Pesquisador da UFC Participa da Descoberta de Planeta Gigante Similar a Júpiter
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada dia (11/09) no site online
do Jornal “O Povo” do Ceará destacando que pesquisador da Universidade Federal
do Ceará (UFC) participa da descoberta de Planeta Gigante similar a Júpiter.
Duda Falcão
CIÊNCIA – FORTALEZA
Pesquisador da UFC Participa da Descoberta
de Planeta
Gigante Similar a Júpiter
Pesquisador da UFC colabora na descoberta de exoplaneta
gigante gasoso
que pode guardar segredos sobre um planeta como a Terra
O POVO
Fonte: Agencia UFC
11/09/2018 – 14:14
(Foto: Ribamar Neto/UFC)
A descoberta do exoplaneta inaugura a linha de pesquisa
em exoplanetologia no Departamento de Física da UFC.
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A cerca de 2.900 anos luz de distância da Terra, está uma
descoberta cearense: um exoplaneta (são planetas fora do sistema solar) até
então desconhecido da ciência foi encontrado por pesquisadores da Universidade
Federal do Ceará, em parceria com outras universidades nacionais e
internacionais.
Localizado em um aglomerado de estrelas na constelação de
Altar, o planeta foi batizado de IC 4651 9122B. Ele foi descoberto por uma
equipe de dez cientistas de diferentes países, dentre eles o professor e
astrofísico Daniel Brito de Freitas, coordenador do Stellar Team, do
Departamento de Física da UFC. A pesquisa é liderada pelo professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Izan de Castro Leão.
Com aproximadamente 1,2 bilhão de anos de idade (é
relativamente novo se comparado ao nosso sistema solar, que tem cerca de 4,6
bilhões de anos), o novo exoplaneta tem características similares a Júpiter,
mas é ainda mais gigante que este: sua massa é, pelo menos, 6,3 vezes maior.
Tanto isso quanto sua posição no sistema estelar favorecem condições para a
formação de um ou mais planetas rochosos similares à Terra entre o planeta encontrado
e a estrela a qual ele orbita.
(Foto: ESO)
Aglomerado de estrelas IC 4651, onde o exoplaneta
descoberto está localizado.
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Isso porque Júpiter cumpre, em nosso sistema solar, um
importante papel de “protetor gravitacional”. Por conta de sua massa
exacerbada, ele atua como uma espécie de escudo para asteróides, impedindo que
estes saiam de sua órbita e cheguem até a Terra. Sem Júpiter, é provável que
nosso planeta jamais tivesse tido tempo de se desenvolver biologicamente.
Como o novo exoplaneta também tem essa característica
massiva, os pesquisadores dizem ser possível a existência de um outro planeta,
tão protegido quanto a Terra, entre o 9122B e a estrela, assim como a Terra
está entre Júpiter e o Sol. “Se houver algo lá, com certeza está protegido do
ponto de vista gravitacional, então um planeta pode ter evoluído biologicamente”,
diz o Prof. Daniel Brito.
A confirmação disso, porém, depende de uma série de
outros estudos mais sofisticados. Para encontrar o 9122B, os pesquisadores
usaram a espectroscopia através da variação da velocidade radial, que se baseia
na mudança de cor da luz emitida pela estrela provocada pelo bamboleio
gravitacional.
Por meio da variação dessa velocidade, é possível
determinar não só as características físicas do objeto analisado, como massa e
tamanho, mas também o movimento de afastamento e aproximação da estrela (como
no vídeo abaixo). Em síntese, foi observando o movimento da estrela próxima ao
exoplaneta que eles descobriram a existência deste.
“Visualmente, em um momento a estrela se afasta e, em
outro, ela se aproxima. A diferença de comprimento de onda entre se afastar e
se aproximar nos dá uma ideia de quem está interferindo no movimento da
estrela”, explica o pesquisador.
Desse modo, é possível medir a velocidade com a qual ela
se distancia e fica mais próxima, representada em um gráfico que determina essa
oscilação (como na figura abaixo). A amplitude dessa oscilação vai dizer se o
que está interferindo no movimento da estrela é muito grande ou pequeno. Por
exemplos, o bamboleio que a Terra faz no Sol é mínimo, na escala de centímetros
por segundo, enquanto a influência do 9122B na sua estrela está na escala de
quilômetros por segundo.
(Foto: Agência/UFC)
Já para detectar o possível planeta entre a estrela e o
9122B, seriam necessárias técnicas como a fotometria, que, diferentemente da
espectroscopia, coleta a luz dos astros. “Apontamos um instrumento em órbita
para aquele aglomerado de estrelas e observamos se aparece alguma assinatura na
luz emitida pela estrela. O grande problema é que um planeta tipo-Terra pode
ser confundido com atividade magnética”, diz Daniel.
Para entender, imagine um eletrocardiograma com quedas
acentuadas para baixo de forma padronizada. A distância entre cada queda
representa o tempo levado pelo planeta para dar uma volta em torno da estrela.
Ou seja, em algum momento, o planeta “cobre” a visão da estrela e há uma
diminuição brusca na assinatura da luz (algo similar a um eclipse). Se essa
queda é muito acentuada, significa que ali há algo tão grande quanto o
exoplaneta descoberto.
Entre os pontos de queda, há ruídos que podem ser
causados por muitas coisas, até mesmo pela própria atividade magnética da
estrela. “Conseguimos ver um Júpiter porque ele obscurece muito o disco da
estrela, bloqueando boa parte da luz”, ressalta o pesquisador. Já no caso de um
planeta como a Terra, de pouca massa, a interferência na luz seria quase
imperceptível, o que dificulta o trabalho de distingui-lo dentro do ruído.
O que os pesquisadores precisam fazer é encontrar
procedimentos matemáticos e computacionais para conseguir verificar, dentro do
ruído, a assinatura de um planeta, algo que seria uma novidade para o campo da
astrofísica. Isso permitiria até encontrar planetas em ruídos que já foram
constatados antes, mas que não foram estudados a fundo.
(Foto: Ribamar Neto/UFC)
O Professor Daniel Brito de Freitas é um coordenadores
da
pesquisa, que leva o Ceará para o centro
de estudos em astrofísica.
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O Professor Daniel esclarece que isso é particularmente
difícil se considerarmos o efeito natural da estrela, que está sempre
borbulhando e pulsando. Essa pulsação periódica pode ser confundida, por
exemplo, com um planeta em uma escala tão pequena quanto a da Terra. “Mas uma
pulsação não pode jamais ser confundida com um Júpiter, porque a expansão e a
contração precisariam ser muito grandes, algo que ninguém vê uma estrela
fazendo.”
Uma outra saída é construir um espectrômetro capaz de
detectar aquela pequena variação na velocidade radial da estrela. Um consórcio
internacional do qual o Prof. Daniel faz parte busca a construção de algo que
pode ajudar nessa tarefa: um espectrômetro de alta resolução para fazer medidas
de espectroscopia de trânsito planetário.
“Se olhássemos mais para o céu do que para o chão e
víssemos o reflexo de todas as pessoas no cosmos, talvez a humanidade fosse
melhor”
A missão é chamada de NIRPS (Explorador de Exoplanetas no
Infravermelho Próximo). Com ela, é esperado que no início da próxima década
seja possível encontrar planetas como a Terra orbitando estrelas mais frias que
o Sol, onde a zona de habitabilidade é mais próxima da estrela e, portanto,
requer um tempo de observação menor do que o período orbital da Terra em relação
ao Sol, que é da ordem de 365 dias.
O Time
Os estudos do Stellar Team são desenvolvidos em parceria
com universidades no mundo todo e com a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. A espectroscopia foi feita com o equipamento HARPS (um buscador de
planetas por velocidade radial com alta resolução), acoplado a um grande
telescópio localizado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul,
parceiro do grupo.
A pesquisa que descobriu o IC 4651 9122B será publicada
na conceituada revista Astronomy & Astrophysics e inaugurou a linha de
pesquisa em exoplanetologia no Departamento de Física da UFC. Para o Prof.
Daniel, a descoberta é um marco na história da ciência cearense, trazendo o
estado para a elite mundial dos “caçadores de exoplanetas”. “Encontrar um
exoplaneta não é uma tarefa fácil. Em 25 anos, a ciência descobriu pouco mais
de 3.700 deles, dentro de uma gama de meio milhão de estrelas observadas”, diz.
Ele defende que esses são estudos que contribuem com a
humanidade não só do ponto de vista tecnológico, mas também nos auxiliam a
entender qual é nosso papel no cosmos, dada a grandeza do universo observado.
“Todos os nossos conflitos estão encolhidos nesse ‘pálido ponto azul’ que
chamamos de Terra. Se olhássemos mais para o céu do que para o chão e víssemos
o reflexo de todas as pessoas no cosmos, talvez a humanidade fosse melhor”,
acredita.
Fonte: Site do jornal “O Povo” - 11/09/2018
Comentário: Simplesmente fantástico, e assim se configura
mais uma vitória da ativa e vitoriosa Comunidade Astronômica Brasileira e em
especial de um grupo astronômico locado no Nordeste do Brasil. Parabéns ao astrofísico
Daniel Brito de Freitas e a todos integrantes do Stellar Team da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
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