INPE Colabora Com Desenvolvimento de Satélite em Projeto de Escola Municipal de Ubatuba

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo publicado na edição de maio do “Jornal do SindCT” destacando que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) colabora com o desenvolvimento de um picosatélite de uma Escola Municipal da Cidade de Ubatuba-SP.

Duda Falcão

NOSSA PAUTA 2

INPE Colabora Com Desenvolvimento de Satélite
em Projeto de Escola Municipal de Ubatuba

Trabalho envolve diversos pesquisadores

Antonio Biondi
Jornal do SindCT
Edição nº 37
Maio de 2015


O “UbatubaSat” é um artefato miniaturizado ou “picossatélite”, que será lançado em órbita pelo módulo japonês da Estação Espacial Internacional (ISS). Os alunos que atuam no projeto viajaram ao Japão e aos EUA, onde conheceram a NASA.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está oferecendo o suporte técnico e gerencial necessário para viabilizar o lançamento e a operação do picossatélite Ubatuba- Sat, um projeto da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves (ETEC), de Ubatuba, no litoral paulista.

A contribuição do INPE, estabelecida por meio de um convênio de assessoria técnica, conta com o envolvimento de diversos profissionais e grupos do instituto. O professor Cândido Moura, da ETEC, coordenador do UbatubaSat, explica que o projeto do satélite, concebido em 2010, foi reformulado.

A Interorbital Systems, empresa que forneceu o kit e apoio iniciais ao projeto, ainda não reuniu — por meio da venda de outros kits semelhantes — os recursos necessários para promover o lançamento desse satélite miniaturizado.

“Buscamos agora um outro caminho para fazer o lançamento”, acrescenta Moura. O novo cenário do lançamento será a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), o que exigirá “a reengenharia de sistemas do projeto a partir do kit de satélite original da Interorbital Systems, para o cumprimento dos novos requisitos surgidos”, como explica Auro Tikami, pesquisador do INPE responsável pela nova proposta, desenvolvida como parte de seu mestrado no instituto.

Uma vez que a ISS é tripulada, várias exigências adicionais antecedem a chegada do picossatélite à estação. As novas perspectivas para o UbatubaSat também passam pela Agência Espacial Brasileira. A AEB está apoiando o desenvolvimento de quatro projetos de microssatélites ou picossatélites, entre os quais figura o UbatubaSat. Os outros três são ligados à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e à Universidade de Brasília (UnB). “São três projetos de centros de excelência, e o quarto é o nosso!”, comemora o professor Moura. O cronograma do projeto prevê que o Ubatuba- Sat seja lançado até o fim de 2015. Ao ser concluído, o picossatélite será entregue à JAXA, a agência aeroespacial japonesa.

Depois, provavelmente no último trimestre de 2015, um voo levará o satélite para a ISS. “O voo sairá de Cabo Canaveral, nos EUA, e estaremos lá”, conta o professor. O satélite será recepcionado no KIBO, o módulo japonês na ISS. E, no KIBO, um braço eletrônico fará o lançamento para o espaço.

Forma de Difusão

Auro Tikami afirma que a participação no projeto “acabou sendo uma grande oportunidade de aprendizado, pois estou usando como um estudo de caso em minha dissertação de mestrado”.

Além disso, o UbatubaSat serviu “como uma forma objetiva de difusão de conhecimento junto à comunidade de estudantes e professores interessados em levar ciência para dentro das salas de aula”, destaca Tikami. O novo projeto do pesquisador do INPE também busca facilitar a montagem, integração e testes pelos alunos. De acordo com Tikami, o kit original do satélite apresentava diversos bugs, que implicaram em alterações, especialmente em aspectos de segurança.

Também foi preciso regularizar a frequência de operação na faixa de UHF junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), à International Amateur Radio Union (IARU) e à International Telecommunication Union (ITU). Outra alteração importante destinou-se a estabelecer um espaço físico dentro do picossatélite para o embarque de um experimento miniaturizado de Sonda de Langmuir para estudo da formação de bolhas de plasma.

A carga útil, de interesse direto do INPE, foi desenvolvida pelo pesquisador Polinaya Muralikrishna, do CEA-INPE. Junto à difusão de conhecimento, “uma das missões de nossa instituição”, Tikami destaca que o projeto gera importante contribuição ao INPE, uma vez que os picossatélites “demandam uma abordagem diferente do que para satélites de maior porte, no tocante à engenharia de sistemas, à dinâmica de projeto e ao seu gerenciamento”.

Entre as instituições envolvidas, o UbatubaSat permitiu aos pesquisadores do INPE nele engajados desenvolver atividades em cooperação com a JAXA (a “NASA japonesa”), com a Japan Manned Space Systems Corporation (ou JAMSS, responsável pelo KIBO, módulo japonês da ISS) e com a Cal- Poly, universidade norte- -americana responsável pelo TuPod, dispositivo adaptador do picossatélite para lançamento.

No próprio INPE, o apoio em testes ambientais (no AIT) e em subsistemas de satélites e cargas úteis (no LIT, ETE, CEA) ajudou a tornar o projeto “uma grande oportunidade real de se aprimorar o trabalho do instituto”. Para Tikami, contudo, “o mais importante do projeto não é o picossatélite, que entrará em órbita por um tempo limitado, mas sim a formação e o incentivo dos estudantes”. “Curto-circuito”

“Existe um Muro de Berlim entre o aluno e o que vai vir depois, na ciência e tecnologia, nas profissões dessa área. O que fizemos foi gerar um ‘curto-circuito’ na relação entre o aluno e essa realidade”, avalia o professor Moura, idealizador do UbatubaSat.

Se a proposta de desenvolver um satélite com essas características “passa uma primeira impressão de ser algo muito complexo”, não é bem assim. “Nossa ideia é desmistificar a ciência e a tecnologia, fazer o aluno se sentir capaz e guiado pelo mundo real”. Os estudantes que se envolveram no projeto tiveram a oportunidade de redigir um artigo sobre o UbatubaSat, viajar ao Japão para apresentar o artigo, viajar aos EUA para visitar instalações da NASA, e claro, colaborar na construção do satélite. De fevereiro a março de 2015, o pesquisador Lázaro Camargo, do INPE, organizou junto a seus colegas de instituto três cursos voltados aos alunos da ETEC.

O primeiro sobre eletrônica básica; o segundo sobre eletrônica digital; e para finalizar um curso sobre programação para Arduino (uma plataforma para aprendizado e desenvolvimento), em que os estudantes aprenderam programação e hardware de sistemas microcontrolados.

Camargo destaca que essa atividade, voluntária, “foi uma das experiências mais gratificantes” que viveu. “O INPE e outras instituições de pesquisa podem contribuir para despertar o interesse dos alunos das séries fundamentais pela pesquisa e desenvolvimento espacial”.

A escola municipal agora oferece um curso de eletrônica básica, que conta atualmente com 85 alunos, do 6º ao 9º ano. O curso dura cerca de um semestre, e oferece aulas teóricas, de montagem de placa, circuito impresso e solda. “Estamos aproveitando para reforçar os conhecimentos dos alunos na matemática, que é onde apresentam maiores dificuldades”, explica a professora Patrícia Patural. Os professores têm trabalhado na perspectiva de que a escola absorva gradativamente as etapas de desenvolvimento do projeto do satélite. “Em 2011, alunos fizeram um curso no LIT.

Agora, montamos um laboratório na escola, uma sala limpa, que permite a realização de solda com qualificação espacial, coordenada pelo professor Rogério Stojanov”, explica Moura. “O projeto do satélite”, conclui ele, “possibilita melhores resultados para os alunos da nossa escola. Permite incentivar a pesquisa, ciência e tecnologia e a extensão das instituições envolvidas. E ainda desenvolver questões do ensino de pós-graduação no país. Tudo feito com um mesmo recurso.

Deveríamos fazer mais isso no Brasil. As universidades deveriam trabalhar mais para a formação de seus futuros alunos”.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 37ª - Maio de 2015

Comentário: Bom leitor, primeiramente há não ser que a equipe do Prof. Cândido Moura tenha mudado o nome deste picosatélite de TANCREDO-1 para UBATUBASAT, o autor deste interessante artigo cometeu o mesmo erro cometido tempos atrás pela péssima assessoria de comunicação de nossa Agência Espacial de Brinquedo (AEB), quando na época confundiu por um tempo o nome do Projeto com o nome do Picosatélite. Nós do Blog BRAZILIAN SPACE somos torcedores incondicionais desta fantástica iniciativa criada pelo Prof. Cândido Moura e temos colaborado na divulgação da mesma desde que surgiu na mídia pela primeira vez. A notícia aqui divulgada neste artigo de que o picosatélite TANCREDO-1 terá abordo um experimento miniaturizado do INPE de uma “Sonda de Langmuir”, visando com isto o estudo da formação de bolhas de plasma durante a missão, demonstra o nível e a importância alcançada pelo Projeto UBATUBASAT, fruto da visão de um professor do ensino médio de uma modesta escola municipal do litoral paulista. Neste instante isto me faz recordar o que foi dito pelo Dr. Waldemar Castro Leite Filho em recente entrevista ao Blog (veja aqui): “Precisamos principalmente de líderes.  Não estou me referindo a chefes ou gestores, estou falando de maestros!  Aqueles que conhecem a  "música" que vão tocar bem como os instrumentos que a compõem e comandam os seus operadores (músicos) a tocar o tom certo no instante certo.  Já os tivemos e foi assim que fizemos o SONDAIV e o VLS.  Só assim teremos VLMs e outros mais...”. Pois é leitor, em resumo, precisamos de “GENTE QUE FAZ”, pessoas de visão e atitude (como o Prof. Cândido Moura e o Dr. Waldemar) e realmente comprometidas com o PEB e o futuro da Nação, seja na área de C&T e na área de Educação, seja na condução política deste país. Chega de Lulas, Dilmas, Cardosos, Collors, Itamas, Mercadantes, Amarais, Rebelos, Coelhos e tantos outros espalhados pelo Brasil em diversos níveis de poder e de governo, gente que não vale nada, traidores da pátria que deveriam estar presos em algum estabelecimento do fantástico e exemplar Sistema Carcerário Brasileiro.

Comentários

  1. Oi Duda,
    Vc saberia me dizer se o Tancredo-1 foi lançado ou se tem previsão de lançamento?
    Abraços,
    Ivan

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    Respostas
    1. Olá Ivan!

      Até onde eu sei ainda não. Acredito que possa ser lançado este ano de 2016, bem como o ITASAT-1, o 14-BISat e o NanosatC-Br2, mas do jeito que as coisas andam, temos de aguardar para ver.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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