Observações da NASA Mostram Que o Objeto Interestelar 3I/ATLAS Mudou Ligeiramente de Rota e Pode Ter Perdido Grande Parte de Sua Massa
Caros entusiastas da atividades espaciais!
No dia de ontem, 05/11, o portal IFLScience noticiou que enquanto o Objeto Interestelar 3I/Atlas estava fora de vista, ele parece ter mudado ligeiramente de curso, se tornado mais brilhante e podendo ter perdido cerca de 13% de sua massa.
Crédito da imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/K. Meech (IfA/U. Hawaii). Processamento da imagem: Jen Miller & Mahdi Zamani (NSF NOIRLab)
De acordo com a nota do portal, novas observações do objeto 3I/ATLAS mostraram que nosso visitante interestelar pode ter perdido uma quantidade significativa de massa após sua aproximação do Sol.
Para quem ainda não ouviu falar do 3I/ATLAS, em 1º de julho, astrônomos do sistema Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS) detectaram um objeto cruzando o nosso Sistema Solar em alta velocidade. Observações posteriores mostraram que ele estava em uma trajetória de escape. Com uma excentricidade maior que 1, determinou-se que se tratava de um visitante interestelar — o terceiro já observado, depois de 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov.
Ao contrário das teorias da conspiração que circulam na internet, muitos telescópios estão observando atentamente o objeto e relatando seus resultados. Se não acredita, basta conferir a longa lista de observações no site do Minor Planet Center. Trata-se de um cometa interessante, que pode ser uma cápsula do tempo de 10 bilhões de anos, vinda de uma era anterior do universo. Estudá-lo pode nos ajudar a compreender o ambiente de onde ele veio e nos dar uma ideia sobre o meio interestelar. Em resumo, é algo muito fascinante — mesmo que não seja uma nave alienígena — e exibe um comportamento nitidamente cometário.
Por um breve período, o 3I/ATLAS ficou fora de nossa visão, ocultado pelo Sol. Durante esse tempo, tivemos uma visão dele a partir de Marte, graças às imagens capturadas pelas espaçonaves Mars Express e ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) da Agência Espacial Europeia (ESA). Mas agora nosso visitante interestelar voltou a aparecer por trás do Sol, e as observações puderam ser retomadas.
De particular interesse para os astrônomos está o modo como o objeto foi afetado pela radiação solar durante sua máxima aproximação, chamada periélio. Até agora, já tivemos algumas surpresas: o objeto exibiu uma rara anti-cauda, uma proporção incomum e extrema de ferro em relação ao níquel, além de um brilho atípico ao se aproximar do Sol. Embora seu comportamento seja claramente cometário, ele é um objeto curioso e um pouco diferente dos cometas do nosso Sistema Solar.
As observações mais recentes, feitas entre 31 de outubro e 4 de novembro, mostram que o objeto provavelmente perdeu uma quantidade significativa de massa durante seu encontro com nossa estrela. Ele também mudou ligeiramente de trajetória, apresentando aceleração não gravitacional — isto é, aceleração não explicada apenas pela gravidade.
Como explicou o astrônomo de Harvard Avi Loeb em uma publicação em seu blog, o 3I/ATLAS apresentou uma “aceleração radial para longe do Sol de 1,1×10⁻⁶ UA por dia²”, além de uma “aceleração transversal em relação à direção do Sol de 3,7×10⁻⁷ UA por dia²”.
Isso pode parecer estranho, mas não é inesperado — e tampouco um sinal de que se trata de uma nave alienígena. À medida que os cometas são aquecidos, eles perdem massa por sublimação (outgassing), quando os gelos voláteis de sua superfície se vaporizam. Pela conservação do momento, essa ejeção de material provoca uma aceleração correspondente. A partir das observações mais recentes (com margens de erro, é claro), é possível estimar quanta massa foi perdida nesse processo.
“A aceleração não gravitacional relatada equivale a 94 quilômetros por dia² no periélio. Esses valores combinados indicam que o 3I/ATLAS perdeu uma fração de sua massa equivalente a cerca de 13%, dividida por v (em unidades de 300 metros por segundo), onde v ≈ 300 m/s corresponde à velocidade térmica característica das moléculas na temperatura da superfície do 3I/ATLAS próximo ao periélio”, escreve Loeb.
“Essa velocidade de ejeção seria o valor máximo esperado para um cometa natural, o que implica que o 3I/ATLAS deve ter perdido mais de 13% de sua massa perto do periélio, em um cenário natural.”
Isso é muita massa perdida, mas não é algo inédito para cometas. Também é importante lembrar as incertezas inerentes às observações astronômicas, que são refinadas com novos dados — e o fato de que este é apenas o terceiro objeto interestelar já observado. Sua composição parece diferir um pouco dos cometas do nosso Sistema Solar, e futuras observações poderão revelar mais sobre como ele reagiu à passagem pela nossa vizinhança galáctica.
Se ele realmente perdeu essa quantidade de massa (ou algo próximo disso), devemos ver uma grande nuvem de gás nas próximas observações, além de um brilho mais intenso. As observações mais recentes mostram que ele realmente ficou mais brilhante — cerca de 5 vezes mais na banda verde — indicando que o objeto continua se comportando como um cometa, embora seja um que possa nos oferecer pistas sobre outras regiões da nossa galáxia. Fique atento para mais atualizações, conforme o mundo volta seus telescópios (amadores e profissionais) para observar novamente esse visitante cósmico.
Brazilian Space
Brazilian Space
Espaço que inspira, informação que conecta!

Comentários
Postar um comentário