Sem Financiamento, Sem Programa do Cyclone-4
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (03/12) no site da “Folha Online” destacando que a dificuldade de se obter o financiamento solicitado pelos ucranianos dificulta o projeto dos dois países para lançar o foguete Cyclone-4.
Duda Falcão
Financiamento Dificulta Projeto de Brasil e Ucrânia para Lançar Foguete
MARCELO NINIO
enviado especial da Folha de S. Paulo a Kiev
RAFAEL GARCIA
da Folha de S. Paulo
03/12/2009 - 10h33
A aspiração do presidente Lula de assistir ao primeiro lançamento de um foguete ucraniano Cyclone-4 de Alcântara (MA) ainda durante o seu governo tem poucas chances de se concretizar, devido aos sérios problemas de financiamento enfrentados em Kiev.
O acordo Brasil-Ucrânia para lançar foguetes a partir do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) foi um dos carros-chefes da visita a Kiev que o presidente concluiu nesta quarta-feira (2). O prazo de dezembro de 2010 foi citado várias vezes por Lula e pelas autoridades ucranianas.
Mas uma alta autoridade do governo que integrou a comitiva brasileira indicou que as dificuldades de capitalização do lado ucraniano tornam o cumprimento do prazo praticamente impossível. O projeto do foguete a ser usado na empreitada ainda não foi concluído. "Deve ficar mesmo para o próximo governo", admitiu, pedindo para não ser identificado.
Segundo ele, a contraparte ucraniana da empresa binacional ACS (Alcântara-Cyclone Space), criada para tocar a empreitada, começou a articular há cerca de quatro meses uma solução alternativa.
Seria o pedido de um empréstimo de US$ 200 milhões ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para possibilitar a continuação do projeto dentro do cronograma previsto: lançar o Cyclone-4 ainda no mandato de Lula.
Mas o banco já emitiu um primeiro parecer negativo sobre o pedido, acrescentou a mesma fonte, alegando que o empréstimo a empresas estrangeiras contraria as normas da instituição. (Quem precisa do financiamento não é exatamente a ACS, que tem metade de seu capital brasileiro, mas o consórcio ucraniano que vai desenvolver o foguete.)
Apesar disso, o presidente Lula afirmou ontem, em reunião com a premiê ucraniana, Yulia Tymoshenko, que instruiu o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, a buscar formas de possibilitar o empréstimo necessário.
Conexão Kiev
A ACS não quis comentar a informação. A Folha apurou que a manobra a ser articulada era um empréstimo do BNDES à empresa binacional, o que é legal. Esta, então, faria um repasse às empresas ucranianas do consórcio que faz o foguete, a Yuzhnoye e a Yuzhmash.
A contraparte brasileira da ACS, porém, estaria se mostrando contra essa solução alternativa, que poderia vir a ser condenada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
O BNDES, também, teria receio de abrir um precedente de violação de suas regras justamente para alavancar empresas estrangeiras de um país que está financeiramente mal, em razão do risco de calote.
O risco de a ACS deixar de operar, porém, não existe, pois a empresa já está capitalizada, tendo recebido US$ 485 milhões de ambos os governos. Mas o projeto deve atrasar se os construtores do foguete não conseguirem o empréstimo.
O risco de a ACS deixar de operar, porém, não existe, pois a empresa já está capitalizada, tendo recebido US$ 485 milhões de ambos os governos. Mas o projeto deve atrasar se os construtores do foguete não conseguirem o empréstimo.
O projeto da ACS já havia sofrido atrasos desde o momento que os governos de Brasil e Ucrânia firmaram acordos. A empresa já teve de mudar o local designado para a plataforma de lançamento do foguete, que originalmente ocuparia um território reivindicado por comunidades quilombolas de Alcântara.
A área da empresa agora ficará toda dentro do CLA, que é controlado pela Aeronáutica e abrigará também o foguete VLS, projeto brasileiro de um veículo lançador de satélites com menor porte.
O projeto da ACS ainda depende de licenças do Ibama. Segundo a binacional, os documentos devem sair em breve. Em 18 de dezembro, a empresa discutirá o projeto com as comunidades locais em uma audiência pública em Alcântara.
Fonte: Site da “Folha Online”
Comentário: Essa matéria e mais esclarecedora e realista quanto a uma das dificuldades por que passa esse mal elaborado programa do Cyclone-4. Uma verdadeira ilha de incompetência capitaneada pelo senhor Roberto Amaral, endossada pelos senhores Carlos Ganem e Sergio Rezende e apoiado pelo presidente Lula. Uma vergonha sem precedentes que poderá resultar num desastre financeiro de grandes proporções e um atraso tecnológico que não se pode quantificar seu prejuízo a essa altura. Falando em Roberto Amaral, esse senhor sumiu da mídia, não se houve falar mais dele. Alguém viu o senhor Roberto Amaral por ai? Leitor eu me pergunto: Será que se esse esforço todo tivesse sendo feito em prol do programa VLS-1 e do acordo com os russos desde o acidente de 2003 não estaríamos agora em 2010 lançando o quarto vôo de qualificação do VLS-1, com o motor L75 pronto para voar no VLS-1B em 2011? Sinceramente acredito que até antes disso. Mas infelizmente estamos no Brasil e essa é a nossa realidade. Lamentável!
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