AEB Lançará ETEC Para Comprar Sistema Inercial Para Veículos lançadores

Olá leitor!

Está curiosa nota aí abaixo (enviada ao nosso Blog pelo leitor que se intitula Blog Luiz e ao qual eu aproveito para agradecer publicamente) foi postada recentemente no site da Agência Espacial Brasileira (AEB). Note leitor a data desta nota e procure ler com bastante atenção. 

“Encomenda Tecnológica (ETEC) 

Publicado: 14/02/2020 15h52
Última modificação: 21/02/2020 11h12

A Encomenda Tecnológica, também conhecida como ETEC, é um instrumento de compra pública de inovação, caracterizada pelo estímulo à inovação nas empresas. Por meio dela, os órgãos e as entidades da administração pública poderão contratar diretamente ICT pública ou privada, entidades de direito privado sem fins lucrativos ou empresas , isoladamente ou em consórcio, voltadas para atividades de pesquisa e de reconhecida capacitação tecnológica no setor, com vistas à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto, serviço ou processo inovador.

As ETECs utilizam o mercado consumidor, caracterizando-se como políticas de inovação que atuam pelo lado da demanda. Entre as características principais das ETECs tem-se: o Estado atuando como demandante e a administração pública internalizando parte, significativa, do risco tecnológico. O objetivo central de uma ETEC é solucionar determinado problema que ainda não tenha solução disponível no mercado.

A ETEC a ser realizada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) trata-se da contratação de um Sistema de Navegação Inercial para o Programa Espacial Brasileiro (PEB). Este sistema representa tecnologia crítica e essencial, cujo desenvolvimento permitirá a definição de forma criteriosa de parâmetros amplos de funcionamento, com o objetivo de satisfazer às necessidades de futuros veículos lançadores e de outras aplicações.

Para a AEB a ETEC representa um instrumento com grande potencial de aplicação para as contratações do setor espacial, cujos objetos costumam envolver grande risco tecnológico. Além disso, em boa parte dos casos, mesmo que tais objetos sejam fornecidos por mercados externos, disputas pelo domínio de tecnologias espaciais e a potencialidade de utilização dual (civil e militar) fazem com que muitas aquisições sofram embargos comerciais.
De forma resumida, a escolha do objeto da ETEC foi definida de acordo com os seguintes parâmetros:

* Aplicabilidade e Inserção na rota tecnológica de veículos lançadores;

* Risco e incerteza tecnológica (segundo Decreto Federal nº.9.283/18);

* Falha no mercado nacional e internacional (inacessibilidade, instabilidade de fornecimento ou inexistência do produto para a aplicação necessária);

* Interesse de P&D no setor industrial nacional (inserção no mercado global);

* Nível de maturidade tecnológica nacional (TRL do sistema e seus componentes);

* Criticidade do subsistema e de seus componentes.

Diante do caráter estratégico do PEB e da necessidade crescente por soluções provenientes de produtos espaciais para o desenvolvimento do país, mostra-se importante a busca por soluções nacionais que atendam essas demandas. Nesse sentido, deve-se buscar o aprimoramento de um rol de instrumentos, sobretudo legais e administrativos, responsáveis por instrumentalizar os processos necessários à materialização das ambições do Programa Espacial Brasileiro.”

Pois então leitor, entendeu direitinho do que se trata esta nota da AEB? Em resumo, para ficar mais claro, a AEB vai lançar uma espécie de chamada para comprar no país um ‘Sistema de Navegação Inercial para Veículos Lançadores de Satélites’, equipamento este que é essencial e não vendido por nenhuma nação do mundo.

Bom leitor, acontece que com a perda do IAE da capacidade humana em produzir este equipamento, só existe no país uma empresa capaz e com extrema competência e rapidez para atender esta solicitação da AEB, e ela se chama Castro Leite Consultoria (CLC), uma startup espacial brasileira com sede em São José dos Campos (SP) sob o comando do maior especialista brasileiro e um dos maiores do mundo nesta área (um monstro), o Dr. Waldemar Castro Leite Filho. Tomara mesmo leitor que essa Agência de Brinquedo faça realmente o que tem de ser feito.

Duda Falcão

Comentários

  1. Estamos torcendo muito para que até o final do ano, o VS-5O tenha sido lançado no CLA , o Governo precisa dar mais empenho e fiscalização nas operações para o projeto sair do papel

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    1. Olá Anônimo!

      Em 2020 eu duvido muito, mas vamos ver, enfim...

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. O que aconteceu com o SISNAV e todo o conhecimento advindo desse programa?
    Pois é, continua tudo como antes "no quartel de Abrantes".
    Absurdo !

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    1. Olá Juarez!

      Mesmo pouco antes da aposentadoria do Dr. Waldemar do IAE, o projeto SISNAV e seus derivados foram aos poucos sendo desacelerados, ate a quase extinção com a perda do material humano que o instituto tinha. Um absurdo, não resta a menor dúvida disso, mas é infelizmente a realidade em varias áreas do setor espacial brasileiro.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. O IEAV já n desenvolveu giroscópio e acelerômetros com tecnologia de fibra óptica? O que falta para eles unirem esses dispositivos e conceberem um Sistema inercial?

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    1. Olá Rodrigo!

      Os acelerômetros eu creio que sim, mas giroscópios eu não tenho certeza, mas mesmo que sim, precisa muito mais do que isso para ter um modelo e voo deste sistema. Entretanto Rodrigo o que é muito preocupante neste texto desta ETEC é que o mesmo não enfatiza exatamente que este sistema precisa ser desenvolvido no país, o que neste caso abre uma janela para que duas empresas (uma delas que se passa por brasileira e não é, na verdade israelense, e a outra italiana) possam trazer a tecnologia de suas matrizes e montar o sistema aqui como se fosse brasileiro. Pra este sistema ser realmente brasileiro só se fosse desenvolvido no próprio IEAv, o que no momento de urgência em que vivemos não seria uma boa opção, ou ser desenvolvido pela CLC, a solução mais correta, eficiente e rápida. Vamos aguardar.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  4. Realmente, "não é verdade que o IAE perdeu a competência para o desenvolvimento de Sistemas Inerciais de Navegação (SINs, ou INSs - Inertial Navigation Systems)!!", nem que somente a empresa Nacional CLS é a única empresa Brasileira capaz de desenvolver tais INSs, e muito menos que não existe no País empresas que desenvolvem sensores para INSs!!!
    A pura verdade é que o IAE e o INPE, bem como um Consórcio de Empresas formado para a execução do Projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial), com recursos de investimentos de aproximadamente 43 milhões de reais, no período de 2008 a 2014, referente ao “Termo de Referência”, com “Ação Transversal”, de responsabilidade da ASCOF/MCT, de 18/JUN/2007, com o Título da Ação:- " Tecnologias Críticas para Sistemas Inerciais"); formalizado pelo Convênio n° 01.06.1177.00, de 28/DEZ/2006, tendo a FINEP com a função de Concedente, a FUNDEP com a função de Convenente; o DCTA com a função de Executor; o INPE com a função de Co-Executor, e o Consórcio SIN (Sistemas Inerciais de Navegação), com a função de Interveniente Co-Financiador, já desenvolveram os sensores mais críticos necessários bem como os INSs aplicados tanto aos Veículos Lançadores de Satélites (ainda em desenvolvimento no DCTA), quanto aos Satélites (ainda em desenvolvimento no INPE).
    Como pode ser visto no documento citado acima, os “Objetivos” dessa “Ação Transversal” são (foram): 1) Desenvolver unidades inercias para aplicação aeroespacial, em parceria com o setor produtivo; 2) Desenvolver computador de bordo (hardware e software embarcado), em conjunto com o setor industrial; 3) Desenvolver modelos e algoritmos para simulação e controle de atitude e órbita, implementáveis nos produtos desenvolvidos nos itens 1 e 2 acima; 4) Desenvolver interface, integração, validação e testes dos sistemas desenvolvidos; 5) Capacitar e formar recursos humanos nas áreas envolvidas no projeto; e 6) Capacitar e qualificar a cadeia de fornecedores.
    Dessa forma, como resultado desse investimento de milhões de reais no projeto SIA, todos esses “Objetivos” foram alcançados, se não totalmente, pelo menos uma razoável porcentagem em função da complexidade e abrangência desses “Objetivos”!!
    Nesse contexto, a empresa Nacional “Optsensys Instrumentação Óptica e Eletrônica Ltda.”, “única no País” a desenvolver, a projetar e a produzir os sensores de rotação, utilizando a tecnologia de Fibra Óptica, que atende às especificações necessárias a todas as aplicações mencionadas acima, realmente conseguiu desenvolver, projetar e entregar esses Girômetros a Fibra Óptica (GFOs) tanto para Veículos Lançadores quanto para Satélites, dentro do projeto SIA.
    A meu ver, um dos problemas que poderíamos elencar é que após a finalização desse projeto (SIA), não houve a continuidade/comprometimento imprescindível, no mínimo sério, como por exemplo, de uma encomenda estratégica desses Sistemas e Sensores, para que todos os objetivos alcançados dentro do projeto SIA fossem, no mínimo, mantidos; justificando assim, as reais necessidades do domínio dessa área/Sistemas no contexto Nacional. Infelizmente!!
    É realmente muito questionável a justificativa de uma ETEC para “iniciar” tudo novamente (realmente se for esse o caso)!! Seria muito mais proveitoso e inteligente, para falar o mínimo, a necessidade/justificativa de uma ETEC para continuidade dos resultados obtidos não somente no projeto SIA, mas também nas empresas Nacionais constituintes do Consórcio SIA!
    Não é interessante isso?

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    1. O que concluo é que o PEB não é um Programa propriamente dito, mas uma ação de propaganda mentirosa que sequer consegue enganar as pessoas. AEB deve passar por um pente fino, com urgência.

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    2. Olá ETEC para iniciar...

      Mesmo você não se identificando como era de se esperar, vou lhe responder. Bom em parte você está correto realmente, ou seja, em relação ao consórcio do projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial) formado para desenvolver este sistema, consórcio este formado pelas empresas Equatorial (vendida para empresa estrangeira), Navcon (vendida para uma empresa americana de Petróleo) Compsis (trabalha na área de software), Optsensys (faz girometros e fibra ótica mas não integra sistemas inerciais) e a Mectron (que simplesmente fechou) e quanto ao IAE, me desculpe caro amigo, mas neste momento não tem mais condições de entregar nenhum sistema inercial completo e integrado. Se existe neste momento outra empresa no país realmente brasileira que não seja a CLC (empresa esta que já dispõem de duas plataformas prontas e integradas, se duvida visite a mesma) que você então aponte esta empresa capaz de entregar uma plataforma inercial completa e integrada, pois dizer que faz, tem muita gente que viveu dentro do setor espacial durante décadas dizendo que fazia e que até hoje nunca entregou nada competitivo ao mercado espacial, vivendo há décadas do mal uso dos recursos públicos as custas do governo. A CLC não caro amigo, é uma empresa que vive de sua competência com contratos dentro do setor privado.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    3. Mecanismo que se perpetua!
      Ganham muito, fazem pouco, quando não roubam!

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  5. É possível especular...

    O sisnav foi desenvolvido e o que falta é a sua qualificação em vôo, porém o mesmo não engloba o guiamento e o controle do veículo, por isso o IAE divulgou que iria desenvolver o tal de Sisnac, que seria um sistema completo, porém a julgar a falta de mão de obra naquele instituto talvez eles perceberam que sozinhos não vai dar, por isso a encomenda.

    Uma ETC não pode ser usada para comprar uma solução pronta no mercado como a Pina F da CLC, que acredito eu também não contar com guiagem e controle, mas pode ser usada pra encomendar esta solução para uma empresa individual como a CLC ou a um consórcio de empresas.

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