Saiba Como o Brasil Contribuirá na Construção do Maior Telescópio do Mundo

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No dia 02/12, o portal da Revista Galileu publicou uma reportagem destacando a participação do Brasil na construção do maior telescópio do mundo. Segundo o texto, o país integra o consórcio responsável pelo desenvolvimento do instrumento MOSAIC, que equipará o Telescópio Extremamente Grande (ELT) — projeto que promete investigar regiões do espaço jamais observadas.
 
Foto: ESO/L. Calçada
Representação artística do telescópio ELT disparando suas estrelas-guia a laser para o céu.

Previsto para entrar em operação no final desta década, o Telescópio Extremamente Grande (ELT) será o maior equipamento astronômico já construído pela humanidade. O Brasil terá um papel relevante nesse marco científico, já que integra o consórcio responsável pelo desenvolvimento do MOSAIC, instrumento que ampliará o alcance e a capacidade de observação do telescópio.
 
O acordo para a construção do equipamento, que será instalado no deserto do Atacama, no Chile, foi assinado nesta segunda-feira (1) entre um consórcio internacional e o Observatório Europeu do Sul (ESO).
 
A participação brasileira tem financiamento da FAPESP e envolve o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI). O consórcio do instrumento também reúne instituições de 13 países da Europa, América do Norte e América do Sul.
 
Para Que Serve o MOSAIC
 
O instrumento MOSAIC permitirá observar mais de duzentos alvos ao mesmo tempo e deverá ser fundamental para estudos sobre a distribuição de matéria desde os primeiros bilhões de anos do Universo até períodos mais recentes. O equipamento divide a luz em faixas visível e infravermelha, permitindo identificar elementos químicos, medir movimentos e entender a formação de estruturas cósmicas.
 
"Ele é um espectrógrafo multiobjeto que observa 140 estrelas ou galáxias em resolução média e observa 80 objetos em alta resolução ao mesmo tempo", conta Beatriz Barbuy, professora do IAG/USP, em comunicado.
 
Segundo a docente, é muito importante que o instrumento seja multiobjeto, porque de outra forma "seria inviável fazer observações individuais quando existe um conjunto de alvos na mesma região do céu".
 
Foto: ESO
O instrumento MOSAIC (Multi-Object Spectrograph) é um espectrógrafo multi-objeto muito versátil que utilizará o maior campo de visão possível do ELT (Extremely Large Telescope).

“Hoje estamos limitados à magnitude 17 com telescópios de oito metros. Com o ELT, vamos observar a magnitude 24", acrescenta. "É difícil ver um objeto assim. As galáxias muito distantes e as estrelas muito fracas estarão ao alcance. Será possível estudar regiões que nunca foram observadas. O Telescópio James Webb observa essas galáxias, mas com resolução muito baixa. O MOSAIC será ideal para complementar essas descobertas”.
 
Um Núcleo Basileiro
 
Os especialistas brasileiros serão especialmente encarregados de desenvolver o Instrument Core System — o núcleo mecânico do MOSAIC, responsável por garantir estabilidade e precisão durante as observações.
 
Esse núcleo inclui diversos elementos: a plataforma estrutural, o sistema de rotação que compensa o movimento da Terra durante as observações, além do suporte para unidades ópticas, fibras e sistemas de calibração.
 
A construção da ferramenta envolve peças muito pesadas que não podem sofrer nem sequer deslocamentos sutis durante o funcionamento. “Não pode haver movimento maior que 50 mícrons [micrômetros] em uma estrutura de cerca de 25 toneladas", afirma Barbuy. "O rotator, equipamento mecânico que gira cargas, precisa acompanhar o movimento da Terra com grande precisão para manter o objeto na mesma posição durante a observação”.
 
Foto: G. Vecchia/ESO
Esta fotografia de drone mostra o Extremely Large Telescope do ESO no final de 2025, durante a sua construção.

Próximos Passos
 
O ELT terá o maior espelho já construído para a astronomia óptica e infravermelha. Embora a primeira luz técnica do telescópio esteja prevista para o final desta década, o MOSAIC só deve começar a entrar em operação entre 2032 e 2035, com previsão de finalização por volta de 2039.
 
A participação brasileira coloca o país em destaque na instrumentação astronômica internacional. "É um esforço para entrar nessa área porque todos os observatórios importantes têm essa dimensão tecnológica. Não é possível ficar de fora disso", considera Barbuy. "O país tem interesse em ter engenharia de ponta e ótica de ponta. Quando falarmos no futuro sobre a evolução da instrumentação, o Brasil terá um capítulo nisso”.
 
Brazilian Space
 
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