Novo Reitor do ITA Fala em Ampliar Diálogo
Olá leitor!
Trago agora para você uma interessante entrevista com o
novo reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Sr. Anderson Ribeiro Correia, postada na edição
de maio do “Jornal do SindCT”.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Cooperação Internacional e Pós-Graduação Figuram entre as
Prioridades
Novo Reitor do ITA Fala em Ampliar Diálogo
Escolhido pelo comando da FAB para dirigir o Instituto
Tecnológico de
Aeronáutica, Anderson Ribeiro Correia afirma que
pretende, ao longo de
sua gestão, “ouvir o público interno e conhecer as ideias
dos servidores”
Antonio Biondi
Jornal do SindCT
Edição nº 47
Maio de 2016
Foto: Assessoria de Comunicação Social do ITA
Anderson Correia, novo reitor.
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Nesta entrevista ao Jornal do SindCT, o professor
Anderson Ribeiro Correia, novo reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), afirma a perspectiva de “ouvir mais o pessoal do Instituto”. Avalia que
“todos serão beneficiados quando houver boa comunicação”, algo especialmente
relevante no caso de uma instituição de características civis e militares como
é o ITA.
O instituto chegou a oferecer 180 vagas em seu vestibular
em 2014. Em 2016, porém, recuou para 140. Correia afirma que a redução ocorreu
para adequar o número de alunos à capacidade atual do ITA: “Pretendemos
trabalhar pela ampliação no número de vagas, mas mantendo a qualidade dos
cursos”. A seguir os principais trechos da entrevista.
Chegada ao ITA
Sou engenheiro civil formado pela Unicamp. Depois, fiz
mestrado em engenharia de infraestrutura aeronáutica no ITA. O ITA possui
grande influência na Unicamp e vice-versa, existe uma ligação muito forte entre
as duas instituições. Posteriormente, fiz o doutorado em engenharia de
transportes no Canadá (na Universidade de Calgary). Me candidatei em seguida ao
cargo de professor do ITA, pouco mais de onze anos atrás, e passei. Depois, fui
cedido por um período para a ANAC [Agência Nacional de Aviação Civil], e
retornei para assumir a Pró- -Reitoria de Extensão e Cooperação do ITA. À
época, o reitor era o Carlos Américo Pacheco.
Desafios da Gestão
Em minha candidatura à Reitoria, destaquei cinco grandes
metas, ou cinco grandes frentes prioritárias. No ensino de graduação, creio que
precisemos sempre buscar atualizá-lo, torná-lo mais moderno, com um foco nos
alunos e professores, e fortalecendo a integração internacional.
Já nossa pós-graduação cresceu bastante, acredito que
devamos focar na qualidade, não mais na quantidade. Alguns programas nossos
contam com nota muito boa, outros menos. As notas da Capes [Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] vão de 3 a 7, temos alguns
programas com nota 4 e nota 5. É preciso aprimorar os cursos, e para isso
criamos um grupo de trabalho. De certa forma, iremos promover uma minirreforma
na pós-graduação.
Pretendemos focar na otimização da gestão administrativa,
dos processos, competências. Ouvir mais o pessoal do Instituto, o público
interno, conhecer as ideias dos servidores, caminhar no sentido da descentralização
dos trabalhos.
Redução de Vagas
Sou da área de transporte aéreo. Não posso colocar mais
aviões na pista do que a capacidade do aeroporto, correto? Da mesma forma,
colocar mais alunos sem ter a quantidade de professores correspondente gera prejuízo
ao ensino, às atividades nos laboratórios, etc. Pretendemos trabalhar pela
ampliação no número de vagas, mas mantendo a qualidade dos cursos — e
assegurando a continuidade do sucesso do instituto, consolidado em 66 anos de
história.
Acordos Internacionais
Existem variados níveis de cooperação nesse campo. Alguns
deles ocorrem somente por meio do intercâmbio envolvendo os professores. Em
outros casos, é necessário o estabelecimento de acordos de cooperação.
Possuímos alguns acordos muito importantes, por exemplo, na França. Neste ano,
firmamos um novo com uma universidade de ponta da Holanda, com atuação expressiva
na gestação de spinouts. Em Portugal, idem. Na Suécia, possuímos um acordo com
a melhor escola de engenharia deles. Esses acordos muitas vezes acabam gerando
cooperação no âmbito industrial, como é o caso da Suécia, em que temos a
cooperação entre as universidades e a cooperação entre a SAAB e a Embraer no
que diz respeito à fabricação dos caças Gripen.
Embraer e ITA
As duas instituições possuem uma série de projetos de
pesquisa conjuntos, em áreas como aerodinâmica, ruído, materiais compósitos,
manufaturas avançadas. Além disso, existe o Programa de Especialização em
Engenharia, com mais de 1.500 mestres formados pelo ITA junto à Embraer. O PEE
possui nota máxima na Capes e pode se tornar o primeiro doutorado
profissionalizante do Brasil.
O ITA foi o primeiro instituto criado no CTA, a partir de
uma visão de que o Brasil devia ter autonomia no desenvolvimento tecnológico,
que decorre do conhecimento produzido pelo país. Depois, vieram os outros
institutos, a Embraer. Dirigentes importantes dessas instituições foram
formados aqui. Calculamos que cerca de 150 empresas do setor sejam comandadas
por ex-alunos do ITA. O impacto do ITA no setor e na sociedade é muito grande,
no passado e no presente.
Importância do Setor
Trata-se de um setor estratégico, no qual cabe ao Estado
investir de forma continua e planejada. Todos os países que o desenvolveram
realizaram um apoio relevante da parte do Estado. Não se trata de um setor que
anda sozinho.
Entre Civis e Militares
Sempre houve essa dualidade. O ITA foi criado para
atender aos interesses da aviação do Brasil em geral e particularmente da Força
Aérea (FA). Hoje, com todo o desenvolvimento da indústria aeroespacial, o ITA
vai atender aos interesses dessa indústria do século 21, bem como aos
interesses da Defesa, da FA.
Cerca de 30% dos ex-alunos do Instituto são militares da
FA. Também existem cursos de pós-graduação voltados aos militares da FA, do
Exército, da Marinha. A FA acompanha os trabalhos, as pesquisas, os projetos
com as indústrias. Civis, militares, integrantes do governo, representantes das
indústrias, pesquisadores, acadêmicos, todos convivem no mesmo espaço.
Esse convívio sempre vai acontecer, essa ligação entre um
e outro, vai haver uma complementaridade. Essa integração civil e militar se dá
inclusive nos outros países. E acaba sendo positiva, transformadora.
CPOR x Estudantes
Todos serão beneficiados quando houver boa comunicação.
Nesse caso, foram feitas reuniões, debates para aparar as arestas e para
resolver as questões. Foi tudo bem encaminhado. Quando eu assumi, os alunos já
estavam em aula, tendo concluído o período.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 47ª - Maio de 2016
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