Pesquisadores Brasileiros Desenvolvem Microchip Para o LHC
Olá leitor!
Dia 18/05 postei aqui no Blog (veja aqui) uma notícia de
que Físicos Brasileiros haviam desenvolvido um microchip para o maior acelerador de
partículas do mundo, ou seja, o Large
Hadron Colider (LHC). Trago agora para você leitor um artigo publicado no site da
Agência FAPESP que tem como tema o desenvolvimento deste microchip.
Duda Falcão
Notícias
Pesquisadores Brasileiros
Desenvolvem Microchip Para o
LHC
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
19 de junho de 2015
(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
O chip Sampa projetado para fazer a leitura de dados de
detectores a gás, como o TPC e o Muon Chamber.
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Pesquisadores do
Instituto de Física (IF) e da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São
Paulo (USP), em colaboração com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e
o Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
estão desenvolvendo um microchip para ser usado em um dos experimentos do maior
acelerador de partículas do mundo: o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla
em inglês), da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), na Suíça.
A segunda versão
do protótipo do chip, desenvolvido no âmbito do “Projeto de
um Asic de aquisição e processamento digital de sinais para o Time Projection
Chamber do Experimento ALICE”, apoiado pela FAPESP,
deverá ser concluída no próximo mês de julho.
“A ideia é que
essa segunda versão do protótipo do chip seja testada em setembro e, se tudo
der certo, a produção seja iniciada em 2016”, disse Marcelo Gameiro Munhoz,
professor do IF-USP e participante do projeto, à Agência FAPESP.
De acordo com o
professor, o chip, batizado como Sampa, será usado no ALICE (sigla de A Large Ion Collider Experiment)
– um dos quatro grandes experimentos do LHC, que envolve cerca de 1,3 mil
cientistas de mais de 30 instituições de pesquisas ao redor do mundo, incluindo
o IF-USP.
O experimento
deverá passar nos próximos anos por um processo de atualização com o objetivo
de estudar fenômenos mais raros a partir de partículas produzidas em colisões
de íons pesados a partir de 2020, quando será aumentada a taxa de produção de
colisões no LHC de 500 hertz (Hz) para cerca de 50 quilohertz (kHz).
“O LHC
interrompeu as atividades em 2013 e está retomando-as agora para aumentar a
energia no centro de massa do colisor [de entre 7 e 8
teraelétrons-volts (TeV) para 13 TeV]”, explicou Munhoz.
“Entre 2018 e
2019 está prevista uma nova paralisação para aumentar a taxa de colisão do
acelerador. Para isso, o ALICE também precisa passar por um processo de
atualização porque o atual sistema de detecção do experimento não conseguirá
funcionar com o aumento da taxa de colisões”, afirmou.
Segundo o
professor, uma das mudanças que deverão ser feitas no ALICE nos próximos anos é
nos dispositivos microeletrônicos – os chips – integrados a dois dos detectores
usados pelo experimento: o TPC (sigla de Time Projection Chamber) – o principal sistema de
reconstrução de trajetórias das partículas do experimento – e o Muon Chamber –
um detector frontal de múons (partículas parecidas com elétrons, mas 200 vezes
mais pesadas).
A fim de
conseguir detectar o alto número de colisões de íons pesados que serão geradas
no LHC a partir de 2020, os chips conectados ao TPC e ao Muon Chamber
precisarão funcionar continuamente, sem usar o chamado trigger ou gatilho, em português – sistema
utilizado para identificar os eventos em um detector de partículas que devem
ser gravados para análise posterior.
“O trigger dispara um sinal de que houve uma
colisão de partículas no detector e, normalmente, os chips conectados ao TPC e
ao Muon Chamber só começam a processar e armazenar dados quando chega esse
sinal”, explicou Munhoz.
“Com o aumento
da taxa de colisões, os chips precisarão passar a adquirir dados de forma
contínua, sem precisar de um gatilho que indique quando devem começar a
operar”, afirmou.
Múltiplas Funções
De acordo com
Munhoz, o chip Sampa foi projetado para fazer a leitura de dados de detectores
a gás, como o TPC e o Muon Chamber.
Os dois
detectores possuem uma câmera com gás que, ao ser atravessado por uma
partícula, é ionizado – tem os elétrons arrancados pela partícula.
Um sensor,
situado na extremidade dos detectores, multiplica o número de elétrons arrancados
do gás e gera um pulso de carga que é captado por um conjunto de chips
conectados hoje ao TPC e ao Muon Chamber, que amplifica e dá forma a esse
sinal.
Em seguida,
outro grupo de chips transforma esse sinal em um conjunto de bits e faz um
pré-processamento digital desses dados, a fim de diminuir a quantidade de
informação a ser armazenada e analisada posteriormente pelos pesquisadores
participantes do experimento, explicou Munhoz.
“O grande
desafio do Sampa será integrar em um único circuito eletrônico esse conjunto de
funções que hoje são desempenhadas por vários chips”, afirmou.
Serão produzidos
80 mil chips para instrumentalizar os detectores TPC e Muon Chamber, com custo
estimado de US$ 1 milhão.
Feito em silício
e medindo 9 milímetros (mm) de comprimento por 9 mm de largura, o chip será
fabricado por uma empresa em Taiwan, uma vez que não há uma indústria no Brasil
com capacidade de produzir chips com as especificações do Sampa.
“Como o desafio
do Sampa é integrar várias funções em um único chip, é preciso tecnologia
avançada para fazer com que caiba tudo em um único circuito eletrônico”, disse
Munhoz.
De acordo com o
professor, o investimento de US$ 1 milhão que será feito para produzir o chip
representará 0,5% do custo total do ALICE, orçado em US$ 200 milhões, e será a
primeira contribuição em instrumentação para o experimento do grupo de
pesquisadores brasileiros no experimento.
“Nos integramos
ao ALICE em 2006 e, desde então, temos acesso aos mesmos dados de qualquer
outro colaborador do experimento e realizado pesquisas científicas em
colaboração. Mas, até então, não tínhamos conseguido colaborar na construção
dos detectores”, afirmou Munhoz.
O experimento
ALICE é voltado a estudar o chamado plasma de quarks e glúons – um estado da
matéria que estima-se ter existido durante os primeiros microssegundos após o
nascimento do Universo, no Big Bang.
Os quarks e
glúons estão sempre confinados dentro de hádrons – como são chamadas partículas
de grande massa, como prótons, nêutrons e o méson pi –, que nunca foram
observados em estado livre, fora dessas partículas.
Ao formar um
plasma de quarks e glúons em laboratório seria possível criar uma
"sopa" dessas partículas não confinadas nos hádrons e estudar esse
fenômeno do confinamento, que ainda é um mistério para a Física, afirmou
Munhoz.
“Como o ALICE
está mais interessado em medir a trajetória das partículas produzidas em
colisões de núcleos, que são centenas de vezes mais numerosas do que em
colisões de prótons, o experimento gera um conjunto maior de dados por colisão
do que outros experimentos do LHC, como o ATLAS e o CMS [que comprovaram, em 2012, a existência do bóson de Higgs –
partícula que explica a origem da massa das partículas elementares],
afirmou.
“O chip Sampa
terá que lidar com uma quantidade ainda maior de dados que deverão ser gerados
pelo experimento a partir de 2020”, avaliou.
De acordo com
ele, além do ALICE, há outros experimentos fora do LHC interessados no chip
Sampa, como o Solenoidal Tracker At RHIC (Star) do acelerador Relativistic
Heavy Ion Collider (RHIC), localizado nos Estados Unidos.
E, além do uso
em detectores de partículas, o chip está sendo estudado em outras aplicações,
como para produzir imagens de raios X “coloridos” – que registram a frequência
dos raios X emitidos – e para medição de nêutrons emitidos em reatores
nucleares.
“Como o chip
Sampa é bastante compacto, o dispositivo é muito útil para instrumentalizar
detectores grandes, como os do experimento ALICE, e também detectores de
nêutrons voltados à realização de neutrongrafia [técnica de obtenção de imagem
por nêutrons]”, afirmou Munhoz.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Muito bom. Excelente! Parabéns!
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