Startups Espaciais BR - Expectativas Para 2022 e Além - Parte 1

Olá leitores e leitoras do BS! 
 
Por Duda Falcão
 
Na noite quente de ontem da bela capital baiana me encontrava confortavelmente nos braços de minha querida namorada quando, em dado momento, me veio a mente a ideia de escrever este artigo que agora publico aqui para vocês no BS. Pensei comigo: Devo escrever? Não devo escrever? Tenho energia e principalmente motivação para escrever? O que faço? Bom amigos leitores e leitoras, depois de pensar por alguns minutos resolvi enfim escrever, não por está motivado, muito longe disto, mas por achar que o assunto em questão e as pessoas envolvidas mereciam esta minha atenção. Afinal amigos, a maioria da grande mídia do país ou não está interessada no assunto, ou esta mais preocupada na guerra declarada de interesses entre as duas correntes políticas que se digladiam irresponsavelmente enquanto o futuro do país e de seu povo vão pagando o preço. 
 
Recentemente, no final do ano passado, fui gentilmente convidado pelo atual Editor do BS, o Prof. Rui Botelho, para participar ao lado do 'Sr. Junior Miranda' (do 'Canal Homem do Espaço' no youtube) de uma interessante 'live' denominada "RETROSPECTIVA 2021 / EXPECTATIVA 2022 - Comemoração aos 10.000 inscritos no BS' (reveja aqui), para assim como o titulo já diz, comemorar o número recorde de inscritos no Canal do BS no youtube, bem como falar e dar a minha opinião sobre as questões citadas acima. Vale a pena você leitora ou leitor que ainda não teve a oportunidade de ver, se acomodar confortavelmente e dar uma conferida nesta interessante live. 
 
Pois então amigos, durante a live em questão destaquei principalmente entre a minhas EXPECTATIVAS para 2022, projetos privados em curso realizados pela 'startups espaciais do país', que são o que basicamente me motivaram a escrever este artigo, já que tenho pouco a dizer ou acrescentar sobre o tal Programa Espacial Brasileiro (PEB) do Governo Federal. Afinal amigos, desde que o astronauta Marcos Pontes assumiu o cargo de Ministro do MCTI, no que diz respeito às questões espaciais, realmente o PEB veio a ter o seu melhor ano em 2021, porém bem aquém do esperado pela Comunidade Espacial e do que poderia ter sido realizado, além de em certos casos superdimensionar resultados, como no exemplo da vergonhosa notícia sobre a participação brasileira no lançamento do Telescópio Espacial James Webb, ou em 'cagadas' protagonizadas pela nossa Agencia Espacial de Brinquedo (AEB), como  no caso da portaria publicada no 'apagar da luzes' de 2021 aprovando o novo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), sem contudo publicar em anexo o documento aprovado. Um tremendo absurdo sem precedentes, creio eu até mesmo na época da obscura gestão anterior. 

Diante disto amigos leitores, resolvi priorizar escrevendo sobre as startups espaciais, já que é a iniciativa nesta área que mais acredito e passo agora, sempre que possível, a elaborar conteúdos (escritos ou em vIdeos) sobre as atividades espaciais conduzidas pelas startups espaciais brasileiras, pois delas se pode esperar resultados práticos e do PEB, somente fantasias e projetos que se alongam por décadas e muitas vezes sequer chegam a um final (vide o VLS, SARA, PSO, entre outros e a lista é enorme) enquanto os atores do 'Old Space' (privados e governamentais) se beneficiam às custas do povo brasileiro. 
 
Assim sendo amigos do BS, opto por falar sobre o que essas pequenas Startups estão planejando para 2022 e além, afinal o nosso futuro no espaço está hoje verdadeiramente ligado ao sucesso ou ao fracasso das atividades espaciais dessas pequenas empresas neste setor, e não mais no PEB, completamente perdido, mal gerenciado, cheio de vícios, subordinado à regras e leis públicas completamente incompatíveis com o setor de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação) e movido a interesses que só engessam o seu desenvolvimento, além de favorecer a grupos que se valem de lobbies para conseguir contratos junto ao governo e produzir equipamentos caros e sem a menor chance de serem competitivos no mercado internacional. 
 
Quero aqui na verdade falar de empresas como a PION Labs, pequena startup brasileira fundada em 2019, locada na capital paulista e que tem o firme propósito de tornar o espaço acessível para todos. Desde que foi fundada, esta empresa leitores do BS vem efetivamente fazendo isto, tanto atuando na área de tecnologia Aeroespacial produzindo produtos como o Satélite PION-BR1 (a ser abordado mais abaixo), o PocketQube Bus IP (Carece de maiores informações), subsistemas de satélites, 'Foguete Quark' de Propulsão Hibrida (já testado em voo) e o 'FTH - Foguete de Treinamento Híbrido' (em desenvolvimento), bem como na área educacional, produzindo produtos como 'Cansats', 'Cubesats', 'PION Classroom' e o evento de foguetemodelismo 'Space Challenge'. Saiba mais visitando o site da empresa pelo link: https://www.pionlabs.com.br
 .
 
MISSÃO PION-BR1 
 
Além disso, a PION Labs está nesse momento na grande expectativa de lançar ao espaço o 'Primeiro Satélite Privado Brasileiro' (primeiro de muitos que a empresa planeja lançar), uma conquista que é ainda mais significativa por ter sido realizada com recursos próprios, sem qualquer investimento ou financiamento de qualquer instituição pública ou privada, comprovando com isto (segundo nota da própria empresa), neste momento ser a única empresa de fato 'NewSpace' no Brasil.
 
 
O satélite em questão será o PION BR1, um pocketqube desenvolvido pela PION que contou com o apoio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Olimpíada Brasileira de Satélites MCTI (OBSAT/MCTI), Latin American Space Challenge (LASC), AMSAT-BR e a Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (LABRE). 
 
Equipe da PION no LIT do INPE, durante a campanha de integração do satélite - 29/09/2021

Segundo a empresa, o satélite PION-BR1 será lançado a bordo do Foguete Falcon 9 da SpaceX, no dia 13 de janeiro de 2022 ao meio dia, horário de Brasília. O satélite decolará do launchpad SLC-40 do Cabo Canaveral em direção a uma órbita heliossíncrona a 550 km da superfície terrestre, devendo ter uma vida útil estimada até 2 anos.
 
Vale acrescentar que o PION-BR1 é uma missão radioamadora aliada à educação com o objetivo de promover o acesso às tecnologias espaciais e a interação entre estudantes e a comunidade de radioamadores. A missão principal será um experimento digital de armazenamento e envio de mensagens usando o protocolo NGHam. E para apoiar as atividades em sala de aula e STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática)), a missão PION-BR1 também: 
 
* Avaliará a atitude de um pocketqube em um ambiente espacial; 
 
* Avaliará a temperatura ambiente em que o satélite está inserido; 
 
* Realizará a coleta de dados de um experimento de magnetorquer desenvolvido no Brasil. 
 
Para a PION, a 'Missão PION-BR1' também contribuirá na obtenção de herança de voo, que consiste no recebimento e análise de dados sobre a capacidade de comunicação e monitoramento de subsistemas, temperatura interna e externa, capacidade de bateria, entre outras questões. Assim sendo, será possível escalonar projetos maiores e explorar transmissões de longa distância. Em longo prazo, a PION prever aperfeiçoar os futuros aprendizados e transformá-los em soluções de monitoramento de sustentabilidade e segurança, como no agronegócio e na preservação da Amazônia. 
 
Outra startup que merece ser citada por mim e que também conta com grandes planos para 2022 e além, é a 'Acrux Aerospace Technologies', localizada hoje em Foz do Iguaçu-PR. Como a PION, a Acrux, desde que foi fundada, também vem atuando na área de tecnologia aeroespacial, bem como na área educacional, além de atuar também na área de Energia e de Desenvolvimento Humano. Saiba mais visitando o site da empresa pelo link: https://www.acruxtech.com.br
 
 
Acrux é em minha opinião uma das joias deste setor de startups espaciais brasileiras, principalmente nessa importante área de projetos de foguetes. Com planos de criar uma família de foguetes suborbitais e orbitais de baixo custo, a Acrux é uma dessas empresas que deveriam esta sendo tratada como estratégica pelo Governo Federal, mas que ao contrário, prefere apostar em empresas do ‘Old Space’ caras e ineficientes, situação muito preocupante, pois, para sobreviver e realizar seus projetos, a Acrux pode a qualquer momento acabar se transferindo para um outro pais (como ocorreu com Airvantis que abordaremos mais abaixo), e convites para isto não faltam. 

Da mesma forma que a PION, a Acrux também esta neste momento vivendo uma grande expectativa, a de realizar ainda no primeiro semestre deste ano a primeira missão espacial profissional de um foguete produzido por uma startup espacial brasileira, a ‘Missão Joshua’.

Nessa expectativa de lançar o primeiro foguete da sua família suborbital de baixo custo, o ‘FOG30K mkII’ (foguete este com capacidade de colocar 3kg de carga útil à 30km de altitude), durante a realização da ‘Missão Joshua’, a Acrux planeja na realidade o desenvolvimento de mais dois foguetes dessa família denominada de DUMONT em homenagem ao pai da aviação, o brasileiro ‘Santos Dumont’, ou seja, o FOG100K, capaz de colocar uma carga útil de 5kg à 100Km de altitude e o FOG120K-L , capaz de colocar uma carga útil de 20kg à 120 Km de altitude.
 
Fonte: Acrux Aerospace Technologies 
Família DUMONT de Foguetes Suborbitais / Sondagem da Acrux.

A Acrux também trabalha no desenvolvimento de uma família de três foguetes orbitais de baixo custo, todos eles denominados de MONTENEGRO, em homenagem ao Marechal-do-Ar, Casimiro Montenegro Filho, idealizador e fundador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do CTA - Centro Técnico de Aeronáutica (atualmente DCTA - Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial). São Eles: 
 
* MONTENEGRO MK-I - É um Veículo Lançador de Nanossatélites capaz de colocar uma carga útil de 5 Kg (equivalente a um cubesat 3U) em órbita LEO, a 300 km de altitude, partindo do CLA. 
 
* MONTENEGRO MK-II – O modelo II é um Veículo Lançador de Microssatélites com uma capacidade estimada de 30 kg de carga útli em órbita LEO, a 300 km de altitude, partindo do CLA. 
 
* MONTENEGRO MK-III - É um Veículo Lançador com uma capacidade estimada de até 100 kg de carga útil em órbita LEO, a 300 km de altitude, partindo do CLA. 

Fonte: Acrux Aeroespace Technologies
Família MONTENEGRO de Foguetes Orbitais.

Além disso, fui informado que a Acrux já trabalha no desenvolvimento de um novo motor sólido para o foguete ‘MONTENEGRO MK-I’, para assim substituir o ‘Motor Sólido S20’ desenvolvido pelo IAE, e com este novo motor aumentar a capacidade de carga útil do foguete. Cálculos ainda estão sendo feitos pela empresa para dimensionar o ganho com esta mudança.
 
Concepção artística do novo motor sólido da Acrux para o Foguete MONTENEGRO MK-I

Para finalizar, a Acrux também informou que iniciou os estudos para revisar os planos desta família de foguetes MONTENEGRO, incluindo um novo foguete denominado MONTENEGRO MK-IV. 
 
MISSÃO JOSHUA 
 
  Patch provisório da Missão Joshua.
A tão aguardada ‘Missão Joshua’ consistirá no primeiro voo do foguete de sondagem ‘FOG30K mk II’ da Acrux, foguete este da família de foguetes DUMONT da empresa que terá como objetivo levar até aproximadamente 30km de altitude uma carga útil composta por até seis experimentos brasileiros e estrangeiros, ainda não divulgados.
 
 
Prof. Oswaldo Loureda
Segundo fui informado pelo CTO da empresa, o Sr. Oswaldo Barbosa Loureda, a Acrux solicitou autorização ao DCTA (Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial) para lançar o foguete do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) ainda no primeiro semestre de 2022. O DCTA respondeu a solicitação da empresa solicitando documentos e agora a empresa se encontra aguardando para assinar um NDA com este departamento da Aeronáutica, para então poder começar a passar para eles os documentos do foguete FOG30K. Ainda segundo o CTO da empresa, a Acrux vem tendo um bom diálogo com o DCTA, o que é uma boa notícia. 
 
Porém, enquanto não é marcada a data de lançamento do foguete, a Acrux segue realizando testes de preparação do FOG30K para missão, como o leitor mesmo pode verificar nas três fotos abaixo.
 

Além dessas duas empresas já citadas amigos leitores, outra startup que vem realizando um grande trabalho no Setor Espacial e de Defesa e que deveria ser considerada pelo Governo Federal como uma empresa de alta tecnologia estratégica para o país, é a CLC – Castro Leite Consultoria, empresa especializada no desenvolvimento de Sistemas de Navegação Inercial, Sistemas de Guiamento, Sistemas de Controle e Sensores Inerciais, bem como na área educativa, onde realiza cursos na área de controle de foguetes e na área financeira. Saiba mais sobre esta empresa pelo link: https://castroleite.com.br/home-pt-br
 
 
Dr. Waldemar Castro Leite Filho
Fundada em 2013 em sociedade com o seu filho por um ex-pesquisador do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), grande especialista em sistemas inerciais (o maior do país e talvez de toda América Latina), ou seja, o Dr. Waldemar Castro Leite Filho, a CLC tornou-se em pouco tempo um grande sucesso e vem realizando em silencio um trabalho magnífico, especialmente na Área de Defesa, onde tem se destacado sem fazer alarde.
 
 
No que diz respeito a Área Espacial, bem recentemente a CLC fez o projeto de uma Unidade de Medição Inercial (IMU - Inertial Measurement Units), para então serem produzidas pela empresa 'Orbital Engenharia' de São José do Campos-SP. Uma delas voou recentemente no experimento 14-XS da 'Operação Cruzeiro', e uma segunda IMU está prevista para voar na operação que lançará ao espaço ainda em 2022 o primeiro protótipo da Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM). 
 
Vale esclarecer aos nossos leitores que o IMU é um conjunto mecânico que monta dois conjuntos de sensores, sendo três acelerômetros e três giros, e este conjunto é que fornece as informações necessárias para o computador promover os cálculos de navegação inercial. Então amigos leitores a navegação se baseia na medida de sensores, e esse conjunto que carrega os sensores se chama IMU. Um IMU que fornece dados para o computador que processa os algoritmos de navegação vira um INS (Inertial Navegation System). Assim sendo amigos leitores, o que foi projetado pela CLC, desenvolvido pela Orbital Engenharia e que vou na Operação Cruzeiro,  foi apenas o conjunto de sensores sem nenhuma navegação.
 
Além disto, para Área de Defesa, a CLC projetou e produziu a 'Plataforma Pina F', que é uma plataforma de grau tático, bastante precisa, e que já foi qualificada ambientalmente em temperatura, choque e vibração. Em outras palavras amigos leitores, a 'Plataforma Pina F' já está pronta para voar, e segundo a CLC deverá ser qualificada em voo ainda este ano de 2022, tornando-se assim um produto para o mercado.
 
Plataforma 'Pina F' da CLC.

E para finalizar esta primeira parte desse nosso artigo, quero agora falar sobre uma quarta startup brasileira que nos últimos anos vem se destacando muito, inclusive em nível internacional, e isto graças a grande habilidade de vender boas ideias de um dos seus idealizadores e atualmente CEO desta empresa, o Eng. Lucas Fonseca,  ou seja, me refiro a startup brasileira 'Airvantis', que hoje tem sede tanto no Brasil como nos EUA. Saiba mais sobre esta empresa pelo link: https://airvantis.com
 
Eng. Lucas Fonseca
Fundada em 2013 na capital paulista, fruto inicial da
sociedade de 4 brasileiros expatriados que trabalhavam na área aeroespacial na Europa, a Airvantis surpreendeu a 'Comunidade Espacial Brasileira' no final de novembro de 2016 quando anunciou em toda mídia a 'Missão Garatéa-L', a primeira missão lunar brasileira, causando naquela época uma expectativa muito positiva em toda a comunidade espacial do país. 
 
Tratava-se na realidade do desenvolvimento de uma sonda espacial lunar orbital fruto de uma iniciativa séria e mobilizadora que envolveria profissionais reconhecidos da Comunidade Científica e do Setor Espacial Brasileiro como o Dr. Douglas Galante, o Dr. Luis Loures, o Dr. Otávio Durão, a Dra. Thaís Russomano,  o Dr. Vanderlei Parro, entre outros, bem como instituições do gabarito do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), do famoso “Grupo MicroG” da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e do “Grupo ZENITH” da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), todos eles sob a coordenação da startup Airvantis. Em outras palavras amigos leitores, era um projeto que colocaria o nome do Brasil entre as nações espaciais de ponta do mundo, bem como principalmente traria grandes benefícios científicos e tecnológicos a toda cadeia de C&T envolvida, bem como ao próprio país e por tabela a toda sua sociedade.

Concepção artística da Sonda Lunar Garatéa-L da Airvantis.

No entanto, infelizmente a captação de recursos na iniciativa privada brasileira para esta missão espacial, parece não ter sido bem sucedida (algo que confesso já esperava diante da cultura empresarial vigente) e quando este que vos fala aguardava o apoio de um ministro astronauta que vive dizendo está comprometido com o desenvolvimento do Setor Espacial, algo de muito estranho aconteceu, me deixando fulo da vida e tremendamente decepcionado com aquele que tanto apoiei. A partir daquele momento, passava a não mais acreditar no PEB governamental, o que me levaria pouco tempo depois a deixar em definitivo o Blog Brazilian Space, e antes disto a saída do Brasil do Eng. Lucas Fonseca, que foi morar nos EUA.
 
No entanto, antes mesmo do fracasso desta primeira tentativa da Airvantis com a Missão Garatéa-L (a missão ainda esta em pauta diga-se de passagem), esta startup em parceria com o 'Grupo ZENITH' da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), se valendo da repercussão causada pelo lançamento desta missão lunar, criou diversos programas educacionais exitosos, como o GARATÉA-E (lançamento de um balão com experimentos estudantis abordo), e posteriormente o GARATÉA-ISS, em parceria com o Instituto TIM, programa este que promove no âmbito do programa 'Student Spaceflight Experiments Program (SSEP)' da NASA, o envio de um experimento criado por alunos brasileiros do Ensino Fundamental e Médio para à Estação Espacial Internacional (ISS), incentivando assim entre os nossos jovens o estudo das ciências espaciais. Vale lembrar amigos leitores que o Programa GARATÉA-ISS continua ocorrendo e até hoje (até onde eu sei) já colocou abordo da ISS três experimentos de estudantes brasileiros em anos subsequentes, coisa que, por exemplo, a nossa gloriosa Agência Espacial de Brinquedo (AEB), só conseguiu fazer apenas uma única vez através dos polemicos 'feijões' da hoje longínqua 'Missão Centenario' do tal ministro astronauta.

Em fevereiro de 2019, o Eng. Lucas Fonseca resolveu participar em Tóquio (JAP), de um simples simpósio de utilização do Módulo Kibo, e simplesmente o inquieto CEO da Airvantis voltou de lá como representante exclusivo de negócios em toda América Latina para este módulo japonês da Estação Espacial Internacional (EEI). É mole?
 
2019 - Um simples aperto de mão e o 'Modulo Kibo' era da Airvantis, rsrsrsrs.

E para finalizar, bem recentemente a Airvantis fez uma parceria com o CIMED (terceiro maior laboratório farmacêutico brasileiro) e com o 'Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)', organização esta supervisionada pelo 'Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)', para atuarem conjuntamente no âmbito do Projeto CIMED-X, projeto de longo prazo do CIMED que envolve investimentos da ordem de R$ 300 milhões em P&D e que visa nesta primeira fase enviar em dezembro deste ano para módulo KIBO da Estação Espacial Internacional (ISS), um experimento que consiste em cristalizar proteínas no espaço, técnica já utilizada há mais de 20 anos no mercado internacional, porém inédita no Brasil, que permitirá explorar as condições de microgravidade, buscando obter cristais de proteína de melhor qualidade. Sendo que este primeiro experimento é parte de uma pesquisa que tem como objetivo revelar a estrutura atômica da proteína nucleocapsídeo do vírus SARS-CoV-2 ligada a uma molécula de RNA.
 
Na visão deste que vos fala, esta nova iniciativa da Airvantis junto ao CIMED, se exitosa for, e não tenho duvida que será, servirá como um exemplo positivo para outras iniciativas de empresas brasileiras no espaço. Na verdade amigos leitores, nunca entendi a resistência de empresários brasileiros em realizar este tipo de investimento em pesquisas científicas e tecnológicas em Ambiente de Microgravidade, coisa que em parte, a nível local, prejudicou e muito o desenvolvimento do Programa Microgravidade da AEB e no uso continuo de foguetes de sondagens brasileiros (isto de instituições publicas ou privadas - veja o quadro abaixo) nessas pesquisas. Espero sinceramente que agora com esse exemplo do CIMED, isso comece a mudar, tanto na falta de visão do setor empresarial brasileiro, como também na gestão por parte da AEB desse importante Programa para a nossa sociedade.
 
Fonte: Compilação realizada pelo Eng. Danilo Miranda

Finalizo esta primeira parte do meu artigo informando aos nossos leitores que as quatro startups espacias brasileiras aqui citadas
(PION Labs, Acrux, CLC e Airvantis) são membros fundadores da 'Aliança das Startups Espaciais Brasileiras (ASB)' (link: https://sites.google.com/view/aliancaespacial), uma associação de abrangência nacional, voltada para congregar, integrar, apoiar e representar as startups espaciais do Brasil, promovendo o desenvolvimento das mesmas em prol do atendimento das demandas da indústria, do mercado espacial e das aplicações espaciais, nacionais e internacionais. Outras startups espaciais do país certamente merecem destaques e serão em breve tema da segunda parte deste artigo.

Comentários

  1. Show de bola essa reportagem, parabéns as quatro empresas desbravadoras brasileiras mostrando ao mundo que somos capazes.

    ResponderExcluir
  2. Olá Sr. João Batista!

    Obrigado pelo reconhecimento ao nosso trabalho e aguarde pela segunda parte deste artigo, acredito que gostara também do que irá ler. Quanto a sermos capazes ou não, isto não está em pauta, nunca esteve, e o trabalho que vem sendo realizado por essas Startups e seus profissionais comprovam isso. Sempre tivemos grandes profissionais no Setor Espacial do país, e o que sempre faltou foi vontade politica, comprometimento, seriedade de objetivos e gestão qualificada. Valeu???

    Abs

    Duda Falcão

    ResponderExcluir

Postar um comentário