Monitoramento da Floresta Amazônica é Tema de Seminário de Cooperação Franco-Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (21/06) no site do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que o Monitoramento da
Floresta Amazônica foi tema de seminário de Cooperação Franco-Brasileira.
Duda Falcão
Monitoramento da Floresta Amazônica é Tema
de Seminário de Cooperação
Franco-Brasileira
Terça-feira, 21 de Junho de 2016
A Amazônia brasileira perdeu mais de 760 mil km² de seus 5 milhões de
km² de florestas segundo dados do PRODES, sistema do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) que monitora o desmatamento na região por satélite.
Ser um centro de referência mundial no monitoramento de florestas é uma
das missões do Centro Regional da Amazônia (CRA) do INPE, em Belém (PA), que
recebeu na última sexta-feira (17) parte da programação da Semana de Cooperação
Franco-Paraense na Amazônia, evento promovido pela Embaixada da França no
Brasil e pensado para debater o desenvolvimento sustentável na região.
Durante a Semana, um ciclo de seminários em várias instituições
localizadas em Belém, como o CRA/INPE, a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e o Museu Paraense Emílio Goeldi, reuniu diversos
pesquisadores para abordar o incentivo à cooperação entre França e Pará. No
INPE a pauta foi a cooperação franco-brasileira no monitoramento espacial da
floresta.
Na capital paraense, o CRA é responsável por três grandes projetos do
INPE voltados para o monitoramento da floresta, que juntos visam a redução dos
índices de desflorestamento. DETER-B, TerraClass e CAPACITREE foram apresentados
e discutidos em mesas-redondas com pesquisadores franceses e brasileiros, afim
de unirem esforços em prol de aperfeiçoamento e parcerias.
Representante da Embaixada da França no Brasil, Philippe Martineau
disse que o INPE é um símbolo muito forte de desenvolvimento tecnológico e que
parcerias do Instituto com a França já ocorrem há algum tempo. Segundo ele, a
Semana de Cooperação Franco-Paraense foi realizada para que a Embaixada
verificasse os esforços de França e Pará na área de sensoriamento remoto. “Nós
fizemos algo? Tais projetos já chegaram ao fim? Ou será que ainda podemos fazer
algo juntos?”, questionou-se o pesquisador, referindo-se ao evento como uma
“agenda positiva” para os próximos anos. “O objetivo é pensarmos juntos ações
em parceria”, completou.
Representante do Institut de Recherche pour le Développement (IRD) no
Brasil, Frédéric Huynh lembrou do momento da instalação do INPE no Pará, há
oito anos, justamente para fazer acompanhamento da floresta. Para ele,
intencionar práticas em conjunto com o Instituto é uma etapa “extremamente
importante”.
Coordenador técnico do projeto DETER-B, o pesquisador do INPE Igor
Narvaes apresentou aos participantes o sistema de detecção de desmatamento em
tempo quase real. “Nós precisávamos de um programa além do PRODES, que
mostrasse o desmatamento na Amazônia brasileira em tempo quase real, auxiliando
as equipes de fiscalização, como do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por exemplo”, destacou.
O DETER-B trabalha com imagens de satélite de alta resolução, cuja
análise é capaz de discriminar corte raso, desmatamento com vegetação, áreas de
mineração ilegal, além do processo de degradação em diferentes intensidades,
cicatrizes de incêndio florestal e corte seletivo. “Desde o início do projeto,
em 2014, o INPE já enviou para o IBAMA mais de 74 mil polígonos sempre maiores
que três hectares”, destacou Igor Narvaes. Ainda de acordo com o pesquisador,
entre agosto de 2015 e janeiro de 2016, foram mapeadas 2.794,94 km² de áreas
desmatadas, sendo os Estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia
responsáveis por 90% dos alertas. No período, o Pará liderou os alertas, com
1.009,35 km².
Projeto responsável pela instalação do INPE em Belém, o TerraClass
qualifica as áreas desflorestadas mapeadas pelo PRODES. O TerraClass utiliza 12
classes temáticas para mapear o desflorestamento e classificar os tipos de uso
e cobertura da terra, tendo como base a interpretação de imagens de satélites e
tecnologias de geoprocessamento. Até o momento já foram gerados dados de uso e
cobertura da terra para 2004, 2008, 2010, 2012 e 2014.
O pesquisador do INPE Claudio Almeida, primeiro chefe do CRA, também
esteve no evento. “O TerraClass abre uma página nova na ciência do uso da terra,
mostrando como isso foi mudando ao longo do tempo”, disse. De acordo com
Almeida, o projeto permite entender como está o uso da terra em toda a
Amazônia.
Pesquisador da Université de Rennes II e ex-consultor de curso de
capacitação internacional no CRA/INPE, Vincent Nédélec destacou o INPE enquanto
centro de formação para acompanhamento de florestas. O Projeto de Capacitação em
Monitoramento de Florestas por Satélite (CAPACITREE) treina
técnicos e compartilha geotecnologias e conhecimentos em sensoriamento remoto,
para que ao final sejam capazes de estruturar um projeto de monitoramento de
florestas em seus países. Assim, com o CAPACITREE o INPE compartilha sua
experiência de três décadas no acompanhamento de florestas e no combate ao
desmatamento.
Chefe do CRA/INPE e coordenadora do CAPACITREE, Alessandra Gomes
apresentou as mesas redondas e entregou, ao final, uma minuta para o Acordo de
Parceria entre INPE e IRD para que as duas instituições possam desenvolver
projetos de forma oficial.
“Eu vejo a evolução do CRA/INPE e é impressionante como conseguiram
implementar grandes programas, verdadeiros desafios científicos que auxiliam
políticas públicas”, concluiu Frédéric Huynh (IRD). O pesquisador se referiu ao
evento como uma “ambição coletiva”, o início de colaborações e perspectivas
interessantes para a cooperação e a ciência.
Participantes do seminário realizado em Belém.
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Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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