Primeiro Satélite Construído Por Alunos do Ensino Fundamental Será Lançado Nesta Sexta
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (08/12) no site do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), tendo como
destaque o lançamento hoje (09/12) do tubesat (picosatélite) brasileiro “Tancredo-1”, construído
por alunos do ensino fundamental de uma escola de Ubatuba-SP.
Duda Falcão
NOTÍCIAS
Primeiro Satélite Construído Por Alunos do
Ensino Fundamental Será Lançado Nesta Sexta
O projeto, desenvolvido numa escola municipal de Ubatuba
(SP), contou com
a participação de 700 estudantes desde 1990, quando teve
início. Apoio da AEB
e do INPE foi fundamental para a construção do satélite.
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 08/12/2016 | 08:39
Última modificação: 08/12/2016 | 09:23
Crédito: Divulgação
Equipe de professores e pesquisadores com alunos do
ensino
fundamental de Ubatuba responsável pela construção do satélite.
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Um satélite desenvolvido por alunos do ensino fundamental
em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Agência
Espacial Brasileira (AEB) será lançado nesta sexta-feira (9), do Centro
Espacial Tanegashima, no Japão. Conhecido como UbatubaSat, o satélite ficará na
Estação Espacial Internacional (ISS) e será colocado em órbita no dia 19 de
dezembro.
O satélite foi desenvolvido na Escola Municipal
Presidente Tancredo de Almeida Neves (ETEC), de Ubatuba (SP). Coordenador do
projeto, o professor de matemática Cândido Moura explicou que a ideia surgiu em
2010, com a notícia de que a Interorbital Systems, empresa da Califórnia, tinha
desenvolvido um foguete de baixo custo e estava comercializando kits de
microssatélites. "Eu achei interessante montar um com meus alunos. A gente
fez um contato com eles para confirmar valores, na época era cerca de 8 mil
dólares. Duas coisas chamaram a atenção: os alunos seriam os mais jovens do
mundo a estarem integrados em um projeto espacial e precisaríamos de suporte
técnico para desenvolver o projeto", disse.
Foi assim que o professor entrou em contato com o INPE,
que se prontificou a apoiar o projeto. "Eu nunca tinha ido ao INPE na
minha vida. Conversamos com o doutor Mário Quintino [coordenador de Engenharia
e Tecnologia Espacial]. Quando mostrei, ele ficou encantado e falou que o INPE estaria no projeto."
Segundo o professor, houve uma primeira tentativa de
desenvolver o satélite com o kit americano, mas o equipamento acabou
redesenhado pelo pesquisador Auro Tikami, como parte de seu projeto de mestrado
no INPE. "Ele concluiu neste ano o mestrado, e o trabalho dele foi fazer a
engenharia do satélite para atender aos novos requisitos. Vai ser o primeiro
satélite brasileiro desta classe totalmente projetado e construído no Brasil a
funcionar em órbita", ressaltou Cândido Moura.
Para Auro Tikami, a participação no projeto se
transformou em uma grande oportunidade de aprendizado, e o UbatubaSat serviu
"como uma forma objetiva de difusão de conhecimento junto à comunidade de
estudantes e professores interessados em levar ciência para dentro das salas de
aula".
O projeto conta ainda com a parceria da AEB, que arcou
com os custos dos testes e do voo do satélite para estação espacial. Além
disso, a agência incluiu os alunos no programa Satélites Universitários, criado
para fomentar o desenvolvimento de satélites nas universidades brasileiras.
"A AEB apoiou o lançamento do satélite seguindo a premissa de tentar
prover o acesso ao espaço em iniciativas de sucesso como essa. Essa foi a
primeira inciativa do Brasil que envolveu estudantes do ensino fundamental na
construção de um satélite, para despertar o interesse do aluno. Todos se
envolveram bastante com os temas, como eletrônica e física, e aparentemente é
uma coisa que pode contribuir no médio prazo para a formação de pessoas para atuar
na área de ciência e tecnologia", disse o tecnologista Gabriel Figueiró,
da Diretoria de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB.
Testes
Em relação aos testes ambientais, o físico Cândido Moura
explicou que um foguete para ir a órbita tem que chegar a 350 quilômetros de
altitude numa velocidade de 28 mil quilômetros por hora. "Então, você
imagina a aceleração e o nível de vibração que é gerada. Por isso, você tem que
testar, por exemplo, se o equipamento suporta esse nível de vibração. Qualquer
coisa que você coloque em uma órbita baixa como essa vai dar umas 14 voltas por
dia na terra. Quando ele está iluminado pelo Sol, a temperatura é em torno de
100 graus Célsius. Quando está na sombra atrás da Terra, a temperatura é de
menos 100 graus. Existe uma série de testes que precisam ser feitos no
equipamento para garantir a segurança em órbita."
O professor contou ainda que esses pequenos satélites
foram criados na década de 1990 como uma ferramenta pedagógica para que
estudantes de mestrado e doutorado pudessem ter uma experiência prática durante
sua formação. "Depois, as universidades perceberam que era possível
embarcar uma série de experimentos nesses satélites, assim como estamos
fazendo. Hoje, você tem umas 30 universidades no mundo que constroem esse tipo
de satélite."
Cargas
O satélite que será lançado nesta sexta-feira tem duas
cargas úteis. Uma carrega um gravador chip com a mensagem da escola que será
transmitida em órbita "Aprender no presente é construir o futuro". A
outra leva um experimento do INPE para estudar as chamadas bolhas de plasma da
atmosfera, fenômeno ionosférico que compromete a captação de sinais de satélite
e antenas parabólicas em países localizados na linha do Equador.
"A gente colocou um gravador chip e fez um concurso
na escola para escolher a mensagem que será transmitida em órbita. Também há
uma sonda langmuir que é um experimento de astrofísica do INPE para estudar a
formação de bolha de plasma na ionosfera, um fenômeno natural que interfere,
por exemplo, no sinal de GPS, controle de aeronaves e tem uma série de
aplicações práticas", observou.
Experiência Única
Os alunos que participaram da construção do satélite
tiveram a oportunidade de viajar para o Japão e para os Estados Unidos, onde
conheceram a Nasa. "Todo o ano a gente abre uma turma nova e participam em
média 70 alunos. Na construção do projeto do satélite que vai ser lançado,
participaram seis alunos. A gente faz muitas atividades dentro do projeto. Para
você ter uma ideia, quando a primeira turma estava no 8º ano, eles escreveram
um paper e o submeteram ao principal congresso aeroespacial do Japão. O paper
foi aceito e 12 alunos foram para o Japão patrocinados pela Unesco para
apresentar o paper e participar de uma feira. Ao todo, já passaram pelo projeto
cerca de 700 alunos", acrescentou.
Uma das alunas que participou do projeto, Nathalia
Martins da Costa, tinha 11 anos na época. Para ela, o UbatubaSat foi decisivo
para a escolha do curso de Engenharia Eletrônica. "Foi uma experiência
muito importante na minha vida, porque eu não sabia o quanto eu era interessada
pela tecnologia. Ele me ajudou a ter um foco e saber o que eu realmente gosto.
Hoje, sou muito interessada, principalmente na área de eletrônica, e quero
fazer uma faculdade voltada nisso. Se eu não tivesse participado do projeto eu
não saberia até hoje o que eu gosto realmente", disse a jovem de 17 anos.
Ainda em dúvida sobre o futuro, Rafaela Daniol Torres,
também 17 anos, lembra a experiência no INPE . "O professor disse que a
gente ia construir um satélite, mas a gente não sabia como. Aí a gente fez um
curso no INPE, aprendeu a soldar e outras coisas. Foi uma experiência única.
Quando comecei era uma criança ainda. Então, fez toda diferença na minha vida,
eu fiz coisas que eu nunca imaginei que fosse fazer. Eu fiz viagens incríveis
para os Estados Unidos e para o Japão representando o projeto. Aprendemos
várias coisas sobre ciência e área espacial."
O lançamento do satélite pode ser acompanhado pela
internet, no link disponibilizado pela JAXA, a agência espacial do
Japão.
Fonte: Site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação
e Comunicações (MCTIC)
Comentário: Pois é galerinha, chegou a hora, parabéns a todos vocês. Avante Tancredo-1.
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