Rússia e EUA Competem Por Parceria Espacial Com Brasil

Olá leitor!

Segue abaixo mais uma notícia postada ontem (15/06) no site da “Agência Reuters Brasil” destacando que Rússia e EUA competem por Parceria Espacial com Brasil.

Duda Falcão

Home > Notícias > Mundo > Artigo

EXCLUSIVO

Rússia e EUA Competem
Por Parceria Espacial Com Brasil

Por Anthony Boadle e Brian Winter
Segunda-feira, 15 de junho de 2015 - 17:28 BRT

Foto: REUTERS/Jamil Bittar
Cientistas e funcionários trabalham em Alcântara. 11/7/2007.

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - Os Estados Unidos e a Rússia estão disputando um papel estratégico no plano brasileiro de lançar satélites comerciais de sua base de Alcântara, no Maranhão, abrindo uma nova frente de rivalidade entre os dois países na busca de aliados e influência.

O governo espera escolher nos próximos meses um parceiro para ajudar a fornecer tecnologia, disseram à Reuters três fontes com conhecimento das negociações.

Ao longo da última década, o Brasil estabeleceu uma parceria com a Ucrânia para desenvolver um veículo de lançamento em Alcântara, mas encerrou o programa em fevereiro, dizendo que os problemas financeiros da Ucrânia a impossibilitam de fornecer foguetes, tal como prometido.

A presidente Dilma Rousseff irá selecionar um novo parceiro baseada em uma variedade de fatores, incluindo as relações diplomáticas do Brasil e a qualidade da tecnologia em oferta, disseram fontes a par do tema.

Uma parceria para satélites não estará na agenda quando Dilma visitar a Casa Branca em 30 de junho, informaram autoridades dos dois países.

Mas o teor da visita, que marca a reaproximação entre Brasil e EUA dois anos após uma crise nas relações decorrente dos programas de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) norte-americana, pode influenciar a decisão brasileira, disse uma fonte.

“Se tudo correr bem, os norte-americanos estarão bem posicionados para conquistá-lo”, declarou a fonte, uma ex-autoridade brasileira que participou de reuniões sobre a questão dos satélites.

A localização de Alcântara é especialmente atraente para parceiros em potencial. Satélites que orbitam o Equador não têm que viajar muito para se posicionarem, o que reduz o gasto com combustível em até um quinto em comparação com outras localidades.

A empresa europeia de transporte espacial Arianespace, que detém metade do mercado mundial de lançamento de satélites em órbita geoestacionária, usa uma plataforma de lançamento em Kourou, na vizinha Guiana Francesa.

Não está claro exatamente que forma a próxima parceria do Brasil irá tomar. Pelo acordo anterior, a Ucrânia entrava com a tecnologia para construir os foguetes Cyclone-4 conjuntamente com o Brasil, que era responsável por fornecer as instalações de lançamento.

Frustradas com décadas de atrasos e contratempos, as autoridades brasileiras disseram que podem repensar totalmente os termos de sua próxima parceria.

“Nós tínhamos feito a opção da Ucrânia. Esse programa se mostrou inconsistente”, declarou o ministro da Defesa, Jaques Wagner, à Reuters. Ele disse que o Brasil conversaria “com qualquer país”, incluindo os Estados Unidos, para levar um satélite brasileiro ao espaço.

SALVAGUARDAS

O histórico traumático de Alcântara inclui um acidente em 2003, quando uma explosão e um incêndio destruíram um foguete de fabricação nacional e mataram 21 pessoas. O desastre pôs fim aos planos do Brasil de construir seus próprios foguetes e o levou a procurar a Ucrânia.

Uma série de países trabalhou com o Brasil em questões espaciais. Nas duas últimas décadas, a China empregou seus foguetes e sua plataforma de lançamento para conduzir aos céus cinco pequenos satélites que o Brasil usa para monitorar a agricultura, o meio ambiente e a Floresta Amazônica.

Em 2014, na esteira do escândalo de espionagem da NSA, desencadeado pelos documentos vazados pelo ex-prestador de serviços Edward Snowden, o Brasil escolheu a empresa aeroespacial francesa Thales ao invés de uma rival norte-americana para construir um satélite geoestacionário que será lançado pela Arianespace da Guiana Francesa em 2016.

O Brasil ainda precisa de um parceiro de peso para alcançar seu objetivo de lançar um satélite de Alcântara. A tecnologia para o satélite e o foguete que espera obter nessa parceria daria ímpeto à sua indústria aeroespacial.

Se o Brasil escolher os EUA, a Boeing será beneficiada, já que, além de aeronaves, fabrica foguetes e satélites e tem laços com a principal empresa aeroespacial brasileira, a Embraer, terceira maior fabricante mundial de aviões comerciais.

O diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho, declarou à Reuters que a Rússia está interessada em cooperar com o Brasil e que está “na vanguarda” da tecnologia espacial.

Ele afirmou que os EUA, maior fonte mundial de peças de satélite, também são uma possibilidade, embora tenha reconhecido haver “dificuldades especiais que precisamos superar”.

Uma delas é fato recente. Em 2000, Washington assinou um contrato com o Brasil que teria permitido o lançamento de satélites norte-americanos com foguetes norte-americanos de Alcântara.

Mas o acordo era polêmico por causa da exigência dos EUA de controlar o acesso a partes da base. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o descartou pouco depois de assumir seu primeiro mandato em 2003.

Washington já não faz tal exigência, embora ainda queira que o Brasil assine um assim chamado acordo de salvaguarda tecnológica para garantir que qualquer tecnologia espacial compartilhada com os brasileiros não vá parar em outros países.

Muitos membros do Congresso estão receosos de aprovar o acordo, e militares temem que a colaboração do Brasil com a China o impeça de algum dia obter acesso à tecnologia de satélite norte-americana de ponta, dada a desconfiança que Washington tem de Pequim.

Em novembro passado, o governo dos EUA aliviou suas regras de exportação para equipamentos de defesa, transferindo muitos componentes espaciais classificados automaticamente como munições pelo Departamento de Estado para a esfera do Departamento de Comércio, mais flexível com as exportações.

Autoridades norte-americanas dizem que 70 por cento do que se precisa para construir um satélite agora pode ser comprado dos Estados Unidos.

“Eles têm intenção de flexibilizar. Agora que mudou toda a conjuntura, a gente percebe que eles estão mais abertos, buscando a aproximação, e querendo voltar a ocupar o espaço que perderam para outros países”, acrescentou o coronel reformado Armando Lemos, atual diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), grupo de lobby da indústria de defesa.

O administrador da agência espacial dos EUA (NASA, na sigla em inglês), Charles Bolden, visitou o Brasil no início deste ano. Quando o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, esteve em Washington no mês passado, almoçou com o chefe interino da NASA no Museu Espacial do Instituto.

Smithsonian

Rebelo disse à Reuters que as negociações com os EUA sobre os satélites estão “em andamento”, mas não quis dar maiores detalhes.

(Reportagem adicional de Roberta Rampton em Washington)


Fonte: Site da Agência Reuters Brasil - http://br.reuters.com/

Comentário: Veja bem leitor, assinar um acordo de uso comercial da Base de Alcântara por outras nações não há nenhum mal nisso, desde que o acordo seja interessante para o Brasil, motivado por questões corretas e não políticas ou de ordem não tão nobre, que não venha implicar na diminuição de recursos para o verdadeiro PEB e que seja controlado pelas autoridades espaciais brasileiras e não o contrario. Lembrando ao leitor que desde o início esta era uma das metas da Aeronáutica quando da idealização e construção da Base de Alcântara onde estavam previsto vários sítios de lançamentos com este objetivo. Bem diferente do acordo assinado com os EUA e não aceito pelo Congresso Brasileiro e ainda mais com o acordo com a Ucrânia, que gerou esta mal engenhada empresa bi-nacional Alcântara Cyclone Space (ACS), este um verdadeiro desastre comercial, tecnológico, financeiro, político e ecológico pré-anunciado pela Comunidade Espacial do país antes mesmo da sua irresponsável assinatura.  Quanto assinar com os EUA um acordo de Salvaguardas Tecnológicas isto não é só praxe com qualquer nação do mundo (o Brasil já tem acordos semelhantes com a própria Ucrânia e a Rússia, ente outros), bem como extremamente necessário se quisermos atuar competitivamente no mercado internacional de lançamento de satélites, já que mais de 75% do mercado são de satélites americanos ou de satélites que usam partes produzidas por empresas americanas. Em resumo, sem o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas não há como atuar de forma competitiva neste mercado. Alem do uso da Base se o interesse for também o desenvolvimento conjunto de tecnologias e equipamento espaciais (satélites, sondas, tecnologias de foguetes associadas, etc...), este objetivo deve ter foco sendo conduzido exclusivamente para aquelas áreas onde o Brasil ainda não domina e com a divisão igualitária das responsabilidades, do custo e evidentemente dos benefícios. São assim que acordos espaciais são feitos no mundo e o maior exemplo de sucesso (apesar de sua trajetória de vida ter sido conturbada nos últimos anos por questões de ordem política) foi o projeto da Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês), projeto este que o Brasil já fez parte, mas que por não ter cumprido a sua parte foi vergonhosamente expulso do projeto. O real problema não é fazer acordos espaciais leitor e sim fazê-los de forma estúpida, irresponsável e motivado por questões que jamais deveriam sequer serem citadas no setor como ocorrem no Brasil. Quanto ao que supostamente esta sendo negociado por esses petistas de merda, se realmente essas negociações estão ocorrendo (tenho minhas duvidas quanto o fim da ACS, afinal não houve ainda um anuncio oficial do destrato do acordo por parte do desgoverno da "Ogra". Entretanto é preciso dizer de que nada impediria de se fazer um outro acordo paralelo para o uso de outra área do CLA, há não ser o custo, mas tudo é possível com estes debiloides irresponsáveis) certamente o acordo não será motivado pelas questões certas, não será conduzido com a competência necessária e trará no futuro ainda mais prejuízos para o erário publico brasileiro. Em outras palavras, outro desastre pré-anunciado. Aproveitando gostaria de agradecer ao leitor Jahyr Jesus Brito e a um leitor anônimo pelo envio desta notícia.

Comentários

  1. Sou totalmente a favor que haja uso de nossa base espacial. Contudo, em relação ao acordo anterior com os EUA, não tinha como esse acordo ir para frente. Como país soberano o Brasil não pode dar acesso e controle exclusivo de qualquer área em nosso território. Onde já se viu ter que solicitar ao EUA para verificar o que está acontecendo dentro de nosso próprio território.Muito menos permitir recebimento de qualquer material, sem antes inspecionar. Outro ponto que não teríamos como concordar com tal acordo, era o ponto de não podermos destinar os recursos obtidos com o aluguel da base para o desenvolvimento do VLS ou outro foguete qualquer. Na minha opinião foi tomada a melhor decisão ao não aceitarmos esse acordo dessa forma. O meu pensamento é o seguinte: Quer usar? Usa, mas da maneira melhor para o Brasil. Se eles queriam resguardar suas tecnologia, tudo bem, mas como estava naquele acordo não tinha nada a ver com resguardar tecnologia. Eu acredito que um acordo com a Rússia seria melhor, eu acredito que eles tem muito mais interesse de contribuir com a disseminação das tecnologias espaciais.

    ResponderExcluir
  2. Eu concordo com seu comentário Duda e com o comentário do Jorge Aragão, mas sinceramente me digam se vocês realmente acham que qualquer nação seja EUA, França, Rússia ou até mesmo a Ucrânia está disposta a ajudar o Brasil a desenvolver foguetes? Sejam sinceros.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Felipe!

      Claro que sim, basta haver interesses covergentes, mas infelizmente o que move essas negociações da parte do Brasil são outros motivos e diante disso acordos irresponsáveis, nefastos a nação e estúpidos são feitos em nome dos interesses desses energúmenos. Um bom exemplo disso é, por exemplo, o acordo do VLM-1 feito com o DLR alemão e que está sendo profundamente prejudicado por esses debiloides. Até mesmo com a Ucrânia poderia ter sido feito uma acordo benéfico para ambas as nações e não como foi feito, isto é, se este fosse o real objetivo dessa gente.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

      Excluir
    2. Pois é, e o pior que não tem nenhum partido que se possa confiar. E sinceramente, eu não confio em nenhum país, pois existem apenas interesses políticos e econômicos e não amizade entre países. Ou seja, o país que for "ajudar" tem que ganhar muito e ter a certeza que não vai perder nada para querer ajudar. E no caso dos foguetes, não existem muitos países que possuem essa tecnologias espaciais. Eu tenho que estudar para ver como a Índia e o Japão conseguiram desenvolver foguetes próprios, eu confesso que não sei.

      flw

      Excluir
  3. As tristes ruínas do programa espacial soviético

    http://gizmodo.uol.com.br/restos-programa-espacial-urss/#18

    ResponderExcluir
  4. Eu baseio minha crença de que seria mais fácil a Rússia transferir tecnologia, justamente por ela ter contribuído junto ao programa espacial da China. A China têm alcançado bons resultados justamente devido a essa transferência que foi realizada no tempo da União Soviética. Se não me engano, alguns dos componentes do VLS foram adquiridos da Rússia. Eu não sou muito fã dos americanos, pois os mesmo sempre jogam com os mesmos interesses econômicos e políticos que conhecemos: eles jogam apenas para eles. Para mim o que interessa é o sucesso do Brasil, mas se tivermos que nos alinharmos com alguém, acho que não seria com os EUA.

    ResponderExcluir

Postar um comentário