AEB Sepulta Missões Tripuladas

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo postado ontem (30/09) no site “www.defesanet.com.br“ destacando que a Agência Espacial Brasileira (AEB) sepultou de vez a esperança de viagens tripuladas por astronautas brasileiros a serviço do governo.

Duda Falcão

COBERTURA ESPECIAL - Especial Espaço - Tecnologia

AEB Sepulta Missões Tripuladas

Júlio Ottoboni
Exclusivo para DefesaNet
30 de Setembro, 2013 - 23:00 ( Brasília )

Marcos Pontes , primeiro e único astronauta brasileiro
por muito tempo ainda segundo a AEB.

Depois do fiasco de ter sido expulsa do programa de cooperação da Estação Espacial Internacional (EEI), a nova direção da Agência Espacial Brasileira (AEB) sepultou de vez a possibilidade de missões tripuladas ao espaço.  A viagem do astronauta Marcos Pontes em 2006, denominada Centenário como uma homenagem ao voo de Alberto Santos Dumont no 14 Bis, foi recebido com uma saraivada de críticas do meio científico e tida como um gasto de dinheiro inútil, na época uma soma superior a US$ 10 milhões.

Para o presidente da AEB, José Raymundo Braga Coelho, que trouxe de volta da direção da agência para as mãos de cientistas, não há a mínima possibilidade de qualquer missão para levar um outro brasileiro ao espaço. Pelo menos por parte do governo federal. Já que na época foi visto como uma jogada de marketing para amenizar os estragos provocados na imagem do programa espacial depois do trágico acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS).

"As missões de lançamentos de pessoas em órbita não estão na nossa programação e nem temos previsão para isto. No momento a agência não tem nenhum compromisso ou comprometimento com essa possibilidade ", decretou o presidente da agência, que aos poucos começa a se reaproximar da NASA e furar o bloqueio da desconfiança causado pelas inúmeras promessas e sucessivas falhas do Brasil no cumprimento de metas e repasses de verbas para a Estação Espacial.

A aceitação de Pontes no programa de formação de astronautas da NASA, inclusive, esteve condicionada a participação brasileira na mega projeto internacional. Com a exclusão do Brasil, as chances do astronauta ser elencado para um das jornadas ficou reduzida a zero e antes que isso acontecesse, o militar negociou e conseguiu um desconto de 50% do custo da passagem no veículo da Rússia.

O assunto foi retomado após recentes declarações do astronauta  brasileiro, Marcos Pontes sobre voltar ao espaço e a instituição de seu curso na USP de São Carlos (SP). O astronauta hoje é professor no curso de engenharia aeronáutica e iniciará a nova especialidade dentro da grade curricular. Trata-se do curso de engenharia aeroespacial programado para o vestibular deste ano. Um dos objetivos é que outros brasileiros também possam viajar para o espaço. O curso seria um agente facilitador para esse caminho.

A rejeição solene a ideia de uma nova aventura espacial tripulada soma-se, ainda, ao fato de Pontes ter ganhado diversos desafetos quando pediu baixa na Aeronáutica, semanas após seu retorno do espaço. Com isso deixou de cumprir uma longa agenda de divulgação do programa espacial brasileiro, que era o grande motivador de sua missão espacial. Ele preferiu partir para atividades individuais e com compensação financeira, o que era impossível de ocorrer quando estava na ativa, pois há proibições de obter vantagens pecuniárias com atividades correlacionadas ao exercício da profissão.

O discurso do astronauta passa novamente por uma missão com os russos entre 2015 ou 16. "Existe a possibilidade sim, e é o que estou esperando”, afirmou Pontes para a imprensa em um evento no Rio de Janeiro ainda no primeiro semestre deste ano, com grande repercussão. Atualmente, cada tripulante de um voo rumo a estação espacial custa cerca de US$ 60 milhões no caso da NASA e os astronautas convocados são custeados pela Agência Espacial dos Estados Unidos.

O ministro Marco Antonio Raupp ficou surpreso ao saber das intenções já pré agendadas pelo astronauta. "Pode até voar, mas tem que ter aprovação da AEB, eu não tenho informação que isto esteja sendo discutido na agência espacial, a questão é quem vai bancar. Não tenho nada contra, mas não temos nenhum planejamento neste sentido", decretou Raupp.

Apesar da AEB saber da existência do curso em São Carlos, salienta que isto é de total responsabilidade da instituição e sem ligação com a agência espacial. Segundo Coelho, é difícil um curso com esse perfil vingar, por razões obvias. “Isso não é mais o foco da AEB e sequer cogitamos essa possibilidade”.

Pontes viajou para a Estação Espacial Internacional (EEI) em 2006 e ficou dez dias em órbita ao redor da Terra. O custo da missão apenas e envio e retorno foi de US$ 10 milhões e o dinheiro, que não era previsto no orçamento, foi retirado as pressas do projeto do satélite sino-brasileiro CBERS-3, o que acarretou uma série de atrasos no projeto com a China e até hoje o satélite não foi lançado.

Bolacha da Missão Centenário que homenageou
os 100 anos do voo de Santos Dumont.



Comentário: Como devemos analisar essa notícia leitor? Bem, se por um lado esta decisão nos leva a andar contra a visão de futuro, e do caminho adotado por países como a Alemanha, Canadá, Itália, França, Espanha, Japão, China, Índia, Rússia, EUA, entre outros países menores, que já dispõem de seu “Astronauts Corps”, ou no mínimo um astronauta ativo, por outro lado diante do Programa Espacial de Brinquedo (PEB) e sem compromisso conduzido no Brasil, creio que a decisão da AEB está correta. No entanto, essa decisão é um tremendo e estúpido erro histórico forçado devido as atuais circunstâncias, nada mais, nada menos, que o mesmo reflexo de outrora que nos levou, por exemplo, a criarmos nossa primeira industria aeronáutica mais de 60 anos depois do 14-BIS (quando grandes empresas estrangeiras já estavam há décadas no mercado) e, pasmem, até hoje não termos uma industria automobilística genuinamente nacional, mesmo tendo uma grande e competente força de trabalho formada por excelentes técnicos e engenheiros (a única exceção era a Gurgel que foi morta e enterrada por um debiloide chamado Itamar Franco). Esse é o Brasil, infelizmente para nós um país que terá ainda que amadurecer como nação se quiser realmente fazer parte nas nações que terão voz ativa nas decisões planetárias nas próximas décadas. Lamentável! Aproveitamos para agradecer ao leitor Israel Pestana pelo envio dessa notícia.

Comentários

  1. Apesar das missões tripuladas estarem "mortas", ainda me resta um tiquinho de esperança para que o SARA seja ao menos algum tipo de impulso. Ainda teve aquele desenho do Projeto Terra em que o designer visionário imaginava o minireator nuclear num modulo espacial brasileiro. Os sonhos morreram na caneta do Estado, mas ainda não no coração de alguns.

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    1. Que bom que ainda tem esperança. Realmente isto ainda vai acontecer: o Brasil vai sim lançar homens ao espaço - dentro de 100 ou mais anos. Se ainda tivesse vivo para ver o resultado, eu faria uma aposta: "o Brasil não alcança o espaço em menos de 100 anos"!
      Abraços!

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    2. A denominação "Programa Espacial de Brinquedo" é ótima.
      Não trabalho nem estudo nesta área, mas venho vez ou outra no blog por 1) gostar de questões espacias e 2) ver notícias de desenvolvimento científico no Brasil.
      Só acredito que algum grande projeto no Brasil tem possibilidade de ir pra frente quando um brasileiro ganhar um Prêmio Nobel em ciências.

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  2. Mais uma vez nos defrontamos com situações que nos deixam desnorteados. Em dúvida se estamos certos ou errados. Pobre do Santos Dumont que foi "homenageado" com esse fiasco espacial, a sobra da sobra da sobra de um lugar não ocupado por quem deu um lance um pouco maior numa época em que a Rússia estava contando tostões para se recuperar economicamente.

    Hoje mais uma vez fiquei impressionado com a inércia do pessoal que contribui para tornar esse programa um programa de brinquedo. Me refiro aqui aqueles "profissionais" que estão assistindo impassíveis o total descaso desses "governos" durante décadas.

    Os professores da rede pública aqui do Rio, estão dando uma demonstração de como se defende uma causa. Eles firmaram posição e hoje apesar de a câmara de deputados ter votado a favor de um projeto oposto aos interesses da classe, eles já decidiram continuar em greve e entrar na justiça contra a dita votação. Nesse momento, estão nas ruas do centro do Rio protestando.

    Ai eu pergunto: de que adianta o Sr. Marcos criar mais um curso superior numa área cujos profissionais ativos e ele como uma figura pública, ficam calados, não fazem nem sequer falam sobre essa administração ridícula do que deveria ser o nosso programa espacial. Que mercado é esse? O mercado de projetos cancelados? Quem cala consente. Então, pra mim, já deu. Chega !

    Enquanto eu não for testemunha de alguma manifestação de protesto dígna de tal nome por parte dessa "categoria profissional", eu vou continuar atribuindo a TODOS dessa categoria, sejam eles civis ou militares, a responsabilidade por esse estado de coisas.

    E vou além. Basta observar de antemão os possíveis e prováveis candidatos de "oposição", para ver que mesmo que o "governo" mude de mãos, não vai melhorar em nada. As reformas necessárias não vão ser feitas, pois não há interesse, vão mudar os personagens mas o enredo vai continuar o mesmo.

    É uma mistura de sentimentos: raiva, vergonha, inconformismo, impotência, decepção...

    Me faltam palavras.

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  3. Em pleno 2020 esta notícia e esse ponto de vista ainda seguem atualizados; Ou seja, nada mudou na "banânia" formada de 210 milhões de alienados ideológicos entre esquerda, centro e direita, enquanto seguem tendo seus sonhos e suas vidas roubadas pelos vários reis escravocratas e corruptos que as massas defendem para satisfazerem seus egos ideológicos, em todos os escalões dos 3 poderes! Um país sem vergonha, sem perspectiva, merecido para um povo hipócrita e egoísta como somos!

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