Depois de Dilema, Satélite Científico EQUARS Será Desenvolvido Pela Engenharia do INPE
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de nº 52
de novembro de 2016 do “Jornal do SindCT”, destacando que depois de dilema, finalmente
o Satélite Científico EQUARS será desenvolvido pela Engenharia do INPE.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Sinal Verde
Após Controvérsias
Depois de Dilema, Satélite Científico EQUARS
Será Desenvolvido Pela Engenharia do INPE
Já existe
verba neste ano para o desenvolvimento dos experimentos,
e ela está
sendo executada. A partir de 2017 o plano é obter
recursos para
a plataforma. Contudo, a expectativa é de
que o
lançamento só venha a ocorrer em 2022
Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição 52ª
Novembro de 2016
Foto: Shirley Marciano
Leandro Hoffmann, gerente do EQUARS.
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Finalmente foi aprovada
pela direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) o início da
execução do projeto do satélite científico EQUARS (sigla em inglês para
Satélite de Pesquisa Atmosférica Equatorial), que tem o objetivo de levar consigo
cinco instrumentos para serem testados em órbita equatorial. O processo de
decisão foi polêmico. Houve um forte debate no INPE para definir se se deveria
ou não dar andamento a esse satélite, uma vez que boa parte dos técnicos e
engenheiros da Coordenação Geral de Engenharia Espacial (ETE/INPE) já estaria
absorvida nos demais satélites em desenvolvimento no instituto (CBERS-04B e Amazônia-1).
Porém, numa análise mais
criteriosa, concluiu-se que muitos servidores da ETE poderiam se dedicar ao
desenvolvimento deste novo projeto, seja porque não estavam utilizando todo o seu
tempo nas atividades dos satélites ora em desenvolvimento no INPE, seja porque simplesmente
não faziam parte das equipes de desenvolvimento destes satélites. Também pesou
o fato de o EQUARS estar na fase inicial de projeto, o que demandaria bem menos
tempo de dedicação quando comparado às atividades dos satélites CBERS-04A e
AMZ-1, já próximos à fase de lançamento.
“Seria algo como 30% do tempo da equipe dedicada ao novo
satélite e o restante ao Amazônia-1 e ao CBERS-4A. Durante o processo de
discussão surgiram seis pessoas que se ofereceram para ajudar, o que demonstrou
que havia pesquisadores em condições de contribuir”, relata Leandro Hoffmann, recém-nomeado
gerente do EQUARS.
A nomeação de Hoffmann
possivelmente levou em consideração, além de suas competências, o fato de ser
jovem. No entanto, ele será acompanhado por um pesquisador sênior que terá a
função de uma espécie de “gerente maior”: Leonel Perondi,
ex-diretor do instituto. A prática de designar sêniores
para acompanhar as atividades de profissionais mais jovens vem sendo adotada
pelo novo diretor do INPE, Ricardo Galvão, em diversas áreas do órgão. O
objetivo é transferir conhecimento, antes que os mais experientes se aposentem.
Além da disponibilidade
efetiva de recursos humanos, outra questão debatida acerca do EQUARS foi a
suposta inexistência de um grande desafio tecnológico e, por essa razão, o
risco de dispender dinheiro e tempo para um projeto inócuo. Alegou-se que seria
um satélite simples demais, com sistema de estabilização em órbita sem o uso de
propulsores e sem o emprego de câmeras de imageamento como as que equipam os
satélites AMZ-1 e CBERS-04B. Mas Hoffmann esclarece que, embora não seja um
satélite de alta complexidade por não ser uma missão operacional, ainda assim o
EQUARS poderá contribuir em muito para o avanço tecnológico das equipes
envolvidas, seja por se tratar de uma missão científica nunca antes implementada
pelo INPE, seja por envolver novas abordagens no seu processo de
desenvolvimento, como o emprego da chamada “engenharia simultânea”, na qual
várias equipes trabalham em paralelo na busca por soluções otimizadas para os
problemas encontrados.
AOCS Nacional
“Uma das metas é
desenvolver o Sistema de Controle de Atitude e Órbita (AOCS) nacional. A gente embarcaria
alguns equipamentos que poderiam ajudar a construí-lo no futuro. Esse é um dos
desafios, além do principal que é garantir a compatibilidade e adequação para
receber esses experimentos”, explica.
Atualmente o projeto EQUARS
está na fase em que são aguardados os documentos que se referem às características
destes cinco instrumentos, para então elaborar uma plataforma que atenda a esses requisitos. Já há um esboço desses
documentos, nos quais a equipe está trabalhando neste momento. “Estamos bem no
início. Não há sequer condições de avaliar se os cinco experimentos científicos
serão embarcados num mesmo satélite. Esta e outras questões serão objeto de
estudo nesta fase do projeto, para só então haver uma tomada de decisão”,
esclarece Hoffmann.
Já existe uma verba neste
ano para o desenvolvimento dos experimentos, e ela está sendo executada.
A partir de 2017 são almejadas verbas para o desenvolvimento da plataforma,
que envolve todo o processo do projeto. Mas ainda está muito longe de um
lançamento. Se tudo correr bem, a
expectativa é que isso aconteça somente em 2022.
“O EQUARS, na minha visão,
é um projeto agregador da ETE, que une a
equipe toda. Já tivemos questionamentos sobre
a finalidade dessa coordenação por meio de uma pesquisa
realizada no ano passado. Portanto, vejo que evoluímos neste sentido e penso
que este satélite esteja trazendo esse benefício para todos”, observa Hoffmann.
“Ter juntado o MIRAX ao EQUARS
em 2005 foi um dos maiores erros da ciência espacial”, disse Oswaldo Miranda,
vice-diretor do INPE (Jornal do SindCT
44, http://jornaldosindct.sindct.org.br/index.php?q=node/592). Miranda explicou
que houve uma dissociação do projeto inicial por existir incompatibilidade de
objetivos. Grosso modo, eram duas missões que possuíam órbitas não coincidentes
e ângulos de visada dos instrumentos também diferentes, o que não é impossível
de ser realizado, mas exige uma maturidade que, segundo o ex-vice-diretor, a
engenharia do INPE não possui ainda.
Experimentos
Três dos cinco instrumentos que
se pretende embarcar no EQUARS, para experimentos, já
estão qualificados e os outros dois em fase de engenharia, com vistas a obterem
a qualificação em breve. Estes cinco instrumentos são:
1. Elisa (analisador eletrostático).
Destina-se a medir o espectro de energia dos elétrons. Ele vai focar no estudo da anomalia magnética do
Atlântico Sul.
2. Glow (fotômetro Airglow). Estuda
a dinâmica da
alta atmosfera e ionosfera.
É um instrumento para medir a aeroluminescência atmosférica
(processos fotoquímicos).
3. Grom (receptor GPS).
No espaço há vários satélites GPS. Então, quando o transmissor do Grom
capta o sinal deles, recebe diversas informações de medidas do perfil
atmosférico, como pressão,
temperatura, quantidade de vapor de água
e outros.
4. Ionex (sondas
ionosféricas). Destina-se a tomar medidas do plasma ionosférico, como o
número de partículas e a distribuição de
sua temperatura, e também medir todo sinal de
rádio que cruza a atmosfera terrestre, que vai para um satélite de
telecomunicação ou um satélite GPS.
5. Apex (medidor de prótons e partículas alfa).
Estuda principalmente os raios cósmicos. Mede quantidade e densidade de pró-tons
e das partículas alfa.
Fonte: Jornal do SindCT -
Edição 52ª – Novembro de 2016
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