Astrônomos Descobrem Estrela Dupla em Processo de Fusão
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (21/10) no site da “Agência
USP” destacando que um grupo
de cientistas que incluem brasileiros do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas
(IAG) da USP, acaba de descobrir estrela dupla em processo de fusão.
Duda Falcão
CIÊNCIAS
Astrônomos Descobrem Estrela
Dupla em Processo de Fusão
Por Antonio Carlos Quinto
Publicado em
21/outubro/2015
Foto: Very Large Telescope – ESO
Sistema é considerado pelos astrônomos como "super
raro"
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Grupo de
cientistas que incluem brasileiros do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas
(IAG) da USP, acaba de descobrir um sistema considerado “super raro” que é
composto de duas estrelas ligadas pela força gravitacional, com massas bem superiores
à do nosso Sol. O sistema denominado VFTS 352 foi localizado a aproximadamente
160 mil anos luz – cerca de 10 bilhões de vezes a distância entre a Terra e o
Sol, numa galáxia vizinha à nossa Via Láctea conhecida como a Grande Nuvem de
Magalhães. O artigo acaba de ser publicado no The Astrophysical Journal (Volume 812 issue
2 article 102).
De
acordo com o astrônomo Leonardo Almeida, atualmente pós doutorando do IAG, trata-se
de um sistema binário em overcontato e de alta massa. “Cada estrela tem cerca
de 29 vezes a massa do Sol”, estima o cientista, explicando que “o termo
overcontato indica que as estrelas já estão uma dentro da outra”. Devido a
isso, os pesquisadores acreditam que elas irão se fundir formando uma única
estrela com a massa combinada de 58 massas do Sol.
Os
resultados são baseados em dados do Very Large Telescope – ESO (Observatório
Europeu do Sul ) e foram frutos do estágio de Almeida no Space Telescope
Science Institute e na Johns Hopkins University nos Estados Unidos. “Nós temos
um projeto aprovado para observar esse objeto com o Telescópio Espacial Hubble.
Acreditamos que esses resultados serão extremamente interessantes para o
público em geral”, acredita o astrônomo, que é supervisionado em seu pós-doc
pelo professor Augusto Damineli, do IAG. Também participaram da descoberta
astrônomos que trabalham nos EUA, Europa e Chile.
Almeida
descreve que os cientistas consideram o sistema como “super raro” porque, na
literatura, existem apenas outros três descobertos. “É muito pouco, se
considerarmos o número de estrelas conhecidas hoje em dia. VFTS 352 é o mais
massivo e o mais quente encontrado até agora, por isso ele é o mais
interessante e importante desta classe”, avalia.
Futuro Emocionante
Segundo
o cientista, o fenômeno da fusão de duas estrelas de alta massa numa fase
inicial de sua vida nunca havia sido observado. Nesse cenário o sistema
descoberto deixará uma estrela de altíssima massa e com alta velocidade de
rotação e terminará sua vida numa das explosões mais energéticas e raras vistas
no universo, conhecidas como explosões de raios gamas de longa duração, e isso,
o cientista considera como um “futuro emocionante”. Nessas explosões ocorrem
jatos de raios gama direcionados e se algum planeta habitado, com
características semelhantes à Terra, estiver na direção desses jatos à uma
distância de bilhões de anos-luz, podem ocorrer problemas como, interrupções de
sistemas de telecomunicações e destruição da Camada de Ozônio”, avalia Almeida.
No entanto, esse fenômeno só vai ocorrer em milhões de anos e as chances de o
jato estar na direção da Terra é muito pequena.
A
observação representa uma grande descoberta para a Astrofísica Estelar. Isso
porque, a combinação das medidas feitas para as massas e temperaturas das
componentes violam a Teoria Clássica da Evolução Estelar. Isso pode indicar um
novo caminho evolutivo para as componentes do sistema, que poderá até evitar a
fusão na sua fase inicial. Assim, esse objeto constitui a evidencia mais
concreta de uma teoria super nova para a evolução das estrelas de alta massa.
Nesse cenário, VFTS352 terminaria sua vida como um sistema duplo de buracos
negros de curto período que é uma fonte intensa de ondas gravitacionais.
Almeida
acrescenta que esse tipo de sistema é super importante para o estudo da morte
de estrelas de grande massa, as que produzem os átomos com número de prótons
múltiplos de 4 (elementos alfa), entre eles o Oxigênio. O grupo tem mostrado
que a maioria, cerca de 70% dos sistemas binários de alta massa, interagem
fortemente e, aproximadamente 24%, irão sofrer um processo de fusão ao longo de
suas vidas. Além da publicação no The Astrophysical Journal, o descobrimento do
sistema também foi veiculado no site do Very
Large Telescope – ESO e na Revista Fapesp.
Fonte: Site da Agência USP
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