IAE Lançará o SARA Suborbital I Até Novembro
Olá leitor!
Com a proximidade do início da tão aguardada campanha de
lançamento da “Operação São Lourenço” o site oficial do Instituto Tecnológico
da Aeronáutica (ITA), postou recentemente uma nota com uma esclarecedora entrevista
com o Major Élcio Jerônimo de
Oliveira, pesquisador do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e coordenador
do Projeto SARA. Veja abaixo.
Duda Falcão
Notícias
IAE Lançará o SARA Suborbital I Até Novembro
Lançamento encerra a primeira fase do projeto
Satélite de Reentrada Atmosférica SARA Suborbital 1
ITA
O Instituto de
Aeronáutica e Espaço (IAE), instalado no Departamento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, deverá concluir, até novembro, a
primeira fase do projeto Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA), com o
lançamento do o SARA Suborbital I, com 290 kg, destinado a realizar
experimentos de microgravidade de curta duração (cerca de 8 minutos). O SARA
Suborbital I será lançado com um veículo de sondagem VS-40 modificado, a partir
do Centro de Lançamento de Alcântara (MA).
Idealizado na
segunda metade da década de 1990, o projeto SARA tem como objetivo o
desenvolvimento de um satélite orbital, destinado a operar em órbita baixa e
circular, a 300 km de altitude, a ser lançado a partir do Centro de Lançamento
de Alcântara com um veículo lançador de satélites a ser definido. A finalidade
é realizar experimentos em ambiente espacial por um período máximo de 10 dias.
O Major Élcio Jerônimo de Oliveira, pesquisador do IAE e coordenador do SARA,
dá mais detalhes do projeto.
O que é o SARA - Satélite de Reentrada
Atmosférica (SARA)? Quais são suas especificações e características?
SARA é o
acrônimo para Satélite de Reentrada Atmosférica e, portanto, é um projeto
destinado ao desenvolvimento e produção de um veículo espacial reutilizável que
realizará experimentos em órbitas baixas da Terra por um período de 10 dias. No
fim desse período, o módulo reentrará na atmosfera e será recuperado.
Nessa primeira
fase do projeto (SARA suborbital I) o módulo realizará apenas um voo suborbital
de aproximadamente 8 minutos, onde serão avaliados todos os sistemas do SARA.
Nessa missão, chamada de Operação São Lourenço, o SARA será lançado pelo
foguete VS-40M, já utilizado anteriormente em três missões.
O SARA
suborbital I tem dimensões de 1000 mm de diâmetro na base e 1800 mm de altura
(eixo principal), massa de 290 kg, sistema de controle de rotação a gás frio,
coifa com proteção térmica para a reentrada atmosférica, estrutura interna em
fibra de carbono, além de uma complexa rede elétrica que mantém seu
funcionamento durante toda a missão.
Quando teve início o projeto? Quais fases já
foram cumpridas e quais os principais desafios em cada uma delas?
O projeto SARA
surgiu no IAE na segunda metade da década de 1990, por iniciativa do
pesquisador do IAE, Paulo Moraes Júnior, ex-presidente da Associação
Aeroespacial Brasileira (AAB), falecido em julho de 2014. Mesmo com poucos
recursos no início do projeto, o Dr. Paulo estabeleceu as bases do que viria a
ser o SARA como é conhecido hoje. Entretanto, somente a partir de 2009,
sob a gestão do Dr. Luis Eduardo Loures da Costa, atualmente no ITA - Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, foram destinados os recursos
financeiros necessários para a construção do módulo que será lançado este ano.
Atualmente, o
SARA é um projeto estratégico do Comando da Aeronáutica e está dividido em
quatro fases: duas suborbitais e duas orbitais.
Com o lançamento
previsto para outubro/novembro de 2015, encerrar-se-á a primeira fase, ou seja,
o SARA suborbital I. Nessa fase temos como empresas parceiras a CENIC, que
gerenciou o contrato de desenvolvimento subcontratando as seguintes empresas:
Krypen, Dokimos, JDTH, ODT-MECTRON para a realização das diversas tarefas
inerentes ao projeto.
Até o presente
momento foram realizados os testes funcionais dos sistemas integrados e o
ensaio dinâmico de aceitação (EDA), estando o módulo pronto para o lançamento.
O principal
desafio da primeira fase está na obtenção das informações dinâmicas do módulo
durante o voo suborbital e a reentrada. Não obstante, por ser o primeiro da
série, temos, também, por objetivo primário, avaliar se todas as soluções de
engenharia adotadas no SARA I serão eficientes. Para as demais fases, temos
como principal desafio o desenvolvimento da tecnologia a ser utilizada no
controle da reentrada atmosférica.
Nesse lançamento, que tipo de testes são
realizados?
Nesse primeiro
voo serão realizados testes funcionais do módulo propriamente dito e de dois
protótipos que estão embarcados, sendo um GPS desenvolvido pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e uma unidade de medidas inerciais
desenvolvida no IAE.
O que é a carga útil de um foguete
suborbital?
Em linhas
gerais, a carga útil é todo e qualquer dispositivo ou sistema que é
transportado por um lançador e realizará alguma atividade ou missão específica.
No caso de veículos suborbitais, a carga útil abriga e executa experimentos em ambiente
de microgravidade, além de poder contar com uma eletrônica dedicada a atuar no
próprio veículo.
Do ponto de vista da inovação tecnológica,
qual a contribuição do projeto SARA ao Brasil?
Por definição,
na área espacial, satélite é um corpo celeste ou uma máquina que orbita um
planeta ou uma estrela. Na fase atual, que é suborbital, ou seja, o SARA não
orbitará a Terra, o projeto permitirá ao Brasil avaliar o conceito e dar um
grande passo rumo ao domínio da tecnologia de satélites que orbitarão a Terra
em curto período de tempo e em seguida executarão a reentrada atmosférica
controlada e serão recuperados. O projeto SARA tem um viés puramente
científico-tecnológico para aplicações em pesquisa espacial. Não existe nenhuma
linha relacionada à Defesa no desenvolvimento deste projeto.
Qual é o custo total do Projeto Sara? Quanto
já foi investido? Quem financia? Há recursos para a continuidade do projeto?
Antes de falar
em custo, precisamos entender bem o trabalho e a tecnologia que está por trás
deste projeto. Em primeiro lugar, toda a estrutura e eletrônica do SARA foram
desenvolvidas no Brasil, a exceção de alguns componentes específicos que não se
fabricam no país e precisaram ser importados. Explicando de forma sintética, a
Rede Elétrica (eletrônica) do SARA é composta de Rede de Serviços, Rede de
Controle, Rede de Telemedidas e Rede de Segurança. Cada uma dessas redes
executa uma atividade específica e possui seu próprio computador. Essas redes
são isoladas eletronicamente e a interconexão entre as mesmas é realizada por
meio de barramentos de dados.
Além da
complexidade da eletrônica, temos um sistema de controle por gás frio que
estabiliza o SARA eliminado rotações durante seu voo suborbital, uma estrutura
interna em fibra de carbono “honeycomb”, uma estrutura externa também em fibra
de carbono revestida com proteção térmica para suportar o aquecimento na
reentrada e um sistema de recuperação (paraquedas).
Todos esses
itens foram projetados, desenvolvidos e fabricados pela indústria nacional e,
portanto, temos os custos associados aos estudos, desenvolvimentos, testes,
produção de modelos de engenharia, modelos de qualificação e modelos de voo,
atendendo os requisitos necessários para a fabricação de veículos espaciais.
Considerando a visão sucinta apresentada dos subsistemas do SARA e sua
sequência de produção, se torna fácil entender o custo total do SARA que é da
ordem R$ 8.500.000,00. As fontes de recursos que suportaram essa fase do
projeto (SARA suborbital 1) foram a FINEP e a Agência Espacial Brasileira
(AEB). Estamos aguardando a confirmação se, no orçamento de 2016 da AEB, será
contemplado o suporte financeiro necessário para a continuidade do projeto.
Fonte: Site do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Comentário: Pois é leitor, considero o Projeto SARA como
um dos mais importantes e mobilizadores projetos em curso no PEB e se a sua
conclusão (finalização de todas as suas quatro fases) for realmente concluída com
dinamismo e competência (dentro de um prazo não maior do que oito anos),
colocará não só o Brasil em uma posição invejável entre as nações que dominam a
tecnologia de reentrada atmosférica, bem como dotará a comunidade científica do
país com uma plataforma fantástica para seus experimentos em ambiente de microgravidade.
Além disso, a existência operacional dessa pequena cápsula não tripulada
brasileira, poderá abrir novos horizontes tecnológicos para o PEB, caso evidentemente
haja VISÃO e COMPROMETIMENTO da classe de energúmenos responsáveis pelo poder
decisório do programa, coisa infelizmente improvável de acontecer. O próprio e
saudoso Dr. Paulo Moraes Junior, citado pelo Major Élcio Jerônimo de Oliveira na entrevista acima, já vinha
idealizando trabalhar (após sua aposentadoria do IAE) em um projeto de um
sistema de acoplagem para a futura SARA Orbital, permitindo que esta plataforma
pudesse assim acoplar-se com outros objetos em orbita. A UnB, por exemplo, já trabalha
na criação de um protótipo de motor-foguete híbrido de reentrada atmosférica para
ser utilizado pela futura SARA Orbital (veja aqui) e as possibilidades tecnológicas
são enormes (inclusive na área de Defesa, apesar do que disse o Major Élcio Jerônimo de Oliveira em sua entrevista),
caso realmente os desgovernos civis de energúmenos que prejudicam o
desenvolvimento de nosso país há décadas não continue com a sua trajetória de estupidez
exacerbada, algo que como já dissemos, no momento é bastante improvável de
acontecer.
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