Perdidos no Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de Setembro/2014
da “Revista Superinteressante” tendo como destaque o Programa Espacial
Brasileiro (PEB).
Duda Falcão
TECNOLOGIA
Perdidos no Espaço
Onze anos após o trágico acidente na base de lançamentos
de Alcântara,
o Brasil ainda caminha a passos lentos na corrida
espacial. Mas caminha
Por Débora Nogueira.
Revista Superinteressante
Edição Setembro/2014
Ilustração: Carlos Giovani
Em outro
mundo, o título deste texto poderia ser "Jornada nas Estrelas". Mas
tudo mudou às 13h30 de 22 de agosto de 2003, quando o Centro de Lançamento de
Alcântara, no Maranhão, foi palco de uma tragédia. Naquela data explodiu o
foguete VLS-1 três dias antes da decolagem prevista, matando 21 técnicos civis
e alterando radicalmente a história do programa espacial brasileiro. Foi
preciso dar vários passos para trás. Mas agora, aos trancos e barrancos, parece
que voltou a andar para frente. E, com sorte, para o alto e avante.
A
retomada inclui investimentos anuais de até R$ 1 bilhão no setor aeroespacial,
parcerias com potências emergentes e a especialização em lançadores de
satélites leves, nos quais somos campeões. Por outro lado, R$ 1 bilhão por ano
ainda é pouco comparado com outros países, um dos principais acordos envolve um
combustível polêmico e com a instável Ucrânia, e não conseguimos lançar os
lançadores que fabricamos. Mas, como diz o ditado, se você está perdendo, é
porque está no jogo.
O QUE ESPERAR
Investir
em espaço é poder, tecnológico e econômico [ver quadro "Para que serve um
satélite"]. As atividades espaciais movimentam mais de US$ 280 bilhões por
ano no mundo. O mercado espacial global cresce à média anual de 6%, graças ao
surgimento de novas demandas de aplicações e serviços espaciais. Mas, além de
não participar com destaque nesse mercado, o Brasil investe pouco. Em termos de
percentual relativo do PIB, o programa espacial brasileiro destina dez vezes
menos recursos que a Índia e 30 vezes menos que os EUA. A previsão de orçamento
da Agência Espacial Brasileira (AEB) para 2014 é de R$ 300 milhões.
"Chegamos a R$ 1 bilhão somando orçamentos de outros ministérios",
afirma o presidente da AEB, José Raimundo Coelho. Que pondera: "Nosso
programa vai lento, mas não há necessidade de sermos tão ágeis quanto Estados
Unidos e Europa."
A
baixa participação do Brasil nesse mercado e a tímida expertise tecnológica e
científica têm explicação em sucessivas políticas que não priorizaram esse
setor no País. O acidente de Alcântara em 2003 foi um grande baque. Além de
matar técnicos importantes, destruiu instalações e interrompeu o mais audacioso
projeto nacional na área, a construção do Veículo Lançador de Satélites (VLS).
Mas
ainda há o sonho de tornar Alcântara referência internacional para o lançamento
comercial de satélites. A localização privilegiada na linha do Equador permite
o uso máximo da rotação da Terra para impulsionar lançamentos com economia de
combustível de até 30%. Segundo o Instituto de Aeronáutica e Espaço, a
infraestrutura foi refeita, e faltam apenas ajustes para lançar o VLS-1 ainda
em 2014. Mas até o fechamento desta edição, em 19 de agosto, não havia
lançamentos previstos. De qualquer forma, ainda deve ser finalizado um local para
a decolagem do foguete Cyclone 4 - fruto de uma cooperação incomum.
PARCERIA POLÊMICA
Após a
tragédia de 2003, o Brasil formou um acordo com a Ucrânia para a produção de um
veículo capaz de lançar grandes satélites. O acordo é questionado: além de não
prever transferência tecnológica, sai caro - já custou R$ 500 milhões. A
tecnologia utilizada é outro ponto nebuloso. A Ucrânia usa métodos
ultrapassados e abolidos em grande parte do mundo para a propulsão do foguete.
O propelente hidrazina é altamente tóxico e um acidente poderia causar diversas
mortes e dano ambiental catastrófico. "Qualquer vazamento em algum dos
estágios já é complicado. É um material perigosíssimo", aponta o
engenheiro e astrônomo Othon Winter, da UNESP.
Outra
crítica é que a parceria com a Ucrânia acaba consumindo recursos que poderiam
ser empregados na retomada do projeto VLS-1, que inclui um foguete feito no
Brasil além de quatro satélites e seus lançamentos. O projeto movimentaria toda
a cadeia espacial do País. Na parceria com a Ucrânia, a construção do foguete é
feita lá e indústria e universidades brasileiras estão praticamente excluídos
do processo. "Por outro lado, poderíamos dar o triplo de dinheiro para o
DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), e eles devolveriam
mais da metade. Eles não podem contratar gente sem concurso, não podem comprar
equipamentos sem licitação internacional. Áreas como engenharia espacial
precisam de dinamismo e há muitos gargalos em empresas públicas", aponta
Winter.
Por
causa desses problemas burocráticos, a criação da Visiona, parceria
público-privada entre Embraer e Telebrás, é uma esperança. Além de não ter
entraves de licitação, a Visiona tem como objetivo que o Brasil compre e
gerencie um satélite. Seria uma novidade: hoje, o Brasil depende de satélites
gringos.
NO AR
Toda a
comunicação de dados, TV e telefonia brasileira passa pelo satélite da Star
One, subsidiária da Embratel, hoje controlada pelo mexicano Carlos Slim. O fato
de o Brasil não ter soberania sobre sua própria comunicação pode ter efeitos
desastrosos - em qualquer conflito, ele poderia ter sua posição alterada e
nossas comunicações seriam prejudicadas. Dependemos de aparelhos estrangeiros
para enxergar no espaço desde 2010, com a desativação do CBERS-2b (lê-se "Sibers"),
que monitorava o desmatamento da Amazônia. Seu substituto, o CBERS-3, foi
destruído durante seu lançamento no fim de 2013.
O
projeto CBERS faz parte de um acordo que o país tem com a China desde 1998 para
construção e lançamento de satélites de imagem. Com o acidente, o Brasil perdeu
quase R$ 300 milhões e agora corre contra o tempo para adiantar o lançamento do
CBERS-4 ainda em 2014. "Não vejo como uma perda, o Brasil desenvolveu,
testou, adquiriu know-how. Perdemos equipamento, mas ficamos com o conhecimento",
diz Winter, da engenharia da UNESP. A parceria com a China, emergente da
indústria aeroespacial, prevê ainda um satélite meteorológico.
PROMESSAS
Enquanto
isso, vivemos de previsões. Até 2018 estão previstos os lançamentos de mais
seis novos satélites estrangeiros que vão se dedicar também ao território
nacional. A Anatel deve ainda vender mais quatro posições orbitais, o que
possibilita aumentar a capacidade de banda larga no País nos próximos anos. O
Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) prevê o lançamento de cerca de
dez satélites até 2020. É esperar para ver.
Mas
também temos exemplos inspiradores. A empresa Opto, de São Carlos, no interior
de São Paulo, é apontada como uma das melhores do mundo em imagens do espaço. O
Laboratório de Integração e Teste (LIT) do INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) é apontado por especialistas como um centro de excelência
de conhecimentos e de infraestrutura. O foguete VSB-30, parceria
Brasil=Alemanha para lançamento de missões científicas, reina sozinho em seu
nicho. Em 2015 chega o VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélite), 100%
brasileiro.
O Brasil
fabrica bons foguetes. Mas não consegue lançá-los. É um começo?
Para que
serve um satélite
Investir em satélites e foguetes, além de ajudar a indústria de
alta tecnologia, setores de pesquisa científica e empregar milhares de pessoas,
influencia diretamente no cotidiano por causa de uma ferramenta poderosa: a
informação.
Localização
Mais eficiência no monitoramento de fronteiras terrestres e
marítimas, além de mapear desastres em zonas não populosas.
Meteorologia
Previsão do tempo e de safras agrícolas, coleta de dados
ambientais.
Segurança
Satélites são os melhores instrumentos para localizar veículos
roubados.
Comunicação
Levar celulares e banda larga a zonas remotas.
Evolução
O satélite é o cume de uma longa cadeia produtiva que injeta muito
dinheiro na economia.
Fonte: Site da Revista “Superinteressante” - http://super.abril.com.br
Comentário: Sabe leitor o que mais chamou a minha atenção em toda
esta matéria foi uma frase que segundo o texto foi de autoria do presidente da
Agência Espacial Brasileira (AEB), o Sr. José Raimundo Braga Coelho. Que este senhor
é um incompetente e um marionete colocado a frente de nossa Agência Espacial pelo
grupo da “Ogra”, não resta a menor dúvida quanto a isto, mas realmente é estarrecedor o
que este senhor disse e diante disso, antes de ser injusto trazendo aqui algo
que poderia ser uma pintura da revista, entrei em contato com a autora da
matéria para confirmar tanto a autoria como o seu conteúdo, ambos confirmados
pela jornalista. A pérola em questão dita pelo Sr. José Raimundo Braga Coelho foi a seguinte: “Nosso programa vai lento, mas não há
necessidade de sermos tão ágeis quanto Estados Unidos e Europa.”. Pois é leitor,
este senhor é tão incompetente que transmitiu nesta pequena frase as
verdadeiras intenções do desgoverno da “Ogra” perante o PEB. Não que
precisasse, pois só não enxerga quem não quer, mas enfim... Esta é a pessoa que
está a frente de nossa Agência Espacial e a “Ogra” agradece. Afinal sua conivência é útil e ajuda a manter seu emprego. Lamentável!
Tbm fiquei pasmo.
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