No INPE, Laboratório de Plasma Desenvolve Propulsão iônica e Outras Tecnologias de Ponta
Olá leitor!
Trago agora para você uma interessante matéria sobre
propulsores elétricos (iônicos) postada na edição de maio do “Jornal
do SindCT”.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
“Propulsores Elétricos Podem Estender o Tempo de Vida dos
Satélites”
No INPE, Laboratório de Plasma Desenvolve
Propulsão iônica e Outras Tecnologias de Ponta
LAP está bem equipado, mas a não reposição de pessoal compromete
todo o
Conhecimento acumulado em décadas, diz pesquisador
Gilberto Sandonato,
coordenador de Tecnologia de Plasma do instituto
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 47
Maio de 2016
Foto: Shirley Marciano
Sandonato ao lado da câmara de vácuo do LAP.
|
Depois que um satélite é lançado, ele precisa ter sua
órbita corrigida durante todo o tempo de vida, porque ele deve ficar numa
altitude prédefinida e numa posição correta para garantir a eficácia da missão
de cada subsistema. Um satélite imageador, por exemplo, precisa estar com suas
câmeras voltadas para baixo para imagear a Terra, os painéis solares precisam
ficar numa posição adequada para receber os raios solares e gerar energia.
Por essa razão, é necessário um subsistema muito importante
para gerar empuxos, uma espécie de jatos de ar, que farão essas correções. Mas
nem todos os satélites utilizam essa tecnologia. Somente os que possuem
controle em três eixos (X, Y e Z), como é o caso dos satélites CBERS e
Amazônia- 1. Os Satélites de Coleta de Dados (SCD), por exemplo, dispõem de um
sistema diferente, que se equilibra por giro sob o próprio eixo, semelhante a
um pião. Os principais propulsores para gerar esse empuxo são os químicos, à
base de hidrazina, gás frio comprimido, dentre outros. Estes têm um empuxo
muito superior, mas necessitam de grande quantidade de propelente (combustível)
para funcionar, o que afeta diretamente o peso geral do satélite.
“Os propulsores iônicos (elétricos) são usados como sistemas
de propulsão secundária para controle de atitude de satélites e como sistemas
de propulsão primária de sondas espaciais. Eles têm como principal vantagem a
redução do consumo de propelente — e, por esse motivo, podem estender o tempo
de vida dos satélites”, explica o pesquisador Gilberto Marrego Sandonato, coordenador de Tecnologia de Plasma do INPE e
reconhecido especialista nesse assunto.
Baixo Empuxo
Os propulsores iônicos não são poluentes,
explosivos ou venenosos, e isso confere maior segurança para
manuseios, testes e na própria aplicação e voo. Entretanto, possuem
algumas desvantagens, como o baixo empuxo e a necessidade de utilizar
painéis fotovoltaicos (solares) de alta capacidade de
fornecimento de energia. “O baixo empuxo faz com que ele demore mais
para consertar o objeto em órbita, mas consegue cumprir a mesma
missão de um propulsor químico”, esclarece Sandonato.
Os dois modelos tecnológicos — o iônico e o
químico — são considerados sensíveis. Ou seja: sua aquisição sofre
restrições por parte dos Estados Unidos e de outros países
centrais. O que demonstra o alto nível e a relevância das
pesquisas desenvolvidas no instituto, no quesito soberania e
autossuficiência.
O INPE desenvolve diversas pesquisas nesta área:
propulsão iônica, implantação iônica (capaz de mudar a propriedade de
substratos metálicos), detecção de partículas (Elisa), geração de microondas, fusão termonuclear controlada. Todas são
desenvolvidas e testadas no Laboratório Associado de Plasma (LAP). Como os
demais do INPE, este laboratório visa atender a demandas específicas do
Programa Espacial Brasileiro e de outros programas estratégicos.
Problemas
Os testes dos propulsores iônicos são realizados dentro
de câmaras de vácuo para simular as condições a que serão submetidos quando
estiverem no espaço. Já existem modelos de engenharia qualificados, mas o
último passo será testá-los em voo.
“Hoje o LAP está bem equipado e funcionando. Mas temos
dificuldade para aquisição de materiais e serviços, que é um problema comum a
todo o Instituto. A burocracia da lei 8.666 e a falta de pessoal da área de
contratação e administrativa fazem com que sejam perdidos os prazos de
solicitação, mesmo havendo orçamento aprovado no PPA [Plano Plurianual] e na
LOA [Lei Orçamentária Anual]”, diz Sandonato, que é graduado e mestre em Física
pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA) na área de Plasma.
No INPE desde 1984, Sandonato ressalta ainda que a não
implementação de um programa espacial de longa duração é outro gargalo, porém o
mais grave é a falta de reposição de pesquisadores e de técnicos. “Acredito que
não há mais saída. Vamos perder todo o conhecimento, porque, mesmo se
contratasse um pessoal novo hoje, não daria tempo de transferir o que foi
aprendido ao longo de décadas no INPE”, avalia o pesquisador.
Que é Plasma?
É nos primeiros anos de escola que os professores
apresentam os diferentes estados físicos da matéria: sólido, líquido, gasoso.
Porém, mais adiante, para quem decide aprofundar-se no assunto, surge o quarto
estado: o plasma, um gás ionizado, o qual se caracteriza por haver energia em seus
átomos. O plasma é encontrado na natureza, no Sol por exemplo, mas também pode
ser produzido em laboratório.
Para entender o que vem a ser um plasma é necessário
conhecer alguns comportamentos do átomo, que é formado por prótons, nêutrons e
elétrons. Parte-se do princípio de que todo átomo tende a ficar neutro (não
ionizado). Ou seja, ele sempre busca o equilíbrio em quantidade de prótons
(carga positiva) e de elétrons (carga negativa), o que torna o átomo neutro
(estabilizado). Porém, condições ambientais — naturais ou criadas
artificialmente — causam a perda ou o ganho de elétrons, provocando
desequilíbrio que torna o átomo ionizado.
O aquecimento é um fator determinante para se obter um
plasma. Quando em estado sólido, os átomos se encontram agrupados. O aumento
gradual da temperatura passa os átomos para o estado líquido e, na sequência,
para o gasoso, momento no qual se manifestam por meio de movimentos.
Elevando-se ainda mais a temperatura, o gás ioniza-se, podendo tornar-se um
plasma quando um determinado grau de ionização for atingido e quando for
observado um estado de eletroneutralidade.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 47ª - Maio de 2016
Comentário: Pois é leitor, se um renomado pesquisador da
área de Propulsão Iônica como o Dr. Gilberto Marrego Sandonato (entrevistado
em 2013 pelo nosso BLOG, veja aqui) reconhece que não mais acredita que ainda tenha alguma
saída para o PEB, porque eu, um critico de tudo que está errado há décadas neste
crucial programa para o futuro de nosso país, haveria de pensar diferente? Não
há como, esses vermes destruíram um sonho e colocaram o nosso futuro como nação
independente e autossuficiente em cheque. Triste realidade de uma República das
Bananas.
Comentários
Postar um comentário