País Desperdiça 30% dos Gastos Com Energia Elétrica Para Iluminar o Céu
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (27/12) no site do “Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI)” destacando que segundo
um estudo do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), o Brasil desperdiça 30%
dos gastos com energia elétrica para iluminar o céu e que esta poluição
luminosa já esta prejudicando as pesquisas
astronômicas do país.
Duda Falcão
NOTÍCIAS
País Desperdiça 30% dos Gastos Com
Energia Elétrica Para Iluminar
o Céu
Além disso, estudo do Laboratório Nacional de
Astrofísica, ligado ao MCTIC, revela
que a poluição luminosa prejudica as pesquisas
astronômicas, afeta a saúde da
população e provoca uma série de impactos
ambientais.
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 27/12/2016 | 08:15
Última modificação: 27/12/2016 | 08:48
Crédito: LNA
Itajubá, em Minas Gerais, vista do
Observatório do
Pico dos Dias: céu alaranjado acima da cidade.
|
Um estudo desenvolvido pelo Laboratório Nacional de
Astrofísica (LNA), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), revela como a poluição luminosa compromete as
pesquisas científicas que ampliam o conhecimento sobre o universo, promovem o
desenvolvimento tecnológico e melhoram a qualidade de vida da população. Além
disso, a falta de planejamento para a instalação de luzes artificiais
representa um desperdício de 30% nos gastos com energia elétrica e afeta a saúde
das pessoas.
"A poluição luminosa causa vários impactos na
sociedade, no meio ambiente, nas pesquisas em astronomia e nos seres humanos,
aumentando o risco, inclusive, de câncer, devido à supressão da luz noturna
sobre a glândula pineal, o que reduz a produção do hormônio melatonina",
afirma o coordenador do Observatório do Pico dos Dias do LNA, Saulo
Gargaglioni, acrescentando que a melatonina é sintetizada exclusivamente no
escuro. "A produção e secreção desse hormônio é inversamente proporcional
às exposições ambientais de luz e sua redução tem sido altamente correlacionada
com o aumento do risco de câncer de mama. Recentemente, um artigo publicado na
revista Nature alerta que o excesso de luz enfraquece os músculos e ossos de
roedores."
De acordo com o pesquisador, a poluição luminosa
acontece com toda luz noturna externa mal planejada ou direcionada para cima,
que não é aproveitada de forma eficiente. "Este tipo de poluição causa um
aumento na luminosidade do céu noturno e também o brilho alaranjado visto acima
das cidades, que atrapalha a visão das estrelas nos grandes centros, resultado
do mau planejamento dos sistemas de iluminação", diz.
Impactos Ambientais
Esse efeito é ainda mais evidente em áreas com alta
concentração de poluição atmosférica. O uso de lâmpadas de vapor de sódio mal
direcionadas é o que causa o efeito de cor alaranjada. Se o brilho tender para
o branco, é devido ao uso de lâmpadas de mercúrio, ainda mais nocivas ao meio
ambiente.
"A poluição luminosa pode ocasionar mudanças na
orientação e atração dos organismos em locais com iluminação noturna alterada,
podendo afetar a reprodução, migração e comunicação das espécies. Algumas aves
e répteis que são usualmente diurnos caçam à noite, na presença de luz
artificial. Esse comportamento pode ser benéfico para essas espécies, mas não
para suas presas, ocasionando, dessa forma, um desequilíbrio ambiental.
Pássaros atraídos pela luz dos prédios, torres de transmissão, monumentos e
outras construções voam sem cessar em torno da luz até caírem de cansaço ou
pelo impacto em alguma superfície", explica Gargaglioni.
A iluminação artificial nas praias também pode
ocasionar a desorientação de filhotes de tartarugas marinhas que saem dos
ninhos nas praias. Normalmente, os filhotes movem-se em sentido contrário aos
ambientes escuros e baixos e seguem em direção ao oceano. Com a presença de
luzes artificiais na praia, os filhotes não conseguem diferenciar os ambientes,
resultando em desorientação.
Há influência também sobre as plantas. "Elas
não florescem se a duração da noite é mais curta do que o período normal,
enquanto outras florescerão prematuramente como resultado da exposição ao
fotoperíodo necessário para o florescimento."
Prejuízos Para Pesquisa
Situado a 1.864 metros de altitude, entre as cidades
mineiras de Brazópolis e Piranguçu, o Observatório do Pico dos Dias tem sua
vida útil como laboratório científico comprometida pelo aumento descontrolado
da poluição luminosa nos seus arredores. Considerando o número de habitantes e
a distância em linha reta ao centro de pesquisas, as cinco cidades que mais o
afetam são Brazópolis, Itajubá, Piranguçu, Campos do Jordão e Piranguinho.
O Pico dos Dias é, atualmente, o principal espaço de
observações astronômicas em solo brasileiro. Quatro telescópios estão em
operação no local, inclusive o maior no Brasil, com um espelho de 1,6 metro de
diâmetro.
Em operação desde 1980, o Observatório contribuiu
decisivamente para o crescimento da astronomia brasileira, abrindo caminho para
a participação do país em projetos internacionais de grande porte, como os
telescópios Gemini e Soar. Tem ainda papel fundamental na formação de novos
profissionais para a astronomia.
Como Evitar
O pesquisador Saulo Gargaglioni lembra que medidas
simples podem diminuir a poluição luminosa nas cidades. A escolha de luminárias
e lâmpadas adequadas para iluminação externa e o seu correto posicionamento em
relação ao solo são suficientes para conter e até reverter os efeitos da luz
excessiva, além de diminuir os gastos da administração pública com os sistemas
de iluminação e liberar o céu para observação. As lâmpadas LED, cada vez mais
utilizadas nos espaços urbanos, têm contribuído para o aperfeiçoamento dos
sistemas de iluminação pública. "Normalmente, as luminárias com LED são
instaladas no ângulo correto, ou seja, mais próximo de 90° do poste ou ponto de
fixação", explica.
Mas, para Gargaglioni, a poluição luminosa é um
assunto que precisa incluir toda a população. "Infelizmente, esse tema é
pouco conhecido pelo público e também pelos formadores de opinião, que poderiam
ter um papel importante na disseminação da informação", aponta.
Legislação
A legislação brasileira ainda é pouco abrangente
nesse campo, somando apenas três leis. A primeira, criada pelo Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), visa à proteção das
tartarugas marinhas, espécie muito tempo ameaçada de extinção no Brasil e no
mundo. A portaria nº 11, de 30 de janeiro de 1995, protege os animais em
determinadas áreas de desova e alimentação, preservando ovos, filhotes ou
animais adultos.
"Em Campinas [SP], e em Caeté [MG], há leis
municipais criadas para proteger o entorno dos observatórios instalados nessas
regiões. Em diversos países, foram adotadas medidas para minimizar os problemas
da poluição luminosa. Os Estados Unidos foram o primeiro país a criar uma
legislação para combater os efeitos nocivos. Itália, Espanha e Chile também têm
suas legislações. Já a República Tcheca foi o primeiro país a aprovar uma
legislação federal para resolver o problema, em 2002", enumera o
pesquisador.
Em sua dissertação de mestrado intitulada
"Análise legal dos impactos provocados pela poluição luminosa do
ambiente" (Unifei, 2007), Gargaglioni apresenta um anteprojeto de lei que
tem a finalidade de combater a poluição luminosa com a regulamentação de
instalações de iluminação externas e internas, públicas e privadas.
Acesse o estudo desenvolvido pelo LNA.
Fonte: Site do Ministério da Ciência,Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTI)
É luz, água, ar, selva, mar...
ResponderExcluirO Brasil é o país mais rico do mundo.