De Starfighter a StarLauncher: O F-104 como Lançador de CubeSats ao Espaço

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Em uma reviravolta tecnológica e histórica, o F-104 Starfighter, icônico jato interceptador da Guerra Fria, está ganhando um novo papel na era espacial: ser a plataforma aérea de lançamento para pequenos satélites, os CubeSats. Originalmente projetado para atingir Mach 2 e altitudes de mais de 100.000 pés, com uma taxa de subida de ~50.000 pés/min, o Starfighter tornou-se “o míssil com um homem dentro” durante seus serviços na USAF e na NASA.

Starfighters Space

A empresa Starfighters Space, que opera a única frota comercial de F-104, lançou a iniciativa StarLaunch, visando transformar esses caças em "primeiro estágio de acesso ao espaço". A proposta envolve levar um pequeno foguete acoplado às asas até cerca de 45.000–60.000 pés, em velocidades superiores a Mach 2, para depois lançar o foguete que leva o CubeSat ao espaço.

A Starfighters Space opera desde 2009 no Centro Espacial Kennedy, voando sete F‑104 e oferecendo treinamentos e testes tecnológicos. Já a GE Aerospace (Innoveering) foi contratada para desenvolver o casco externo do veículo StarLaunch, com simulações planejadas para lançar em março de 2025, mas, até o presente momento, sem confirmação. Por sua vez, a CubeCab, outra empresa envolvida, projetou foguetes compactos instalados nas pilones das asas dos F‑104. Esses foguetes são dimensionados para transportar CubeSats de até 10 kg, ou cerca de 3 a 6U.

O veículo atual de lançamento da empresa é o STARLAUNCH I, uma versão modificada do missíl Ar-Ar AIM-120 AAMRAM. No futuro a empresa deseja operar um foguete ainda maior, o STARLAUNCH II, o qual nos remete a uma arquitetura inspirada no antigo míssil antissatélite RIM-161 Standard SM-3 (sem o booster MK-72).

Visão artística do STARLAUNCH I (Crédito: Starfighters Space)

Visão artística do STARLAUNCH II (Crédito: Starfighters Space)

As vantagens do Air‑Launch:

- Flexibilidade de lançamento: não dependem de uma base fixa e podem partir de pistas convencionais. 

- Redução de custos e tempo: projetado para lançar satélites em até 30 dias após encomenda, com custos significativamente menores que foguetes tradicionais;

- Reação rápida ao mercado: ideal para constelações de nanosatélites para telecomunicações, sensoriamento remoto e comunicações, que demandam lançamentos frequentes.

Diferente da proposta de lançamentos aéreos da Virgin Orbit com um 747 (fracassada em 2023) ou da Northrop-Grumman com o foguete Pégasus, a partir das aeronaves Stargazer L-1011 ou, mais antigamente, um B-52, o modelo baseado no F‑104 se destaca por:

- Plataforma de menor porte e custo operacional mais baixo;

- Maior delta V inicial e maior ângulo de ataque no lançamento;

- Diversificação da operação com serviços de testes hipersônicos e treinamento.

Lançar foguetes a partir de jatos voando a mais de Mach 2 traz desafios técnicos, incluindo controle aerodinâmico e integração do foguete com o avião. Atualmente, a fase principal inclui testes em túnel de vento, simulações avançadas e previsão de inicio de lançamentos a partir de 2025. A empresa também teria captado US$ 40 milhões em financiamento via IPO em dezembro de 2025 (a confirmar), para acelerar o projeto StarLaunch I e explorar testes hipersônicos, inclusive expandindo operações para o Texas.

A transição do Starfighter — símbolo do poder militar da Guerra Fria — para um StarLauncher, uma plataforma moderna de lançamento de CubeSats, demonstra que no New Space até aeronaves históricas podem ser aproveitadas e ter novos capítulos na exploração espacial. Se bem-sucedido, esse modelo poderá revolucionar o mercado de lançamentos rápidos e acessíveis, catalisando a expansão de aplicações espaciais comerciais.


Brazilian Space

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