Mais Espaço Para Ciências Sociais e Humanas
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo escrito pelo Sr. José Monserrat
Filho e postado pelo companheiro André Mileski dia (06/01) em seu no Blog
Panorama Espacial.
Duda Falcão
Mais
Espaço Para Ciências Sociais e
Humanas
“Olhem para as estrelas e
aprendam com elas.” Albert Einstein
José Monserrat Filho *
Blog Panorama Espacial
06/01/2015
Se os governos desejam que as ciências exatas e naturais
levem mais benefícios à sociedade, eles precisam se comprometer mais com as
ciências sociais e humanas. Há que integrar todas essas áreas para que as
ciências exatas e naturais ofereçam soluções ainda mais abrangentes e
completas. Essa, em suma, é a visão defendida pela Nature, renomada revista
científica inglesa, em seu editorial "Tempo para as Ciências Sociais",
de 30 de dezembro de 2014.
Para a Nature, "a física, a química, a biologia e as
ciências ambientais podem oferecer soluções maravilhosas a alguns dos desafios
que as pessoas e as sociedades enfrentam, mas para que ganhem força, tais
soluções dependem de fatores que vão além do conhecimento de seus
descobridores". A publicação argumenta que "se fatores sociais,
econômicos e culturais não são incluídos na formulação das questões, grande
dose de criatividade pode ser desperdiçada".
Quer dizer, quando não se presta a devida atenção às
ciências sociais, corre-se o risco de perder em criatividade (campos e
elementos que alimentam a imaginação, a busca de melhores e mais amplas
soluções), o que nas atividades cientificas é grave insuficiência.
A Nature pede total apoio "a quem cria projetos
multidisciplinares – por exemplo, para aumentar o acesso aos alimentos e à
água, fazer adaptações às mudanças climáticas, ou tratar de doenças –
integrando, desde o início, as ciências naturais e as ciências sociais e
humanas".
Total apoio também é solicitado "às figuras de proa
na política que demonstram seu compromisso com esta agenda
multidimensional" e expressam "toda uma série de preocupações quando
os governos não manifestam a mesma compreensão".
A revista elogia Mark Walport, o principal assessor
científico do governo inglês, e seu antecessor, John Beddington, por estarem
comprometidos com relação as ciências sociais. O relatório do Reino Unido de
2014, sob o título de "Inovação: gestão de risco sem evitá-lo", reúne
opiniões e reflexões de especialistas em psicologia, ciência do comportamento,
estatística, estudos de risco, sociologia, direito, comunicação e politica
pública, bem como em ciências naturais.
O documento inclui temas como incerteza, comunicação,
conversações e linguagem, com cientistas reconhecidos tecendo considerações
cruciais sobre inovação em áreas controversas e cheias de dúvidas. Cientistas e
juristas trabalham juntos, por exemplo, nos estudos de caso sobre submarinos
nucleares e sobre previsões de inundação e infiltrações.
O principal recado do relatório vale para os responsáveis
pela formulação de políticas de C&T em qualquer país: Se você deseja que a
ciência leve benefícios à sociedade, por meio do comércio, do governo ou da
filantropia, você precisa apoiar os meios de capacitação para se entender a
sociedade, o que é tão profundo quanto a capacidade de entender a ciência. E
quando fizer declarações políticas precisa deixar claro que você acredita nessa
necessidade.
Será que tudo isso é válido também para a ciência e a
tecnologia espaciais?
As atividades espaciais, embora efetuadas com base em
conhecimentos científicos e tecnológicos, envolvem interesses sociais,
econômicos, políticos, jurídicos e culturais de enorme relevância. O mundo
inteiro depende hoje do espaço em sua vida cotidiana. Isso gera um caudal de
problemas em todas as áreas. Politica e Direito Espaciais são campos
estratégicos da política internacional. As ações militares no solo, nos mares e
no espaço aéreo são todas comandadas através do espaço, e já se planeja até
instalar armas em órbitas da Terra, o que poderá convertê-las em teatro de
guerra.
Enquanto isso, as Nações Unidas avançam na elaboração das
diretrizes para garantir a "Sustentabilidade a Longo Prazo das Atividades
Espaciais", que também enfrentam o perigo crescente do lixo espacial. Em
debate, igualmente, está o desafio de criar um sistema global de gestão do
tráfico espacial para garantir maior segurança e proteção de todos os voos e
objetos espaciais.
Mais que nunca é essencial o maior conhecimento possível
de tudo o que se passa e se faz no espaço, perto e longe da Terra. Medidas de
transparência e fomento à confiança no espaço são propostas pela Assembleia
Geral das Nações Unidas. E quem senão as ciências sociais para refletir sobre o
futuro da civilização humana no espaço?
* Vice-Presidente da
Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor
Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da
Academia Internacional de Astronáutica e Chefe da Assessoria de Cooperação
Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
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