Satélites do INPE: O Factível em 2016 - 2018

Olá leitor!

Segue abaixo mais uma interessante nota postada ontem (19/01) pelo companheiro André Mileski em seu "Blog Panorama Espacial", tendo como destaque as perspectivas factíveis para os próximos projetos de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), segundo a crença do vice-diretor do instituto, o Sr. Oswaldo Duarte Miranda.

Duda Falcão

Satélites do INPE: O Factível em 2016 - 2018

André Mileski
19/01/2015


No início deste mês, entrevistamos por telefone o vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Oswaldo Duarte Miranda, que apresentou brevemente um panorama sobre os projetos de satélites em andamento no Instituto. A seguir, listamos os principais tópicos abordados na conversa:

- Indústria espacial: questionado pela reportagem, o dirigente falou sobre a necessidade de cadência de missões para gerar carga de trabalho à indústria, por meio de uma "política espacial de médio e longo prazo". "Hoje há uma lacuna efetiva [de contratos]", disse. Com o CBERS 4, lançado ao espaço em dezembro último, fechou-se um ciclo, e muito embora haja previsão de algumas contratações da indústria para o CBERS 4A, para retrabalho em sobressalentes, estas serão em escala bem menor.

- Amazônia-1 - Parte 1: para este ano está previsto o início das atividades de integração do modelo de voo do Amazônia-1, satélite de observação baseado na Plataforma Multimissão (PMM). Os contratos industriais estão todos em fase final, e espera-se para o 1º semestre os trabalhos, desenvolvidos pelo INPE e Agência Espacial Brasileira (AEB), visando à definição e contratação do lançamento. No ritmo atual, e se não houver surpresas, acredita-se num voo dentro de dois anos.

- Amazônia-1 - Parte 2: no final deste mês ou, no mais tardar no início de fevereiro, deve acontecer a entrega do sistema de controle de atitude e órbita contratado junto a argentina INVAP. Este será então submetido a testes de qualificação. Sobre o problemático subsistema de suprimento de energia, para muitos o grande gargalo da PMM, ainda existem discussões entre a AEB, INPE a indústria responsável por seu desenvolvimento e fabricação. Segundo Miranda, não está descartada a contratação de outra indústria para a conclusão do subsistema.

- Amazônia-1 - Parte 3: está sendo seriamente considerada possibilidade de que a carga útil principal do satélite, um sensor imageador, seja uma câmera WFI (Wide Field Imager) similar a do CBERS 4, e não a versão avançada (AWFI), cujo desenvolvimento tecnológico, a cargo da Opto Eletrônica, enfrenta dificuldades, sem expectativa de ser encerrado em menos de dois anos. Uma decisão definitiva deve ser tomada ainda no primeiro semestre, e caso vá adiante, o blog Panorama Espacialentende que deve resultar em nova encomenda junto a indústria (possivelmente um consórcio entre a Equatorial Sistemas e a Opto, que trabalharam juntas na segunda geração do CBERS, ou uma das duas isoladamente). A AWFI voaria no futuro Amazônia-2.

- Transpônder de Coleta de Dados: o INPE trabalha com a ideia de, sujeito ainda a uma análise de engenharia mais apurada, a partir do Amazônia-1, que todo satélite nacional leve a bordo um transpônder de coleta de dados (DCS, sigla em inglês) para atender o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA). A carga útil foi desenvolvido pela CRN/INPE, de Natal (RN). Também há certa expectativa com o SCD-Hidro, para atender uma necessidade da Agência Nacional de Águas (ANA), tendo o INPE participado de conversas no final de 2014.

- Missões científicas: até 2004/2005, o INPE considerava duas missões científicas com satélites distintos, o EQUARS (estudos dos efeitos da anomalia magnética no Atlântico Sul), e o MIRAX (imageador de raios X de gama). Em dado momento, ocorreu uma "fusão" de ambas as missões em uma única plataforma (PMM, de cerca de 500 kg), dando origem ao Lattes-1. Oswaldo Miranda revelou que a atual direção do INPE deseja retomar as missões satelitais científicas de pequeno porte, com estudos nesta direção. Destacou o "gap" hoje existente no programa de satélites brasileiros, com missões de cubesats, mas nada de menor porte (na faixa de 100 kg) até a PMM. O primeiro projeto na fila seria o EQUARS, com condições de voar de 3 a 4 anos.

- Sistemas de controle de atitude e órbita: trata-se de uma "ação prioritária" (aliás, ACDHs são uma das tecnologias consideradas críticas e não dominadas pelo Brasil), na opinião de Miranda. "O grande gargalo hoje é o software embarcado". O INPE faz parte do projeto SIA, tendo um laboratório conjunto com o Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE em São José dos Campos (SP), e trabalha junto com indústrias nacionais na busca de autonomia nessa área. Nos passos atuais, espera-se que um ACDH nacional esteja pronto em cerca de dois anos, para no futuro voar num segundo modelo de voo da PMM (Amazônia-2 ou Lattes-1/MIRAX). O vice-diretor citou a COMPSIS como uma parceira industrial importante nesse projeto, destacando também o papel do Instituto Mauá de Tecnologia. Aqui cabe uma observação do blog: quem também está bem interessado em desenvolvimentos locais desta tecnologia é a Visiona Tecnologia Espacial. Foi um dos assuntos destacados por seu presidente, Eduardo Bonini, em audiência no Senado Federal em novembro de 2014.

- Período 2016 - 2018: nos últimos minutos da conversa, resumindo a entrevista, Miranda ressaltou que o INPE hoje vê de forma factível a execução das seguintes missões no período de 2016 a 2018, a depender, é claro, de recursos: o CBERS 4A, o Amazônia-1, o EQUARS (plataforma de 100 kg) e o MIRAX (PMM).


Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/

Comentário: Bom leitor, que o vice-diretor do INPE esteja otimista para o Biênio 2016-2018 já era algo esperado, pois evidentemente o mesmo não poderia pensar de forma diferente, pelo menos não se expressando publicamente, mas na atual conjuntura do PEB suas expectativas estão muito além da realidade não passando de pura fantasia (talvez com exceção o projeto CBERS-4A), e note leitor que entre os projetos citados, o tal projeto do Satélite Sabia-MAR (previsto em 2013 que seria lançando em 2018) se quer foi citado.

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