Qual é o Problema do Programa Espacial Brasileiro?
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo sobre o Programa Espacial
Brasileiro (PEB), publicado no site da revista “GALILEU” no dia (07/01).
Duda Falcão
Qual é o Problema do Programa
Espacial Brasileiro?
No início da década de 1960, Brasil, China e Índia
encontravam-se no
mesmo estágio da corrida espacial. Passados mais de 50 anos,
não só
ficamos para trás, como colecionamos vários fracassos e corremos o risco
de ser ultrapassados por África do Sul e Israel. Por que somos tão ruins
em
mandar nossas naves e satélites para o espaço?
POR ALEXANDRE RODRIGUES
07/01/2015
- 18h01
Atualizado
18h0101
(FOTO: DIVULGAÇÃO/
CLA-IAE)
Desastre:
Lançamento do protótipo 2 do VLS-1,
da Base de Alcântara. uma falha no sistema
pirotécnico,
no 2º estágio, ocasionou a explosão.
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No
final de outubro, cientistas de todo o mundo voltaram os olhos para Marte para
observar um fenômeno raro. Viajando a mais de 200 mil quilômetros por hora, o
cometa Siding Spring passou zunindo a 144 mil quilômetros do Planeta Vermelho,
o equivalente a um terço da distância que separa a Terra da Lua. Em termos espaciais,
onde tudo se mede em anos-luz, é como a fina que os motoboys tiram do
retrovisor de um carro no trânsito.
Para estudar o cometa, que saiu de um lugar misterioso do
Universo para dar uma volta pelo Sistema Solar, a NASA mobilizou os jipes
Curiosity e Opportunity. Já as sondas que orbitam Marte foram escondidas atrás
do planeta para evitar acidentes. Entre elas estava a Mangalyaan. Nunca ouviu
falar? É a primeira sonda desenvolvida e lançada pela Índia a chegar ao Planeta
Vermelho ao custo de US$ 74 milhões. Ela representa um feito na corrida
espacial: o programa Mangalyaan custou um décimo do valor gasto na missão
Maven, da NASA, e saiu mais em conta inclusive do que a produção do filme
Gravidade, estrelado por Sandra Bullock.
(FOTO: PALLAVA BAGLA/ CORBIS)
Ilustre desconhecida: Lançamento
do foguete que
transportava Mangalyaan, a primeira sonda
desenvolvida pela Índia
a chegar até Marte.
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A bem-sucedida missão Mangalyaan abre uma discussão: por
que o programa espacial brasileiro não consegue decolar? Uma das respostas é
falta de investimentos. O Brasil gasta menos do que deveria com pesquisas de
foguetes e naves. Neste ano, o orçamento de US$ 122 milhões da Agência Espacial
Brasileira (AEB) sofreu um corte de 14%. Enquanto isso, Índia e China
investiram, respectivamente, US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões. “Não é que o Brasil
vai perder o bonde, ele já perdeu. O país está atrás não só da China e da
Índia, mas da Coreia do Sul e de Israel”, diz Celso de Melo, professor da
Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Física.
O Brasil começou a desenvolver um programa espacial em
1961. Na época, estava no mesmo estágio de pesquisas que China e Índia. Os
asiáticos, porém, receberam tecnologia da União Soviética, aliada dos tempos de
Guerra Fria, e souberam se desenvolver mais rapidamente. A China lançou o
primeiro foguete em 1965 e pôs um satélite em órbita cinco anos depois. Em
2013, realizou 19 lançamentos — sete a mais que a NASA. Desde 2003, quando
levou ao espaço o astronauta Yang Liwei, seu programa espacial é considerado
completo. Agora, os chineses desenvolvem projetos para levar satélites e
astronautas à Lua e a Marte
Já o programa espacial indiano é conhecido pela filosofia
de baixo custo. É famosa uma foto, tirada nos anos 1970, que mostra partes de
um satélite sendo transportadas pelas ruas de uma cidade num carro de boi (foto abaixo). Para economizar,
os engenheiros indianos não constroem três protótipos — um inicial, um de voo e
outro para testar a separação da nave no espaço —, como é de praxe. Eles fazem
apenas um, mais completo. Com essa estratégia, a Índia enviou uma sonda à Lua
em 2009 e hoje participa da exploração de Marte.
(FOTO: REPRODUÇÃO)
No mesmo período, o
programa brasileiro só conseguiu produzir cinco satélites e um microssatélite.
Desde 1999, quando foram realizados os testes com o segundo protótipo do VLS-1
(Veículo Lançador de Satélites), a Agência Espacial Brasileira (AEB) não lança
um foguete de grande porte. O treinamento com o quarto protótipo do VLS-1, que
estava marcado para este mês, foi adiado. O Brasil desenvolve um programa
espacial básico: não tem ambições, pelo menos nas próximas décadas, de explorar
a Lua ou enviar uma missão a Marte. O objetivo é produzir satélites de
monitoramento (para controlar o desmatamento na Amazônia, acompanhar o clima,
facilitar as comunicações e defender e vigiar as fronteiras) e atingir o espaço
com o VLS-1.
RITMO LENTO
A dupla finalidade — civil
e militar — do programa espacial brasileiro também é responsável pelo excesso
de lentidão. De 1971 a 1994, o programa foi vinculado às Forças Armadas. Só há
20 anos, com a criação da AEB, autarquia hoje subordinada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, o programa passou a ter uma finalidade civil. Mesmo
assim, parte da pesquisa, como a do Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), um
dos principais laboratórios aeroespaciais do país, ainda é ligada à
Aeronáutica. No Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), outro órgão
militar, se forma a maioria dos técnicos espaciais.
“NÃO É QUE O BRASIL
VAI PERDER O BONDE.
JÁ PERDEU. O BRASIL ESTÁ
PARA TRÁS HÁ MUITO TEMPO
E ISSO SEMPRE FOI UMA
PREOCUPAÇÃO DA COMUNIDADE
CIENTÍFICA. NÃO É SÓ DE CHINA
E ÍNDIA, MAS TAMBÉM DA
COREIA DO SUL E DE ISRAEL"
Celso de Melo, professor de física
A relação íntima com os militares é o motivo de boicote
dos Estados Unidos ao programa espacial brasileiro. Com base no Regime de
Controle da Tecnologia de Mísseis (RCTM), acordo de 1987 para proibir o uso de
tecnologia nuclear em mísseis, os norte-americanos impõem uma série de embargos
à venda de equipamentos ao país. A justificativa é que os foguetes brasileiros
usam combustível sólido e poderiam ser convertidos em mísseis. Nem a adesão do
Brasil ao tratado, oito anos depois da sua criação, facilitou a relação. Todos
os presidentes desde então, inclusive Barack Obama, proibiram o uso de patentes
norte-americanas e obrigaram o país a criar sua própria tecnologia — o que leva
a mais atrasos.
Em 2010, telegramas diplomáticos vazados pelo site
WikiLeaks mostraram que a embaixada norte-americana em Brasília tentou
convencer o governo da Ucrânia a não se associar ao programa do foguete
Cyclone-4 (Brasil e Ucrânia já gastaram US$ 1 bilhão na Alcântara Cyclone
Space, empresa binacional para lançar satélites de outros países) “devido à
nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes
espaciais do Brasil”. “Há uma pressão para afastar os militares”, diz o consultor
legislativo Fernando Carlos Wanderley Rocha, um dos autores do estudo A
Política Espacial Brasileira, produzido pela Câmara dos Deputados em 2010. “Mas
não há programa espacial sem militares. Os primeiros foguetes norte-americanos
foram derivados de mísseis da Marinha.”
(FOTO:
DIVULGAÇÃO/INPE)
Sino-Brasileiro:
Satélite brasileiro CBERS-4 passando
pelos testes finais na china, já na fase
de preparação
para o lançamento, marcado para Dezembro.
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BOAS NOTÍCIAS
Outro fator que tem prejudicado o programa espacial brasileiro são os
acidentes. O mais grave foi a explosão do terceiro protótipo do VLS-1, que
matou 21 técnicos e cientistas na base de Alcântara em 22 de agosto de 2003.
Desde então, nenhum protótipo importante foi lançado. Só em junho deste ano foi
ao espaço o primeiro nanossatélite brasileiro, o NanoSatC-BR1, lançado por um
foguete russo. O país levou 11 anos para substituir o modelo anterior, o
Unosat-1, destruído no acidente.
Paradoxalmente, o Centro de Lançamento de Alcântara é um
dos principais trunfos do Brasil para recuperar o tempo perdido. Localizado
numa área de 520 quilômetros quadrados e apenas 2 graus ao sul da Linha do
Equador, ele usa a velocidade de rotação da Terra e o impulso para lançamentos,
o que exige menos combustível para a entrada em órbita. A economia é estimada
em 30%. Alcântara tem ainda o Oceano Atlântico à sua frente, o que barateia os
seguros, uma vez que não há risco de queda em locais habitados. Outra vantagem
é ficar numa região de clima agradável, sem grandes variações de temperatura,
que permite lançamentos o ano todo.
Além de possuir uma base de lançamento numa posição
estratégica, o setor tenta ganhar fôlego com a versão mais recente do Programa
Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), de 2012. O plano prevê o repasse de
US$ 2,2 bilhões até 2021 para a conclusão de projetos como o satélite CBERS-4,
os lançamentos dos foguetes Cyclone-4 e VLS, do Veículo Lançador de
Microssatélites (VLM), do satélite Amazônia-1 e do Satélite Geoestacionário de
Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC-1). Outra meta é estimular a indústria
espacial nacional. O mercado de defesa e segurança equivale atualmente a apenas
0,17% do PIB brasileiro, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento
Social (BNDES). As indústrias privadas recebem 25% da verba do programa
brasileiro. Nos Estados Unidos, o governo é o grande cliente, mas parte
considerável da pesquisa espacial é desenvolvida por uma indústria inovadora,
com empresas como Lockheed Martin, Boeing e Space X. As duas últimas
foram vencedoras de uma concorrência para transportar astronautas até a Estação
Espacial Internacional em naves privadas a partir de 2017.
“Nosso programa ainda é público e atende ao governo. A
parte privada é que falta”, afirma José Braga Coelho, presidente da Agência
Espacial Brasileira. No momento, o único grande empreendimento com capital
privado é a empresa Visiona, que constrói o SGDC-1, na qual a Embraer é sócia
da estatal Telebrás. “Mas a tendência é de maior envolvimento. Grandes empresas
em breve vão querer ter seus próprios satélites, atendendo a seus interesses. É
isso que o programa tem de suprir. Por que a Petrobrás vai depender de imagens
de outro satélite se puder ter o seu?”
VAI
DECOLAR UM DIA?
Baixo
investimento é um dos principais motivos para o Brasil continuar na lanterna da
corrida espacial.
NA
PLATAFORMA
Nem
tudo está perdido. Apesar do atraso, o Brasil tem algumas cartas na manga: são
novos projetos que devem dar um impulso firme ao programa espacial nos próximos
anos.
Fonte: Site da Revista Galileu - 07/01/2015 - http://revistagalileu.globo.com
Comentário: Pois é ta aí o artigo da revista Galileu. Na
verdade o texto tem algumas imprecisões e é bastante superficial, já que citas
as razões do baixo investimento e o boicote internacional como a origem do
problema, quando na realidade o problema básico é a falta de “COMPROMISSO” do
governo para com o programa. Mas enfim... o artigo está ai para aqueles
leitores que se interessam pela temática espacial.
Faltou o artigo falar da corrupção, das benesses, da falta de compromisso e de resultados! E exigir uma auditoria, pente fino, punição aos malandros!
ResponderExcluirCorrupção , Sabotagem , Infiltração de Estrangeiros nas forças armadas do Brasil e barreiras por parte dos EUA contra o PEB.
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