Notícias do Congresso Internacional de Astronáutica
Olá leitor!
Segue abaixo notícias sobre
o “66º Congresso Internacional de Astronáutica”, realizado em Jerusalém
(Israel) recentemente, notícias estas trazidas pelo Sr. José Monserrat Filho e postado pelo companheiro André Mileski ontem (22/10) em seu no Blog Panorama Espacial.
Duda Falcão
Notícias do Congresso
Internacional de Astronáutica
Internacional de Astronáutica
José Monserrat Filho*
# O 66º Congresso Internacional de Astronáutica,
realizado em Jerusalém, Israel, de 11 a 16 de outubro, teve cerca de dois mil
participantes, menos, portanto, do que o congresso anterior, em Toronto,
Canadá, com mais de três mil pessoas. A situação política e os violentos
conflitos em Israel e no Oriente Médio levaram muita gente a não comparecer ao
tradicional evento, considerado o mais importante do setor espacial no mundo. A
exposição de indústrias e agências espaciais foi menor. O número de brasileiros
e latino-americanos em geral caiu bastante.
Ainda assim, foram debatidos alguns dos principais
projetos espaciais da atualidade, como o retorno à Lua para criar
assentamentos, a ida a Marte (agora mais animada com a descoberta de água) e a
mineração dos recursos lunares e de asteroides por grandes empresas privadas,
embora essa atividade ainda esteja longe de ser devidamente regulamentada do
ponto de vista internacional.
# A Federação Internacional de Astronáutica (IAF),
organizadora do Congresso, acolheu a Coreia do Norte (República Democrática
Popular da Coreia) como seu mais novo membro. Ela será representada pela
agência espacial do país, a Administração para o Desenvolvimento Aeroespacial
Nacional (National Aerospace Development Administration – NADA), criada em
2013. A sigla em inglês é meio irônica, mas Tal Inbar, chefe do Centro de
Pesquisa Espacial do Instituto Fisher de Estudos Estratégicos Aeronáuticos e
Espaciais, situado em Herzliya, Israel, disse em Jerusalém à agência de
notícias norte-coreana (NK News) que “a aprovação da NADA pela IAF “é uma
decisão muito interessante” e está em linha com o empenho do governo de
Pyongyang de “mostrar ao mundo as aspectos civis e pacíficos dos esforços
espaciais norte-coreanos”.
Segundo a notícia assinada por Chad O'Carroil, jornalista
inglês que trabalha entre Londres e Seul e escreve sobre a Coreia do Norte
desde 2010, este país “afirma estar apenas desenvolvendo foguetes de longo
alcance com fins pacíficos para o lançamento de satélites, mas muitos observadores
acreditam que isso encobre o desenvolvimento não permitido de tecnologia de
míssil balístico intercontinental”. Por isso certamente, a direção da IAF fez
questão de deixar claro que “a admissão da agência espacial norte-coreana é de
natureza puramente científica e não política”, frisou Inbar. Ele também contou
que, em seu pedido de entrada na IAF, a NADA declarou que seu orçamento anual é
de 102,5 milhões de euros – cifra bem menor do que o custo do lançamento de seu
foguete Unha-3, em 2012, estimado – fora do país – em 850 milhões de dólares.
As empresas e agências espaciais de todos os países costumam utilizar os
Congressos de Astronáutica para promover suas realizações, programas e projetos
– civis e militares. Vamos ver o que a NADA vai promover já no próximo
Congresso em Guadalajara, México, em setembro de 2016.
# Os especialistas em Direito Espacial em geral têm vida
longa. É o que se costuma dizer na comunidade espacial. Isso ficou provado mais
uma vez com o 100º aniversário da Dra. Profª Isabella Diederiks-Verschoor,
renomada mestre de Direito Aeronáutico e Direito Espacial, nascida nos Países
Baixos (Holanda). Ela presidiu o Instituto Internacional de Direito Espacial
durante muitos anos e lecionou em inúmeras Universidades, em Paris, Sydney, Canberra,
Melbourne, Mississipi, Indonésia, Grécia, Montreal (Canadá). Dirigiu em seu
país o Centro da Paz Mundial Através do Direito e escreveu vários ensaios e
livros, entre os quais a famosa “Introdução ao Direito Espacial”, cuja primeira
edição foi lançada em 1993. Como bem notou o Prof. Sephan Hobe, diretor do
Instituto de Direito Aeronáutico e Espacial da Universidade de Colônia,
Alemanha, a obra escrita por amigos e colegas em homenagem à Profª Diederiks
não poderia ter um título melhor, “Air worthy”, que, numa tradução livre e
apropriada, soa como “Dignidade no Ar”.
# A Dra. Elisabeth Back Impallomeni, Professora de
Direito Internacional na Universidade de Pádova, Itália, e no Centro Europeu de
Direito Espacial, bem como em várias universidades europeias, foi eleita
Presidente de Honra do Instituto Internacional de Direito Espacial, depois de
ter sido membro de sua diretoria durante vários anos. Ela também foi
pesquisadora do mais alto nível na Faculdade de Direito da Universidade de
Harvard, EUA.
# Uma nova e boa ideia do Colóquio promovido em Jerusalém
pelo Instituto Internacional de Direito Espacial foi criar uma sessão com
trabalhos sobre a relação entre filmes de ficção e as questões jurídicas
espaciais neles presentes. O jurista Álvaro Fabrício dos Santos, ex-consultor
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que hoje trabalha na
Advocacia Geral da União (AGU) de São José dos Campos, São Paulo, não pôde ir a
Israel, mas encaminhou um trabalho, que apresentei, como coautor, sobre a película
AVATAR, de 2009, dirigida por James Cameron. É a história de um planeta
detentor de valioso mineral, onde vive uma tribo de humanoides, que acaba sendo
o principal obstáculo à mineração planejada por uma corporação privada vinda da
Terra. O tema é super atual porque trata justamente da exploração comercial de
recursos de corpos celestes, entre eles os asteroides. Vale a pena ver o filme
de novo para prestar atenção a esse problema.
# O Instituto Internacional de Direito Espacial decidiu
editar um “Annual Highlight Paper”, espécie de ensaio sobre um destaque anual.
E acertou na mosca ao escolher o tema da primeira edição: o Tratado do Espaço
de 1967, que completará 50 anos em 2017. Com um nome longo – “Tratado sobre
Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço
Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes” –, é o código maior do
espaço exterior e das atividades espaciais. Seu Artigo I estabelece a Cláusula
do Bem Comum, nos seguintes termos: “A exploração e o uso do espaço cósmico,
inclusive da Lua e demais corpos celestes, deverão ter em mira o bem e
interesse de todos os países, qualquer que seja o estágio de seu
desenvolvimento econômico e científico, e são incumbência de toda a
humanidade.” O pessoal que vê o espaço só como fonte de negócios costuma dizer
que tal princípio é apenas uma declaração moral, sem força jurídica. Essa visão
está em alta vertiginosa na cotação dos mercados globais.
# O Prof. Sergio Marquisio, que leciona na Universidade
la Sapienza, de Roma, e também dirige o Centro Europeu de Direito Espacial, com
sede em Paris, recebeu o Prêmio do Instituto Internacional de Direito Espacial
pelos Destacados Serviços Prestados ao Desenvolvimento do Direito Espacial e ao
Próprio Instituto. Ele vai proferir, por Skype, a Conferência Internacional
organizada pelo Núcleo de Estudos de Direito Espacial da Associação Brasileira
de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), em novembro próximo, em data ainda
por definir. Transmissão direta para os auditórios da SBDA, no Rio de
Janeiro (coordenada por mim), da Universidade Católica de Santos (coordenada
pelo Prof. Olavo Bittencourt), da Universidade do Oeste de Santa Catarina, em
Joaçaba (coordenada pelo Prof. Alexandre Dittrich Buhr) e de outras
instituições interessadas em entrar no circuito.
Tema da palestra: Por que o Direito Espacial é indispensável
no Século XXI.
# O Juri Simulado Manfred Lachs, competição entre grupos
de estudantes de Direito Espacial, tradicionalmente realizada pelo Instituto
Internacional de Direito Espacial desde 1992, foi vencida este ano, em
Jerusalém, pela equipe da Escola de Direito da Universidade do Mississipi, EUA.
O prêmio de melhor Expositor coube ao jovem Athanasios Plexidas, da Faculdade
de Direito da Universidade de Atenas, Grécia. As equipes da Nigéria e da Índia
foram semi-finalistas. O Juri Simulado sobre casos espaciais tem alcançado
grande sucesso nos Cursos de Direito dos EUA, Europa, Ásia e África. Nenhum
país da América Latina, inclusive o Brasil, entrou até hoje na competição. Tudo
indica que os motivos principais dessa não-participação são a ausência do
Direito Espacial no currículo das Faculdades de Direito e o fraco domínio do
inglês, língua em que se desenvolve a competição.
* Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito
Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de
Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA)
e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial
Brasileira (AEB).
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
Olá Duda,
ResponderExcluirEu estava lendo uma matéria sobre a MECTRON(deixarei o link abaixo) e numa parte do texto estava escrito assim: "Há poucas semanas atrás encerrou as atividades na área espacial devido a desativação do Programa do Lançador VLS.". Será que essa informação procede?
fonte: http://www.defesanet.com.br/bid/noticia/20612/ODT---A-NOVA-MECTRON/
abs,
Felipe Dias
Olá Felipe!
ExcluirEu já havia visto este artigo do site Defesanet e até o Pe, Paulo Giovanni havia também me chamado a atenção sobre o mesmo. Veja bem amigo, eu creio que o artigo esteja se referindo ao fim do contrato da empresa com o DCTA para o desenvolvimento e fabricação das redes elétricas (equipamentos eletrônicos de bordo) do VLS-1 VSISNAV, que agora esta sendo conduzido pela própria equipe do instituto, entende? Até porque o IAE precisa que essa missão seja realizada para assim não só qualificar o SISNAV, bem como a parte baixa (primeiro e segundo estágios) do veículo lançador, visando com isso queimar etapas no desenvolvimento do VLS Alfa. A verdade é que muito provavelmente o VLS-1 XVT-02 e o VLS-1 V04, não mais serão realizados, partindo (caso o vôo do VLS-1 VSISNAV for realmente realizado e com êxito) diretamente para o desenvolvimento do VLS Alfa. Entretanto isto é ainda uma suposição minha, pois tudo pode mudar no PEB em um passo de mágica graças a falta de uma política séria e da existência de políticos debiloides irresponsáveis com o poder de decisão.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Entendi. Realmente, eu estava achando estranho essa história "desativação do Programa do Lançador VLS", mas agora faz sentido o que você escreveu.
ExcluirObrigado,
Felipe Dias