Pesquisadores Brasileiros Participantes do “Levantamento SDSS-III” Lideram 3 Artigos Submetidos Recentemente Para Publicação
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (30/12) no site do “Laboratório
Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA)” destacando que pesquisadores brasileiros
participantes do “Levantamento SDSS-III” lideram 3 artigos submetidos
recentemente para publicação.
Duda Falcão
Brasileiros Participantes do Levantamento
SDSS-III Lideram 3 Artigos Submetidos
Recentemente Para Publicação
30/12/2013
Pesquisadores do LineA
Lideram o Primeiro Artigo Onde a Via Láctea é Estudada em 3D
Como foram formadas as
galáxias no Universo? Hoje o Universo é repleto de galáxias de diversos tipos e
a Via Láctea é uma delas. No início, no entanto, ele era formado somente por
gás composto essencialmente de hidrogenio e hélio. O Universo foi sendo enriquecido
em elementos químicos ao longo do tempo graças às várias gerações de estrelas.
Estas são verdadeiras fábricas de elementos químicos que poluem o gás ao redor
delas quando morrem. Em seguida, este gás é utilizado para a formação de novas
gerações de estrelas. Esse processo, chamado de evolução química, acontece no
interior de todas as galáxias.
A Via Láctea (e seus
satélites mais próximos) é o lugar onde é possível estudar esse processo em
mais detalhe. Isso porque somente aqui é possível estudar a química e a
cinemática de um grande número de estrelas, uma a uma, via observações
espectroscópicas. Nas atmosferas destas estrelas está registrada a composição
química do gás a partir do qual elas foram formadas. Em parte, a informação
cinemática (velocidade e órbitas) também é conservada ao longo da evolução da
Via Láctea. Isso abre uma possibilidade incrível para o estudo que os
astrônomos chamam de “Arqueologia Galáctica”. O motivo deste nome é simples: a
história da formação da Via Láctea pode ser reconstruída a partir das
propriedades químicas e cinemáticas (órbitas estelares) de suas estrelas, e em
particular das relações quimio-dinâmicas observadas em um grande número de
estrelas.
A questão de como a Via
Láctea foi formada tem sido objeto de especulação científica e debate por
centenas de anos. Entender a formação da nossa Galáxia é um dos tópicos
centrais de dois dos levantamentos espectroscópicos do SDSS-III, o APOGEE e o
SEGUE. Em particular, o APOGEE é um levantamento de dados que produz espectros estelares
de alta-resolução usando luz infravermelha, invisível aos olhos humanos, mas
capazes de penetrar o véu de poeira que obscurece sobretudo o centro da nossa
Galáxia e as partes internas do seu disco.
Com os dados
cinemáticos e de composição química obtidos a partir do APOGEE, os “
arqueólogos Galácticos” do LINEA estão dando mais um passo em direção da
compreensão dos processos que fundamentam a formação da Via Láctea. Estes novos
dados abrem a oportunidade de que sejam criados modelos mais precisos da
formação da nossa Galáxia. Sofisticadas simulações numéricas de galáxias
espirais como a Via Láctea em um contexto cosmológico podem agora ser testadas
e aprimoradas ao serem confrontadas com as observações obtidas pelo grupo
(figura a seguir).
À esquerda
vemos gráficos que mostram como a abundância química de elementos mais pesados
([M/H]) varia com a distância R ao centro da Galáxia ao longo do plano do disco
para diferentes faixas de altura (z) acima deste plano. A distribuição das
estrelas em função da abundância de elementos pesados é mostrada nos gráficos à
direita. Vê-se pelos gráficos que as regiões mais internas do disco galáctico
são mais ricas em elementos pesados (valores maiores de [M/H]). Mas existe
também uma mudança neste comportamento para estrelas cujas órbitas atingem
regiões cada vez mais distantes do plano Galático (valores mais altos de z).
Pesquisadores do LIneA Aplicam os Mais Modernos Métodos Para
Determinação de Distâncias Estelares
A que distância
estão as estrelas? Certamente uma pergunta que praticamente todo mundo já se
fez e que desperta interesse do cidadão comum. A resposta, infelizmente, não é
trivial, pois há vários métodos de se determinar distâncias interestelares. Os
métodos variam com o tipo de estrela e, pasmem, com a sua própria distância.
Para as mais próximas, por exemplo, podemos usar simples trigonometria. É o
chamado método do paralaxe, que é descrito em vários textos e hipertextos,
como, por exemplo, neste link da UFRGS. Quando as estrelas pertencem a um
aglomerado estelar, em que todas têm aproximadamente a mesma distância, é
possível também determinar-lhe as distâncias com mais facilidade. Mas para
estrelas comuns, isoladas, e distantes do Sistema Solar, que são a grande
maioria em nossa Galáxia, a tarefa é mais difícil. Pesquisadores do LIneA se
debruçaram sobre o problema. Desenvolveram e testaram um método que usa medidas
de temperatura, composição química, aceleração da gravidade na superfície,
magnitudes e cores para determinar a distância a cada estrela. O método,
baseado em conceitos de estatística e que compara as grandezas observadas com
as previstas por modelos estelares, está sendo aplicado a amostras estelares
dos levantamentos SEGUE e APOGEE do SDSS-III. O objetivo final é o de mapear a
distribuição das estrelas no espaço e explorar variações em suas propriedades
em função de sua posição na Galáxia, visando então a melhor entender o processo
como esta última se formou. Este é um dos trabalhos finalizados recentemente e
protagonizados por pesquisadores do Grupo de Participação Brasileira no
SDSS-III (BPG/SDSS-III).
Os 2 gráficos
maiores mostram uma comparação entre as distâncias obtidas pelo BPG (eixo
vertical) e as obtidas pelo método do paralaxe, para uma amostra de alta
qualidade. São 2 gráficos porque, para cada estrela, foram obtidas duas
estimativas distintas feitas pelo grupo. Os gráficos menores, abaixo, mostram a
diferença entre as distâncias (em termos porcentuais) ao invés de uma
comparação direta entre elas. Novamente, são mostradas 2 estimativas
diferentes. Nossas distâncias têm erros da ordem de 10-20% com relação ao
padrão ouro dado pelas medidas de paralaxe. Acham muito?
Pesquisadores do LIneA Desenvolvem Método Automático Para a
Caracterização de Milhares de Estrelas
Desde cedo,
ouvimos falar sobre o Sistema Solar e seus planetas, luas, asteróides e
cometas. Entretanto, o que muitas pessoas não sabem é que este não é o único
sistema planetário conhecido. Até hoje, mais de 1.000 planetas foram
descobertos ao redor de cerca de 800 estrelas. E isso apenas na Via Láctea e na
vizinhança do Sol. Um dado interessante é que os sistemas planetários não são
todos iguais e a maioria deles é bastante diferente do nosso. Estes fatos
fizeram com que os astrônomos começassem a procurar teorias que fossem capazes
de explicar a formação e evolução de sistemas tão distintos. Grandes avanços
foram feitos nas duas últimas décadas, porém os processos responsáveis pela
formação planetária ainda não são bem compreendidos em um contexto geral.
Em busca de
mais respostas, o projeto SDSS-III/MARVELS observou cerca de 3.300 estrelas com
o objetivo de detectar, ao seu redor, planetas extrassolares e, também, anãs
marrons ou estrelas de baixa massa. A detecção é realizada através do método
das velocidades radiais, no qual são estudadas as perturbações gravitacionais
causadas pelos companheiros na estrela principal. Estes efeitos podem ser
identificados através de uma análise conjunta dos espectros (luz das estrelas
decomposta em função do comprimento de onda) obtidos em épocas diferentes para
cada estrela da amostra. Além da presença de companheiros, estes espectros
também nos permitem realizar uma caracterização detalhada de suas estrelas
hospedeiras. No entanto, esta não é uma tarefa simples, visto que o projeto
MARVELS coletou mais de 60.000 espectros durante os quatro anos de sua operação
(2008-2012).
Os
pesquisadores do LIneA desenvolveram, então, um método automático que permite
analisar rapidamente este imenso conjunto de dados e determinar valores
precisos para os seguintes parâmetros estelares: temperatura, composição
química e aceleração da gravidade na superfície. No trabalho recentemente
submetido para a revista The Astronomical Journal, este método foi testado em
uma subamostra de estrelas do MARVELS, cujos parâmetros haviam sido previamente
determinados a partir de outras técnicas bem conhecidas. Os resultados são
animadores: os novos parâmetros eram iguais aos anteriores, dentro das margens
de erro. O próximo passo deste estudo liderado pelo Grupo de Participação
Brasileira (BPG, na sigla em inglês) no SDSS-III consiste
na aplicação do método à amostra completa do MARVELS, gerando parâmetros
estelares para aproximadamente 3.300 estrelas, muitas das quais nunca foram
caracterizadas antes. Estes resultados serão fundamentais para a comparação das
propriedades das estrelas com e sem planetas ou anãs marrons detectados ao seu
redor, para um melhor entendimento dos processos envolvidos na formação destes
sistemas e para o estudo da evolução da Via Láctea na vizinhança solar.
Fonte: Site do LIneA - http://www.linea.gov.br/
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