
preconizou: zerar as emissões até 2050 ou 2060 e chegar a emissões negativas,
ou seja, tirar CO2 [dióxido de carbono] da atmosfera", afirmou o pesquisador.
"Esse é um enorme desafio, mas é um problema do qual não temos como fugir
se nós não quisermos entregar aos nossos netos e bisnetos um mundo muito
difícil de viver."
Nobre recomendou ao público da palestra que acesse a
Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), que, a partir do acordo aprovado
na COP 21, terá que ser atualizada a cada dois anos. Desdobramento da última
edição do inventário, o livro traz simulações em escala regional e análises de
especialistas sobre possíveis impactos de cenários de emissão de gases até 2100
em sete setores – agricultura, biodiversidade, cidades, desastres naturais,
energias renováveis, recursos hídricos e saúde humana.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC) elaborou a publicação em parceria com a Rede Brasileira de
Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima). O livro teve como
editores o coordenador-geral de Mudanças Globais do Clima do MCTIC, Márcio
Rojas, o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (CEMADEN) José Marengo e o economista Breno Simonini.
O INPE e o CEMADEN são institutos de pesquisa vinculados
ao MCTIC.
Vulnerabilidades
Interpretadas por especialistas, as simulações até o fim
do século geraram estudos de impactos em diversas regiões brasileiras. Nobre
destacou efeitos das mudanças climáticas sobre os biomas, como retração de
florestas e expansão de vegetações abertas. O livro aponta que Cerrado e Caatinga
teriam maior estabilidade para manter a cobertura nativa do solo, mas, em
compensação, a Amazônia seria fortemente afetada em sua parte oriental.
"Isso é muito sério e grave para o Brasil, que
abriga a maior biodiversidade do planeta, seguido por Colômbia e Indonésia.
Temos um hot spot mundial bem aqui, pertinho de Porto Seguro, na Mata
Atlântica. São 450 espécies de aves por hectare", enfatizou. "Há um
processo de savanização da Amazônia, com menos florestas e mais savanas, que
formam um cerrado empobrecido."
Na agropecuária, a projeção de aumento da frequência de
dias quentes, com temperatura superior a 34 graus Celsius (ºC), pode prejudicar
a produção de café, feijão e leite, e a criação de frangos e suínos. Uma das
soluções apontadas para o cultivo de vegetais seria a busca por ambientes
tolerantes ao calor e ao déficit hídrico. O climatologista ressaltou que os
impactos podem afetar em 90% o milho safrinha e em 80% a soja.
"O Brasil já está quase se tornando o segundo maior
exportador de alimentos do mundo, deve passar os Estados Unidos nos próximos 15
anos", lembrou Nobre. "As mudanças climáticas trazem riscos muito
grandes. A única cultura que não sofreria neste século é a cana-de-açúcar, que
se estenderia ao sul do país. Arroz, milho, soja e feijão diminuiriam demais a
área agriculturável."
Recursos Hídricos
Para recursos hídricos, o estudo evidencia anomalias de
escoamento em regiões hidrográficas, com redução da água disponível em
praticamente todo o território nacional. O maior impacto percentual aconteceria
nas áreas do rio Doce e do rio São Francisco. A vazante aumentaria na bacia do
rio Uruguai e em parte da do rio Paraná, com intensificação de cheias no
Sudeste, embora, segundo Nobre, o balanço hídrico provavelmente fique negativo,
porque uma evaporação crescente superaria o volume proveniente das chuvas.
Na visão do climatologista, o potencial hidrelétrico do
país precisa ser encarado com cuidado, com base em um dos mapas do livro.
"Detalhamentos mostram que a usina de Belo Monte, no futuro, pode perder
pelo menos um terço de sua capacidade", comentou. "Já a energia
eólica ganha com a ampliação da velocidade dos ventos e pode se instalar do Rio
Grande do Sul ao Amapá."
Sobre energia solar, o estudo verificou valores simulados
no fim do século menores do que os atuais. As quedas de intensidade de radiação
variam de 4% a 8% em todo o Brasil. Em relação ao biodiesel, estimou-se
dificuldades na produção de girassol e soja e menor alteração para
cana-de-açúcar e mamona, cujas culturas, no entanto, podem sofrem com a
carência hídrica.
A vulnerabilidade a desastres naturais vem se
intensificando nas últimas décadas e, nas palavras de Nobre, combina duas
variáveis em expansão: os extremos climáticos e a exposição ao perigo.
"Nós passamos 60 anos de urbanização caótica no Brasil. Temos hoje 5
milhões de pessoas vivendo em áreas de risco nas periferias das grandes
cidades. É um dos mais altos índices do mundo."
O livro sugere que o Sul, o Sudeste e grande parte do
litoral ficarão mais suscetíveis a inundações bruscas, enxurradas e
alagamentos. Para as demais regiões do país, o risco pode diminuir devido à
queda dos índices de chuva. Nobre citou dados que indicam que, se a temperatura
subir 3ºC em 2 mil anos, o nível do mar subiria 10 metros. "Várias cidades
teriam que ser abandonadas", previu. "Londres só tem solução de
engenharia para até cinco metros."
Fonte: Site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação
e Comunicações (MCTIC)
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