Pesquisadores Brasileiros Produzem Guia Para Calibração de Sensores Orbitais
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado hoje (25/06) no site da Agência FAPESP, destacando que Pesquisadores
Brasileiros produzem Guia para calibração de Sensores Orbitais.
Duda Falcão
Notícias
Pesquisadores Produzem Guia Para
Calibração de Sensores Orbitais
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
25 de junho de 2015
Fotos: Divulgação
Um guia sobre os
procedimentos necessários para garantir a qualidade e a acurácia das
informações fornecidas por satélites acaba de ser lançado por uma equipe de
pesquisadores brasileiros.
Trata-se de Calibração de sensores orbitais,
produzido por Flávio Jorge Ponzoni (do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – INPE), Cibele Teixeira Pinto (INPE e Instituto de Estudos Avançados
– IEAv), Rubens Augusto Camargo Lamparelli (Universidade Estadual de Campinas –
Unicamp), Jurandir Zullo Junior (Unicamp) e Mauro Antonio Homem Antunes
(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ).
Resultado de
anos de estudo, o livro chega ao público no momento em que crescem as demandas
por sensoriamento remoto: para investigação de fenômenos climáticos,
monitoramento de florestas, estimativas de produtividade de culturas agrícolas
e muitas outras aplicações.
Vários de seus
autores fazem parte do Working Group on Calibration and Validation, grupo de
trabalho do Comitee on Earth Observation Satellites (CEOS), entidade à qual o
Brasil se filiou em 2009.
O objetivo desse
grupo internacional de trabalho é definir metodologias e procedimentos a serem
adotados pelos diferentes países proprietários de sensores de observação da
Terra, permitindo a comparação de dados obtidos em diversos lugares do planeta.
A primeira
calibração feita por Ponzoni, coordenador do grupo, que foi também a primeira
realizada no hemisfério Sul, ocorreu no Salar de Uyuni, na Bolívia, em projeto
apoiado pela FAPESP: “Avaliação das alterações da
sensibilidade radiométrica do sensor TM/Landsat no período de 1988 a 1997 e
caracterização espectral de área teste”.
“A escolha do
Salar de Uyuni foi motivada pela necessidade de realizar a calibração em uma
superfície bem brilhante e homogênea. Além de atender a essas duas
características, o deserto de sal boliviano oferecia uma vantagem adicional: é
também uma área elevada, a 3.600 metros de altitude, o que reduz muito a
perturbação atmosférica”, disse Ponzoni à Agência FAPESP.
O primeiro passo
da calibração consiste em medir, no solo, a radiância refletida pela superfície
no exato momento em que o satélite sobrevoa a área. A radiância refletida é o
valor da intensidade da energia eletromagnética que a superfície reflete,
medida em diferentes comprimentos de onda.
Idealmente, o
satélite deveria detectar o mesmo valor. Mas, como existe a atmosfera, isso não
ocorre. Então, o passo seguinte é modificar o dado coletado em campo com base
nas informações sobre a atmosfera e, assim, chegar à estimativa teórica da
radiância medida pelo sensor a bordo do satélite.
O processo se
completa quando a estimativa teórica é comparada com o valor real fornecido
pelo sensor orbital, o que origina os chamados coeficientes de calibração,
usados para converter os números digitais presentes nas imagens em grandezas
físicas.
“Uma vez feita a
calibração, somos capazes de determinar, para cada dado gerado pelos sensores a
bordo do satélite, qual é a potência real da radiação refletida no campo, em
cada banda do espectro eletromagnético”, disse Ponzoni.
“E, sabendo
isso, conseguimos estimar as características físico-químicas do objeto
observado: se o solo contém mais ferro ou menos ferro, se a sua cobertura
vegetal possui mais ou menos biomassa, se as folhas dessa vegetação estão mais
ou menos inclinadas, e assim por diante”, explicou.
Valores Radiométricos
O leque de
aplicações vai do monitoramento do desmatamento em uma área florestal à
avaliação da qualidade da água de um reservatório, da estimativa da produção de
grãos em determinada lavoura à investigação das características fitossanitárias
de uma cobertura vegetal. Contempla o levantamento de muitos outros parâmetros
qualitativos e quantitativos.
Segundo Ponzoni,
o Brasil não tinha preocupação com a calibração de sensores orbitais até mais
ou menos meados dos anos 1990, porque havia a cultura de comprar dados
produzidos fora do país.
“Comprávamos o
direito de usar imagens de satélites de outros programas espaciais. E as
usávamos, basicamente, como se fossem fotografias”, disse.
Porém as
necessidades se sofisticaram. As imagens ainda se prestam a serem utilizadas
como fotos. Mas as informações quantitativas passaram a interessar bastante,
tais como a quantificação de biomassa vegetal, a quantificação do estoque de
clorofila, a quantificação de sedimentos em suspensão em reservatórios de água
e muitas outras variáveis, em diversos contextos.
“Percebemos a
necessidade de desenvolvimento na área de calibração. Porque, quando conhecemos
dados sobre a calibração do sensor, conseguimos utilizar as imagens não só como
fotografias, mas também como dados radiométricos. E, por meio deles, podemos
caracterizar espectralmente alvos de interesse, chegando, assim, à
quantificação das variáveis descritas”, disse.
A base de dados
coletados por satélites no país está armazenada no INPE.
Calibração
de Sensores Orbitais
Autores: Flávio Jorge Ponzoni, Cibele
Teixeira Pinto, Rubens Augusto Camargo Lamparelli, Jurandir Zullo Junior, Mauro
Antonio Homem Antunes
Editora: Oficina de Textos
Páginas: 96
Preço: R$ 45,00 ou R$ 38,25 (e-book)
Mais informações: www.ofitexto.com.br/calibracao-de-sensores-orbitais/p
Fonte: Site da Agência FAPESP
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