Quatro Famílias de Asteroides Extremamente Jovens São Identificadas Por Pesquisadores da UNESP
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada dia (04/09) no site da
Agência FAPESP, destacando que pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) identificaram "Quatro
Famílias de Asteroides" extremamente jovens.
Duda Falcão
Notícias
Quatro Famílias de Asteroides
Extremamente Jovens São Identificadas
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
04 de setembro de 2018
(Imagem: NASA)
Pesquisadores da UNESP fizeram a datação por meio de
um
método de simulação numérica que, a partir de
dados atuais, possibilita retroceder
à época da
formação dos asteroides.
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Quatro famílias
de asteroides extremamente jovens foram identificadas por pesquisadores da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Guaratinguetá. Artigo a respeito foi
publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
O grupo é
liderado pelo físico Valerio Carruba, nascido na Itália e professor no
Departamento do Matemática da UNESP.
“Identificamos essas novas famílias por meio de simulação
numérica, utilizando o Método de Integração Reversa [Backward Integration
Method – BIM], bem mais preciso do que outros na determinação de
idades de famílias de asteroides. Mas o BIM só funciona para famílias realmente
muito jovens, com menos de 20 milhões de anos. Até recentemente, apenas oito
famílias haviam sido estudadas com esse método. Agora, conhecemos 13, quase um
terço das quais foram identificadas por nosso grupo”, disse Carruba à Agência
FAPESP.
As quatro famílias em questão, todas com menos de 7
milhões de anos, localizam-se no chamado Cinturão Principal, situado entre as
órbitas de Marte e Júpiter.
A datação baseou-se em dois parâmetros fundamentais: a
longitude do pericentro e a longitude do nodo ascendente. O pericentro da
órbita de um planeta, cometa ou asteroide é o ponto no qual a trajetória do
corpo mais se aproxima do Sol. O nodo ascendente é o ponto no qual a órbita
cruza, de baixo para cima, um plano de referência – geralmente o Plano da
Eclíptica.
“No momento de formação de uma família de asteroides,
todos os pericentros e nodos ascendentes dos integrantes estão alinhados. Mas,
à medida que a família evolui, esses alinhamentos são perdidos, devido às
perturbações gravitacionais produzidas pelos planetas e, possivelmente, por
alguns asteroides massivos. Baseado nos dados atuais, o BIM possibilita
retroceder ao passado, por meio de simulação numérica, e recuperar a época em
que os parâmetros estavam alinhados. Assim é feita a datação”, explicou
Carruba.
Além das quatro famílias identificadas, a equipe estudou
outras 55 novas famílias. E, paralelamente à datação, estabeleceu também um
diagrama que permite distinguir com bastante precisão dois tipos de famílias:
as que se formaram por eventos de colisão e as que se formaram por fissão de um
corpo predecessor.
A colisão de dois asteroides pode levar à fragmentação de
um deles ou dos dois, originando uma família com vários objetos. Já a fissão
consiste na ejeção de matéria pelo corpo predecessor, seja por isso ter
adquirido uma rotação muito rápida em torno do próprio eixo e ter sofrido uma
colisão, ou por ter tido um corpo secundário expulso recentemente e que se
despedaçou.
“Das quatro famílias que identificamos, uma se formou
seguramente por colisão. Outra com grande probabilidade. As demais foram
identificadas muito recentemente e precisamos de mais estudos para formular uma
hipótese relativa à sua formação”, disse Carruba.
Ressonância de Movimento
O Cinturão Principal é um extraordinário nicho de
asteroides, com mais de 700 mil objetos conhecidos. Esse número tende a
aumentar, devido à melhoria dos métodos de detecção, e pode ser estimado no
patamar de 1 milhão.
Mas a distribuição dos asteroides nesse nicho está longe
de ser homogênea, segundo Carruba. Devido à complicadíssima interação
gravitacional entre tantos corpos em presença e, principalmente, ao poderoso
campo gravitacional de Júpiter, formaram-se, no interior do Cinturão, várias
regiões distintas.
Um fenômeno importante nessa estruturação é a chamada
“ressonância de movimento médio”, que ocorre quando dois corpos que orbitam um
terceiro têm seus períodos orbitais emparelhados, na razão de dois números
inteiros pequenos.
As ressonâncias criam espaços vazios na distribuição
radial dos asteroides, denominadas Lacunas de Kirkwood, em homenagem ao
astrônomo norte-americano Daniel Kirkwood (1814-1895), que as descobriu no
século 19.
“De 33% a 35% dos asteroides do Cinturão Principal são
membros de famílias. Existem mais de 120 famílias reconhecíveis e várias
dezenas de grupos estatisticamente menos significativos. Grandes famílias
contêm centenas de membros, enquanto que famílias pequenas podem ter por volta
de 10 membros”, disse Carruba.
As estimativas de idade das famílias de asteroides vão de
poucos milhões a centenas de milhões de anos. A família mais antiga do Cinturão
tem idade estimada em 4 bilhões de anos, tendo participado, portanto, da
primeira fase de formação do Sistema Solar.
O artigo The quest for young asteroid families: new
families, new results (doi: https://doi.org/10.1093/mnras/sty1810), de V.
Carruba, E. R. de Oliveira, B. Rodrigues e I. Requena, pode ser lido em https://academic.oup.com/mnras/article-abstract/479/4/4815/5050391?redirectedFrom=fulltext.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Comentário: Pois é leitor, mais uma vitória da Comunidade
Astronômica Brasileira. São cada vez mais frequentes na mídia as notícias sobre
as conquistas desta pequena, eficiente e dinâmica comunidade, não sendo por
acaso o reconhecimento internacional que a mesma vem alcançando nos últimos anos.
Parabéns a todos pesquisadores da UNESP na pessoa do físico Valerio Carruba por demonstrar que apesar de
toda esta baderna, ainda estamos avançado nesta Área Astronômica. Aproveitamos
para agradecer ao nosso leitor Carlos Cássio de Oliveira pelo envio desta notícia.
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