Startups Espaciais BR - Expectativas Para 2022 e Além - Parte 2

Olá leitores e leitoras do BS! 
 
Por Duda Falcão

Na madrugada do dia 11/01, estando sem sono e ainda extasiado com o feito da Pion e o lançamento do seu PION-BR1 (veja aqui), levantei cedo da cama sem ter nada pra fazer e pensei comigo: " 'Cara pálida', deixe de preguiça, se mexa, tá na hora de você dar inicio a segunda parte do artigo 'Startups Espaciais BR - Expectativas Para 2022 e Além' (reveja aqui a primeira parte). Afinal amigos leitores, já de viajem marcada pra Santa Catarina, o meu tempo era bem curto e minha ideia era postar este artigo antes de viajar, pois só voltarei para minha bela Salvador no final de janeiro. 
 
Diante disto amigos leitores do BS, sem ainda ter exatamente uma noção do que faria, comecei então a pensar quantas e quais Startups eu deveria abordar nesta segunda parte do artigo e resolvi escolher cinco delas, todas ligadas a esta grande iniciativa conjunta denominada de 'Aliança das Startups Espaciais Brasileiras (ASB)' (https://sites.google.com/view/aliancaespacial), uma organização formada por pequenas, dinâmicas e eficientes empresas espaciais do país que estão lutando para mudar a cara desta velha senhora, obesa, preguiçosa, oportunista e incompetente. Afinal amigos leitores, quando um barco está a deriva, novos lideres se fazem necessário, e assim a ASB surge como uma alternativa privada que diferentemente dos players governamentais, está realmente comprometida em mostrar resultados concretos para Sociedade Brasileira.
 
 
Assim sendo, enquanto as ações em prol do 'News Space' no Brasil do tal ministro astronauta e do seu escudeiro, o inexpressivo e marqueteiro presidente da nossa Agência Espacial de Brinquedo (AEB), ficam limitadas a entrevistas cheias de fantasias e de relatar fatos ligados ao que já ocorre nesta área mundo a fora, startups como a 'CRON Sistemas e Tecnologia LTDA' (link: https://www.cronsistec.com.br) uma empresa de São José dos Campos-SP (em minha modesta opinião uma outra ‘joia’ do setor de startups espaciais do país), vem trabalhando firme no desenvolvimento de novos produtos, sendo esta a primeira das startups que escolhi para abordar nesta segunda parte do nosso artigo.
 
 
Criada em Maio de 2015 para o desenvolvimento de missões espaciais com o uso de cube e nano satélites, por profissionais oriundos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), todos eles com grande experiência em projetos de tecnologia nestas instituições e em seu gerenciamento e relações industriais, a CRON iniciou suas atividades se dedicando a especificar subsistemas, plataformas, estações de solo e contratos para lançamentos de cubesats nacionais. Nesta época atuou em parceria com a empresa holandesa de cubesats ‘ISISpace’, através de sua representante no Brasil, a ‘Alpha South America’, com quem a ‘ISISpace’ tem um acordo de cooperação tecnológica e de quem a CRON é parceira até os dias de hoje. 
 
Dr. Otávio Durão
Segundo nossas pesquisas e os contatos realizados com um dos sócios da empresa, o conhecidíssimo Dr. Otávio Santos Cupertino Durão (ex-servidor do INPE), dentro de uma estratégia de nacionalização destes subsistemas a CRON submeteu e teve uma proposta de desenvolvimento de um cubesat aprovada pela Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), dentro do Programa de Inovação na Pequena Empresa (PIPE), fases 1 e 2. Neste projeto, a CRON trabalhou com outras empresas de pequeno porte com alto conteúdo tecnológico iniciando também suas atividades espaciais como a USIPED, HORUSEYE TECH e EMSISTI, com quem também mantém parceria técnica até os dias de hoje. Este projeto foi também uma parceria pública privada com o INPE, através do seu Grupo de Astrofísica Instrumental, que desenvolveu a carga útil deste satélite.
 
 
Em 2019 um terceiro profissional, também oriundo do INPE, veio a se associar com à empresa, e como os demais, também com grande experiência no desenvolvimento satélites, como os primeiros Satélites de Coleta de Dados SCD-1 e 2, bem como os primeiros satélites do Programa CBERS, além também de cubesats, tendo participado ativamente de missões deste tipo de satélite no INPE (NanosatC-Br1, Br2 e CONASAT – este não lançado) bem como em cooperação com outras instituições, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no projeto do nanossatélite ITASAT-1, e novamente com o ITA e a NASA, no projeto do nanossatélite SPORT, este com previsão de lançamento em 2022.

PROJETOS EM CURSO 
 
NanoMirax/CRON-1 
 
Atualmente a CRON vem se dedicando a dois projetos principais, sendo o primeiro deles o de um nanosatélite científico denominado de ‘NanoMirax/CRON-1’. Este projeto é na realidade a continuação do projeto que foi financiado anteriormente pela FAPESP através Programa PIPE. Neste exato momento, a empresa vem se dedicando a finalizar o ‘Nanomirax/CRON-1’, tendo como objetivo lançá-lo até maio de 2023. No entanto, ainda será necessário adquirir os painéis solares de uma empresa nacional, bem como as antenas de bordo, para assim poder integrar o satélite ao que já foi previamente desenvolvido. Além disso, o grupo de Astrofísica Instrumental do INPE vem realizando melhorias na carga útil em função dos testes de qualificação realizados até aqui. Também todos os subsistemas da plataforma serão desenvolvidos para o ‘modelo de voo’ com os parceiros já participantes do projeto, bem como o software de bordo e solo. 
 
Modelo de engenharia do NanoMirax/CRON-1 (sem painéis solares e antenas de bordo).
 
Testes funcionais do NanoMirax – fonte de raios X sobre a folha branca e emissão detectada e visível pelo monitor.

Instrumentalização, interface e testes de vibração do modelo de engenharia do ‘NanoMirax/CRON-1’.

Vale lembrar leitores que o ‘NanoMirax/CRON-1’ é uma missão científica para detecção de raios X e gama e uma prova do grande do sucesso no uso dos cubesats. Originalmente esta missão chamava-se ‘Mirax’, e seria realizado por um satélite científico de cerca de 500 kg e com um custo estimado em dezenas de milhões de reais, mas que nunca veio a se materializar por causa deste enorme custo. Depois se resolveu criar um balão estratosférico para voar uma gôndola com a carga útil do ‘Mirax’, mas que por dificuldades semelhantes também não voou. Agora e por um custo dezenas de vezes menor, esta missão está muito próxima de ser realizada e com o seu orçamento já garantido. Esta missão do ponto de vista científico é de grande valia para a Astrofísica Brasileira e mundial, pois emissões de raios gama estão associados à localização da origem das ondas gravitacionais na abóboda celeste. Para finalizar amigos leitores, o ‘NanoMirax/CRON-1’ é um cubesat do tipo ‘2U’, com ‘1U’ dedicado à plataforma e seus subsistemas, e o outro ‘U’ para uso exclusivo desta carga útil astrofísica, sendo o seu projeto gerenciado financeiramente pelo INPE com recursos da Agência Espacial Brasileira (AEB). 
 
Sistema Inercial 
 
Já em dezembro de 2020 a CRON, como parte de um consórcio de empresas de alta tecnologia do setor espacial brasileiro, assinou contrato com a AEB para participar da 1ª Etapa do desenvolvimento de um ‘Sistema Inercial’, sendo este o segundo projeto que a empresa vem se dedicando atualmente. A contratação para este projeto foi do tipo Encomenda Tecnológica (ETEC), no que a empresa acredita ter sido a primeira do tipo feita no Brasil, porém muito usada no exterior em projetos de alta tecnologia e inovação que incluem riscos na sua concretização em virtude de sua complexidade. 
 
Nesta nova iniciativa a CRON contou com o suporte de outras instituições interessadas no sucesso desta modalidade de contratação no país (como o TCU, AGU e FINEP), que participaram da definição das regras da ETEC e de seminários abertos a empresas nacionais interessadas, junto com a contratante e o seu Ministério. Vale dizer que nesta modalidade empresas isoladamente ou em consórcio, poderão ser contratadas diretamente por órgãos da administração pública para a solução de problema técnico específico ou obtenção de produto inovador. Já em dezembro de 2021, dando sequencia ao processo, a CRON e as mesmas empresas e consórcios, assinaram novo contrato com a AEB, agora para a 2ª Etapa de desenvolvimento deste projeto.

PROJETOS VINDOUROS 
 
A CRON pretende continuar se dedicando a projetos e missões com cubesats. Entretanto a empresa pretende também criar produtos e serviços ligados às missões espaciais e seus dados. E dentre estes, três já se destacam com atividades em andamento. São eles: 
 
Plataforma Cubesat 
 
Como um desdobramento natural da missão ‘NanoMirax/CRON-1’, a CRON pretende oferecer ao mercado uma plataforma 2U onde o 1U dessa plataforma será ocupado pelos subsistemas de serviço, enquanto o outro U (10cmx10cmx10cm) ficará dedicado ao experimento ou carga útil. Este produto, como no projeto com a FAPESP e no modelo de voo do ‘NanoMirax/CRON-1’, terá a participação das empresas parceiras. Na visão da empresa, esta plataforma poderá ter boa aceitação para missões científicas com sensores in situ e de universidades. Ainda segundo a empresa, algumas destas missões para uso deste produto já estão em discussão, inclusive em suporte a missões científicas com satélites de maior porte e em cooperação internacional. E eventualmente poderá ser disponibilizado, em um cubesat 3U, duas unidades (2U) para uso pela carga útil, permanecendo a plataforma de serviço inalterada. Porém isto dependerá dos requisitos de potência da carga útil. 
 
Contratação e Suporte ao Lançamento de Cubesats 
 
Com base na experiência anterior dos fundadores da CRON nesta atividade, a empresa possui relacionamento com diversas empresas no exterior e com diferentes tipos de lançadores. Isto a capacita a adequar a reserva do lançamento e a sua contratação de acordo com os requisitos da missão (órbita, altitude, duração etc) e com o seu cronograma de desenvolvimento, o que minimiza riscos de penalização por atrasos na entrega do cubesat para o lançamento e mesmo multas por obrigar a substituição do cubesat por massas inertes compensatórias (dummies). Além disto, a CRON oferecerá também todo o suporte técnico e logístico ao lançamento, o que envolve o plano de testes para atendimento ao lançador contratado, suporte à preparação da documentação, suporte aos testes, orientação para obtenção da coordenação de frequência, bem como aspectos ligados à participação no lançamento. 
 
Comunicação de Dados Por Satélites 
 
Com o objetivo de explorar constelações de diferentes tipos em desenvolvimento, constituição e já em operação, a CRON está desenvolvendo capacidade para utilizar estas constelações em diferentes aplicações em tempo real ou não, de acordo com os requisitos do cliente em SatIoT, gestão de agronegócio, meio ambiente e monitoramento de parâmetros em solo. A CRON está em entendimentos com representantes destas operadoras para firmar cooperação com a utilização de seus produtos e serviços. A prioridade é para constelações de nano satélites, mas haverá flexibilidade para maiores capacidades de fluxo de dados e menores latências. 
 
Pois então, a segunda das empresas escolhidas por mim para ser abordada, é a 'EMSISTI Sistemas Espaciais & Tecnologia' (http://emsisti.com.br), empresa esta locada em Franca-SP, que é outra joia deste setor espacial e que vem se destacando muito nesta área de sistema espaciais.
 
 
O jovem Marcelo Essado
Fundada em dezembro de 2010, pelo jovem Marcelo Essado, CEO da empresa e atual presidente da
'Aliança das Startups Espaciais Brasileiras (ASB), a EMSISTI é uma empresa integrante do Catalogo da Indústria Espacial Brasileira (Brazilian Space Industry Catalog) lançado pela AEB, tendo trabalhado em projetos de nanossatélites já lançados ao espaço, como os do Programa NANOSATC-BR de pequenos satélites científicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ou seja, o NANOSATC-BR1 e o NANOSATC-BR2, onde foram uma das principais empresas fornecedores ao lado da empresa holandesa ‘Innovative Solutions in Space (ISIS)’ e da brasileira ‘LUNUS Comercio e Representação LTDA’. 
 
Atualmente ainda nesta área de nanosats, a empresa vem trabalhando ao lado das startups brasileiras HORUSEYE TECH e USIPED como uma das fornecedoras do projeto do ‘NanoMirax/CRON-1’, um nanossatélite científico da área astrofísica que esta sendo desenvolvido pela startup espacial brasileira 'CRON Sistemas e Tecnologia LTDA' em parceria com o Grupo de Astrofísica do INPE, bem como também no seu primeiro projeto de cubesat, ou seja, a ‘EMSISTI Nanosatellite Platform (Plataforma de Nanossatélites EMSISTI)’, na verdade uma plataforma espacial para aplicações no ‘Agronegócio’, ‘Internet das Coisas’, ‘Experimentos Científicos e Tecnológicos’ e ‘Carga Úteis para uso dual’, que recentemente teve completado o seu ‘Teste Mecânico’, teste este que contou com o apoio da ‘FAPESP’, da ‘Suportech Consultoria & Informática’, da ‘Atlas Software’, e das startups espaciais brasileiras ‘Acrux Aerospace Technologies’ e ‘USIPED Ferramentaria’. 
 
Vale também registrar que em maio de 2020 a EMSISTI tornou-se a primeira empresa brasileira a obter junto a AEB a licença de ‘Operador’ para atividades de lançamento no novo ‘Centro Espacial de Alcântara (CEA)’, uma grande conquista para esta jovem startup espacial brasileira. 
 Vale ressaltar também que, segundo me foi passado pelo CEO da empresa, o jovem Marcelo Essado, a EMSISTI há anos vem trabalhando na internacionalização da empresa com parcerias estabelecidas e contratos em negociação em países da América do Sul, Europa e Ásia. Veja abaixo alguns exemplos dessas iniciativas sem ordem de data: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além disso, o departamento de EPDI (Engenharia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) da empresa vem realizando Projetos de P&D apoiados pela FAPESP e pelo FINEP, projetos estes alguns já concluídos e outros em curso, e que podem ser acessados pelo link abaixo: 
 
 
E para finalizar, o BS foi informado de forma exclusiva pelo CEO da empresa, de que a EMSISTI estará formando em breve um Grupo Empresarial (GRUPO EMSISTI) com as empresas ‘SuporTech Tecnologia da Informação e Comunicação’ e a ‘Aerolab Educação’, certamente um grande passo para o seu futuro promissor nesta área espacial. 
 
Dando sequencia ao relato sobre startups ligadas a ASB que diferentemente de sua ineficiente, gorda e incompetente prima AEB (rsrsrsrs), fazem a diferença nas atividades espaciais do país, apresento agora a terceira startup a ser abordada, ou seja, a 'USIPED Ferramentaria' (www.usiped.com.br), esta locada na cidade de Caçapava-SP e ligada a área de estruturas para nanossatélites e quem sabe, em um futuro próximo, também em estruturas para satélites maiores e até mesmo para plataformas espaciais (este apenas um desejo confesso deste que vos fala).
 
 
O Sr. João Batista Sousa
Fundada em 2005 com o firme propósito de atender empresas de Pesquisas e Desenvolvimento nas áreas de Usinagem (USI), Pesquisa (P), Engenharia (E) e Desenvolvimento (D), a USIPED já no início de suas operações começou ter contato com empresas e institutos do setor de pesquisas, bem como alguns contatos com empresas da Área Aeronáutica, sendo a EMBRAER um delas.
 
 
Devido à grande formação na Área Mecânica do seu fundador e CEO, o Sr. João Batista Sousa, bem como pelo seu carinho e competência por serviços de precisão, a USIPED acabou participando de inúmeros projetos na Área de Micro Usinagem, como por exemplo, a relojoaria do Submarino Nuclear Brasileiro para Marinha do Brasil, no projeto do primeiro carro elétrico brasileiro, equipamentos hospitalares, etc. 
 
Já atuando no setor espacial, a USIPED começou a desenvolver estruturas de nanossatélites (1U, 2U, 4U, etc), bem como outros dispositivos espaciais diversos, participando do Projeto NanoMirax, Projeto Aldebaran, Projeto Floripa SAT 2, Projeto Educacional EMSISTI, Etc.
 

Estruturas de pequenos satélites desenvolvidas e comercializadas pela USIPED.

“As expectativas para o ano de 2022 e os próximos, demostram que o Brasil deverá ter um crescimento nos serviços espaciais, e quem deve mostrar esta demanda para as três esferas do Governo e também para o setor privado somos nós da ASB (Aliança das Startups Espaciais Brasileiras) e outras startups do país. Se ficarmos esperando o setor privado e o Governo sentir essa demanda, sinto muito, mas perderemos mercado para empresas de outros países em nosso próprio quintal. Continuo acreditando que temos condições de atender ao Governo e a iniciativa privada com inúmeros projetos, mas uma união de esforços e confiança por parte todos, será necessária para fazermos as atividades espaciais brasileiras mudarem de patamar” disse (em minha opinião) com grande sapiência o CEO da USIPED.
 
Já a quarta empresa abordada neste artigo, é uma startup diretamente ligada à área de Sistemas de Bordo e de Sistemas de Navegação e Controle. Estou me referindo a HORUSEYE TECH’,
nome fantasia da ‘HORUSEYE TECH Engenharia de Sistemas LTDA’ (http://www.horuseye.com.br), uma das duas empresas aqui apresentadas que estão localizadas na cidade de São José dos Campos e que já vem há tempos realizando um exemplar trabalho nesta área. 
 
Eng. Valter Ricardo Schad
Eng. Valter Ricardo Schad
Criada em 2016 pelo Eng. Valter Ricardo Schad, profissional este que também foi sócio fundador da antiga empresa ‘NAVCON Navegação e Controle’ (hoje denominada de ‘NAVCON Engenharia’), e que se dedicou por dezesseis anos a desenvolvimentos ligados à aplicação de sistemas inerciais e GNSS na área de instrumentação para a exploração de petróleo offshore, visa com esta sua nova empresa ‘
HORUSEYE TECH’ aproveitar toda a experiência de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico adquiridos desde 1978, na exploração de novas oportunidades em aplicações espaciais, robótica aérea e IoT. O seu objetivo é desenvolver aplicações duais da tecnologia para o espaço, e para aplicações terrestres. 
 
A ‘HORUSEYE TECH’ já vem prestando consultorias, e comercializando sistemas de navegação e controle para o uso geral e em projetos de CUBESATS, desenvolvidos sempre sob a especificação dos seus clientes. A empresa neste momento também está se preparando para dar início ao plano de comercialização independente dos produtos já desenvolvidos pela empresa, bem como de novas versões miniaturizadas desses sistemas. 
 
Além disso, vale registrar que a empresa já desenvolveu subsistemas para Plataforma de Instrumentação para CUBESATS, como por exemplo, a placa de determinação e controle de atitude, e a placa de geração e gerenciamento de energia, que serão usadas no projeto do Cubesat  CRON-I, desenvolvido pela empresa CRON (já abordada aqui neste artigo), e que deverá ser lançado com apoio da AEB e do INPE tendo abordo o experimento astrofísico NANOMIRAX. Esses subsistemas vem sendo também negociados com universidades brasileiras envolvidas com desenvolvimentos de CUBESATS, através de uma parceria comercial com a própria CRON. A ‘HORUSEYE TECH’ também já possui desenvolvimentos próprios de sistemas de navegação inercial e GNSS miniatura, além de participar em consórcio no desenvolvimento de sistemas para aplicações espaciais. 
 
Placas desenvolvidas pela 'HORUSEYE TECH' para o Cubesat  'CRON-I/Nanomirax' da CRON.

A empresa também já desenvolveu gateways IoT multi-constelações de satélites e comunicação terrestre, em parceria com a CRON, e agora a empresa pretende se estabelecer como uma forte fornecedora de tecnologia avançada na área de sistemas de localização, monitoramento e de navegação, para múltiplas aplicações terrestres e espaciais.
 
Outros equipamentos desenvolvidos pela HORUSEYE TECH.

 
 
Finalizando, trago agora informações sobre a quinta Startup a ser abordada neste artigo, ou seja,  a ‘CRIAR Space Systems’ (https://criarspacesystems.com.br/site), uma empresa que atua no seguimento solo, realizando um serviço exemplar em sua área e se preparando para novos desafios.
 
 
Fundada em 2018, a ‘CRIAR Space’ faz parte de um conglomerado de empresas que é denominado de ‘GRUPO CRIAR’, grupo este com mais de 30 anos de experiência dedicados ao desenvolvimento de soluções e de sistemas inteligentes aplicados às áreas de trânsito, transporte, segurança, educação a distância e comunicação. 
 
Com sede própria localizada na cidade de Ribeirão Preto-SP, e desde 2017 também em Portugal, o GRUPO CRIAR nasceu da primeira incubadora de empresas do Brasil, a Parq-Tec, e foi pioneiro na criação de provedores de internet no país, no desenvolvimento de sistemas de gerenciamento dos processos que envolvem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), principalmente a divisão equitativa dos exames médicos e avaliações psicológicas e o monitoramento de aulas teóricas e práticas, no desenvolvimento de aplicativos de prestação de serviços à população e na educação a distância relacionada ao trânsito. 
 
Com mais de 160 (cento e sessenta) Colaboradores, escolhidos por seu comprometimento, competência e responsabilidade, o GRUPO CRIAR, desde 2010, ampliou seus negócios lançando sua fábrica onde começou a desenvolver e montar hardwares associados aos softwares que comercializa, especialmente para os Sistemas e-TÉORIKA (Monitoramento de Aulas Teóricas), e-PRÁTIKA (Monitoramento de Aulas Práticas) e EVE (Exame Veicular Eletrônico). 
 
Sr. Sérgio da Silva Soares
Dessa experiência em aliar hardware e software e de um sonho antigo de seu CEO, o Sr. Sérgio da Silva Soares, o GRUPO CRIAR resolveu fundar a CRIAR Space Systems, empresa que atua no desenvolvimento de produtos e sistemas para a área aeroespacial, tais como: Antenas Direcionais Automáticas (ADAs), CubeSats e aplicações que possibilitem o monitoramento por meio dos dados fornecidos por esses produtos.
 
 
Segundo o CEO da empresa, a CRIAR SPACE tem como valor fundamental se manter no estado da arte com relação às tecnologias para comunicação com diferentes tipos de satélites, e tem como premissa o desenvolvimento de produtos aeroespaciais de custo relativamente baixo que possibilitem: 
 
* Comunicação de dados terra-ar-terra-ar; 
 
* Ground Station para rastreamento, telemetria e controle (TCC) ; 
 
* Sistemas para computador de bordo com reconhecimento e gerenciamento de falhas; 
 
* Análise de dados de imageamento; 
 
* IoT utilizando comunicação satelital para ambientes remotos. 
 
Projeto da Empresa 
 
DATASAT 
 
Com essa iniciativa se pretende criar uma rede de estações terrenas equipadas com a ADA (Antena Direcional Automática), uma solução de baixo custo comparada com outras opções do mercado, que juntamente com suas outras unidades formarão a DATASAT. Composta por módulos que se conectam utilizando coordenadas de azimute e elevação, a antena recebe e processa os sinais de satélites inicialmente nas frequências VHF e UHF. 
 
Objetiva-se que a ADA seja instalada em locais distribuídos pelo mundo, em instituições de pesquisas e de ensino, a partir de parcerias formadas com a DATASAT. A partir daí as instituições de pesquisa e de ensino escolhidas serão as que possuírem cursos e disciplinas relacionadas à engenharia aeroespacial, à engenharia aeronáutica, às telecomunicações, ao controle e automação, à comunicação por rádio, à astronomia, à astrofísica, entre outros. E nos momentos em que as antenas não estiverem sendo utilizadas pelos cursos, a DATASAT então utilizará os seus recursos para captar sinais dos satélites que estejam em órbita favorável para a operação. Saibam maiores informações sobre este projeto pelo link: http://datasat.space 
 
ADA (Antena Direcional Automática).

ADA (Antena Direcional Automática).
 
ADA (Antena Direcional Automática).

Premiações e Participação em Eventos 
 
Com o projeto DATASAT, a CRIAR Space Systems teve a oportunidade de participar de grandes eventos espaciais no Brasil e fora do país, sendo o seu projeto premiado em alguns deles. Foram eles: 
 
- Inclusão do projeto nos Anais do 72nd International Astronautical Congress (IAC 2021); 
 
- Inclusão do projeto na 2° edição do Catálogo da Indústria Espacial Brasileira (2021); 
 
- 3º Lugar no Desafio de Inovação promovido pelo evento Paris Space Week 2021; 
 
- 2º Lugar no Desafio SERFA 2020; 
 
- 2º Lugar no 71st International Astronautical Congress (IAC) 2019; 
 
- Anais do II Congresso Aeroespacial Brasileiro (II CAB) - 2019; 
 
- Antena Direcional Automática é premiada no 2º Fórum da Industria Espacial Brasileira (2018) como uma das melhores soluções do evento. 
 
O Sr. Sérgio Soares, CEO do GRUPO CRIAR, durante apresentação no 2º Fórum da Indústria Espacial Brasileira (2018).

2° edição do Catálogo da Indústria Espacial Brasileira (2021).
 
Em 2021, a empresa teve a oportunidade de apresentar seu Projeto DATASAT (Rede de Antenas Dorecionais Automáticas) para representantes do Ministério da Ciencias, Tecnologia e Inovações (MCTI), bem como também de participar da '18ª da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT)', na qual teve o stand da empresa visitado pelo Ministro do MCTI, Marcos Pontes, que conheceu o funcionamento da Rede DATASAT, formada pelas ADAs.

O Sr. Sérgio Soares, CEO do GRUPO CRIAR, Durante apresentação para representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (2021).
 
Colaboradores do GRUPO CRIAR recebendo no stand da empresa a visita do Ministro da MCTI, Marcos Pontes, durante a realização da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (2021).
 
Bom leitores e leitoras do BS, assim finalizo esta segunda parte deste artigo e convido a todos vocês a ficarem atentos, pois em meados de fevereiro, quando retornar de minhas férias, publicarei a terceira e última parte deste grande relato sobre a exitosa história e sobre as expectativas futuras dessas magnificas startups espaciais brasileiras.

Comentários

  1. excelente e esclarecedora reportagem que nos enche de esperança
    um dia tudo vai se juntar e somar, é previsível.
    demora mais que devia
    mas sabemos como fazer, onde ir
    dai temos que agradecer um ita, iae , inpe e tantos outros institutos e faculdades
    que por mais engessados e evidentemente lentos formaram essa galera inconformada
    que corre atras com recursos tão escassos
    temos a alma dos portugueses descobridores e exploradores
    sem Ufanismo exagerado chegaremos lá
    que Santos Dumont nos guie.

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    1. Bom dia Luiz Chaves!

      Gostei muito do seu comentário, parabéns, esse é o espírito e quiçá o mesmo venha se manifestar de forma plena por todo o universo das atividades espaciais brasileiras.

      Duda Falcão

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