Caso ESO: Show de Ignorância Política
Segue abaixo um interessante
artigo escrito pelo jornalista Salvador Nogueira e postado ontem (12/02)
no “Blog Mensageiro Sideral” do site do jornal “Folha de São Paulo”, tendo como
destaque uma solicitação de retirada de pauta na Câmara Federal da votação do Decreto Legislativo que permitiria
a entrada do Brasil no ESO (Observatório Europeu do Sul) feita por um deputado energúmeno chamado
Fábio Garcia (PSB-MT).
Duda Falcão
MENSAGEIRO
SIDERAL
Caso ESO: Show de Ignorância Política
Por SALVADOR NOGUEIRA
12/02/2015 - 14h56
O deputado federal Fábio
Garcia, do PSB em Mato Grosso, andou fazendo marolinhas com a comunidade
astronômica na semana que passou ao solicitar a retirada da pauta da Câmara
da votação do Decreto Legislativo que permitiria a entrada do Brasil no
ESO (Observatório Europeu do Sul), a maior organização de pesquisa astronômica
do mundo.
Mais uma direto do país do Plunct-Plact-Zum.
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Caso a
votação saia mesmo da pauta, o acordo não pode ser aprovado pelo Congresso. Sem
aprovação, não pode entrar em vigor. E o agora oposicionista Fábio Garcia faz
um grande favor ao governo Dilma.
É verdade
que o plano para colocar o Brasil no ESO emanou do governo federal, em 2010, no
fim do segundo mandato do presidente Lula. Aliás, foi impulsionado pelo
celebrado ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende — por sinal atrelado
ao mesmo PSB de Garcia.
Mas na troca
de Lula por Dilma, o projeto deixou de despertar interesse do Executivo.
Mercadante passou pelo ministério e desprezou a iniciativa. Raupp empurrou com
a barriga. Campolina fez igual. E agora duvido que a comunidade astronômica
espere mais do esportista comunista Aldo Rebelo. (A propósito, você leu certo:
a presidenta teve quatro ministros da Ciência e Tecnologia em quatro anos. É
mais uma dica de quanto apreço ela tem pela área.)
Talvez
valesse ao deputado Garcia perder quinze minutos de seu precioso tempo batendo
um fone para o ex-ministro Rezende, a fim de entender o “causo”.
FACILITANDO PARA O GOVERNO
Ao retirá-lo da pauta de votações, o deputado faz um
agrado involuntário à já atribulada presidenta, que pode alegar que a oposição
derrubou o acordo, em vez de ter de assumir o ônus de ter literalmente dado um
chapéu na organização europeia. Pois desde 2010, quando o acordo foi assinado
pelo governo federal, os europeus têm concedido o uso de todas as instalações
de pesquisa do ESO aos astrônomos brasileiros. Se você visitar a página do ESO
na internet, a bandeirinha do Brasil está lá. Se demorarmos um pouco mais, eles
vão cansar de esperar.
Já viu este filme? Eu já. Aconteceu com a Estação
Espacial Internacional. O Brasil entrou no projeto. Custo: US$ 120 milhões. Tem
ladrão na Petrobras devolvendo mais dinheiro que isso hoje em dia. A NASA de
pronto cumpriu a parte dela, treinando para voo nosso solitário astronauta,
Marcos Pontes. Tinha bandeirinha brasileira na estação espacial também. Mas o
governo gastou uma década enrolando, negociando, tergiversando e não entregou
um parafuso sequer. Chegou um ponto em que os parceiros internacionais não
podiam esperar mais. Contrataram as partes brasileiras nos Estados Unidos e nos
mostraram a porta da rua.
A história se repete, no eterno país do futuro. Não
pretendo entrar no mérito da discussão dos benefícios e malefícios da adesão do
Brasil à estação espacial ou ao ESO (eu, particularmente, acho que os dois
teriam sido vantajosos para nós). Questiono por que temos de ser tão
irresponsáveis, assinando acordos primeiro e discutindo seu mérito só depois?
Porque a cada nova gestão, o governo precisa questionar tudo que foi feito ou
pautado pelos predecessores?
Quando o ESO empacou, em 2011, eu já previa que o fim
seria o mesmo da estação espacial. Infelizmente, a profecia está se
confirmando.
Quanto ao aparecido da vez, o deputado Fábio Garcia, veja
o que ele diz em sua página no Facebook:
“Solicitamos a retirada de pauta de um acordo que o
governo federal fez com a União Europeia que faria o Brasil gastar 800 milhões
de reais com pesquisa astronômica. Os astros que precisam ser enxergados no
Brasil é o povo brasileiro que sofre com a ausência de saúde, educação e
segurança pública de qualidade! Tamojunto!”
Ignoremos por um momento o erro crasso de concordância
para analisar o falso antagonismo criado pelo ilustre deputado. Ciência é
inimiga da saúde, da educação e da segurança pública de qualidade?
Sem uma estrutura acadêmica de pesquisa compatível com o
tamanho do Brasil, de que adiantará formar doutores às pencas num sistema
educacional forte? Talvez o deputado compartilhe da opinião da presidenta, que
sugeriu em um debate a uma economista pós-graduada que fizesse um curso técnico
do Pronatec para conseguir recolocação profissional, neste incrível Brasil do
sub-emprego pleno.
E outra: como encorajar a molecada a estudar se não há
futuro na pesquisa brasileira? O ministro Sergio Rezende enxergava que a
astronomia é uma das portas de entrada da criançada para o mundo da ciência, e
é preciso dar algo que possa inspirá-las. Mesmo que elas acabem se tornando
médicas, engenheiras e, por que não?, políticas, as novas gerações precisam
saber que o Brasil dá condições para que sua população possa perseguir seus
sonhos, estejam eles onde estiverem — aqui, na Lua, em Marte ou na galáxia de
Andrômeda.
Eu fico intrigado em saber como o deputado Garcia
pretende tirar a verba federal que seria alocada para a entrada do Brasil no
ESO e aplicá-la em segurança pública, que é da esfera estadual. Ele tem um
plano? E quantos meses de segurança pública ele consegue bancar com 800 milhões
de reais? Ele fez a conta?
E sobre a saúde, teremos alguma chance de dar condições
dignas de atendimento ao cidadão brasileiro com 800 milhões de reais? Ele sabe
qual é o orçamento anual do Ministério da Saúde?
Ah, como é maravilhoso o discurso político. Um discurso
para os ignorantes. Fábio Garcia, político de carreira e ex-secretário de
governo da prefeitura de Cuiabá, teve pouco menos de 105 mil votos. O
astronauta Marcos Pontes, em sua primeira eleição, sem nunca ter ocupado um
cargo por indicação política, teve cerca de 44 mil votos — e não foi eleito.
Mas em qual deles teríamos alguém mais habilitado para julgar o mérito de um
projeto como esse e capitanear o processo na Câmara?
Somos o país que elegemos ser. Enquanto isso, fica o
recado aos parceiros internacionais: o Brasil não é confiável. Se você for
esperto, fique longe de nós. É triste, mas é a verdade.
EM TEMPO: Criaram um abaixo-assinado para ilustrar o caríssimo deputado. Se
você concordar, não deixe de incluir seu nome.
Veja o artigo original clicando no link: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/02/12/caso-eso-show-de-ignorancia-politica/
Fonte: Jornal “Folha de São Paulo” - 12/02/2015
Comentário: Pelo que parece o jornalista Salvador
Nogueira resolveu aumentar o tom de seus artigos com relação aos desmandos
desse desgoverno desastroso, mas ainda em nossa opinião de forma tímida. Minha
vozinha costumava dizer: “respeito meu neto é algo que se conquista e não algo
que se compra ou que se ganha de graça”, portanto já passou da hora da mídia do
país bater pesado nesta debiloide e em seus energúmenos de plantão. Na verdade
poderíamos viver no país onde pessoas mal intencionadas como este senhor ou ficavam
fora da política ou deveriam estar presas virando meninas e meninos dos machos e
fêmeas alfas do sistema carcerário brasileiro. Não se engane como o autor do
artigo, este deputado não tem nada de ignorante, ele certamente foi orientado a fazer
isto por motivos óbvios. A história da humanidade demonstra que os bons exemplos geram sociedades
mais comprometidas com o futuro de seus países, mas infelizmente para nós a
nossa sociedade é cheia de maus exemplos, vícios, privilégios absurdos e estupidez
generalizada, e como resultado disto produzimos uma classe política condizente
com toda esta situação. Dilma não é o problema, mas sim o resultado até o
momento (e vai piorar) do caminho sociocultural adotado pela nossa Sociedade de
Piratas. Ou se faz uma revolução sócio cultural e de educação de qualidade neste
país baseada na consciência de patriotismo e de cidadania, na moral e nos bons costumes, ou então continuaremos produzindo políticos como Collors, Itamas, Cardosos,
Lulas ou piores. Exemplo: debiloides como a “Ogra”. Já se fala até em impeachment, um movimento que o Blog não acredita que resultará em algo de concreto,
mas mesmo que resulte na saída desta energúmena do governo, isto por si só não
resolverá os problemas do país, nem mudar a cultura política dessa classe de
energúmenos, pode até piorar, já que simplesmente ela será substituída pelo o
vice-presidente Michel Temer, este formado na mesma escola política da “Ogra”.
A situação de nosso país leitor é temerária e sinceramente não vejo luz no fim
do túnel. O Brasil infelizmente irá colher o que esta plantando. Aproveitamos para agradecer ao leitor Ricardo Melo pelo envio deste artigo.
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