Setor de Tratamento de Superfície Conduz Pesquisas Com Galvanoplastia e Alumínio

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na edição de nº 52 de novembro de 2016 do “Jornal do SindCT”, destacando que antigo laboratório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) muda de nome e conduz pesquisas com galvanoplastia e alumínio.

Duda Falcão

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Laboratório Vive Processo de Readequação

Setor de Tratamento de Superfície Conduz Pesquisas Com Galvanoplastia e Alumínio

Mudança de nome do antigo Laboratório de Circuitos Impressos corresponde a
uma ampla transformação da unidade, que hoje tem uma gama de finalidades
muito diversa da original. Sua pesquisa agora trata do desenvolvimento
de revestimentos funcionais

Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição 52ª
Novembro de 2016

Foto: Shirley Marciano
A chefe Graziela Savonov e parte da equipe
do Setor de Tratamento de Superfície.

Quem entra no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) imagina encontrar um Laboratório de Circuitos Impressos, pois a placa com este nome ainda está lá fixada. Porém, isso logo será mudado: o laboratório recebeu outra designação, porque sua finalidade mudou.  Atualmente, a equipe composta por oito pessoas (dos quais somente quatro são servidores) atua na área de tratamento de superfície, algo totalmente diferente do objetivo anterior. Houve um processo de adequação.

“Com o passar do tempo, as nossas máquinas foram ficando obsoletas e as áreas do INPE foram terceirizando esse serviço, pois, com a modernização, ficou mais vantajoso comprar fora. O que temos aqui de circuito impresso é só para fazer protótipos”, explica Graziela da Silva Savonov, chefe do Setor de Tratamento de Superfície, novo nome do laboratório.

Na época áurea do laboratório, ele fornecia circuitos impressos para os Satélites de Coleta de Dados (SCD 1 e 2), que foram lançados nos anos de 1990 e que até hoje estão funcionando no espaço. “Naquela época suprimos a necessidade com dispositivos em modelos espaciais”, enfatiza Graziela.

A chefe do laboratório, que é formada em engenharia química, explica que a pesquisa atual desse  laboratório — que é vinculado ao Setor de Manufatura, da Coordenação de Engenharia Espacial (SMF-ETE) — tem por finalidade o desenvolvimento de revestimentos funcionais e protetores através da realização de tratamentos superficiais, dentre os quais destacam—se processos industriais de galvanoplastia, como a douração, niquelação, prateação e cobreação  de diversos substratos.

Outra linha de pesquisa envolve “a aplicação de revestimentos baseados em camadas de conversão química e produção de camadas anódicas em ligas de alumínio, que são processos químicos  amplamente aplicados no setor espacial”. Assim, o laboratório vem trabalhando “no desenvolvimento e na qualificação de processos químicos de tratamento de superfícies de componentes mecânicos de satélite fabricados em ligas de alumínio e também nos novos projetos desenvolvidos dentro do Programa de Capacitação de Novos Satélites”, descreve Graziela.

As demandas são internas e elas chegam já com as peças prontas, junto à requisição do tipo de superfície que se deseja obter e, dessa forma, portanto, são executados os serviços. A chefe do laboratório observa, porém, que às vezes chega um pedido de superfície inadequado à liga utilizada na peça. “Essa é uma parte do nosso processo que precisa ser melhorada, para oferecermos um serviço de qualidade ainda maior para nossos clientes”.

Melhoria Contínua

Para alcançar o desenvolvimento de novos revestimentos anódicos para ligas de alumínio, com vistas a novos sistemas de proteção destes materiais contra a corrosão, e tratamento de superfícies internas de tubos de calor para melhorar a eficiência, garantindo que as propriedades químicas dos componentes utilizados permaneçam inalteradas (como no controle térmico de subsistemas e sistema de satélite por meio de peças anodizadas pretas em substituição às peças pintadas utilizadas atualmente),  utilizam-se  diferentes  modalidades e técnicas de proteção de camadas anódicas em ligas de alumínio. Quer seja pelo processo de anodização convencional, pelo processo de anodização dura ou pelo processo de coloração eletrolítica, elas vêm sendo aprimoradas proporcionando melhoria contínua destes processos, de modo a atender aos requisitos de qualidade do setor espacial.

“Estamos trabalhando também no desenvolvimento do sensor que será empregado no projeto Radiômetro da CEA, que se trata de uma parceria entre CEA, ETE e CTE, que são coordenações do INPE. Participam também o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e a Universidade de São Paulo (USP) de Lorena [Escola de Engenharia ou EEL]. Nesta fase inicial estão sendo feitas deposições de filmes de NI-P para posterior revestimento em prata. Os filmes de NI-P estão sendo desenvolvidos com a finalidade de atuarem como absorvedores termo-óticos para uso no radiômetro. Ao todo, o sensor contará com sete camadas diferentes de materiais, das quais cinco serão desenvolvidas em nosso laboratório”, explica Graziela.

Para verificação e o controle de qualidade dos revestimentos produzidos no laboratório, realiza-se análise metalográfica das camadas produzidas através destes tratamentos superficiais. O Setor de Tratamento de Superfície pode também fornecer suporte nas auditorias em empresas contratadas pelos programas espaciais em desenvolvimento no INPE, visando à qualificação de fornecedores e orientação técnica para adequação dos processos aos rigorosos requisitos do setor espacial.

Além da análise metalográfica, o laboratório possui equipamentos para avaliar a resistência à corrosão por métodos eletroquímicos e também por exposição em câmara de névoa salina, além dos dispositivos para medir resistência elétrica de superfícies, espessura de filmes não magnéticos e dispositivo para avaliar a adesão de filmes.

O laboratório visa suprir as necessidades dos grupos de desenvolvimento do INPE através de estudo, adequação e realização de processos químicos com qualificação militar e espacial, incluindo preparação das instalações para execução de processos e para ensaios dos resultados dos processos; preparação dos banhos químicos necessários; realização dos processos; avaliação dos resultados etc.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 52ª – Novembro de 2016

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