INPE Recebe Sinais de Telemetria e Realiza Testes de Câmeras do Satélite CBERS-4
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota publicada hoje (08/12) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que o instituto já
recebe sinais de telemetria e realiza testes de câmeras
do Satélite CBERS-4.
Duda Falcão
INPE Recebe Sinais de Telemetria
e Realiza
Testes de Câmeras do Satélite CBERS-4
Segunda-feira, 08 de Dezembro de
2014
Os sinais de telemetria enviados pelo CBERS-4 mostram que
o satélite está funcionando conforme o esperado. O Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) já iniciou também os testes de acionamento das
câmeras a bordo do satélite, lançado neste domingo
(7) a1h26 (no horário de Brasília; 11h26 em Pequim) a partir do Taiyuan Satellite Launch Center, na
China. A expectativa é que as primeiras imagens de teste sejam produzidas
ainda nesta semana.
O satélite sino-brasileiro foi colocado em órbita pelo
Longa Marcha 4B, evento que marcou o 200° lançamento realizado pela frota de
foguetes chinesa. Trata-se da quinta missão da cooperação espacial entre China
e Brasil. O Programa CBERS (China-Brasil Earth Resources Satellite) começou em
1988 e permitiu a produção de um sistema completo de sensoriamento remoto
(espacial e terrestre) para fornecimento de imagens a ambos os países.
Confira fotos do lançamento em
O Satélite
O CBERS-4, com massa de 1.980 kg, opera em uma órbita
sincronizada com o Sol a 778 km de altitude, com uma inclinação de 98,504 graus
e 100,26 minutos de período orbital. Esta órbita tem um ciclo de repetição de
26 dias.
O lançamento do CBERS-4 foi agendado originalmente para
dezembro de 2015. No entanto, devido à perda do CBERS-3, China e Brasil
aceitaram o desafio de reduzir o cronograma de integração do satélite pela
metade, antecipando o lançamento em um ano.
O satélite consiste de uma estrutura em forma de hexaedro
dividido em serviços de carga útil e módulo de serviço. Na configuração
orbital, o eixo Z é apontado para a superfície da Terra. As câmeras e antenas
são montadas no painel lateral que aponta para a Terra. O painel solar é
montado no painel lateral e gira em torno do eixo Y.
As antenas, propulsores e sensores de atitude, tais como
sensores solares e sensores infravermelhos, são montados em outros painéis.
A nave espacial é estabilizada em 3 eixos mantendo o
imageador apontado para o nadir (superfície da Terra). O AOCS (subsistema de
atitude e controle de órbita) inclui sensores de estrelas, sensores solares,
sensores infravermelhos da Terra, giroscópios, receptor GPS, um computador de
controle, rodas de inércia e um sistema de propulsão à hidrazina.
Os Subsistemas
O controle térmico é alcançado principalmente por meios
passivos, utilizando revestimento térmico e mantas isolantes multi-camada.
Tubos de calor e aquecedores também são utilizados. Os EPS (subsistema de
potência elétrica) usam painéis solares de junção tripla baseado em arseneto de
gálio (GaAs), controle de carga da bateria, um regulador de descarga da
bateria, conversores DC / DC e NiCd (níquel cádmio). Os EPS podem fornecer 2,30
kW para o satélite.
A capacidade de carga nominal da plataforma é de 1.000
Kg; a massa total do satélite (carga útil + plataforma) é 1.980 kg. Na sua
configuração de lançamento, as dimensões são as seguintes: 2,5 x 2,0 x 1,8 m.
As dimensões do painel solar são 6,3 x 2,6 m.
O subsistema OBDH (Manuseio de Dados a bordo) consiste em
um computador principal e sete terminais remotos para prover funções de
manipulação de dados a bordo e o acompanhamento e controle do satélite. As
funções de telemetria e telecomando (TT&C) são transmitidas na banda S de
rádio (entre 2 e 4 GHz) e fornecem comunicação bidirecional com o solo. A
antena na banda S oferece uma cobertura quase completamente omnidirecional.
As imagens são transferidas na banda X de rádio (entre 8
e 12 GHz) por dois transmissores TWTA. Um deles tem três portadoras moduladas
em QPSK (chaveamento de deslocamento quadri-fase). O gravador de bordo
possui 274 Gbits, capaz de gravar os dados de todas as câmeras.
As Câmeras
O CBERS-4 transporta quatro câmeras no módulo de carga
útil - Imageador de Amplo Campo de Visada (WFI), Imageador de Média Resolução
(MUX), Imageador Infravermelho (IRS) e Imageador de Alta Resolução (PAN) - com
desempenho geométrico e radiométrico melhores que seus antecessores.
A MUX é um instrumento projetado no INPE e desenvolvido
na empresa Opto Eletrônica, de São Carlos (SP). O objetivo é fornecer imagens
para aplicações cartográficas. Trata-se de uma câmera multiespectral com quatro
bandas espectrais cobrindo a faixa de comprimento de onda do azul para o
infravermelho próximo (a partir de 450 nm a 890 nm) com uma resolução de 20 m
no solo e uma largura de faixa terreno de 120 km.
A MUX consiste de três equipamentos: RBNA, RBNB e RBNC. A
RBNA fornece a aquisição de imagem e é composta pelo sistema óptico (espelho de
entrada e conjunto de lentes), arranjo óptico dos componentes e disposição do
plano focal.
O RBNB consiste na eletrônica responsável pelo controle
térmico, ajuste de foco e controle interno do sistema de calibração. O
subsistema RBNC é responsável por gerar os relógios de leitura do CCD (que é o
sensor que lê as imagens), o processamento das saídas CCD analógicas em sinais
digitais e de codificação de dados num fluxo de dados em série. Estes dados são
transmitidos para o satélite.
O CCD é uma matriz de 4 linhas, com 6000 pixels de
tamanho 13 mm x 13 mm em cada linha. Filmes finos espectrais, depositados sobre
uma janela que cobre os elementos fotossensíveis do CCD, são responsáveis pela
separação das quatro bandas espectrais.
Produzida na China, a PAN (Panchromatic e Multispectral
Camera) é uma câmera CCD que fornece imagens pancromáticas com 5m de resolução
e imagens multiespectrais em três bandas multiespectrais com 10 m de resolução.
A PAN tem uma largura de faixa (swath) de 60 km e
visualização lateral de ± 32º, com ajuste de plano focal e capacidade de
calibração em órbita.
Também produzida pela China e desenvolvida a partir da
Infrared Multispectral Scanner (scanner multiespectral infravermelho) usada em
missões anteriores, a câmera IRS é um imageador com 4 bandas espectrais.
A WFI é uma versão avançada do instrumento do INPE
lançado no CBERS-1 e CBERS-2, com quatro bandas espectrais com uma resolução no
solo de 64 m no nadir e uma faixa de 866 km. A WFI a bordo do CBERS-4 fornece
também uma resolução espacial melhorada em comparação com os sensores
anteriores WFI a bordo do CBERS-1 e CBERS-2 (260 m em missões anteriores),
mantendo, no entanto, sua alta resolução temporal de 5 dias.
Esta câmera será usada para sensoriamento remoto da Terra
e irá operar em uma altitude de 778 km. O sistema óptico é projetado para
quatro bandas espectrais cobrindo a faixa de comprimentos de onda do azul para
o infravermelho próximo e seu campo de visada é ± 28.63º, que abrange 866 km,
com uma resolução no solo de 64 m no nadir.
A WFI foi desenvolvida através de um consórcio formado
pela Opto Eletrônica e Equatorial Sistemas. O desenvolvimento do sistema óptico
e as análises de desempenho (incluindo tempo médio de falha na óptica do
sistema, distorção, sensibilidade à polarização e à luz difusa) foram também
feitos no Brasil.
Ao lado das câmeras, o CBERS-4 terá o DCS (Sistema de
Coleta de Dados) e o SEM (Monitor do Ambiente Espacial). O DCS é fornecido pelo
INPE e o SEM é fornecido pela CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial).
Histórico da Cooperação com a
China
Já foram lançados cinco satélites do Programa CBERS. Os
três primeiros, com 30% de participação brasileira, foram os CBERS-1, 2 e 2B,
lançados, respectivamente, em 1999, 2003 e 2007.
Em novembro de 2002, os governos da China e do Brasil
decidiram ampliar o acordo inicial, iniciando a segunda geração da cooperação,
com 50% de participação brasileira, incluindo mais dois satélites - CBERS-3,
perdido em um acidente de lançamento em dezembro de 2013, e CBERS-4, lançado
com sucesso em 7 de dezembro de 2014.
O programa de cooperação entre a CAST e o INPE emprega
versões de módulo de serviço e instrumentos mais avançados em relação às
versões anteriores. As especificações do projeto foram concluídas em julho de
2004.
O objetivo geral é a observação e monitoramento dos
recursos terrestres e do meio ambiente com uma carga útil contendo múltiplos
sensores com diferentes resoluções espaciais.
O CBERS-1 foi lançado em 14 de outubro de 1999 e operou
até agosto de 2003. O CBERS-2 foi lançado em 21 de outubro de 2003 e operou até
o final de 2007. O CBERS-2B foi lançado em 19 de setembro de 2007 e operou até
10 de maio de 2010. O CBERS-3 foi lançado em 9 de dezembro de 2013 e foi
perdido devido a uma falha no lançador chinês.
Todos os satélites CBERS foram lançados por foguetes
chineses Longa Marcha, a partir do centro de Taiyuan.
Acesso aos Dados
Em 2004, o Brasil adotou uma nova política de
distribuição e acesso a dados de satélites. Com o CBERS-2, o país assegurou a
oferta de dados abertos, com livre acesso através da internet para o seu
catálogo de imagens. Qualquer usuário pode navegar pelo catálogo, escolher
quantas imagens desejar e transferi-las sem nenhum custo ou burocracia.
Esta política se manteve para os satélites seguintes da série CBERS, como o
CBERS-4, e foi estendida aos países vizinhos.
Detalhes sobre o CBERS-4 e suas câmeras, exemplos de
imagens e outras informações estão disponíveis nas páginas:
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
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