CARTA ABERTA de Servidores do INPE ao Ministro Gilberto Kassab Sobre a Sucessão na Direção do Instituto
Olá leitor!
Segue abaixo uma ‘Carta Aberta’ dos servidores do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) enviada ao Ministro Gilberto
Kassab e publicada dia (21/06) no “Blog SindCT Espacial”, tendo como tema o
conturbado e polêmico processo de sucessão de diretor deste instituto
Duda Falcão
CARTA ABERTA de Servidores do INPE
ao Ministro Gilberto
Kassab Sobre a
Sucessão na Direção do Instituto
Movimento Processo Sucessório Transparente
21 de junho de 2016
Atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) passa por um processo de sucessão para a escolha de seu novo diretor,
que administrará o Instituto pelos próximos quatro anos. O Movimento Processo
Sucessório Transparente, criado por servidores da instituição com o objetivo de
discutir o processo que culminará na escolha do próximo diretor(a), à luz dos
problemas e necessidades por que passa o órgão, reuniu-se no dia 21 de junho de
2016 e aprovou a presente CARTA ABERTA ao ministro Gilberto Kassab e à
sociedade em geral, com o objetivo de apontar as falhas e vícios de origem que
deram vez à instalação do comitê de busca responsável por elaborar a lista
tríplice de nomes a ser submetida ao ministro para que este escolha, dentre os
nomes apresentados, o próximo diretor do INPE.
O processo sucessório para escolha do novo diretor do
INPE teve início com a Portaria nº 073/2016, de 22/01/2016, do então Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), instituindo Comitê de Busca para
elaboração da lista tríplice. Compuseram este comitê, como presidente, Marco Antonio
Raupp, presidente da Organização Social (OS) que administra o Parque
Tecnológico de São José dos Campos; Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor
da Unicamp e criador da OS que administra o Centro Nacional de Pesquisas em
Energia e Materiais (CNPEM); Luiz Bevilacqua, da UFRJ, Helena Nader, presidente
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e Reginaldo dos
Santos, da empresa binacional Alcantara Cyclone Space (ACS).
Desde o momento em que o comitê de busca foi tornado
público, em janeiro de 2016, tanto o sindicato ligado aos servidores do INPE
(SindCT), quanto a própria comunidade inpeana, por meio de um abaixo-assinado,
passaram a questionar a falta de representatividade daquele colegiado, uma vez
que o mesmo não possuía um único representante da instituição entre os seus
membros.
Outro problema, ainda mais grave, foi o fato de que
quatro dos cinco membros que constituíram o comitê de busca fazem parte do
Conselho de Administração e Diretoria da OS que administra o CNPEM, enquanto um
dos três nomes escolhidos para compor a lista tríplice faz parte da Comissão de
Avaliação do Contrato de Gestão desta mesma OS, a quem cabe avaliar e aprovar
os atos e as contas do Conselho de Administração, configurando, se não um
conflito de interesses entre as partes, ao menos um aparente desvio de finalidade
por parte do comitê.
Outro fato que chamou atenção na lista tríplice elaborada
pelo comitê de busca diz respeito à indicação de um candidato do meio
empresarial, com o agravante do mesmo ter criado uma empresa que atende ao INPE
na área de engenharia espacial e que, mesmo tendo vendido a empresa a uma
multinacional do setor, continua atuando como representante desta empresa em
contratos junto ao INPE. Inclusive, o Diário Oficial da União.
(DOU) publicou no último dia 2 de junho extrato de um contrato
celebrado entre a Funcate/INPE e este candidato, no valor de 3.928.000,00 (três
milhões novecentos e vinte e oito mil) euros, para o fornecimento de
equipamentos para o satélite Amazonia-1, em desenvolvimento no INPE. Ainda que
se leve em conta a obrigatoriedade deste candidato vir a se desincompatibilizar
de suas atividades privadas caso seja indicado para assumir a direção do
Instituto, há que se questionar até que ponto o mesmo defenderá os interesses
do INPE ou das empresas que prestam serviços ao mesmo, em particular nos casos
em que houver interesses divergentes ou litígio entre as partes.
Por todo o exposto, o Movimento Processo Sucessório
Transparente vem denunciar a falta de isenção, representatividade e
transparência do comitê de busca instituído para conduzir a sucessão na direção
do INPE, bem como se manifestar pela imediata anulação, por parte do Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), de todos os atos
praticados por este colegiado. Entendemos que a melhor maneira de se constituir
a nova lista tríplice seja, por exemplo, por meio de consulta direta entre os
próprios servidores do INPE, em processo análogo ao que a instituição já está
acostumada a fazer na escolha de seus gestores em algumas coordenações e chefias
de unidades. Um processo de consulta direta junto aos servidores, seja para a
formação da lista tríplice, seja para a formação de novo Comitê de Busca
constituído também por representantes da comunidade inpeana, tornaria a escolha
da nova direção um momento privilegiado para se aprofundar nas reais
necessidades e desafios por que passa o Instituto, favorecendo a escolha de um
diretor(a) realmente compromissado com o futuro da instituição.
O INPE é uma instituição sólida, com quase 55 anos de
relevantes serviços prestados ao Brasil, possuindo, portanto, maturidade
suficiente para contribuir, de forma democrática e participativa, no processo
de escolha de seu dirigente máximo.
São José dos Campos, 21 de junho de 2016.
Fonte: Blog SindCT Espacial - http://sindctespacial.blogspot.com.br
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