Astrônomos Brasileiros Observam Explosões Solares em Frequências Inéditas
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (22/06) no site da
Agência FAPESP, destacando que Astrônomos Brasileiros observam Explosões
Solares em Frequências Inéditas.
Duda Falcão
Notícias
Astrônomos Brasileiros Observam
Explosões Solares em
Frequências Inéditas
Elton Alisson
Agência FAPESP
22 de junho de 2016
Pesquisadores da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em
colaboração
com colegas do país e do exterior, fizeram a primeira observação
de
explosões solares em 3 e 7 terahertz.
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Pesquisadores
do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM), em colaboração com colegas do Brasil e do
exterior, conseguiram fazer a primeira observação de explosões solares nas
frequências de 3 e 7 terahertz (THz).
O anúncio foi
feito durante a Reunião Anual da Divisão de Física Solar da American
Astronomical Society, realizada entre os dias 31 de maio e 3 de junho em
Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos.
“Conseguimos
provar que é possível detectar explosões solares nessas faixas de frequências
de terahertz. Isso abre novas perspectivas observacionais”, disse Pierre
Kaufmann, pesquisador do CRAAM-UPM e coordenador do projeto, à Agência
FAPESP.
A observação
foi feita por meio do experimento espacial Solar-T – um telescópio fotométrico
duplo, projetado e construído no Brasil por pesquisadores do CRAAM-UPM, em
colaboração com colegas do Centro de Componentes Semicondutores da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
Desenvolvido
por meio de um Projeto
Temático e de um Auxílio
Regular, apoiados pela FAPESP, o Solar-T foi acoplado a um balão
estratosférico lançado pela agência espacial norte-americana – a Nasa –, em 19
de janeiro, na base MacMurdo dos Estados Unidos na Antártica, em uma missão
voltada a observar o Sol (Leia mais em: agencia.fapesp.br/22605/).
Durante os 12
dias de duração de um voo de circunavegação a 40 mil metros de altitude na
Antártica, o Solar-T coletou ininterruptamente a energia que emana das
explosões solares nas frequências de 3 e 7 THz, correspondentes a uma faixa da
radiação infravermelha distante.
As observações
nessa faixa de radiação situada no espectro eletromagnético entre a luz visível
e as ondas de rádio permitem fazer diagnósticos inéditos sobre a ocorrência de
explosões associadas aos campos magnéticos das regiões ativas do Sol, que
muitas vezes lançam em direção à Terra jatos de partículas de carga negativa
(elétrons) aceleradas a grandes velocidades.
A radiação das
explosões nessa faixa do infravermelho distante também torna possível uma nova
abordagem para investigar fenômenos que produzem energia em regiões ativas que
ficam entre a superfície do Sol, a fotosfera, onde a temperatura não passa dos
5,7 mil graus, e as camadas superiores e mais quentes: a cromosfera, onde as
temperaturas alcançam 20 mil graus, e a coroa, que está a mais de 1 milhão de
graus.
O problema,
contudo, é que essas frequências de terahertz são impossíveis de serem medidas
a partir do nível do solo porque são bloqueadas pela atmosfera, explicou
Kaufmann. “É necessário ir ao espaço para medi-las e, para isso, uma nova
tecnologia de detecção em THz teve que ser desenvolvida”, afirmou.
Por meio do
Solar-T, os pesquisadores conseguiram finalmente observar pela primeira vez uma
explosão solar nas frequências de 3 e 7 THz.
O telescópio
fotométrico registrou no dia 28 de janeiro, exatamente às 12:12:10 (GMT), um
evento solar impulsivo (que cresce rapidamente no decorrer do tempo) nas
frequências de 3 e 7 THz.
O evento foi
coincidente com uma explosão solar impulsiva detectada pelo telescópio
terrestre Solar Submillimeter (SST), também da UPM, instalado no Complexo
Astronômico El Leoncito, nos Andes argentinos, nas frequências de 0,2 e 0,4
THz, nas quais o equipamento opera.
Explosões
simultâneas no mesmo dia e horário foram observadas com um abrilhantamento no
visível (linha de emissão específica de hidrogênio, chamada de H-alfa, no
vermelho) pelo telescópio HASTA, também instalado na Argentina, e em
ultravioleta extremo (EUV) pela sonda não tripulada Solar Dynamics Observatory
(SDO), da NASA.
“É possível
ver pela observação em ultravioleta extremo que, antes do início da explosão
solar, é formada uma grande estrutura, com um arco magnético com uma ponta
brilhante que cai em direção à mancha solar”, descreveu Kaufmann.
“O momento em
que a ponta brilhante do arco magnético se choca com a superfície da mancha
solar coincide exatamente com a explosão solar impulsiva detectada nas
frequências de 3 e 7 terahertz, subterahertz <[0,2 e 0,4 THz] e no visível”,
detalhou.
Perspectivas
De acordo com
Kaufmann, existiam muitas dúvidas e questionamentos na comunidade de pesquisa
em radioastronomia e astrofísica se era possível detectar explosões solares na
faixa de frequência de 3 e 7 THz.
Nos últimos
dez anos, por meio do radiotelescópio SST, o pesquisador e sua equipe já tinham
conseguido registrar explosões solares nas frequências de 0,2 e 0,4 THz.
Já nos últimos
quatro anos, conseguiram monitorar explosões solares na frequência de 30 THz –
correspondente ao infravermelho médio – por meio de um telescópio também
instalado na Argentina e de outro telescópio situado na cobertura de um dos
prédios da UPM, no centro de São Paulo.
Mas havia
dúvidas se as explosões solares em 30 THz eram da mesma natureza das que
observaram em 0,2 e 0,4 THz. Além disso, não se sabia se ocorriam explosões
solares entre essas frequências e se era possível observá-las, ponderou
Kaufmann.
“Agora, com a
detecção de explosões solares em 3 e 7 terahertz, conseguimos provar que há
explosões solares nessas frequências, que é possível observá-las e que elas
continuam apresentando intensidade crescente de acordo com a frequência, que
também era outro questionamento que havia”, afirmou.
“Aparentemente,
as explosões solares em 3 e 7 terahertz são relativamente intensas para sinais
muito fracos e também são observadas em frequências mais baixas, de 0,2 e 0,4
terahertz, embora sejam bem detectadas”, explicou.
Segundo o
pesquisador, a detecção das explosões solares em 3 e 7 THz agora deverá ter
implicações na interpretação dos mecanismos do fenômeno, tais como se são os
mesmos conhecidos para explosões solares que ocorrem em outras frequências mais
baixas.
Além disso, poderá
abrir novas perspectivas observacionais de explosões solares em duas frentes.
A primeira
delas deverá ser o aumento das frequências de observação de um novo telescópio,
o Hats (High Altitude Terahertz Solar Telescope), que será instalado em
um observatório a 5,5 mil metros de altitude em Famantina, nos Andes
argentinos, previsto inicialmente para operar nas faixas de 0,85 e 1,4 THz.
“Já tomamos a
decisão de operá-lo em frequências ainda mais altas do que as que tinham sido
planejadas”, afirmou Kaufmann.
A segunda
perspectiva observacional aberta pela detecção é a instalação no módulo russo
da Estação Espacial Internacional (ISS) de uma versão melhorada do Solar-T com
maior número de frequências.
A UPM possui
um convênio com o Instituto Lebedev de Física de Moscou para instalar
telescópios de detecção de frequências em terahertz na ISS. O sucesso da missão
do Solar-T era uma precondição para qualificar a tecnologia que os
pesquisadores brasileiros desenvolveram.
“O telescópio
que será instalado na ISS deverá ter, provavelmente, entre 5 e 6 frequências
terahertz diferentes. Nossa ideia é cobrir cada vez mais o espectro de
observação de explosões solares em terahertz”, disse Kaufmann.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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