Conheça o Projeto 14-X, de Tecnologia Hipersônica, Desenvolvido Pela FAB

Olá leitores e leitoras do BS!
 
Por Duda Falcão
 
Dias atrás (09/01) o site da CNN Brasil publicou uma interessante matéria tendo como tema o Projeto 14-X de tecnologia hipersônica (veja na sequência) que está em desenvolvimento pela Força Aérea Brasileira (FAB), projeto este que em meados de dezembro do ano passado teve o seu primeiro voo teste realizado com sucesso durante as atividades da "Operação Cruzeiro".
 
Entretanto amigos leitores, apesar de muitos estarem otimistas com os resultados alcançados por este experimento 14-X S, é preciso lembrar que este é um projeto de VANGUARDA, sendo este apenas o primeiro dos quatro testes previstos neste projeto, que desde o seu inicio (no agora distante ano de 2007) já se foram 14 anos.
 
Fonte: IEAv
Programação do Projeto 14-X divulgada pelo IEAv em novembro de 2019.

Vale lembrar que segundo a previsão inicial (veja na imagem acima) divulgada pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv) no finalzinho da gestão do competente e inquieto 'Cel. Av. Lester de Abreu Faria' (já na reserva), este primeiro voo deveria ser realizado no segundo semestre de 2020, para então o segundo ser realizado em 2023, o terceiro em 2026 e o quarto em 2029, quando estão a humanidade já estará se preparando para a sua primeira grande jornada interplanetária, ou seja, a viajem ao planeta Marte.
 
Pois então amigos leitores, não precisa ser um especialista para perceber que esta programação deixada a época da gestão do Cel. Lester já foi para as cucuias, e tudo começou pela falta de comprometimento do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) que não cumpriu o prazo esperado (a entrega da parte que lhe cabia, ou seja, o foguete VSB-30 modificado para esta missão, o chamado Veículo Acelerador Hipersônico - VAH), seja por falta de competência (o que sinceramente não acredito), por falta de recursos financeiros ou humanos (algo bem possível) ou por qualquer outra questão. O fato é que, a parte que cabia ao IEAv (o experimento 14-X S) estava pronto para voar no final de 2020 e teve então de ficar aguardando por dois anos a preparação do Foguete VAH pelo IAE.
 
Vale aqui lembrar aos nossos leitores que o Programa Hipersônico do IEAv é financiado pelo Ministério da Defesa (MD), e sendo assim, o experimento 14-X S foi preparado com recursos disponibilizados pelo MD. No entanto, mesmo sendo o Instituto de Aeronáutica é Espaço (IAE) uma instituição ligada a DCTA como o próprio IEAv (em outras palavras, todos eles ligados ao Ministério da Defesa), as missões e projetos de foguetes do IAE são financiados pela a gloriosa Agência Espacial Brasileira (AEB) através de recursos disponibilizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e não do MD como os nossos leitores poderiam imaginar.
 
Diante disto, ficam algumas perguntas:
 
1 - Porque o IAE não desenvolveu o foguete VAH paralelamente ao desenvolvimento do experimento 14-X S?
 
2 - Diante de uma barbeiragem como esta, qual é a real expectativa para a continuidade deste projeto dentro de uma programação que garanta a não obsolescência do mesmo?
 
Enfim leitores, a verdade nua e crua é que enquanto tivermos gestores dando as cartas no PEB como os atuais, incompetentes e sem comprometimento com as atividades espaciais realizadas pelo governo, jamais seremos de verdade uma nação espacial respeitada. Diante disto, curta então as conquistas realizadas pela nossas pequenas startups, como a da PION Labs, empresa esta que estar bem próxima de lançar o seu primeiro satélite no espaço. Em breve vocês poderão acompanhar essa história pelo BS.
 
BUSINESS
 
Conheça o Projeto 14-X, de Tecnologia Hipersônica, Desenvolvido pela FAB
 
Projeto PropHiper da Força Aérea Brasileira pode garantir ao Brasil o domínio da tecnologia de motores scramjet para impulsionar veículos hipersônicos
 
Por Thiago Vinholes
Colaboração para o CNN Brasil Business
09/01/2022 às 04:30
 
Foto: Divulgação
Concepção artística do veiculo hipersônico brasileiro-meta e atingir 12.000 km/h.

Por definição, veículos supersônicos são aqueles capazes de alcançar qualquer velocidade acima de Mach 1 (1.235 km/h) até Mach 5 (6.175 km/h).
 
Além dessa faixa entramos na zona hipersônica, um território que está sendo explorado por pesquisadores brasileiros do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira (FAB).
 
No último dia 14 de dezembro, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no estado Maranhão, sediou o lançamento do primeiro veículo com motor hipersônico aspirado (scramjet na sigla em inglês) construído no Brasil, o demonstrador 14-X S.
 
O teste foi uma etapa do projeto Propulsão Hipersônica 14-X, batizado assim em homenagem ao 14-Bis de Alberto Santos Dumont que voou em 1906.
 
Porém, enquanto o avião de Santos Dumont contava com um motor de meros 50 hp de potência que permitiu um voo a cerca de 30 km/h, o propulsor scramjet do 14-X S gera em torno de 5.000 hp e alcançou uma velocidade próxima a Mach 6 (seis vezes a velocidade do som) logo no primeiro teste de voo do projeto, iniciado pela FAB em 2008.
 
Foto: Divulgação
Demonstrador 14-XS: modelo testou a combustão supersônica do motor scramjet.

A velocidade de Mach 6 alcançada pelo 14-X S, no entanto, é apenas uma fração do potencial dos motores scramjet.
 
De acordo com FAB, o sistema em desenvolvimento no Brasil será capaz de voar a Mach 10 (cerca de 12.000 km/h). Como comparação, o Concorde, o último avião comercial supersônico, voava a cerca de Mach 2.04 (2.179 km/h).
 
“Nesse primeiro ensaio em voo, o objetivo foi o estabelecimento das condições de partida do motor scramjet, isto é, a validação em ambiente relevante das condições em que se observa a ocorrência do processo de queima de combustível pelo motor scramjet, conhecido como combustão supersônica”, informou a FAB em contato com o CNN Brasil Business.
 
O projeto prevê pelo menos mais três ensaios de voo nos próximos anos para demonstrar o funcionamento e rendimento do motor scramjet brasileiro. Na última etapa, chamada 14-XWP, a FAB espera ter um veículo hipersônico autônomo totalmente funcional, com capacidades de controle e manobra.
 
Motor Relativamente Simples
 
Diferentemente de motores a jato, o scramjet não possui partes móveis, como compressores e turbinas que comprimem o ar nas câmaras de combustão. Esse tipo de propulsor também dispensa sistemas de ignição.
 
Em vez disso, a queima da mistura de combustível e ar ocorre pelo calor na câmara de combustão, que esquenta por força do atrito gerado pela passagem do ar em alta velocidade. De certa forma, o motor hipersônico tem uma concepção relativamente simples. O difícil é fazer ele funcionar.
 
Foto: Divulgação
Comparativo entre um motor a jato convencional e o scramjet, que não possui partes moveis.

O motor hipersônico só “liga” em velocidades altíssimas, pois somente desta forma ele consegue aspirar a quantidade massiva de ar necessário para realizar a combustão supersônica.
 
Por isso, é comum que veículos hipersônicos tenham dois estágios de propulsão, sendo o primeiro normalmente um foguete convencional que acelera o conjunto até o ponto ideal de acionamento do scramjet, onde ocorre a separação.
 
O protótipo 14-X S testado no CLA, por exemplo, foi acoplado a um Veículo Acelerador Hipersônico, baseado no foguete de sondagem VSB-30, construído no Brasil pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço.
 
O conjunto voou até a faixa dos 30 km de altitude, onde ocorreu a separação e em seguida a ignição do scramjet, que continuou acelerando até esgotar o combustível (no caso hidrogênio) e alcançar uma velocidade próxima de Mach 6, a cerca de 50 km de altitude.
 
Segundo a FAB, o demonstrador atingiu o apogeu de 160 km (acima da linha de Kármán, a “fronteira” entre a Terra e o espaço), percorrendo um total de 200 km de distância, e caiu numa área segura no Oceano Atlântico.
 
“O scramjet apresenta vantagens como ganho de espaço de carga útil, redução do peso total de decolagem e da quantidade de combustível necessário para a operação da aeronave de aplicação civil ou militar em velocidade hipersônica”, relatou a FAB à reportagem.
 
Aplicações Para o Scramjet
 
Motores scramjets são propostos para um dia impulsionarem os “aviões espaciais”, espaçonaves que serão capazes de decolar da Terra, viajar até o espaço e retornar, algo que os Ônibus Espaciais da Nasa faziam no passado, mas com custos muito menores. A motorização também é sugerida para aviões comerciais hipersônicos, previstos para o fim do século 21.
 
Por ora, a tecnologia scramjet está começando a surgir em mísseis de cruzeiro hipersônicos, um tipo de armamento que deve reformular completamente as doutrinas de defesa e ataque nos próximos anos.
 
Motores hipersônicos também já foram testados em drones, que no futuro podem servir como aeronaves de espionagem ou mesmo de combate.
 
Os países mais avançados em pesquisas na área hipersônica são a China, Estados Unidos e Rússia, com projetos de mísseis e aeronaves não tripuladas com motores scramjet.
 
A tecnologia também está em desenvolvimento para aplicações militares na Austrália, França e Japão. O Brasil é o membro mais recente deste seleto grupo de nações que estudam o voo hipersônico.
 
Questionada sobre quais utilizações o veículo hipersônico brasileiro pode ter, a FAB respondeu que o “objetivo do projeto é essencialmente garantir o domínio da tecnologia” do motor scramjet.
 
Seja qual for a escolha de sua aplicação, o resultado final do projeto 14-X será a máquina mais rápida projetada e construída no Brasil.

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