Um Balanço da Gestão 2012/16 do INPE
Olá leitor!
Trago agora para você uma matéria que faz um balanço da
gestão do Dr. Leonel Perondi como diretor do INPE, postada na edição de maio do “Jornal
do SindCT”.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Atividades-fim caminharam bem, mas há reclamações quanto
à centralização excessiva
Um Balanço da Gestão 2012/16 do INPE
Depois do inesperado insucesso do CBERS-3, devido a uma
falha do foguete
Longa Marcha, o CBERS-4 tornouse a vitrine do INPE, só
embaçada pelo
atraso no comissionamento das imagens
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 47
Maio de 2016
Foto: Agência Senado
Leonel Perondi em audiência no Senado (16/2/16).
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Nos últimos quatro anos, as atividades-fim do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) caminharam relativamente bem, mesmo com a redução
dos recursos disponíveis para o Programa Espacial Brasileiro. Este período,
durante o qual o instituto foi dirigido por Leonel Perondi, foi marcado por
dificuldades jurídicas, falta de recursos humanos e financeiros, interrupções
em contratos, mas igualmente por avanços importantes nas atividades-fim do instituto, como o bem sucedido lançamento do satélite
CBERS-4 e a participação de pesquisadores do INPE em atividades científicas
internacionais, como o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática-IPCC e
a Rede LIGO de observação de ondas gravitacionais.
Em 2012, surgiu a polêmica dos pequenos componentes de
energia, os chamados conversores DC/DC. Eles foram comprados pelo INPE da
empresa norte-americana Modular Device Incorporation (MDI), em 2009, para serem
usados nos satélites sino-brasileiros CBERS-3 e 4. Após testes ambientais, na
fase final de preparação do CBERS-3, os DC/DC passaram a apresentar problemas.
Que fazer? De um lado, a Agência Espacial Brasileira
(AEB) e o então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) pretendiam
que os componentes fossem substituídos por outros do mesmo lote, de forma a não
atrasar em demasia o cronograma original de lançamento do satélite. De outro
lado, os técnicos do INPE envolvidos na fabricação do satélite, e a própria
direção do instituto, adotaram posição mais cautelosa, buscando uma solução
confiável para o uso dos DC/DC que apresentaram falhas, por meio da remoção
desses componentes dos equipamentos tidos como mais críticos para o satélite, e
consequente substituição por outro tipo de componente, mais seguro.
Improvável
A atitude prudente da equipe gerou maior atraso no
lançamento do satélite, mas ofereceu o nível de confiança recomendado. Em dezembro
de 2013 o CBERS-3 estava pronto para ser finalmente lançado da base de Tayuan,
na China. Porém, o improvável aconteceu: o foguete chinês Longa Marcha 4B
falhou — e o satélite foi perdido por causa de sua reentrada na atmosfera. Mereceu
destaque nas edições do Jornal do SindCT o lançamento do CBERS-4 apenas
12 meses após o fracasso no lançamento do satélite anterior. A implementação
das mudanças necessárias e a integração do satélite CBERS-4 dentro de um ano
demonstrou uma importante capacidade de trabalho das equipes técnicas e
gerenciais envolvidas. “O prazo era muito apertado, mas focamos no objetivo e
lançamos dentro do prazo programado”, diz Perondi. “Toda a equipe trabalhou
muito e com muita dedicação”.
Por outro lado, a demora na implantação do software responsável
pelo processamento automático das imagens geradas pelo CBERS-4 foi um ponto
negativo. O problema foi revelado na edição 34 do Jornal do SindCT, de
fevereiro de 2015 (http://goo.gl/Vvn7LE). Por problemas de ordem administrativa
e jurídica, a renovação do contrato da empresa responsável pelo desenvolvimento
do software atrasou, retardando o processamento das imagens do satélite
por cerca de oito meses. “Apesar dos problemas que tivemos, hoje nos orgulhamos
da qualidade dessas imagens. Elas estão no mesmo nível das do satélite Landsat
8, da NASA”, comenta o diretor.
Diversas áreas do INPE destacaram-se no período. “Os
satélites CBERS 3 e 4 são realizações importantes. Mas seria injusto se não
citasse as demais áreas, como a de Ciências Espaciais, que passou a emitir
boletins diários sobre clima espacial — ionosfera; a equipe da Observação da
Terra-OBT, que se dedica aos projetos Prodes e Deter, de monitoramento e alerta
para o Bioma Amazônico; e muitas outras áreas e projetos igualmente relevantes”,
lembra Perondi.
Concursos
Episódio digno de nota envolveu o Centro de Previsão do
Tempo e Estudos Climático (CPTEC), que por pouco não foi obrigado a interromper
seus serviços. Em agosto de 2013, o INPE foi sentenciado pela Justiça Federal a anular 111 das 126
contratações temporárias realizadas em 2010, a maioria delas para o CPTEC. Um Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado em novembro de 2013 entre MPF,
Advocacia Geral da União e o instituto, determinando a realização de um
concurso em 2014 e outras medidas. O concurso realizado em 2012 preencheria 40
das 111 vagas questionadas. Restaram 71 para o concurso de 2014, das quais 52
para atuar no CPTEC. O novo concurso foi realizado e as vagas preenchidas regularmente.
Problemas administrativos, como a interrupção de serviços
das empresas terceirizadas que atuam na limpeza e jardinagem, em função da
dificuldade na renovação de contratos ou na realização de novas licitações,
trouxeram transtornos ao INPE. Perondi alega que a falta de servidores,
principalmente da área de gestão, é o principal motivo das interrupções. Mas há
reclamações quanto a atrasos excessivos na tramitação de processos internos; à
centralização na tomada de decisões; e ao fato de que o Comitê
Técnico-Científico (CTC) praticamente deixou de se reunir desde 2012.
Por fim, em 2014 o instituto celebrou contrato de R$ 70
milhões com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que
prevê melhorias na recepção e distribuição de imagens de sensoriamento remoto
para aprimoramento de programas destinados à região amazônica. Em 2016, firmou
parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAPESP) e a Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP), que destina R$ 25 milhões para projetos
empresariais inovadores que gerem produtos para aplicações espaciais.
A propósito...
Até o fechamento desta edição, o governo interino não
havia anunciado o nome escolhido para dirigir o INPE no quadriênio 2016- 2020,
entre os três elencados pelo Comitê de Busca. Quase dois meses após a
elaboração da lista tríplice, sua composição não foi anunciada oficialmente e continua
em sigilo. Extraoficialmente, sabe-se que o Comitê selecionou César Celeste Ghizoni, Ricardo Osório Galvão e Thelma Krug, mas
se desconhece a ordem dos nomes na lista.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 47ª - Maio de 2016
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