O Setor Espacial Contribui Para Agregar Tecnologia, Oportunidades e Desenvolvimento Integral, Aponta Presidente da AEB
Olá leitores e leitoras do BS!
Por Duda Falcão
Recentemente o Sr. Carlos Moura, o até então inexpressivo presidente de
nossa Agência Espacial de Brinquedo (AEB), concedeu uma entrevista ao
jornalista 'Gil Maranhão', publicada que foi na edição dos dias 1, 2 e 3 de janeiro
de 2022 e o qual transcrevo na íntegra abaixo para vocês.
Nesta entrevista, o presidente da AEB faz uma retrospectiva das
atividades espaciais governamentais em 2021, destacando na visão dele os
avanços no agora denominado Centro Espacial de Alcântara (CEA), entre outros
assuntos, além de abordar o cenário previsto para as atividades espaciais
governamentais em 2022.
Bom, na verdade caros leitores o Sr. Carlos Moura, apesar de fazer um
relato fiel sobre um ano positivo (se levamos em conta os pífios anos
anteriores) tentou passar nesta entrevista do
Jornal Pequeno de São Luís para toda Sociedade Brasileira uma imagem ‘azul’ do
nosso histórico e cambaleante ‘Patinho Feio’, quando na realidade a grande
maioria do que foi realizado de mais positivo no ano passado, foi fruto de anos
de recursos financeiros investidos por diversos (des)governos em projetos que se
alongaram por décadas, sendo um dos grandes exemplos, o próprio Satélite Amazonia-1 / Plataforma Multi Missão - PMM,
uma novela de mais de 20 anos que teve o seu capitulo final (felizmente bem sucedido,
imagine a vergonha que não seria se fosse o contrario e por pouco isso não
aconteceu como foi relatado à época nos artigos do Prof. Rui Botelho – veja aqui
e aqui), finalizado em sua gestão.
Outra coisa destacada como positiva pelo bom orador e marqueteiro
presidente da AEB, foi o teste em banco do motor foguete sólido S-50, um fato
inquestionável, não resta dúvida, porém ocorrido com dois anos de atraso devido
a uma 'tremenda barberagem’ (talvez sem precedentes na história do PEB - carece estudos) cometida pela empresa contratada (veja aqui),
e que poderia ter gerado um acidente certamente de proporções catastróficas
para as instalações da Usina Coronel Abner (UCA)’, não fosse os rígidos protocolos de segurança realizados
pela equipe dessa unidade de testes, impedindo que um motor trincado fosse assim acendido em
suas instalações, ufa. Amenizado irresponsavelmente o fato na época pelo corporativista
presidente da AEB, o ocorrido não só atrasou ainda mais os planos relacionados
com o foguete VS-50 e o próprio VLM-1, como também deu um prejuízo enorme ao erário, já que o tal motor trincado foi pro lixo. Quem leitores pagou
essa conta pela incompetência da Avibras??? Vale lembrar que no contrato
assinado em dezembro de 2016 por esta empresa, constava o desenvolvimento de ‘oito
motores S-50’ (veja aqui), sendo que os motores 1 e 2 seriam para ensaios de engenharia (ensaios estrutural e de ruptura), os 3 e 4 seriam utilizados para queima em banco de testes para validação em solo
(respectivamente o que trincou
e o testado com êxito no ano passado), os 5 e 6 seriam utilizados para validação, durante os voos de dois veículos
VS-50 e os 7 e 8 seriam os motores de voo da primeira versão do VLM. Em outras palavras, com
a perda do terceiro motor, pelo contrato assinado o IAE só poderá realizar agora
um voo de qualificação deste motor S50, tudo ou nada (utilizando apenas um
foguete VS-50), ou então o IAE terá de assinar um outro contrato com esta
empresa (o VLM é composto por dois motores S50 montados um sobre o outro,
acrescido de um motor de apogeu no terceiro estágio que muito provavelmente será o motor S44
produzido pelo próprio IAE), isto caso a Avibras não tenha assumido o prejuízo
causado por ela no terceiro motor, responsabilidade esta nada comum de ser assumida entre aquelas empresas apadrinhadas
pelo governo.
Pois então, poderia aqui citar leitores outros fatos que comprovam que o
PEB vem sendo gerido por gente no mínimo incompetente (vamos ficar no mínimo, rsrsrsrs),
como por exemplo, o atraso de pelo menos um ano causado pelo próprio IAE na
realização da ‘Operação Cruzeiro’, fora o que também foi apresentado aqui no BS
pelo ‘Prof. Rui Botelho’ em seus artigos durante todo o ano de 2021. No entanto,
apesar de tantos erros, alguns avanços nas atividades espaciais governamentais no
ano passado estão verdadeiramente na conta deste governo e que eu destacaria.
Se não vejamos:
* A assinatura do
acordo que coloca o Brasil entre os países que colaborarão com o Programa
Artemis da NASA
* A articulação
interministerial para o esforço conjunto em torno da implantação do novo
Centro Espacial de Alcântara (CEA)
É pouco? Sem dúvida amigos leitores, mas devemos dar a ‘Cesar o que é de César’, e leitor,
se juntarmos as ações e produtos iniciados por outros (des)governos que só foram finalizadas ("caíram no colo dessa gestão") agora (Acordo de Salvaguardas Tecnológicas - AST, Amazonia-1 / PMM, NanosatC-Br2, entre outras), dentro do que se pode
esperar da administração publica no Brasil, o conversador presidente da AEB está certo em
afirmar que foi um ano positivo para as pífias atividades espaciais do país, mas na verdade bem aquém do que poderia ter sido.
Entretanto antes de finalizar e apresentar a entrevista na integra do
presidente da AEB, quero aqui chamar a atenção de vocês para a segunda pergunta
desta entrevista. Notem que apesar da pergunta direta e objetiva do jornalista ‘Gil
Maranhão’, em momento algum o presidente da AEB responde de fato ao seu questionamento.
Ele, enrola, enrola, enrola apresentando choros históricos do que precisa fazer
e não responde ao questionamento do jornalista. Este caros leitores é o perfil do
presidente da nossa gloriosa Agência Espacial de Brinquedo (AEB). Que mais se
pode esperar desse órgão?
NACIONAL
Entrevista
O Setor Espacial Contribui Para Agregar Tecnologia, Oportunidades e
Desenvolvimento Integral, Aponta Presidente da AEB
Carlos Moura faz uma retrospectiva do trabalho da Agencia Espacial
Brasileira, em 2021, em especial, aos avanços no Centro Espacial de Alcântara,
e fala do cenário para 2022
Por Gil Maranhão
01, 2 e 3 de janeiro de 2021
Fonte: Jornal Pequeno - https://jornalpequeno.com.br
Foto: Sargento Bruno Batista/FAB
As restrições impostas pelo segundo ano da pandemia do coronavírus e
mesmo os cortes feitos no orçamento da ciência e tecnologia não pararam os
projetos e a programação do Programa Espacial Brasileiro e para 2022 há novas operações
em curso. "Como o setor espacial é intensivo em mão de obra de alta qualificação,
esperamos fortemente superar essa frase restritiva", disse, otimista, o
engenheiro Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB),
ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). "A
engenharia brasileira é destaque por criatividade e dinamismo. Precisamos
investir mais, abrir concursos públicos, fomentar negócios no País e no
exterior", afirmou em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno em Brasília.
Os lançamentos de satélites ocorridos em 2021 -- como o Amazônia 1; as operações
no Centro Espacial de Alcântara (CEA); o promissor segmento de nano e
microssatélites; as parcerias com instituições no Maranhão para o
desenvolvimento integrado; o trabalho com universidades, institutos de pesquisa
e inovação e empresas tradicionais e startups; e o cenário do Programa Espacial
Brasileiro para 2022 são discorridos pelo presidente da AEB na entrevista que
segue.
JORNAL PEQUENO - Como o senhor avalia o ano de 2021 no âmbito do Programa Espacial
Brasileiro?
CARLOS MOURA - Tem sido de muita superação e de gratas conquistas. O satélite Amazônia
1 foi lançado e está operando a contento. Sua base, a Plataforma Multimissão,
qualificou-se no espaço e estará disponível para outros projetos. Tivemos, pouco
depois, o lançamento do nanossatélite NanoSatBr-2, e diversos outros projetos estão
em desenvolvimento no País. Há universidades, institutos de pesquisa e de inovação,
empresas tradicionais e startups atuando nesse promissor segmento de nano e
microssatélites. É o caso da Constelação Catarina, um programa setorial que
buscará, com o apoio de sistemas espaciais de baixo custo, promover soluções
inovadoras para defesa civil, a agricultura e diversas outras aplicações
No que tange a acesso ao espaço, ocorreu o teste em banco do maior motor
foguete já produzido no Brasil: o S-50. Foram doze toneladas de propelente
queimando em pouco mais de 84 segundos. Um marco para nossa engenharia e nossa indústria.
Seguiremos, assim, no desenvolvimento de nosso lançador de satélites. Juntando-se a isso, o experimento de
hipervelocidade com o 14X, impulsionado, a partir do espaçoporto de Alcântara,
por um acelerador derivado do exitoso veículo VSB-30, coroou o mês de dezembro.
Estamos na linha de frente da pesquisa!
Na manhã de Natal, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno
participou do histórico lançamento do telescópio James Webb, rastreando o
transportador Ariane 5, exatamente nas fases criticas de seu acesso ao espaço.
Foi uma contribuição que ratifica o profissionalismo dos profissionais
brasileiros, homens e mulheres que, há décadas, contribuem para o progresso da
atividade espacial. Há, portanto, muito de que nos orgulhamos. E, de certo,
muito mais a fazer!
JP - O que a AEB programou para este ano que não aconteceu?
CM - Temos o desafio de engajar mais nossa indústria no mercado espacial
mundial. Isso abrirá oportunidades para que nossos profissionais, formados em
diversas instituições pelo país, possam desenvolver suas competências. A
engenharia brasileira é destaque por sua criatividade e dinamismo. Precisamos
investir mais, abrir concursos públicos, fomentar negócios no país e no
exterior.
JP - O corte de recursos para áreas da Ciência e Tecnologia afetou algum
projeto em curso na AEB e parceiros?
CM - Espaço é mais que ciência e tecnologia. Na era do chamado "new
space", há uma contínua e crescente tendência de cada vez mais se usarem
serviços providos por sistemas espaciais para apoiar atividades públicas e
privadas existentes, para promover novas facilidades, para gerar novos
negócios. Portanto, mesmo com as restrições gerais que temos enfrentado --
mormente devido à crise sanitária -- temos conseguido buscar alternativas e
apoiar iniciativas inovadoras. Como o setor espacial é intensivo em mão de obra
de alta qualificação, esperamos fortemente superar essa fase restritiva. Os
investimentos públicos associados aos privados são a chave para que tenhamos um
setor espacial pujante, que atenda não apenas nossas demandas internas, mas que
se insira, de forma competitiva, nas cadeias de valor globais.
JP - Qual o cenário para 2022?
CM - No tocante do CEA e região, esperamos que os planejamentos comecem a
produzir os resultados palpáveis que todos almejamos. Seja nas operações com as
empresas espaciais, seja nas melhorias de infraestrutura urbana e
metropolitana. São Luís é região têm importante papel logístico no Arco Norte
brasileiro. O setor espacial é um dos contribuintes para que agreguemos
tecnologia, oportunidades e desenvolvimento integral. Confiamos na capacidade
das instituições públicas, da academia, do empresariado e de todos os
maranhenses que desejem ver sua terra tão gloriosa no presente quanto sua rica
historia e cultura.
Nos demais segmentos, há muito a se fazer. Temos nanossatélites a
concluir e lançar. Motores e plataformas a testar. Processos de licenciamento e
autorização a refinar. Desenvolvimentos em nossas rotas tecnológicas a eliminar
gargalos em nossa autonomia tecnológica. Será, sem dúvida, um ano de respirar
fundo, arregaçar as mangas e mostrar que, com capacidade e muita dedicação,
honraremos toda a confiança e recursos que o povo brasileiro nos confiar.
Salve, Professor Rui e colegas, esse contrato foi publicado?
ResponderExcluirEm que pese os altos riscos nessa empreitada, uma cláusula com verificação de erros pelos laboratórios (com devolução do produto e aplicação de multa) incentivariam muito uma empresa a não entregar produto ruim. Empresa séria toparia sem pestanejar. Vai saber...