O Jornal Estado do Maranhão Entrevista Novo Diretor do CLA
Olá leitor!
Segue abaixo uma
entrevista com o Coronel Cláudio Olany (novo diretor do CLA) publicada na
edição de hoje (11/01) do jornal “O Estado do Maranhão” de São Luís. Vale a
pena dar uma conferida.
Duda Falcão
Coronel Cláudio
Olany, diretor do CLA
“Assumir a Direção do Centro de
Lançamento é Um Enorme Desafio”
Em entrevista
exclusiva a O Estado, novo diretor do CLA, coronel Olany, fala sobre
o cronograma de
atividades da base espacial, incluindo os testes com o VLS e a
responsabilidade
de dirigir o principal centro de lançamentos do hemisfério sul
Bruna Castelo
Branco
Leandro Santos
Da Equipe de O
Estado
11/01/2015
Foto: Divulgação
Coronel
Cláudio Olany pretende desenvolver importantes
ações à frente do CLA ao longo
deste ano.
|
No dia 18 de
dezembro do ano passado, o coronel Cláudio Olany assumiu a
direção do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) em substituição ao coronel
César Demétrio Santos. Durante os três anos da gestão anterior, Olany
desempenhava a função de vice-diretor do CLA, já participando das atividades
aeroespaciais desempenhadas pelo centro localizado no Maranhão.
Em entrevista exclusiva a O
Estado, o novo comandante do centro falou
sobre o cronograma de atividades que serão desenvolvidas pelo CLA este ano,
entre elas o lançamento de foguetes de treinamento, sendo que o primeiro está
previsto para abril. Para 2015 também estão previstos testes de integração do
sistema do Veículo Lançador de Satélites (VLS) com a plataforma de lançamento
conhecida como Torre Móvel de Integração (TMI), que foi totalmente reconstruída
após o acidente ocorrido dia 22 de agosto de 2003, quando um incêndio destruiu
a plataforma e matou 21 técnicos que lá estavam preparando os sistemas para o
lançamento que aconteceria três dias depois.
Além disso, o CLA pretende ainda
este ano melhorar a infraestrutura de apoio aos lançamentos e rastreios de foguetes,
e também estreitar o relacionamento entre o centro e a comunidade de Alcântara
por meio de diversas ações e projetos que estão previstos no calendário da
instituição.
O Estado - Como o senhor encara esse
novo desafio na sua carreira?
Coronel Olany - Assumir
a direção do Centro de Lançamento de Alcântara é um enorme desafio em minha
carreira. É com grande entusiasmo que assumo o cargo e com grande expectativa
de levar adiante projetos que visem dotar o país da mais moderna infraestrutura
para o lançamento e rastreio de engenhos aeroespaciais. Ao longo da minha
trajetória na Força Aérea Brasileira, adquiri competências para hoje dirigir o
principal centro de lançamento no hemisfério sul do planeta. Venho da área
espacial, realizei cursos no Brasil e exterior voltados a sistemas embarcados
de tempo-real voltados para aplicações espaciais. Sou graduado em Engenharia da
Computação, mestre e doutorando em Engenharia da Computação e Eletrônica pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Contudo, sei que será necessário o
apoio de toda a equipe civil e militar que trabalham no centro para que
possamos cumprir a missão do CLA.
O Estado -
Quais as principais metas que o senhor pretende alcançar à frente do CLA?
Coronel Olany
- Além da melhoria
contínua de toda infraestrutura
de apoio aos lançamentos
e rastreios, a exemplo dos
sistemas novos implantados nos
Centros de Controle e Controle
Avançado, Central de Segurança
de Voo e de Superfície, nas
estações de
Meteorologia, Telemedidas e
Radares de rastreio, na Torre Móvel
de Integração do VLS e no
lançador de porte médio, durante minha
gestão serão concluídas obras
da área operacional, como
o prédio de depósito de
propulsores, o prédio de Controle e
Preparação e a Rede Preventiva contra
Incêndio, ambos situados
no Setor de Preparação e
Lançamento (SPL), essenciais para
realização de operações de lançamentos
de grande porte como
a do VLS. Também devemos concluir
o posto médico e a
escola de ensino fundamental Caminho
das Estrelas, que deve ter
a capacidade triplicada para atender
300 estudantes, dependentes de
civis e militares do CLA,
além de alunos do município de
Alcântara. Pretendemos aperfeiçoar
o relacionamento com
as instituições de ensino superior
e centros de pesquisa do
Maranhão, para melhorar os indicadores
de gestão e aprimorar nossos
recursos humanos, assim
como propiciar formação complementar
no Centro para a
mão de obra local e contribuir para
o fortalecimento de atividades de
pesquisa por meio de convênios
com órgãos de fomento do
Maranhão.
“O
CLA e toda sua equipe Estão
preparados
para realizar lançamentos
de
grande porte dentro do conjunto de
atividades
previstas no Programa
Nacional
de Atividades Espaciais”.
O Estado - Em
relação às atividades desenvolvidas pelo CLA ano passado, qual o balanço que o
senhor faz dessas operações? Elas tiveram um saldo positivo ou negativo?
Coronel Olany
- Ano passado
o CLA sediou o lançamento
do primeiro foguete nacional
com um estágio movido a propulsão
líquida, durante a Operação
Raposa, resultado do apoio
contínuo da Agência Espacial
Brasileira (AEB) e de anos de
pesquisas realizadas
no Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), instituição dedicada
à pesquisa e desenvolvimento
na área Espacial
e ligada ao Departamento de
Ciência e Tecnologia Aeroespacial
(DCTA), pertencente ao Comando
da Aeronáutica. Nesse
sentido, contribuímos para que
o Brasil ingressasse no seleto
grupo de
países que dominam, com tecnologia
própria, a operação de
veículos espaciais movidos a
combustível líquido, que possibilita uma
maior precisão de inserção
em órbita dos mais variados engenhos
aeroespaciais. Diante
disso, só posso fazer um balanço
positivo do CLA em relação aos
resultados de nossas atividades
operacionais ocorridas em
2014. Além do lançamento exitoso
de vários foguetes de
treinamento.
O Estado - Em
2014,o CLA realizou diversos lançamentos de foguetes de treinamento, que
serviram principalmente para fazer experimentos e capacitar as equipes do
centro. Hoje, o senhor acredita que as equipes do CLA estão aptas a conduzir
lançamentos de grande porte, uma vez que o centro é uma das partes mais
importantes do Programa Espacial Brasileiro?
Coronel Olany
- O CLA e toda
sua equipe estão preparados
para realizar lançamentos de
grande porte dentro do conjunto
de atividades previstas no
Programa Nacional de Atividades Espaciais
(PNAE). Entretanto, é preciso esclarecer que uma campanha de lançamento envolve
um trabalho conjunto com equipes do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), de
outras agências espaciais e também do Centro de Lançamento da Barreira do
Inferno (CLBI), entre outras. Com todos os lançamentos que temos realizado e
participado no Brasil e no exterior nos últimos anos, fico tranquilo em afirmar
que o CLA está altamente capacitado para atividades de lançamento e rastreio de
engenhos aeroespaciais.
O Estado -
Para este ano, quantos lançamentos
de foguetes estão previstos?
Quando deve ocorrer
a primeira a atividade?
Coronel Olany
- Temos a expectativa este ano de
2015 de continuarmos com lançamentos de foguetes de treinamento, que são
extremamente importantes para que possamos manter a operacionalidade das
equipes e testarmos todos os sistemas associados às atividades de lançamentos e
rastreios. O primeiro lançamento deve ocorrer no mês de abril, com um Foguete
de Treinamento Intermediário (FTI). Também será realizado o lançamento e o
rastreio de um foguete VS-30/ORION, equipado com uma carga útil tecnológica,
com experimentos científicos e tecnológicos embarcados para testes em ambiente
de microgravidade, selecionados pela Agência Espacial Brasileira (AEB).
O Estado -
Como está o cronograma de
testes com o Veículo Lançador
de Satélites (VLS)? A previsão
de que será lançado este ano
se confirmará?
Coronel Olany
- O VLS encontra- se atualmente em
fase de recebimento do sistema de redes elétricas desenvolvido pelo Instituto
de Aeronáutica e Espaço (IAE) em conjunto com a indústria nacional. A previsão
é de que este ano possamos realizar testes de integração do sistema acoplado ao
veículo e à nova plataforma de lançamento do VLS construída no CLA, a Torre
Móvel de Integração (TMI). Por questões de segurança, somente após testes
bem-sucedidos com as redes elétricas e o recebimento definitivo dos novos
sistemas é que poderemos partir para o lançamento do veículo. Essas atividades dependem
de um repasse continuado de recursos para que seja possível cumprir o
cronograma previsto.
O Estado -
Quais outras atividades o
CLA pretende desenvolver ao
longo de 2015?
Coronel Olany
– Pretendemos intensificar ainda mais
o relacionamento com a sociedade maranhense. Estamos trabalhando com o Comando
da Aeronáutica para elevação de categoria da nossa banda de música, para
aumentarmos a quantidade de instrumentistas e realizarmos apresentações abertas
ao público, a exemplo dos concertos didáticos e sinfônicos realizados nos
últimos três anos. Em outubro realizaremos uma segunda edição da Corrida da
Asa, ampliando o número de participantes de 300 para 500 atletas. Em conjunto
com a Agência Espacial Brasileira (AEB), pretendemos trazer mais uma edição da
Escola do Espaço para o CLA, visando capacitar com atividades didáticas e, com
aplicação na temática espacial, os professores das redes públicas de ensino
municipais de Alcântara e São Luís, e a estadual do Maranhão.
O Estado -
Haverá mais interação com
a comunidade de Alcântara?
Coronel Olany
- Ao longo do ano, devemos realizar
ainda ações cívico-sociais, levando dentistas, enfermeiros, farmacêuticos e
médicos do CLA para comunidades carentes de Alcântara. Permanecem as atividades
do Projeto Soldado Cidadão, responsável ano a ano por qualificar nossos
soldados oriundos de São Luís e de Alcântara com os mais diversos
conhecimentos, para que possam estar mais preparados para enfrentar o
concorrido mercado de trabalho ao término do tempo de serviço militar. Em
paralelo, desde o ano passado, passamos a realizar a seleção e treinamento de
oficiais e sargentos no CLA, que são incorporados por meio de processos
seletivos realizados em Alcântara e São Luís. Em 2015, deverão surgir outras
oportunidades para o ingresso nas fileiras militares da Força Aérea Brasileira,
para prestação de serviço militar temporário no CLA, como oficiais ou
graduados.
O Estado - Com
relação às missões
de misericórdia realizadas pelo
CLA com a comunidade em
Alcântara, quantas atividades
dessa natureza foram realizadas
ano passado? Qual
o balanço que o senhor faz
destas ações?
Coronel Olany
- Em 2014 foram realizadas 21
evacuações aeromédicas de Alcântara para São Luís com o transporte de feridos,
enfermos e gestantes com complicações, tanto de servidores civis e militares do
CLA e seus dependentes quanto da população local. Acredito que tais ações são
uma demonstração do papel das Forças Armadas de estar continuamente junto às
comunidades prestando serviços de relevância. Por todo o país, em especial na
Região Amazônica, é visível a presença da Força Aérea Brasileira na vida dos
brasileiros. Em Alcântara, não poderia ser diferente e o CLA atua para
minimizar o sofrimento e possibilitar a sobrevivência de pessoas em situações
de emergência que necessitam das evacuações aeromédicas, popularmente
conhecidas como missões de misericórdia.
O Estado -
Como está hoje a relação entre o CLA e a Alcântara Cyclone Space?
Coronel Olany
- Possuímos um
relacionamento institucional
com a ACS, a empresa binacional
que está construindo um sítio
de lançamentos para o foguete
ucraniano Cyclone-4 e poder
comercializar o lançamento de
satélites. Atualmente uma comissão
constituída por representantes
do Ministério da Defesa,
da Ciência, Tecnologia e Inovação
e das Relações Exteriores
realiza análises em relação ao
futuro da
Alcântara Cyclone Space do
projeto Cyclone-4.
Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - pág. 07 - 11/01/2015
Comentário: Primeiramente
o Blog BRAZILIAN SPACE deseja sucesso ao Cel. Olany nesta sua missão tão
complicada por conta da falta de ‘COMPROMISSO’ do desgoverno da “Ogra”. Chamo a
sua atenção para o extremo cuidado com que o diretor do CLA conduziu a sua
entrevista, jogando em alguns momentos até mesmo confetes na AEB, mas sem deixar
de dá sua cutucada sutil no desgoverno. Analisando o que foi dito pelo diretor
do CLA três coisas me chamaram a atenção leitor. A primeira delas foi à
informação de que durante o primeiro voo do 4º AO do Programa Microgravidade da
AEB será usado um foguete VS-30/Orion, e não mais um VSB-30 como estava
previsto anteriormente. Leitor, o que será que houve? Já a segunda diz respeito
ao que o coronel disse em relação ao VLS-1: “O VLS encontra- se atualmente em fase de recebimento do sistema
de redes elétricas desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) em
conjunto com a indústria nacional. A previsão é de que este ano possamos
realizar testes de integração do sistema acoplado ao veículo e à nova
plataforma de lançamento do VLS construída no CLA, a Torre Móvel de Integração
(TMI). Essas atividades dependem de um repasse continuado de recursos para que
seja possível cumprir o cronograma previsto”. Bom leitor como você mesmo pode
notar, os mesmos problemas continuam, ou seja, a incerteza na liberação de
recursos por parte do desgoverno da “Ogra” e também no que diz respeito à
entrega por parte da MECTRON das redes elétricas do veículo. Em resumo, até
mesmo a “Operação Santa Bárbara I” (voo simulado do VLS-1) está seriamente
ameaçada de não ocorrer em 2015, como, aliás, o BLOG já acreditava que
ocorreria. Estamos num impasse e pelo visto enquanto a “Ogra” permanecer no
poder o VLS-1 terá pouquíssimas chances de sair do papel. Já quanto à terceira
coisa que me chamou a atenção foi como o coronel se dirigiu a questão da
comissão que foi constituída para realizar análises em relação ao futuro da mal engenhada empresa Alcântara Cyclone Space (ACS). Será mesmo leitor
que é o principio do fim deste desatino? Sinceramente não acredito nisto, mas
vamos aguardar o desenrolar desta história. Uma vez mais gostaríamos de agradecer publicamente ao leitor maranhense Edvaldo Coqueiro pelo envio desta matéria.
Prezado Duda Falcão.
ResponderExcluirCom Aécio ou Marina Silva não seria diferente. Enquanto não formalizarmos uma bancada tão coesa e forte como as bancadas ruralistas e evangélica vai ser sempre assim. A política brasileira funciona na base da "chantagem" e da "pressão" (lobby). Porque heróis solitários (algum deputado federal ou senador entusiasta do programa espacial brasileiro) não colam neste país. Olha só como a coisa é difícil. Um assunto que não desperta paixões no seio do povo, a imprensa de modo geral trata o tema com desdém, não traz votos de imediato para os parlamentares. Assim é difícil de angariar vultosas verbas (algo em torno de R$2.500.000.000,00 ao ano por exemplo). Se ainda estivéssemos em vias de entrar numa guerra ou participando de uma corrida armamentista nossos militares teriam uma voz mais ativa para angariar verbas para o programa espacial brasileiro. Nem a imprensa se meteria a besta em criticar o valor destinado ao PEB. Mais nada disso acontece não é mesmo?
Olá Francisco!
ExcluirSuas colocações tem procedência, concordo contigo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)